O texto não diz: "O que ganha dinheiro sábio é",
embora, sem dúvida, este se considere sábio e, talvez, num sentido
indigno, isso seja preciso nestes dias de competição. Mas esta espécie
de sabedoria é da terra e com a terra se acaba. Existe um outro mundo
onde as nossas moedas não serão aceitas, e onde as possessões terrenas
não significarão riqueza ou sabedoria. Em Provérbios 11:30,
Salomão não dá coroa de prêmio por sabedoria a astutos estadistas, nem
aos mais capazes governantes. Não passa diplomas nem mesmo a filósofos,
poetas e homens de talento. Ele coroa com lauréis somente os que ganham
almas.
Ele
não declara que quem prega é necessariamente sábio. E que lástima! Há
multidões que pregam, e ganham aplausos e eminência, mas não ganham
almas. Estes pregadores passarão mal no último dia porque, com toda a
probabilidade, correram sem terem sido enviados pelo Senhor. Salomão não
diz que o que fala sobre a conquista de almas é sábio, desde que passar
regras para os outros é muito simples, mas segui-las pessoalmente é
muito mais difícil. Aquele que de modo concreto, real e verdadeiro leva
os homens a abandonarem os erros dos seus caminhos e voltarem-se para
Deus, servindo assim de instrumento para salvar outros do inferno, é
sábio; e isto, seja qual for o seu modo de conquistar almas.
Pode
ser um Paulo, rigorosamente lógico e profundo na doutrina, capaz de
dominar todos os justos juízos; e se desta maneira ganha almas, é sábio.
Pode ser um Apoio, de grandiosa oratória, e cujo gênio sublime eleva-se
até os céus da eloqüência; e se desta forma ganha almas, é sábio; por
esta, e não por outra razão. Ou pode ser um Pedro, rude e áspero, com
suas metáforas toscas e sua rígida declamação; mas se ganha almas; por
este motivo, e não por outro, não é menos sábio do que o seu irmão
polido ou do que o seu amigo polêmico. Segundo o texto, a única coisa
que prova a grande sabedoria dos conquistadores de almas é o seu real
sucesso na verdadeira conquista de almas. Quanto à sua maneira de
realizar o trabalho, são responsáveis perante o Senhor, e não perante
nós.
Não
nos ponhamos a comparar e contrastar este ministro com aquele. Quem é
você, que julga, o servo alheio? Mas a sabedoria é justificada por seus
filhos. Somente as crianças discutem sobre métodos incidentais; os
homens têm em mira resultados sublimes. Esses obreiros de tão diversos
tipos e métodos ganham almas? Então são sábios. E vocês que os criticam,
se forem infrutíferos não podem ser sábios, ainda quando queiram
parecer dignos de julgá-los. Deus proclama sábios os conquistadores de
almas, ouse contestar isso quem quiser. Esta diplomação conferida pela
Faculdade do Céu lhes garantirá boa vantagem, digam deles o que disserem
os seus semelhantes.
''O que ganha almas sábio é."
E isto se pode ver com cla¬reza. Só pode ser sábio, mesmo em aspectos
comuns, aquele que pela graça realiza maravilha tão divinal. Os grandes
conquistado¬res de almas jamais foram tolos. O homem que Deus qualifica
para ganhar almas poderia provavelmente fazer qualquer outra coisa de
que a Providência o incumbisse. Tome-se Martinho Lutero, por exemplo.
Pois senhores, esse homem não estava somente capacitado para realizar
uma Reforma; ele poderia ter governado uma nação ou comandado um
exército! Pensem em Whitefield e
lembrem-se de que aquela ribombante eloqüência que tumultuou a
Inglaterra inteira não estava ligada a um débil tirocínio, ou à falta de
capacidade cerebral. Dominava a oratória, e se se tivesse lançando a
atividades comerciais, teria conseguido lugar proeminente entre os
comerciantes. Se fosse político, dominaria a atenção dos ouvintes, no
meio de senadores admirados. O que ganha almas é normalmente o homem que
realizaria qualquer outra coisa para a qual Deus o chamasse. Sei que o
Senhor emprega os meios que quer, mas sempre Se utiliza de meios
adequados aos fins a que visa. E se vocês me disserem que Davi matou
Golias com uma funda, respondo que aquela era a melhor arma do mundo
para atingir o colossal guerreiro, e era a mais apropriada para Davi,
treinado que fora no seu manejo desde a meninice. Há sempre uma
adaptação dos instrumentos que Deus emprega para produzir o resultado
determinado. E conquanto a glória não seja deles, nem a excelência
esteja neles, devendo tudo ser atribuído a Deus; não obstante, há uma
aptidão e uma prontidão que Deus vê, ainda que nós não as vejamos. É
absolutamente certo que os conquistadores de almas não são nem imbecis
nem simplórios, senão que Deus os faz sábios para Ele, embora lhes
chamem néscios os jactanciosos sabichões.
