Leia também: Parte 1 | Parte 2 | Parte 4 .
As condições para ser discípulo de Jesus
O PRIMEIRO CHAMAMENTO
O SEGUNDO CHAMAMENTO
O testemunho da Igreja Primitiva
UMA DECISÃO: DOIS CAMINHOS
DESCOBRINDO AS DIFERENÇAS INCOMPATÍVEIS ENTRE O REINO DE DEUS E O REINO DO MUNDO
Parte 3
Quem foi que disse que, para ser discípulo de
Jesus, basta apenas querer? Será que Ele, o Senhor, aceita qualquer um
para ser testemunha Dele, embaixador Dele nesta terra? Se, talvez, você
não saiba disso, o Senhor Jesus estabeleceu sim condições rígidas para
que alguém pudesse ser discípulo Dele. Vamos analisar essas condições
olhando primeiramente para as palavras do nosso Senhor quando encontrou
Pedro, André, Tiago e João:
“E Jesus, andando ao longo do mar da Galiléia,
viu dois irmãos - Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, os quais
lançavam a rede ao mar, porque eram pescadores. Disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.
Eles, pois, deixando imediatamente as redes, o seguiram.
E, passando mais adiante, viu outros dois
irmãos - Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, no barco com seu pai
Zebedeu, consertando as redes; e os chamou.
Estes, deixando imediatamente o barco e seu pai, seguiram-no.”
(Mt 4.18-22)
(Mt 4.18-22)
Vejamos também como aconteceu o chamamento de Levi, que o conhecemos como Mateus:
“Depois disso saiu e, vendo um publicano chamado Levi, sentado na coletoria,
disse-lhe: Segue-me.
disse-lhe: Segue-me.
Este, deixando tudo, levantou-se e o seguiu.”
(Lc 5.27-28)
(Lc 5.27-28)
O PRIMEIRO CHAMAMENTO
Amados irmãos, nós precisamos compreender algo
muito importante sobre o chamamento do Senhor para os seus discípulos:
Existem dois tipos de chamado, mas ambos possuem as mesmas condições
para que sejamos de fato discípulos de Jesus. O primeiro chamamento
feito pelo Senhor é para seguirmos Ele, para sermos seus discípulos,
caminhando com Ele pelo mesmo caminho, seguindo as suas pegadas... Isso
fala de viver como Ele viveu em todos os aspectos! Isso inclui comer o
que Ele come... (“Uma comida tenho para comer que vós não conheceis” -
Jo 4.32,34). Sabe o que isso significa? Significa que não mais você
escolherá o que comer quando tiver fome, mas outro escolherá por você.
Seguir as pegadas Dele inclui também dormir onde Ele dorme... Certa vez
um homem disse para Ele: “Seguir-te-ei para onde quer que fores”. Vejam,
esse homem viu algo no Senhor que chamou a sua atenção. Alguma coisa
despertou nele a vontade de ser discípulo do Senhor Jesus e seguir com
Ele por suas pegadas, mas o Senhor o repreendeu dizendo: “As raposas têm
covis, e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do homem não tem onde
reclinar a cabeça” (Lc 9.58). Isso nos diz que não mais escolheremos
onde morar, mas outro escolherá onde e como dormiremos aquela noite.
Receber esse primeiro chamamento do Senhor exigirá de cada um de nós que
deixemos tudo para trás para seguir o Senhor em suas pegadas.
Vejam que, só nesses dois exemplos, o Senhor nos adverte que, para
sermos discípulos Dele, antes de tudo teremos que largar o controle de
nossas decisões e nos deixar ser levados pela vontade Dele, seguindo
suas pegadas, vivendo com Ele.
Observem que, quando o Senhor chamou Pedro, André,
Tiago, João e Mateus, eles todos entenderam a mesma coisa: que para
seguir o Senhor era necessário deixar tudo para trás. Pedro
provavelmente era o dono do seu próprio barco, e seu irmão André
trabalhava com ele. Eles estavam se preparando para mais um dia de
trabalho quando o Senhor os chamou. E eles entenderam... Tiveram que
tomar uma decisão: ou Jesus ou as redes... E eles decidiram por Jesus!
