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UMA DECISÃO: DOIS CAMINHOS
DESCOBRINDO AS DIFERENÇAS INCOMPATÍVEIS ENTRE O REINO DE DEUS E O REINO DO MUNDO
Parte 2
Nosso assunto é o Reino de Deus, certo? E também
não temos nenhuma dúvida que a vontade do Senhor é nos salvar,
levando-nos para a presença Dele, certo? Nós vimos que o Senhor Jesus
ordenou-nos que buscássemos acima de tudo o seu Reino e a sua justiça, e
as demais coisas (o que comer e o que vestir) nos seriam acrescentadas
enquanto vivêssemos nesse mundo. Podemos observar claramente que o
Senhor comparou a busca pelo Reino Dele com o trabalho e o esforço que
fazemos pelo nosso sustento e, por mais que isso, por conforto, por bens
acumulados, por um bom saldo bancário... Tudo isso o Senhor chamou de
“tesouro” (riquezas). Se existem riquezas materiais, deve existir também
riquezas espirituais... Isso pode soar bem aos ouvidos dos que são
movidos por avareza, mas devemos atentar que estes são tesouros de uma
natureza diferente. O tesouro do mundo é natural; o tesouro do céu é
espiritual. Uma pergunta: que tesouros espirituais são esses? O que o
Céu tem reservado para mim como herança? Em Apocalipse 21.7 está escrito
que “o vencedor herdará estas coisas, e eu lhe serei Deus, e ele me
será filho”. Antes de descobrirmos que herança é essa, vejamos o que o
Senhor Jesus nos diz a respeito desse tesouro:
"O reino dos céus é semelhante a um tesouro
escondido no campo, o qual certo homem, tendo-o achado, escondeu; e,
transbordante de alegria, vai, vende tudo o que tem e compra aquele
campo."
(Mt 13.44)
(Mt 13.44)
"O reino dos céus é também semelhante a um
negociante que buscava boas pérolas; e, tendo achado uma pérola de
grande valor, vende tudo o que possui e a compra."
(Mt 13.45-46)
(Mt 13.45-46)
A que podemos comparar o valor do Reino dos céus?
Haveria algum tesouro, riqueza, bens ou valores que se comparariam ao
Reino? Segundo as palavras do nosso Senhor, não. E mais: quem são
aqueles que tomam posse do Reino? Quem são aqueles que se apoderam dele?
São os que compreendem que para tomar posse do Reino vale a pena se
desfazer de tudo aqui! Vale a pena renunciar tudo para tomar posse do
Reino dos céus! Observe que o primeiro homem citado por Jesus achou um
tesouro, mas para que ele pudesse tomar posse desse tesouro, ele vende
tudo o que tem para comprar aquele campo... O Senhor Jesus está tentando
nos mostrar que a quantidade de bens que esse homem possuía não tem a
menor importância para ele, tamanho o valor desse tesouro que ele
encontrou. Observe também que o segundo homem é um colecionador de boas
pérolas, que quando encontra uma de valor muito superior àquelas que ele
já tinha, ele não tem nenhum problema em se desfazer te tudo o que
possui para comprar aquela pérola... Para você, qual é o seu “tudo”?
Ambos tinham um “tudo” em suas vidas, mas esse tudo perdeu completamente
o valor visto o valor imensurável daquele tesouro e daquela pérola...
Parece-me que aqui está o grande ponto dessa
questão... Parece haver algum tipo de chave ou botão, que para alguns
esse botão é ligado, para outros não. Existem cristãos que compreendem
que muito mais vale o Reino de Deus e a sua justiça do que qualquer
outra coisa, e vivem dignamente de acordo com os padrões do Reino. Mas
para outros cristãos isso parece não ter nenhum sentido, eles não
compreendem essas coisas e continuam vivendo suas vidas normalmente,
correndo atrás das riquezas, tentando agregar o evangelho ao seu estilo
de vida natural... Infelizmente, vivendo desse modo, sempre o Reino de
Deus estará em segundo lugar, nunca será a prioridade para esses
irmãos... Aí vem um problema:
"Igualmente, o reino dos céus é semelhante a
uma rede lançada ao mar, e que apanhou toda espécie de peixes. E, quando
cheia, puxaram-na para a praia; e, sentando-se, puseram os bons em
cestos; os ruins, porém, lançaram fora. Assim será no fim do mundo:
sairão os anjos, e separarão os maus dentre os justos, e lançá-los-ão na
fornalha de fogo; ali haverá choro e ranger de dentes."