'0 que ganha almas sábio é" porque escolheu um sábio objetivo. Creio que foi Michelangelo
que uma vez esculpiu na neve estátuas magníficas. Desapareceram todas. O
material depressa enrijecido pela nevada e pelo ar gélido, igualmente
depressa derreteu-se com o calor. Muito mais sábio foi ele quando
modelou o mármore durável, e produziu obras que durarão por séculos e
séculos. Entretanto, mesmo o mármore é consumido e desgastado pelos
dentes do tempo. E sábio é aquele que escolhe para sua matéria-prima
almas imortais que sobreviverão às estrelas. Se Deus nos abençoar com
vistas à conquista de almas, a nossa obra permanecerá quando a madeira a
palha e o restolho das artes e ciências da terra tenham retornado ao pó
donde vieram. Na glória o conquistador de almas, abençoado por Deus,
terá monumentos comemorativos da sua obra preservados para sempre nas
galerias dos céus. Ele escolheu um sábio objetivo, pois o que pode ser
mais sábio do que glorificar a Deus, e depois disso, o que pode ser mais
sábio do que abençoar os nossos semelhantes no sentido mais elevado?
Sim, o que pode ser mais sábio do que arrebatar almas do abismo
escancarado, elevando-as ao céu que as engolfa na glória, libertando-as
da escravidão de Satanás e conduzindo-as à liberdade de Cristo. Que pode
ser mais excelente que isso? Digo que tal meta se recomenda a todas as
mentes sensatas, e que os próprios anjos talvez nos invejem, a nós,
pobres seres humanos, porque temos a permissão para fazer da conquista
de almas para Jesus Cristo o objetivo principal da nossa vida. A
sabedoria mesma aprova a excelência do propósito.
Para
realizar esse trabalho o homem tem que ser sábio, pois conquistar uma
alma requer infinita sabedoria. Nem mesmo Deus conquista almas sem
aplicar sabedoria, pois o plano eterno da salvação foi ditado por um
juízo infalível, e em cada uma de suas linhas manifesta-se competência
infinita. Cristo, o grande Conquistador de almas enviado ao Pai, é a
"sabedoria de Deus" bem como o "poder de Deus".
Há tanta sabedoria para ver-se na nova criação como na velha criação.
Num pecador salvo há tanto de Deus para contemplar-se, quanto no
universo surgido do nada. Portanto, nós, que somos cooperadores de Deus,
prosseguindo ao lado dEle na grande obra de ganhar almas, também temos
que ser sábios. Esta obra encheu o coração do Salvador, ocupou a mente
do Jeová Eterno desde antes da criação do mundo. Não é brincadeira de
criança, nem é trabalho para ser feito sonolenta-mente, nem para ser
efetuado sem o auxílio da graça de Deus, o único verdadeiramente sábio,
nosso Salvador. A carreira é sabia.
Notem
bem, irmãos, que aquele que tem bom êxito na conquista de almas será
comprovadamente sábio a juízo de todos quantos vêem o fim como também o
princípio. Mesmo que eu fosse um egoísta completo e não cuidasse de mais
nada senão da minha felicidade, escolheria, se pudesse, ser
conquistador de almas, pois eu nunca soubera de felicidade tão perfeita,
transbordante e indescritível, e de classe mais pura e mais
enobrecedora, até o dia em que, pela primeira vez, soube de alguém que
procurou e achou o salvador por meu intermédio. Recordo o estremecimento
de júbilo que percorreu todo o meu ser! Nenhuma jovem mãe jamais se
alegrou tanto com o seu primogênito! Nenhum guerreiro exultou tanto com
uma vitória conseguida a duras penas! Oh, a alegria de saber que um
pecador, outrora inimigo, foi reconciliado com Deus pelo Espírito Santo
por meio das palavras ditas por nossos débeis lábios! Daí por diante,
pela graça que me foi dada, cujo pensamento me prostra em
auto-humilhação, tenho visto e ouvido, não somente de centenas, mas de
milhares de pecadores convertidos do erro dos seus caminhos pelo
testemunho de Deus em mim. Que venham aflições, que se multipliquem as
provações conforme Deus queira, ainda esta alegria sobrepuja todas as
outras, a alegria de que somos para Deus um suave aroma de Cristo em
todo lugar, e que toda vez que pregamos a Palavra, corações são
descerrados, corações fremem de vida nova, olhos derramam lágrimas pelo
pecado, mas os olhos ficam enxutos quando os pecadores arrependidos vêem
o seu grande Substituto — e eles passam a viver.
Fora
de toda controvérsia, ganhar almas é uma alegria que vale mundos, e,
graças a Deus, é uma alegria que não cessa com esta vida mortal. Não há
de ser pequena bênção ouvirmos, enquanto voarmos para o trono eterno, as
asas de outros batendo ao nosso lado, rumo à mesma glória, e ao
rodeá-los e fazer-lhes perguntas, ouvi-los dizer: "Vamos entrar junto com você pelos portais de pérolas; você nos levou ao Salvador".