Largaram imediatamente as redes e seguiram o Mestre, deixando tudo para
trás. Parece-nos que Zebedeu, pai de Tiago e João, também era pescador e
dono do seu próprio barco de pesca. E o Senhor então vem até eles e
chama os filhos de Zebedeu para serem discípulos Dele... O que aconteceu
então? Tiago e João entenderam que deveriam fazer uma decisão: ou Jesus
ou o pai (e o barco dele também)... Eles decidiram por Jesus! Deixaram o
barco e seu pai e seguiram o Mestre (Zebedeu deve ter ficado muito
zangado com eles!). Com Levi foi um pouco diferente. Ele não era um
pescador, ele era cobrador de impostos, funcionário público do Império
Romano. E quando o Senhor o chamou, ele entendeu o mesmo que Pedro,
André, Tiago e João: ele, “deixando tudo, levantou-se e o seguiu” (Lc
5.28).
Todos nós temos algo em nossas vidas que é o
“tudo” para nós... Talvez seja uma empresa que garanta o nosso sustento,
como foi com Pedro e André... Talvez seja uma herança que tenhamos por
direito, como foi com Tiago e João... Talvez seja ainda um bom emprego,
como foi com Mateus... Todos nós temos algo que é “tudo” para nós. E
todos nós teremos que tomar uma decisão: ou seguir a Cristo, que será
então tudo para mim; ou ficar com o que tenho: meu emprego, meus bens,
minha empresa... O primeiro chamamento feito pelo Senhor é para sermos
Seus discípulos, e só o seguiremos se verdadeiramente Ele for o nosso
“tudo”; se não, escolheremos as coisas deste mundo que cercam nossas
vidas. Ou Ele é tudo para mim (e o brilho deste mundo perde o valor) ou a
minha vida neste mundo será tudo para mim (e a glória de Cristo se
perderá... passará de nossas vidas – 1Sm 4.19-22). Aproveu ao Senhor
deixar registrado em sua Palavra o mau exemplo de alguém que também
desejou ser discípulo do Senhor Jesus, mas que infelizmente escolheu
pela sua riqueza, deixando Cristo para trás. Vejamos:
“Ora, ao sair para se pôr a caminho, correu
para ele um homem, o qual se ajoelhou diante dele e lhe perguntou: Bom
Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna?
Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom?
Ninguém é bom, senão um que é Deus. Sabes os mandamentos: Não matarás;
não adulterarás; não furtarás; não dirás falso testemunho; a ninguém
defraudarás; honra a teu pai e a tua mãe.
Ele, porém, lhe replicou: Mestre, tudo isso tenho guardado desde a minha juventude.
E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Uma coisa te falta; vai, vende tudo quanto tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; então, vem e segue-me.
Ele, porém, contrariado com esta palavra, retirou-se triste,
porque possuía muitos bens.”
(Mc 10.17-22)
porque possuía muitos bens.”
(Mc 10.17-22)
Quem era o jovem rico? Era alguém que possuía
muitos bens e propriedades (v. 22; “...era riquíssimo” - Lc 18.23), mas
que, de algum modo, também temia a Deus. O texto em Marcos nos mostra
que ele ajoelhou-se perante o Senhor; isso nos indica que ele reconheceu
a autoridade do Senhor Jesus. O jovem rico estava preocupado com a vida
eterna, e para isso ele procurava seguir os mandamentos de Deus (v.
17,20). Foi quando o Senhor impôs para ele as condições para ser
discípulo: “vai e vende tudo quanto tens e dá aos pobres... depois vem e
me segue” (v. 21; Mt 19.21; Lc 18.22). Compreendem, irmãos? É
impossível! Não tem como ser discípulo de Jesus querendo carregar
consigo a vida natural, bens, parentes, empresa, emprego, seja o que
for! As condições para ser discípulo de Jesus nunca mudam! Com relação a
riquezas nesta terra, certa vez o Senhor declarou:
“Não temais, ó pequenino rebanho! Porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino. Vendei os vossos bens e dai esmolas.
Fazei para vós bolsas que não envelheçam; tesouro nos céus que jamais
acaba, aonde não chega ladrão nem a traça consome. Porque, onde estiver o
vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.”
