DESCOBRINDO AS DIFERENÇAS INCOMPATÍVEIS ENTRE O REINO DE DEUS E O REINO DO MUNDO
Nos últimos anos têm-se difundido de modo espantoso algumas teologias e doutrinas que prometem heranças e riquezas para a Igreja aqui neste mundo. Porém, esses ensinos são absolutamente impraticáveis em um contexto de intolerância religiosa, como é o caso de toda a Igreja na metade oriental do planeta – os “confins da terra” mencionados pelo nosso Senhor em Atos 1.8. Seriam essas “teologias” uma verdade universal nascida no coração de Deus? Seus ensinos seriam coerentes com os ensinos de Jesus? Qual é a vontade de Deus para a Igreja? Nossa intenção é apresentar aos irmãos uma reflexão sobre como devemos viver, o que devemos pensar, quais alvos devemos perseguir... enfim, qual caminho escolher para alcançar o Reino de Deus. Que o Espírito Santo nos abençoe revelando-nos toda a verdade e conduzindo-nos à vontade do Pai segundo a Sua Palavra.
UMA DECISÃO: DOIS CAMINHOS
DESCOBRINDO AS DIFERENÇAS INCOMPATÍVEIS ENTRE O REINO DE DEUS E O REINO DO MUNDO
Parte 1
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“Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza;
porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que possui”
(Lc 12.15)
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Todos nós, um dia, quando ainda vivíamos segundo o
curso deste mundo, estando todos nós mortos em nossos delitos e
pecados, fomos por Ele chamados da morte para a vida, da condenação à
morte eterna para a salvação pela graça de Deus, através da Sua obra na
Cruz... Um dia ouvimos Sua voz dizendo “vinde a mim...” e entregamos
nossas vidas a Ele. Graças a Deus! Ele pagou a fiança da nossa
condenação! Glória a Deus! Fomos salvos sim, e inseridos no Corpo de
Cristo pela fé. Mas, diferente do que muitos cristãos confessos pensam, o
evangelho não termina por aqui... Depois que somos inseridos no Corpo
de Cristo, somos então chamados para caminharmos com Ele, para vivermos
como Igreja, tendo o Senhor Jesus como “cabeça” (comando, autoridade).
Mas, poderia então a cabeça ondenar ao corpo que
caminhe em uma direção e o corpo decidir seguir em sentido contrário?
Isso faria sentido? Claro que não! Pois é exatamente esse o problema que
ocorre com a Igreja Ocidental. Cristo veio ao mundo e mostrou-nos o
exemplo, ensinou-nos o modo como deveríamos segui-lo e chamou-nos a
viver naquilo que o livro de Atos chama de Caminho (At 9.2; 19.9,23;
22.4,14; 24.22). Certa vez o Senhor Jesus afirmou que o Seu reino não é
deste mundo (Jo 18.36), e noutra ocasião Ele disse aos seus discípulos:
“Vós não sois deste mundo, por isso o mundo vos odeia” (Jo 15.29). É
impossível não perceber a clara divergência entre o Reino de Deus – seus
valores, princípios, regras e propósitos – e o reino terreno, mundano,
humano e material onde vivemos (“Sabemos que somos de Deus, e que o
mundo inteiro jaz no Maligno” - 1Jo 5.19).
O mandamento do Senhor Jesus em Mateus 28.19 nos
ordena a fazermos discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do
Pai, do Filho e do Espírito Santo, e ensinando a eles tudo o que Ele
nos ordenou. E o livro de Atos nos mostra que foi exatamente isso o que a
Igreja Primitiva fez. Seria o exemplo da igreja de Atos o modelo que
devemos seguir? Ou deveríamos criar novas maneiras de viver o
cristianismo, agregando o evangelho à nossa maneira ocidental de viver?
Uma decisão: dois caminhos
Naquela ocasião em que nosso Senhor nos deu o
sermão do monte, ele tentou chamar a nossa atenção a respeito de dois
caminhos, do qual deveríamos escolher um deles para seguir:
“Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e
espaçoso o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que
entram por ela), porque estreita é a porta, e apertado o caminho que
conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela”
(Mt 7.13-14)
(Mt 7.13-14)
Seria comum pensarmos que essas palavras
referem-se a pessoas que, diante da decisão de escolher a Cristo,
optaram em viver suas vidas no pecado, longe de Deus... Esse pensamento
não está errado, mas seria somente isso? Será que, simplesmente
aceitando a Cristo, isso já me garantiria a passagem pela porta para a
vida eterna? Não não! Isso não está falando apenas da decisão individual
pelo Senhor Jesus, mas está falando também de uma jornada que se inicia
no momento de minha decisão e segue até o momento de nossa entrada no
Reino Eterno, seja pela morte e ressurreição ou pelo arrebatamento...