E depois receber as boas-vindas dadas por aqueles que nos chamam de pai
em Deus — pai em laços melhores que os da terra, pai pela graça, título
honroso e imortal. Será bênção além de toda comparação encontrar-nos
nos assentos eternos com os que foram gerados de nós em Cristo Jesus,
pelos quais sofremos dores de parto, até que Cristo fosse formado neles —
a esperança da glória. Isto equivale a ter muitos céus — um céu em cada
um dos que conquistamos para Cristo, conforme a promessa do Senhor: "Os que a muitos ensinam a justiça refulgirão como as estrelas sempre e eternamente".
Irmãos,
creio ter falado o bastante para levar alguns de vocês a desejarem
ocupar a posição de conquistadores de almas. Antes, porém, de focalizar
novamente o texto, gostaria de lembrá-los que a honra não pertence
somente aos ministros. Estes partilham dela plenamente, mas o privilégio
pertence a todo aquele que se devota a Cristo. Esta honra cabe a todos
os cristãos. Todo homem, toda mulher, toda criança cujo coração está de
bem com Deus, pode ser um conquistador de almas. Não há ninguém que,
colocado algures por Deus, não faça algum bem. Não há vagalume numa sebe
que não forneça a luz necessária; e não há um homem trabalhador, uma
mulher sofredora, uma criada, um limpador de chaminés, um varredor de
rua que não tenha oportunidade de servir a Deus. E o que eu disse dos
conquistadores de almas não se refere apenas ao ilustre doutor em
teologia, ou ao pregador eloqüente, mas a todos vocês que estão em
Cristo Jesus. Cada um de vocês, capacitado pela graça, pode ser sábio
neste sentido e ter a felicidade de levar almas a Cristo, mediante o
Espírito Santo.
Doravante quero considerar o texto 'O que ganha almas sábio é" da seguinte maneira: primeiro, procurarei tornar o fato um pouco mais claro explicando a metáfora empregada no texto, "ganhar almas".
Depois, em segundo lugar, dando-lhes algumas lições sobre a conquista
de almas, através das quais espero que em cada mente seja reforçada a
convicção de que esta obra necessita da mais alta sabedoria.
I. CONSIDEREMOS, PRIMEIRO, A METÁFORA EMPREGADA
NO TEXTO: "O que ganha almas sábio é".
Empregamos o verbo "ganhar"
de muitas maneiras. Às vezes o encontramos em péssima companhia: nos
jogos de azar, nos truques de trapaceiros, na prestidigitação, nos
contos do vigário, nos quais os velhacos tanto gostam de ganhar. Lamento
dizer que no mundo religioso há muito de prestidigitação e trapaça.
Sim, há os que fingem salvar almas por meio de curiosos estratagemas,
manobras intrincadas e ágeis trejeitos! Uma bacia de água, meia dúzia de
gotas, certas sílabas e, zás A criança se torna um filho de Deus,
membro do corpo de Cristo, herdeiro do reino dos céus! Esta regeneração
aquosa ultrapassa a minha crença. É truque que não posso entender.
Somente os iniciados podem executar a bela peça de magia que supera a
tudo quanto jamais tentou o Mágico do Norte.
Também
existe um meio de ganhar almas impondo as mãos sobre a cabeça, bastando
que os braços dessas mãos estejam revestidos de cambraia; então o
mecanismo funciona e a graça é comunicada pelos dedos benditos! Confesso
que não posso compreender as ciências ocultas, mas nisto não tenho por
que me admirar, pois a profissão de salvar almas mediante essas trapaças
só pode ser exercida por certas pessoas favorecidas que receberam a
sucessão apostólica diretamente de Judas Iscariotes.
Este chamado sacramento da confirmação ou crisma, que segundo os homens
confere graça, não passa de infame prestidigitação. É tudo uma
abominação. E pensar que neste século há pessoas que pregam a salvação
pelos sacramentos e a salvação efetuada por elas mesmas!
Ora,
senhores, já passou o tempo de quererem vir com essa conversa fiada!
Estas astúcias sacerdotais, esperemos, são anacrônicas, e a teoria
sacramentai é antiquada. Essas coisas poderiam funcionar para os
analfabetos, e nos dias em que eram escassos os livros. Mas desde o dia
em que o estupendo Lutero foi ajudado por Deus a proclamar com estrondo de trovões a emancipadora verdade: "Pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus",
tem havido demasiada luz para essas corujas do papismo. Retornem elas
às suas torres cobertas de hera, e se queixem à lua sobre aqueles que os
despojaram do seu reino de trevas. Que os tonsurados vão a Bedlam, e os
chapéus escarlates aos lugares de libertinagem, mas que ninguém mostre
respeito para com eles. O anglo-catolicismo moderno é um plagiador
bastardo do papismo, vil, astuto e enganoso demais para iludir os
sinceros. Se havemos de ganhar almas, será por modos diferentes dos que
os jesuítas e quejandos podem ensinar-nos. Não confiem em ninguém que
tenha pretensões ao sacerdócio. Os sacerdotes são mentirosos por ofício e
enganadores por profissão. Mediante sua maneira teatral não poderemos
levar almas à salvação, e nem queremos, pois sabemos que por meio de
enganos desta espécie Satanás ficará com a melhor cartada, e se rirá dos
sacer¬dotes quando voltar as cartas contra eles no fim.