(Mt 13.47-50)
(Mt 13.47-50)
Poderíamos pensar que essa separação dos peixes
bons dos ruins está relacionado à salvação da Igreja e a entrada dos
santos no Reino Eterno, de modo que todos os cristãos – não importando
muito a sua condição de fidelidade a Deus – entrarão na vida eterna, e
os pecadores serão “lançados fora” no inferno, para a condenação eterna.
Consideramos justo esse pensamento em parte, e aqui vale uma
observação... Temos visto até aqui (iremos avançar bastante ainda!) que
Deus tem um padrão nitidamente definido para as prioridades do Reino dos
céus e o modo de como viver para entrarmos nele. É aqui nesse ponto que
está o que chamamos de “chave” (ou “botão” se você preferir). Sabemos
que “pela graça sois salvos mediante a fé, e isso é dom de Deus” (Ef
2.8). Fazemos agora uma pergunta: quem é verdadeiramente salvo? Talvez
haja alguém que confesse ser salvo em Cristo e participa normalmente de
uma comunidade cristã... Mas, se ao observarmos a vida cotidiana dessa
pessoa e percebermos que ela não reflete uma completa mudança de
caráter, de valores e de prioridades em seu comportamento, ainda vivendo
de modo natural, ou, como costumamos dizer, ela “não nasceu de novo”...
Poderíamos afirmar que essa pessoa seria verdadeiramente salva? Vejamos
o que disse o Senhor Jesus a Nicodemos:
"Ora, havia entre os fariseus um homem chamado
Nicodemos, um dos principais dos judeus. Este foi ter com Jesus, de
noite, e disse-lhe: Rabi, sabemos que és Mestre, vindo de Deus; pois
ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com
ele.
Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.
Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?
Jesus respondeu: Em verdade, em verdade te digo
que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no
reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do
Espírito é espírito. Não te admires de eu te haver dito: Necessário vos é
nascer de novo. O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz; mas não
sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do
Espírito.
Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode ser isto?
Respondeu-lhe Jesus: Tu és mestre em Israel, e não entendes estas coisas?"
(Jo 3.1-10)
(Jo 3.1-10)
Se lermos com o critério correto as palavras do Senhor Jesus para Nicodemos, então chegaremos à seguinte conclusão:
1. Só é nascido de novo quem é nascido do Espírito (v. 6);
2. Só é nascido de novo quem é totalmente guiado e dependente do Espírito (v. 8);
3. Quem é natural nunca compreenderá o Reino espiritual (v. 9 e 10; 1Co 1.18,25);
4. Quem não nascer de novo, não entrará e nem verá o Reino de Deus (v. 3, 5 e 7).
2. Só é nascido de novo quem é totalmente guiado e dependente do Espírito (v. 8);
3. Quem é natural nunca compreenderá o Reino espiritual (v. 9 e 10; 1Co 1.18,25);
4. Quem não nascer de novo, não entrará e nem verá o Reino de Deus (v. 3, 5 e 7).
Não há outra conclusão senão essa: a que o Reino
dos céus possui uma regência totalmente incompatível com o modo humano
de pensar e agir. Nossos pensamentos racionais são inúteis no Reino, e
só poderemos entrar nesse Reino, ou até mesmo vê-lo, se nossa velha
natureza humana morrer, e então nascer uma nova criatura gerada em nós
pelo poder do Espírito Santo – uma nova criatura dotada de prioridades,
valores, motivações e sentidos totalmente distintos daqueles encontrados
no curso deste mundo... Reflita sobre isso lendo Is 51.1; Gl 5.22-25;
Fp 4.8,9; 1Tm 6.11,12; 2Tm 2.3-5; Hb 12.14; 2Pe 1.5-7... Seriam todos os
“cristãos” assim? Será que todos refletem essa nova natureza do
Espírito em suas vidas? Por isso pensamos que não somente os pecadores e
ímpios serão aqueles “peixes ruins”... Pensamos que ali também haverá
cristãos nominais – aqueles que até confessam a Cristo – mas que suas
vidas não refletem a vida de Cristo neles (“Nem todo o que me diz:
Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade
de meu Pai, que está nos céus” – Mt 7.21-23). Continuam vivendo de modo
natural, tentando agregar o evangelho à sua velha natureza. Sempre são
eles quem decide tudo em suas vidas – o que fazer e como fazer – sempre
com o raciocínio natural. Estes nunca se submetem à dependência total do
Espírito Santo... Nunca nasceram de novo, consequentemente não entrarão
no Reino dos céus. Na parábola do semeador ensinada por Jesus, Ele nos
mostra que o semeador lançou quatro sementes (Mt 13.3-8,19-23), sendo
uma delas lançada entre os espinhos (v. 7 e 22)... Descobrimos ali que
esta semente até germinou... até cresceu... mas tornou-se infrutífera.