Não importa como entraremos lá – se pela morte ou pelo arrebatamento, o
que importa é que há uma jornada a percorrer até lá. E o Senhor está nos
advertindo a decidirmos entrar pela porta estreita e pelo caminho
apertado, “não porque Deus não fosse generoso em querer salvar todos
(2Pe 3.9), mas porque na prática muito poucas pessoas renunciam a suas
próprias vidas para seguir a Deus” (R. Shedd). O ap. Paulo disse assim
aos irmãos filipenses:
“Mas o que para mim era lucro passei a
considerá-lo como perda por amor de Cristo; sim, na verdade, tenho
também como perda todas as coisas pela excelência do conhecimento de
Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas,
e as considero como refugo, para que possa ganhar a Cristo, e seja
achado nele, não tendo como minha justiça a que vem da lei, mas a que
vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé; para
conhecê-lo, e o poder da sua ressurreição e a e a participação dos seus
sofrimentos, conformando-me a ele na sua morte, para ver se de algum
modo posso chegar à ressurreição dentre os mortos. Não que já a tenha
alcançado, ou que seja perfeito; mas vou prosseguindo, para ver se
poderei alcançar aquilo para o que fui também alcançado por Cristo
Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma
coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e
avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo pelo prêmio da
vocação celestial de Deus em Cristo Jesus.”
(Fp 3.7-14)
(Fp 3.7-14)
Essa é a nossa jornada! O mundo fica para trás...
Os valores materiais perdem o sentido... E mais: depois que somos
conquistados por Cristo, agora nós temos então que conquistar, tomar
posse de um “tesouro” superior, eterno, imensurável... Não estamos
falando em ouro e prata, mas sim em riquezas celestiais imensuráveis...
Como disse Paulo aos irmãos efésios, “as riquezas insondáveis de Cristo”
(Ef 3.8). Outra vez Paulo disse assim aos Colossenses: “Pensai nas
coisas que são de cima, e não nas que são da terra; porque morrestes, e a
vossa vida está escondida com Cristo em Deus” (Cl 3.2-3). No que
devemos pensar? Que objetivos devemos ter em nossas vidas? Para onde
devemos olhar? Para a terra ou para o céu? Porque onde estiver o seu
tesouro, aí estará também o vosso coração (Mt 6.21; Lc 12.34). Se você
está buscando adquirir um tesouro aqui nesta terra, a sua herança – tudo
o que você terá será o que esta terra pode te dar... Mas se você buscar
um tesouro celestial – eterno, então a sua herança será o que só o Céu
pode te dar! “Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também
aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o
nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória,
segundo a eficácia do poder que ele tem até de subordinar a si todas as
coisas” (Fp 3.20-21).
O CURSO DESTE MUNDO: O AMOR AO DINHEIRO
Em outro momento do sermão do monte, o Senhor declara quem é na verdade seu maior adversário neste mundo:
“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou
há de odiar a um e amar o outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar o
outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas”
(Mt 6.24)
(Mt 6.24)
Para podermos compreender com exatidão as palavras de Cristo, vamos primeiro analisar a palavra riqueza. Essa palavra é a tradução do original grego thesauros
ou “tesouro”, que para nós significa herança, bens, posses, valores.
Essa palavra é derivada de tesouraria, que é o local onde se guardam
valores materiais acumulados em quantidade além do necessário para o
sustento (literalmente: riquezas). O Senhor Jesus nos colocou aqui em
uma situação difícil: Seria possível alguém servir a Deus e ao mesmo
tempo dedicar-se ao objetivo de acumular riquezas? Se pensarmos com
nossa mente ocidental que ricos são somente aqueles que possuem muito
dinheiro e muitos bens, isso aliviaria nossa consciência a respeito
desse texto. Mas, se lembrarmos que, à luz da Palavra de Deus, riqueza é
qualquer valor além do sustento, qualquer soma além do suficiente para o
mantimento... então quem tem dois pares de sapato é rico em comparação
com quem não tem nenhum! Se é assim, então qualquer conforto, qualquer
estravagância material pode ser considerada riqueza... É aí que surge
aquele a quem Jesus considerou adversário contra Ele: o amor ao dinheiro.
Pode um cristão amar a Deus e, ao mesmo tempo, querer ser rico? O
Senhor Jesus nos diz que isso é impossível... Por quê? A resposta é
simples. Porque, aquele que quer enriquecer, terá que dedicar todo o seu
tempo, todas as suas forças, terá que dedicar-se totalmente a esse
objetivo. E o que restará do tempo, das forças e da dedicação dessa
pessoa para o Reino de Deus? Nada! Então, apenas se observássemos o
comportamento dessa pessoa que quer enriquecer, no final qual conclusão
tomaríamos? A quem essa pessoa realmente se devota, a quem ela se
dedica, a quem ela ama? A Deus ou às riquezas? Eu posso dizer à minha
esposa todos os dias que eu a amo, mas se não tenho tempo para
dedicar-me a ela, ela irá acreditar em minhas palavras ou nas minhas
ações? Nossas atitudes falam muito mais a nosso respeito do que nossas
palavras. São nossas pegadas, nosso testemunho, nossas orações, nossas
obras, nossos frutos no Reino e, principalmente, nossa obediência a Deus
que dizem se realmente amamos a Deus... e não as nossas belas palavras!