Então,
como haveremos de ganhar almas? Ora, a palavra "ganhar" tem um sentido
muito melhor. É empregada com relação às ações guerreiras. Os guerreiros
ganham por conquista cidades e províncias. Pois bem, ganhar uma alma é
muito mais difícil que ganhar uma cidade. Observem o zeloso conquistador
de al¬mas em seu trabalho. Com que cuidado procura as orientações
do seu grande Capitão para saber quando hastear a bandeira branca para
convidar o coração a render-se ao doce amor do Salvador que Se entregou à
morte; quando é a ocasião própria para içar a bandeira negra da ameaça,
mostrando que, se a graça não for recebida, seguir-se-á certamente o
juízo; e quando desfraldar, com grande relutância, a bandeira vermelha
dos terrores de Deus con¬tra as almas impenitentes e obstinadas.
O
conquistador de almas tem de postar-se diante de uma alma como um
valoroso comandante em frente de uma cidade murada, para traçar as
linhas de circunvalação, abrir as trincheiras e colocar as baterias. Não
deve avançar com demasiada pres¬sa, pois poderá exagerar o esforço de
luta. Não deve ir devagar demais, pois parecerá estar sem entusiasmo, e
causará dano por isso. Igualmente deve saber por qual porta atacar. Como
pôr na mira dos canhões a porta da audição, e como dispará-los. Como,
às vezes, manter as baterias em fogo cerrado noite e dia para ver se
consegue abrir alguma brecha na muralha; outras vezes, quedar-se e
cessar fogo, e então, de repente, abrir fogo com todas as baterias com
terrífíca violência para, talvez, tomar de surpresa a alma, ou
lançar-lhe uma verdade quando menos a espera, para que estoure como uma
bomba no seu interior e danifique os domínios do pecado.
O
soldado cristão deve saber avançar pouco a pouco, sapando este
preconceito, minando aquela velha inimizade, fazendo explodir esta
luxúria, e tomando, por fim, a cidadela. Compete-lhe lançar a escada de
assalto, alegrar-se ao ouvir o ruído do seu choque contra a muralha do
coração, revelando que a escada se fixou firmemente ali. E então, com o
sabre entre os dentes, subir e saltar sobre o homem, matar a sua
incredulidade em nome de Deus, tomar a cidade, desfraldar a bandeira
ensangüentada da cruz de Cristo, e dizer: "O coração está ganho,
finalmente ganho para Cristo". Isto requer um guerreiro bem treinado,
mestre em seu ofício. Depois de muitos dias de assédio, muitas semanas
de espera, muitas horas de esforço invasor pela oração e de bom¬bardeio
pela súplica, tomar a fortaleza Malakoff da depravação (como os
franceses fizeram na Criméia, em 1855). Esta é a obra, esta é a
dificuldade. Nenhum tolo pode fazer isso. É preciso que a graça de Deus
torne o homem sábio assim para conquistar a ci¬dadela da "Alma-humana"
(veja "O Peregrino" — ). Bunyan), para levar cativo o cativeiro, e abrir
de par em par as portas do coração para que por elas entre o Príncipe
Emanuel. Ganhar uma alma é isso.
A
palavra "ganhar" era comumente empregada entre os antigos com o sentido
de vencer numa luta. Quando o grego queria ganhar a coroa de louros ou
de hera, via-se obrigado a submeter-se, muito tempo antes, a um período
de treinamento. E quando finalmente se apresentava desnudo para a luta,
mal ensaiava os primeiros esforços, já se podia ver como cada músculo e
cada nervo se haviam desenvolvido. Sabia que tinha um duro contendor, e
portanto não deixava sem uso nada de suas energias. Durante o combate,
podia notar-se como os olhos do homem observavam cada movimento e cada
estratagema do seu antagonista; e como as suas mãos, os seus pés e todo o
seu corpo se lançavam à luta. Ele temia ser derrubado; por isso
procurava derrubar o adversário.