(Lc 12.32-34)
(Lc 12.32-34)
Irmãos, a condição imposta pelo Senhor aqui é a
mesma dada ao jovem rico: “Vendei os vossos bens”... (v. 33; Lc 18.22)
Vejam também que a recompensa por deixarmos tudo para trás e seguirmos
ao Senhor também é a mesma: “e terás um tesouro nos céus” (v. 33; Lc
18.22). A grande questão é: onde está o tesouro de quem é discípulo de
Jesus? Nesta terra o no céu? De onde o verdadeiro discípulo de Jesus
espera receber sua recompensa? Desta vida ou da Eternidade?
Infelizmente nós, quando lemos a Bíblia, nunca nos
deixamos ser ensinados pelo Espírito Santo quanto ao intento de Deus em
revelar-nos a Sua vontade nas Escrituras... Não somos como Moisés que,
quando foi à presença do Senhor, não tinha hora marcada para voltar...
(Êx 33.11-23). Sempre que começamos a ler, já temos hora marcada para
deixarmos a Palavra e cumprirmos nossos “outros compromissos” (compare
com Sl 1.2 e Sl 119.97!). Leiamos então, com o coração rendido ao
Espírito Santo para iluminar o nosso entendimento, a Palavra do Senhor
em Lucas 14:
“Ora, iam com ele grandes multidões; e, voltando-se, disse-lhes:
Se alguém vier a mim, e não aborrecer a pai e mãe, a mulher e filhos, a irmãos e irmãs, e ainda também à própria vida, não pode ser meu discípulo.
Quem não leva a sua cruz e não me segue, não pode ser meu discípulo.
Pois qual de vós, querendo edificar uma torre,
não se senta primeiro a calcular as despesas, para ver se tem com que a
acabar? Para não acontecer que, depois de haver posto os alicerces, e
não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a zombar dele,
dizendo: Este homem começou a edificar e não pode acabar.
Ou qual é o rei que, indo entrar em guerra
contra outro rei, não se senta primeiro a consultar se com dez mil pode
sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil? No caso contrário,
enquanto o outro ainda está longe, manda embaixadores, e pede condições
de paz.
Assim, pois, todo aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui,
não pode ser meu discípulo.
não pode ser meu discípulo.
Bom é o sal; mas se o sal se tornar insípido,
com que se há de restaurar-lhe o sabor? Não presta nem para terra, nem
para adubo; lançam-no fora.
Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.”
(Lc 14.25-35)
Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.”
(Lc 14.25-35)
Ah irmãos! Nossos argumentos são inúteis diante da
Palavra do Senhor! Em primeiro lugar, o Senhor Jesus não está
preocupado com multidões... Ele quer discípulos Dele, que o ame de todo
coração (“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que
me ama...” - Jo 14.21). A questão para ser discípulo de Jesus será
sempre esta: Quem você ama mais? Pai e mãe?... Esposa e filhos?...
Irmãos e irmãs?... Ou ainda a própria vida e todos os bens que
possui?... A resposta é: Se você ama todas essas coisas mais do que o
Senhor, então você não poderá ser discípulo de Jesus!
Observe que, entre essas condições dadas pelo
Senhor, Ele faz uma analogia: “Pois qual de vós, querendo edificar uma
torre, não se senta primeiro a calcular as despesas, para ver se tem com
que a acabar?... Ou qual é o rei que, indo entrar em guerra contra
outro rei, não se senta primeiro a consultar se com dez mil pode sair ao
encontro do que vem contra ele com vinte mil?” (v. 28,31). Foi
exatamente o que fez o jovem rico... Ele concluiu que não tinha
condições de ser discípulo de Jesus; ele concluiu que não conseguiria
deixar toda a sua riqueza para trás e seguir nas pegadas de Cristo. Faça
o mesmo agora! Calcule se você tem condições de segui-Lo até o fim.
Veja bem se você tem a disposição de deixar tudo para trás para ser
discípulo de Jesus. E no final do texto, o Senhor conclui as condições
com outra analogia e uma advertência: “Bom é o sal; mas se o sal se
tornar insípido, como restaurar-lhe o sabor? Não presta nem para terra,
nem para adubo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça” (v.