Por quê? Porque “os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas
sufocam a palavra, tornando-a infrutífera” (v. 22). O semeador é sempre o
mesmo; a semente é sempre boa... a diferença está na terra que recebe a
semente. Se nesta terra há o que Jesus chamou de “espinhos” (os
cuidados deste mundo e a fascinação das riquezas) a palavra semeada no
coração desta pessoa nunca será frutífera. O evangelho é estéril na vida
dessa pessoa. Por isso, se você é um cristão que quer tornar-se rico e
usufruir de uma sólida estabilidade financeira neste mundo, cuidado! Os
“espinhos” e a semente do evangelho são concorrentes rivais, e esses
espinhos sufocarão a Palavra de Deus dentro de você, tornando a sua fé
estéril. Se este é o seu caso, compare a situação dessa “terra
infrutífera” com as palavras do nosso Senhor em João 15.2,6-8 (“Toda
vara em mim que não dá fruto, ele a corta...”), e se prepare para tomar
uma decisão pelo céu ou pela terra. Qual caminho você seguirá?
A FIGURA DO BATISMO
Não é difícil percebermos que o Senhor faz em Sua
Palavra uma clara referência do Egito com o mundo. No livro de
Apocalipse, o mundo é figurado como a “grande cidade” – Babilônia, que
espiritualmente se chama Sodoma e Egito (Ap 11.8; Ap 17; Ap 18). O que
Sodoma lembra para você? Certamente Sodoma é a principal referência
quanto à imoralidade sexual de todo tipo. E o Egito, o que lembra para
você? Egito é o lugar onde o povo de Deus é mantido sob escravidão. Foi
assim com o povo de Israel e tem sido assim até o dia de hoje. O Egito é
também a principal referência quanto à idolatria. Então, por que essa
“grande cidade” – Babilônia – possui espiritualmente esses dois nomes?
Porque sua principal característica é a devassidão à idolatria e à
prostituição. Esse é o mundo em que vivemos.
O livro de Êxodo nos mostra que o povo de Israel
viveu no Egito por 430 anos (Êx 12.40). Quando o Senhor livrou o seu
povo da escravidão de faraó, Ele os guiou pelo caminho de Sucote até o
Mar Vermelho (Êx 13.20-22). Havia outras estradas que davam acesso para o
Neguebe, o que seria um caminho mais fácil para o povo seguir até
Canaã, a terra prometida... Mas por que o Senhor os levou até o Mar
Vermelho? Porque o Senhor quis, definitivamente, livrar o povo da
escravidão fazendo-os passar de maneira sobrenatural pelas águas do Mar
Vermelho. Depois que todo o povo cruzou pelo caminho do Mar Vermelho e
este se fechou, só então o povo se tornou verdadeiramente livre da
opressão de faraó... o Egito ficou para trás, a escravidão acabou. E o
Mar Vermelho ficou entre o Egito e o povo de Israel, separando-os
definitivamente. A Páscoa (do hebraico pesach – lit. “passagem”) foi
instituída pelo Senhor através do cordeiro pascal que deveria ser
imolado e o sangue aspergido nos umbrais das portas, porque naquela
noite o Senhor passaria pelo Egito e mataria todo primogênito nas casas
onde não tivesse o sinal do sangue... Esse cordeiro pascal aponta para
Cristo – Ele é a nossa páscoa (1Co 5.7) – e o livramento iniciado com a
saída do povo do Egito só foi definitivamente concluído com o fechamento
das águas do Mar Vermelho, após a passagem de todo o povo. Do mesmo
modo, o sacrifício de Cristo na cruz do Calvário aponta para a nossa
redenção; e o batismo nas águas aponta para o nosso novo nascimento – a
“passagem” de uma vida mundana para uma nova vida celestial.