Pois
bem, o verdadeiro conquistador de almas muitas vezes tem que enfrentar
bem de perto o diabo que há dentro dos ho¬mens. Tem que combater o
preconceito deles, o seu amor ao pecado, a sua incredulidade, o seu
orgulho e então, subitamente, atracar-se com o desespero deles. Num dado
momento tem que lutar contra o seu sentimento de justiça própria; no
momento se¬guinte, contra a sua falta de fé em Deus. Dez mil artifícios
são usados para impedir o conquistador de almas de ser vencedor na
refrega. Mas se Deus o enviou, jamais renuncia seu apego à alma que
deseja conquistar, até haver posto abaixo o poder do pecado e haver
conquistado mais uma alma para Cristo.
Além disso, há outro sentido da palavra "ganhar",
sobre o qual não posso expandir-me muito aqui. Vocês sabem que
empregamos a palavra num sentido mais suave do que os que foram
mencionados, quando lidamos com os corações. Existem métodos secretos e
misteriosos, sábios em sua adequação ao fim visado, pelos quais os que
amam, conquistam o objeto do seu amor. Não sei dizer-lhes como o
enamorado conquista a sua amada, mas é provável que a experiência lhes
tenha ensinado isso. A arma para esta luta nem sempre é a mesma, mas
quando se consegue a vitória, a sabedoria dos meios empregados fica
manifesta a todos. A arma do amor é, às vezes, um olhar, ou o sussurro
de uma palavra ouvida com ansiedade, ou uma lágrima. O que sei é que a
maioria de nós lançou uma cadeia em torno de outro coração, cadeia que
esse coração não quer romper e cujos elos nos uniram em um cativeiro
bendito que alegrou a nossa vida.
Sim,
e isto se aproxima muito da maneira pela qual temos que levar almas à
salvação. Esta ilustração está mais perto do alvo do que as anteriores. O
amor é o verdadeiro meio para conquistar as almas, pois quando falo de
investir contra muralhas, e quando falo de luta, faço uso de metáforas,
mas este último meio está muito próximo da realidade. Conquistamos pelo
amor. Ganhamos corações para Jesus amando-os, compartilhando as suas
tristezas, preocupando-nos ansiosamente com o fato de que poderão
perder-se, rogando a Deus por eles de todo o coração para que não sejam
deixados morrer sem a salvação, suplicando-lhes em nome de Deus para
que, por amor deles mesmos, busquem misericórdia e achem graça. Sim,
senhores, existe um galanteio espiritual e a conquista de corações para o
Senhor Jesus. E se querem aprender este método, devem pedir a Deus que
lhes dê coração terno e alma compassiva. Creio que grande parte do
segredo da conquista de almas está em ter entranhas compassivas, em ter
espírito que se deixe tocar de sensibilidade pelas fraquezas humanas.
Cinzelem um pregador de granito e, mesmo que lhe dêem língua de anjo,
não levará ninguém à conversão. Coloquem-no no mais elegante púlpito,
tornem a sua oratória perfeita e lhe dêem tema profundamente ortodoxo,
mas enquanto tiver dentro de si um coração de pedra, jamais ganhará uma
alma sequer. A salvação das almas requer coração que bata fortemente no
peito. Requer uma alma cheia do néctar da bondade humana. Esta é a
condição imprescindível ao sucesso. É a principal qualidade natural do
conquis¬tador de almas, a qual, sendo abençoada por Deus, fará
maravilhas.
Não
examinei o original hebraico do texto que estamos focalizando, mas
creio — e os que têm referências marginais em suas Bíblias poderão
verificá-lo — que diz: "O que pega almas sábio é"',
palavra que também se refere à pesca e à caça. Todos os domingos,
quando saio de casa e venho para cá, não posso deixar de ver pessoas com
gaiolas e pássaros cativos, que vão pelos parques e pelos campos
tentando capturar pobres aves canoras. Essas pessoas conhecem bem o
método de atrair e pegar suas vítimas. Os conquistadores de almas podem
aprender muito delas. Devemos ter nossas iscas para almas, próprias para
atrair, fascinar e prender. Temos que sair levando visgo, arapucas,
redes e iscas para podermos pegar as almas dos homens. O inimigo delas é
caçador dotado da mais vil e espantosa astúcia. Temos que superá-lo com
o ardil da honestidade e com a destreza da graça. Contudo, esta arte só
se aprende através do ensinamento divino, e daí devemos ser sábios e
estar dispostos a aprender.
O
pescador também precisa possuir certa habilidade. Se não me engano, é
Washington Irving que nos fala de três cavalheiros que tinham lido tudo o
que Isaque Walton escrevera sobre as delícias de uma pescaria. Acharam
que deviam experimentar dita distração, e dessa forma se tornaram
aprendizes dessa nobre arte. Foram a Nova York e compraram as melhores
varas e linhas à venda, e se informaram sobre as iscas adequadas para
cada dia ou mês, para que os peixes mordessem e fossem fisgados logo e,
por assim dizer, voassem alegremente para dentro do cesto. Puseram-se a
pescar, e ali ficaram o dia todo, mas o cesto continuava vazio, fá
estavam ficando desgostosos com um esporte tão pouco esportivo, quando
um rapazote esfarrapado e descalço desceu das colinas e os humilhou ao
máximo. Ele tinha uma vareta feita de galho de árvore, um pedaço de
cordão e um alfinete dobrado, amarrado na ponta do cordão. Pôs-lhe uma
minhoca e atirou o tal "anzol"
à água. Num instante puxou para fora um peixe, que veio como uma agulha
atraída por um ímã. Lançou o "anzol" outra vez, e pegou outro peixe. E
assim continuou pegando peixes até quase encher o seu cesto. Perguntaram-lhe como conseguia aquilo. "Ah!", exclamou o rapaz, "eu não sei explicar, mas quando a gente sabe o jeito, é fácil".