34,35). O que é o “sal que perde o sabor”, senão o discípulo de Jesus
que abriu mão de sua vocação? Seu destino é certo. Entenda bem que essas
condições não foram impostas por nenhum homem, senão pelo próprio
Senhor Jesus. Esse é o primeiro chamamento: deixar tudo para trás e
seguirmos Seus passos. Senão, inevitavelmente, colheremos no futuro as
consequências irreversíveis de nossas decisões feitas agora, hoje mesmo.
O SEGUNDO CHAMAMENTO
O segundo chamamento feito pelo Senhor é para
sermos testemunhas Dele, fazendo na terra o mesmo que Ele fez e ensinou.
Assim como Ele, fazendo discípulos, chamando-os para caminharem com Ele
no seu caminho, nós também somos chamados para sermos como Ele, fazendo
discípulos, caminhando com eles pelo mesmo caminho que o Senhor nos
ensinou. Este segundo chamamento está explícito em quatro passagens
muito conhecidas da Bíblia:
“Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A
quem enviarei, e quem irá por nós? Então disse eu: Eis-me aqui,
envia-me a mim.”
(Is 6.8)
(Is 6.8)
“E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo:
Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto ide, fazei
discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e
do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos
tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias,
até a consumação dos séculos.”
(Mt 28.18-20)
até a consumação dos séculos.”
(Mt 28.18-20)
“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o
evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas
quem não crer será condenado.”
(Mc 16.15-16)
(Mc 16.15-16)
“Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o
Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém, como em
toda a Judéia e Samaria,
e até os confins da terra.”
(At 1.8)
e até os confins da terra.”
(At 1.8)
Em todo tempo na história, sempre houve uma
carência por homens e mulheres que expressassem o caráter e a vontade de
Deus na terra. E o Senhor resolveu isso levantando os profetas no
Antigo Testamento, para serem o padrão de uma vida de relacionamento e
obediência a Deus, pessoas que deram suas vidas para o Senhor. Abraão,
Moisés, Josué, Samuel, Elias, Eliseu, Isaías, Jeremias, Ezequiel,
Daniel... estes são apenas alguns. Do tempo do Antigo Testamento, o
último homem que o Senhor levantou foi João Batista, que veio preparar o
caminho do Senhor. Mas o propósito de Deus com esses homens é bastante
diferente do que Ele planejou para a Igreja. Até João Batista, Deus
chamava homens escolhidos para que fossem suas testemunhas, cada um ao
seu tempo. Mas depois de João veio o Senhor Jesus – o Filho unigênito de
Deus – para iniciar um novo tempo: o tempo de Cristo e a sua Igreja.
Então qual é o plano de Deus para a Igreja? É que ela seja o testemunho
de Deus na terra. Não mais alguns homens apenas como no Antigo
Testamento. O propósito é que a Igreja seja o Corpo de Cristo na terra,
enquanto Cristo é o cabeça da Igreja no céu. Vejamos o que o ap. Paulo
escreve a esse respeito:
“Por isso também eu, tendo ouvido falar da fé
que entre vós há no Senhor Jesus e do vosso amor para com todos os
santos, não cesso de dar graças por vós, lembrando-me de vós nas minhas
orações, para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória,
vos dê o espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento
dele; sendo iluminados os olhos do vosso coração, para que saibais qual
seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos, e qual a suprema grandeza do seu poder para conosco, os que cremos,
segundo a operação da força do seu poder, que operou em Cristo,
ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar-se à sua direita nos
céus, muito acima de todo principado, e autoridade, e poder, e domínio,
e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no
vindouro; e sujeitou todas as coisas debaixo dos seus pés, e para ser
cabeça sobre todas as coisas o deu à igreja, que é o seu corpo, o
complemento daquele que cumpre tudo em todas as coisas.”
(Ef 1.15-23)
(Ef 1.15-23)
“A mim, o mínimo de todos os santos, me foi
dada esta graça de anunciar aos gentios as riquezas insondáveis de
Cristo, e demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou, para que agora seja manifestada, por meio da igreja, aos principados e potestades nas regiões celestes, segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus nosso Senhor”
(Ef 3.8-11)
(Ef 3.8-11)
“Por esta razão, nós também, desde o dia em que ouvimos, não cessamos de orar por vós, e de pedir que transbordeis do pleno conhecimento da sua vontade,
em toda a sabedoria e entendimento espiritual; para que possais andar
de maneira digna do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda
boa obra, e crescendo no pleno conhecimento de Deus, sendo fortalecidos
com todo o poder, segundo a força da sua glória, em toda a perseverança e
longanimidade com alegria; dando graças ao Pai que vos fez idôneos para participar da herança dos santos na luz.