Ainda que não concordemos com isso, a busca por
riquezas é totalmente incompatível com o padrão de vida ensinado por
Jesus. A riqueza gera soberba (orgulho, autoconfiança) no coração e
afasta o cristão da fé (ou confiança) genuína em Cristo. Sua segurança
estará no saldo bancário e no valor dos seus bens... E logo a riqueza o
fará escravo dela, de tal modo que ela controlará suas ações. Cristo não
será mais Senhor, e sim Mamon.
O CAMINHO DE DEUS: A PIEDADE COM CONTENTAMENTO
Se Jesus é mesmo nosso Senhor, então devemos
buscar viver de acordo com a Sua vontade, segundo a Sua Palavra. E a
respeito do modo de viver no Caminho, o Senhor assim nos ensina no
sermão do monte:
“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou
há de odiar a um e amar o outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar o
outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas. Por isso vos digo: Não
estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer, ou pelo
que haveis de beber; nem, quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de
vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que o
vestuário? Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem ceifam, nem
ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não valeis vós
muito mais do que elas? Ora, qual de vós, por mais ansioso que esteja,
pode acrescentar um côvado à sua estatura? E pelo que haveis de vestir,
por que andais ansiosos? Olhai para os lírios do campo, como crescem;
não trabalham nem fiam; contudo vos digo que nem mesmo Salomão em toda a
sua glória se vestiu como um deles. Pois, se Deus assim veste a erva do
campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós,
homens de pouca fé? Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que havemos
de comer? ou: Que havemos de beber? ou: Com que nos havemos de vestir?
(Pois a todas estas coisas os gentios procuram.) Porque vosso Pai
celestial sabe que precisais de tudo isso. Mas buscai primeiro o seu
reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.”
(Mt 6.24-33)
(Mt 6.24-33)
Amados irmãos, observem aqui que o Senhor Jesus
conecta os dois discursos em um só: “...Não podeis servir a Deus e às
riquezas” (v.24) e “Por isso vos digo: Não estejais ansiosos quanto à
vossa vida...” (v.25). O Senhor não está falando de assuntos diferentes,
mas sim de um só: a economia no Reino de Deus versus a economia no
reino do mundo. Ele está chamando a nossa atenção para uma verdade: não
devemos nos iludir pensando que podemos escolher o Reino de Deus
servindo ao reino do mundo com o intento de adquirir riquezas nesta
terra. Isso é ilusão! E o Senhor conclui esse pensamento no verso 33:
“Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas
vos serão acrescentadas”. Que coisas nos serão acrescentadas se
buscarmos primeiramente o Reino de Deus? A resposta está no verso 25:
“Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer, ou pelo que haveis de beber; nem, quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestuário?”
Ou seja: o padrão de contentamento no Reino de Deus é termos o que
comer e o que vestir, e essas coisas Ele nos acrescentará se buscarmos o
Seu Reino em primeiro lugar! E isso está em harmonia com o padrão de
contentamento ensinado pelo ap. Paulo:
“De fato, grande fonte de lucro é a piedade com contentamento. Porque nada temos trazido a este mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com o que nos vestir, estejamos contentes.”
(1Tm 6.6-8)
(1Tm 6.6-8)
Mas se alguém ainda insiste no pensamento que é
possível ser um cristão sincero e buscar riquezas, Paulo encerra o
assunto com a seguinte afirmação:
"Ora, os que querem ficar ricos caem em
tentação, em cilada, e em muitas concupiscências insensatas e
perniciosas, os quais afogam os homens em ruína e perdição. Porque o
amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se
desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores."
(1Tm 6.9-10)
(1Tm 6.9-10)
E finalmente Paulo mostra ao seu discípulo Timóteo o mesmo caminho que ele escolheu:
“Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas
coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a
mansidão. Combate o bom combate da fé. Toma posse da vida eterna, para a
qual também foste chamado e de que fizeste a boa confissão perante
muitas testemunhas.”
(1Tm 6.11-12)
(1Tm 6.11-12)
Temos uma só decisão a tomar, mas dois caminhos a
seguir. Ou o curso deste mundo, buscando como tesouro o que esta terra
pode dar e receber a recompensa disso; ou o caminho da piedade com
contentamento, buscando em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua
justiça, tomando posse da vida eterna para a qual fomos chamados... Esse
é o nosso tesouro; esta é a nossa herança.
Leia agora a Parte 2 desse estudo.
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