Bem
semelhante a isso é a pesca de homens. Alguns pregadores possuem linha
de seda e varas excelentes, pregam com eloqüência e elegância, porém
jamais ganham almas. Não sei como é, mas vem outro, com linguagem muito
simples e com coração ardente, e imediatamente ocorre a conversão de
pecadores. Certamente há de existir empatia entre o ministro e as almas
que deseja conquistar para Cristo. Deus dá àqueles que faz
conquistadores de almas um espontâneo amor e uma adequação espiritual
por súa tarefa. Há compreensão empática entre os que vão ser abençoados e
aqueles que serão os instrumentos da bênção; e em grande parte, por
esta afinidade é que, sob o poder de Deus, pegam-se almas. Mas é claro
como a luz do sol que é preciso ser sábio para ser pescador de homens.
"O que ganha almas sábio é".
II.
Agora, irmãos e irmãs, vocês que estão empenhados na obra do Senhor
semana após semana, desejosos que estão de ganhar almas para Cristo,
vou, em segundo lugar, ilustrar a verdade do texto falando-lhes de ALGUNS MEIOS PELOS QUAIS SE CONQUISTAM ALMAS PARA CRISTO.
Acho
que o pregador tem maior probabilidade de ganhar almas quando crê na
realidade da sua obra — quando crê em conversões instantâneas. Como
poderá esperar que Deus faça o que ele próprio não crê que fará? Sai-se
melhor aquele que espera que ocorram conversões toda vez que pregar.
Conforme a sua fé se lhe fará. Dar-se por satisfeito sem conversões é o
caminho mais seguro para não obtê-las nunca. Ter como objetivo por
excelência a salvação das almas é um método mais seguro para a obtenção
de bons resultados. Se suspirarmos e chorarmos até que os homens sejam
salvos, salvos serão.
Terá
sucesso aquele que se mantém mais apegado à verdade salvadora. Ora, nem
toda verdade é verdade salvadora, embora toda verdade possa ser
edificante. Quem se restringe à singela história da cruz, reiterando aos
homens que todo o que crê em Cristo não é condenado, que para ser salvo
não se necessita de nada mais que uma simples confiança no Redentor
crucificado; que tem por principal ministério a gloriosa história da
cruz, o sofrimento do Cordeiro que Se rendeu à morte, a misericórdia de
Deus, a boa vontade do Pai em receber os filhos pródigos; que de fato
clama dia após dia: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo"
— esse tem probabilidade de ser conquistador de almas, principalmente
se acrescentar a isso muita oração pelos pecadores, muito desejo ansioso
de que os homens sejam levados a Jesus e, além disso, procurar em sua
vida particular, como no seu ministério público, falar a outros do amor
do precioso Salvador dos homens.
Entretanto,
não estou falando a ministros, mas a vocês, que se assentam nos bancos.
Portanto, permitam que me dirija mais diretamente a vocês. Irmãos e
irmãs, vocês têm diferentes dons. Espero que utilizem todos eles. Talvez
alguns de vocês, conquanto membros de igreja, achem que não têm dom
nenhum. Mas todo crente em Cristo tem seu dom e sua parte na obra. Que
poderão fazer para ganhar almas?
Permitam-me
recomendar aos que pensam que não podem fazer nada, que levem outros
para ouvirem a Palavra. Este é um dever muito negligenciado. Não peço
que tragam convidados a este local, mas muitos de vocês freqüentam
lugares meio vazios. Encham de gente esses lugares! Não se queixem da
pequena congregação; façam-na crescer. Levem alguém ao próximo sermão, e
em seguida o número de freqüentadores aumentará. Orem sem cessar para
que os sermões do ministro sejam abençoados. E mesmo se vocês não podem
pregar, ao colocar outros ao alcance do som do evangelho, estarão
fazendo algo que tem quase a mesma importância. Trata-se de uma
observação comum e simples, mas deixem que insista nisso, porque é de
grande valor prático.