Ele nos libertou do poder das trevas e nos
transportou para o reino do seu Filho amado; em quem temos a redenção, a
saber, a remissão dos pecados; o qual é imagem do Deus invisível, o
primogênito de toda a criação; porque nele foram criadas todas as coisas
nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam
dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele
e para ele.
Ele é antes de todas as coisas, e nele subsistem todas as coisas; também ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio, o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência, porque aprouve a Deus que nele habitasse toda a plenitude,
e que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio
dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na
terra como as que estão nos céus.”
(Cl 1.9-20)
(Cl 1.9-20)
Todos nós sabemos que, desde a queda de Adão e
Eva, a criação de Deus foi subvertida pelo pecado. Desde então, a
humanidade teve a opção de escolher entre servir a Deus ou não (a árvore
do conhecimento do bem e do mal - Gn 2.16,17; 3.6,7,22,23). Por isso
Deus, durante o Antigo Testamento, levantou os profetas para serem
testemunhas do Senhor. Mas Ele sempre teve o plano de expressar o Seu
Filho ao mundo, a fim de convergir toda a criação em Seu Filho. Por toda
a eternidade já estava determinado que o Filho de Deus haveria de
sofrer o castigo pelo pecado do homem para que este pudesse ser
resgatado para Deus... Satanás, o adversário, o anjo caído que
rebelou-se contra Deus, ele conhecia o plano até aqui. Ele sabia que só
haveria uma maneira de restituir a humanidade para Deus: a morte de um
justo por um pecador (Jo 3.16; Rm 5.8; 8.3; 2Co 5.21; Hb 9.26-28; 1Pe
3.18). Mas ele não conhecia o que viria depois... Certamente ele pensou
que, na morte do Filho de Deus, todo o plano de Deus estaria
arruinado... Foi quando, pela ressurreição do Filho de Deus, Ele
manifestou o propósito eterno de estabelecer na terra a expressão do Seu
Filho. Quando o Pai revelou o Filho, Ele quis revelar também a Igreja –
o Corpo de Cristo – a Noiva – aqueles que são chamados para viver
segundo a Sua vontade (Jo 17.20-26; Rm 8.28-30).
Então, qual o eterno propósito de Deus? Foi
revelar a Igreja através da revelação do Seu Filho. Mas isso nos cria
problemas... Se Cristo veio ao mundo para o cumprimento de um propósito,
então do mesmo modo a Igreja possui uma vocação: expressar Cristo ao
mundo. Se Cristo é a expressão exata de Deus, então a vocação da Igreja é
que ela seja a expressão exata de Cristo! Se a Igreja é o Corpo de
Cristo, então ela deve submeter-se totalmente ao comando de Cristo – o
cabeça da Igreja – a fim de revelar ao mundo quem é o Filho e quem é o
Pai. Será que todos os cristãos sabem disso?
No primeiro chamamento, o Senhor nos chama para
caminharmos com Ele, aprendermos com Ele, seguirmos as suas pegadas pelo
Caminho... Agora, no segundo chamamento, Ele nos envia por todo o mundo
como testemunhas Dele (At 1.8), como embaixadores Dele na terra (2Co
5.20), para sermos a expressão Dele em toda a terra. Quando o Senhor
chamou a Isaías, a pergunta foi: “A quem enviarei? E quem há de ir por
nós?” (Is 6.8). Em nosso contexto atual, esse chamamento seria assim:
“Quem nos representará? Quem irá em nosso nome?” Assim como Cristo não
era deste mundo mas foi enviado ao mundo, a Igreja também não é deste
mundo: ela é enviada por Cristo ao mundo com um propósito, uma missão.