O batismo surgiu na Bíblia com o ministério de
João Batista, que pregava “batismo de arrependimento” (Mt 3.1,2,6,8,11;
Mc 1.4-5; Lc 3.2,3,8,16). Essa palavra “arrependimento” vem do grego metanoia e significa literalmente “constrangido pela culpa”, “pensar diferente”, “voltar em sentido contrário”... Melhor dizendo, metanoia
aponta para uma mudança de caráter que abrange motivação e atitude, e
não apenas a mudança vista pelo aspecto exterior (diferente do remorso
sentido por Judas Iscariotes – Mt 26.14; At 1.16-18). Metanoia é
uma mudança interna, de coração, que reflete externamente no modo de
agir. Quem ouvia a mensagem de João Batista era confrontado a um ponto
de decisão: deixar para trás a vida egoísta distante de Deus,
arrepender-se e então voltar-se para Deus, vivendo segundo a Sua
vontade. E o sinal público que simbolizava essa volta para Deus era o
batismo nas águas. O nosso Senhor Jesus ordenou que da mesma forma os
discípulos fossem batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo
(Mt 28.19). Vejamos como o ap. Paulo descreve a figura do batismo como
uma passagem de uma vida mundana sem Deus a uma nova vida com Cristo:
“Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado,
para que abunde a graça? De modo nenhum. Nós, que já morremos para o
pecado, como viveremos ainda nele? Ou, porventura, ignorais que todos
quantos fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele pelo batismo na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida.
Porque, se temos sido unidos a ele na semelhança da sua morte,
certamente também o seremos na semelhança da sua ressurreição; sabendo
isto, que o nosso homem velho foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado fosse desfeito, a fim de não servirmos mais ao pecado.
Pois quem está morto está justificado do pecado. Ora, se já morremos
com Cristo, cremos que também com ele viveremos, sabendo que, tendo
Cristo ressurgido dentre os mortos, já não morre mais; a morte não mais
tem domínio sobre ele. Pois quanto a ter morrido, de uma vez por todas
morreu para o pecado, mas quanto a viver, vive para Deus. Assim também
vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus.”
(Rm 6.1-11)
(Rm 6.1-11)
O ap. Pedro, falando do mesmo assunto, fez uma
analogia do batismo nas águas ao livramento de Noé e sua família na
ocorrência do dilúvio:
“Porque também Cristo morreu uma única vez
pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; sendo,
na verdade, morto na carne, mas vivificado no espírito; no qual também
foi e pregou aos espíritos em prisão; os quais noutro tempo foram
rebeldes, quando a longanimidade de Deus aguardava nos dias de Noé,
enquanto se preparava a arca; na qual poucos, a saber, oito pessoas,
foram salvas através da água, que agora, por uma verdadeira figura - o batismo, também vos salva,
o qual não é a remoção da imundícia da carne, mas a indagação de uma
boa consciência para com Deus, pela ressurreição de Jesus Cristo”
(1Pe 3.18-21)
(1Pe 3.18-21)
Gênesis nos diz que, nos tempos de Noé, “a maldade
se havia multiplicado no coração do homem e que era mau todo desígnio
do seu coração” (Gn 6.5). O Senhor Jesus relatou que nos tempos de Noé
as pessoas “comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento (imoralidade
sexual), até o dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio e os
destruiu a todos” (Lc 17.27). Assim, tanto pela analogia do dilúvio como
pela analogia do Mar Vermelho, podemos concluir que o batismo simboliza
a passagem “pela água” de uma vida ímpia no mundo, entregue ao pecado e
alheio a Deus – para uma nova vida aliançada com Deus, alheio ao mundo e
totalmente entregue para viver segundo a vontade Dele. O Egito ficou
para trás... Sodoma ficou para trás... Babilônia – o mundo – ficou para
trás... Agora nos resta, a todos os que decidiram tornar-se verdadeiros
discípulos de Jesus: “entremos pelo novo e vivo caminho que Ele nos inaugurou, de coração sincero, em plena certeza de fé, tendo
o coração purificado da má consciência e o corpo lavado com água limpa,
retenhamos inabalável a confissão da nossa esperança, porque fiel é
aquele que fez a promessa” (Hb 10.20,22,23). Esse é o verdadeiro
batismo – o novo nascimento – a chave que muda tudo!
Leia agora a Parte 3 desse estudo.
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