Muitos
templos e salões de culto que andam quase vazios poderiam ter logo
grandes auditórios se aqueles que tiram proveito da Palavra falassem a
outros sobre as bênçãos que recebem, e os induzissem a partilhar do
mesmo ministério. Especialmente nesta nossa cidade (Londres), onde
tantos se ausentam da casa de Deus, procurem persuadir seus vizinhos a
freqüentarem o local de culto. Cuidem deles, façam-nos entender que é um
erro ficar em casa aos domingos, o dia todo! Não lhes digo que os
censurem. Não trará proveito. Digo-lhes, porém, que procurem atraí-los e
persuadi-los. Cedam-lhes os seus lugares, por exemplo, e fiquem de pé
nos corredores, se necessário. Coloquem-nos sob a Palavra, e quem pode
saber qual será o resultado? Que bênção seria para vocês, saber que
aquilo que não puderam realizar pessoalmente, pois têm dificuldade para
falar de Cristo, foi realizado mediante o seu pastor, pelo poder do
Espírito Santo, por terem vocês levado alguém para a linha de fogo do
evangelho!
A
seguir, o conquistador de almas procura falar com os estranhos depois
do sermão. Pode ser que o pregador erre o alvo, mas não é preciso que
vocês errem. Ou talvez o pregador tenha acertado, mas vocês podem
aprofundar a impressão causada, com uma palavra amável. Recordo-me de
várias pessoas que se uniram à igreja e que atribuíram a sua conversão a
trabalhos especiais realizados no Surrey Music Hall (um grande auditório de Londres),
mas acrescentaram que esse não foi o único fator, senão que houve outro
elemento que cooperou. Fazia pouco tempo que tinham vindo do campo, e
um bom homem — que conheci bem e que acho que está no céu agora —
encontrou-as na saída, falou-lhes, disse que esperava que tivessem
gostado do que tinham ouvido, ouviu sua resposta, perguntou-lhes se
voltariam à noite, e disse que se alegraria se passassem por sua casa
para o chá; fizeram isso, e ele conversou com elas sobre o Senhor. No
domingo seguinte foi a mesma coisa, e afinal, aqueles aos quais os
sermões não tinham causado muita impressão, foram levados a ouvir com
outros ouvidos até que, pouco a pouco, por meio das palavras persuasivas
do bom ancião, e pela obra da graça do Senhor, foram convertidos a
Deus. Tanto esta como toda grande congregação são belos campos de caça
para os que deveras querem fazer algo de bom. Quantos entram de manhã e
de noite neste templo sem nenhuma intenção de receber a Cristo! Oh se
vocês todos me ajudassem, vocês que amam o Senhor, se me ajudassem
falando com os que se assentam ao seu lado — quanto poderia ser feito! Jamais permitam que alguém diga: "Venho a esta igreja há três meses, e ninguém jamais me dirigiu a palavra".
Antes, mediante a doce familiaridade que se deve permitir sempre na
casa de Deus, busquem de todo o coração imprimir em seus amigos a
verdade que eu só posso fazer chegar aos ouvidos deles, e que talvez
Deus os ajude a lhes introduzir no coração.
Caros
amigos, deixem-me ainda recomendar-lhes a arte de importunar conhecidos
e parentes. Se não puderem pregar a cem, preguem a um. Fiquem a sós com
o homem e, com amor, com mansidão e com oração, falem com ele. "Só
um!", exclamam vocês. Pois bem, não basta um? Jovem, conheço sua
ambição. Quer pregar aqui, aos milhares que freqüentam este lugar.
Contente-se em começar com um. O seu Senhor não Se envergonhou de
sentar-Se junto ao poço e de pregar a uma pessoa. E quando concluiu o
Seu sermão, tinha de fato beneficiado toda a cidade de Sicar, pois
aquela mulher se tornara missionária para os seus conhecidos. Muitas
vezes a timidez impede que sejamos úteis neste sentido, mas não devemos
ceder a ela. Não é possível tolerar que Cristo seja desconhecido por nos
mantermos silenciosos, e que os pecadores não sejam advertidos por
causa da nossa negligência. Devemos estudar e praticar a arte de lidar
pessoalmente com os não convertidos. Não nos desculpemos; ao contrário,
imponhamo-nos a nós mesmos a pesada tarefa, até que se torne fácil. Este
é um dos modos mais honrosos de ganhar almas. E se exige mais que o
zelo e a coragem comuns, tanto maior razão para que resolvamos
dominá-lo. Amados, devemos ganhar almas. Não podemos viver simplesmente
vendo os homens sob a condenação. Temos que levá-los a Jesus. Mãos à
obra, pois. Não deixem ninguém ao seu redor perecer sem ter sido
admoestado, por pura frieza e descuido de sua parte. Um folheto é útil,
mas uma palavra viva é melhor. Seus olhos, seu rosto e sua voz ajudarão.
Não sejam covardes a ponto de dar um pedaço de papel, quando as suas
palavras funcionariam bem melhor. Exorto-os a que atendam a isto, por
amor de Jesus.
Alguns
de vocês poderiam escrever cartas em nome do vosso Senhor e Mestre. A
amigos distantes, algumas linhas escritas com amor podem constituir
influência das mais benéficas. Sejam como os homens de Issacar, que
manejavam a pena. Jamais se fez melhor uso de tinta e pena do que na
conquista de almas para Deus. Muito se tem feito com este método. Não
poderiam vocês fazer isto? Por que não o experimentam?
Alguns
de vocês, se não podem falar ou escrever muito, podem ao menos viver o
evangelho. Esse é um belo modo de pregar — pregar com os nossos pés.
Quer dizer, pregar com a nossa vida, com a nossa conduta, com a nossa
conversação. A esposa amorosa, que chora em segredo pelo marido infiel,
mas o trata sempre com amabilidade; o filho extremoso, cujo coração está
quebrantado pela blasfêmia do seu pai, mas é muito mais obediente do
que costumava ser antes de sua conversão; o criado a quem o patrão
amaldiçoa, mas a quem pode confiar a carteira com dinheiro, sem saber
que quantia há nela; o homem de negócio, escarnecido por pertencer a
outra denominação, mas que é direito como uma linha reta, e que não se
deixaria arrastar para nenhuma ação indigna por tesouro nenhum — são
estes os homens e mulheres que pregam os melhores sermões. Estes são os
pregadores práticos com que vocês podem contar.
Dêem-nos
o seu viver santo, e com ele como alavanca mudaremos o mundo. Com a
bênção de Deus, acharemos línguas para anunciar a mensagem, mas a nossa
grande necessidade é a das vidas dos cristãos de nossas igrejas como
ilustração viva daquilo que nossos lábios digam. O evangelho se parece
um tanto com um jornal ilustrado. As palavras do pregador são a letra
impressa, e os clichês ilustrativos são os homens e mulheres que formam
as nossas igrejas. Quando o povo pega um jornal desses, muitas vezes não
lê o texto impresso, mas sempre olha as figuras; o mesmo acontece na
igreja, os de fora talvez não venham ouvir o pregador, mas sempre
ponderam, observam e criticam as vidas dos membros da igreja. Portanto,
caros irmãos e irmãs, se querem ser conquistadores de almas, procurem
viver intensamente o evangelho. "Não tenho maior gozo do que este: o de ouvir que os meus filhos andam na verdade".
Uma
cosia mais: o conquistador de almas deve dominar a arte de orar. Vocês
não podem levar almas a Deus se não forem ter com Ele. É preciso que
apanhem o seu machado e outras armas de guerra no arsenal da sagrada
comunhão com Cristo. Se ficarem bastante tempo a sós com Jesus,
apreenderão o Seu Espírito. Serão inflamados pela chama que ardeu no Seu
coração e consumiu a Sua vida. Chorarão com as lágrimas que Jesus
derramou sobre Jerusalém quando a viu perecer. E se não puderem falar
tão eloqüentemente como Ele, sempre haverá no que disserem algo daquele
poder com que Ele comovia os corações e despertava as consciências dos
homens. Diletos ouvintes — e me dirijo principalmente aos membros desta
igreja — fico sempre preocupado, temendo que vocês se ponham ociosos e
des¬preocupados quanto às questões do reino de Deus. Há alguns de vocês —
e os bendigo, como também bendigo a Deus ao recordá-los — que, a tempo e
fora de tempo, estão cheios de zelo pela conquista de almas; são
verdadeiramente sábios. Temo, porém, que há outros indolentes, que se
satisfazem deixando-me pregar, mas eles mesmos não pregam. Estes tomam
assento nestes bancos, esperando que tudo corra bem — e não fazem nada
mais que isso. Quem me dera ver todos vocês cheios de ardor! Este grande
exército de quase cinco mil cristãos, o que não faríamos se todos
estivéssemos cheios de vida e de fervor? Mas um exército como este, sem
santo entusiasmo, torna-se mera turbamulta, multidão incontrolável,
donde brotam males e nenhum bom resultado surge. Se todos vocês fossem
tochas em prol de Cristo, poderiam pôr em chamas a nação. Se todos
fossem fontes de água viva, quantos sedentos beberiam e mitigariam a
sede!
Amados,
há uma pergunta que farei antes de terminar, e é a seguinte: as suas
próprias almas já foram ganhas? Se não foram, não poderão conquistar
outras. Vocês estão salvos? Meus ouvintes, todos vocês que estão aí sob a
galeria e os que se acham aí atrás, estão salvos? Que aconteceria se
esta noite precisassem responder a esta pergunta diante de Alguém maior
do que eu? Que seria se o ósseo dedo frio da morte, o último grande
orador, apontasse para vocês em lugar do meu? Que se passaria se a sua
invencível eloqüência petrificasse os seus ossos, tornasse vítreos seus
olhos, e congelasse o sangue em suas veias? Poderiam esperar obter a
salvação em sua hora extrema? Se não são salvos, como jamais o serão?
Quando serão salvos, senão agora? Haverá melhor ocasião do que agora?
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