Agora você pode compreender porque o Senhor Jesus impõe condições tão
severas de rompimento com este mundo para poder ser discípulo Dele:
porque Ele não é deste mundo; e para ser testemunha Dele (o segundo
chamamento), nós precisamos ser repatriados para o céu (Jo 17.16; Fp
3.20), não tendo vínculo algum com este mundo aqui. Precisamos ser
também à imagem e semelhança Dele, assim como Ele é a expressão exata do
Pai. A Igreja é celestial, e não terrena.
O testemunho da Igreja Primitiva
Sabemos que a Igreja de Jesus nasceu naquela
ocasião em que os discípulos estavam reunidos no mesmo lugar, no dia de
Pentecostes – cinquenta dias depois da Páscoa – ou seja, cinquenta dias
depois da morte do Senhor Jesus, e o Espírito Santo desceu sobre eles e
todos foram cheios de poder (At 2.1-4). Eles obedeceram à ordem dada
pelo Senhor em Lucas 24.49: “E eis que sobre vós envio a promessa de meu
Pai; ficai porém, na cidade, até que do alto sejais revestidos de
poder”. Em seguida, com o povo todo vendo os discípulos falando em
outras línguas, Pedro dá o seu primeiro discurso no pátio do templo de
Jerusalém onde os ouvintes, arrependidos de suas vidas sem Cristo,
aceitaram a palavra dada por Pedro e foram batizados, só naquele dia,
quase três mil pessoas (At 2.37-41).
E como essas três mil pessoas passaram a viver como igreja? A resposta vem a seguir:
“E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na
comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor, e
muitos prodígios e sinais eram feitos pelos apóstolos. Todos os que
criam estavam unidos e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades
e bens e os repartiam por todos, segundo a necessidade de cada um. E,
perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa,
comiam com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus, e caindo na
graça de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor dia a
dia os que iam sendo salvos.”
(At 2.42-47)
(At 2.42-47)
“Da multidão dos que criam, era um só o coração
e uma só a alma, e ninguém dizia que coisa alguma das que possuía era
sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns. Com grande poder os
apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos
eles havia abundante graça. Pois não havia entre eles necessitado algum;
porque todos os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam o
preço do que vendiam e o depositavam aos pés dos apóstolos. E se
repartia a qualquer um que tivesse necessidade.”
(At 4.32-35)
(At 4.32-35)
Como viviam nossos primeiros irmãos da Igreja de
Jerusalém? A palavra nos diz que eles perseveravam em torno de uma
liturgia básica: a doutrina dos apóstolos, a comunhão, o partir do pão e
as orações (2.42). Era o que eles faziam: se aprofundavam cada vez mais
em conhecer a palavra do Senhor ensinada aos apóstolos conforme Ele
ordenou (Mt 28.20); perseveravam em viver em perfeita unidade como
igreja (2.44; 4.32), mantendo comunhão permanente uns com os outros,
fazendo refeições e tomando a ceia do Senhor juntos (2.46), orando uns
pelos outros (1.14; 4.31; 12.5), e compartilhando voluntariamente seus
bens e recursos com a comunidade de modo que não houvesse entre eles
nenhum necessitado (2.45; 4.32,34-37). Isso não é comunismo, é
verdadeira unidade: cada um se importando com o seu próximo mais do que
consigo mesmo (Fp 2.1-3; 1Jo 3.16-18), não considerando nada de sua
exclusiva propriedade (1Co 7.29-31; 2Co 6.10). Não havia nenhum
constragimento entre os irmãos nem havia também controle centralizado na
distribuição desses recursos. Quem administrava o suprimento aos irmãos
eram os diáconos (6.3), enquanto os apóstolos perseveravam na oração e
no ministério da palavra (6.4).
Mas por que a Igreja Primitiva viveu assim de modo
tão intenso, conforme a vontade do Senhor? Por causa de um pequeno
detalhe registrado nas Escrituras, mas que infelizmente não é percebido
pela maioria dos cristãos: “Em cada alma havia temor” (At 2.43). Não
apenas nos apóstolos, não apenas nos profetas e mestres... mas em cada
alma havia temor. É o temor do Senhor que nos torna obedientes à Sua
palavra; é o temor do Senhor que aperfeiçoa o nosso caráter,
transformando-nos à imagem e semelhança Dele (2Co 7.1; Fp 2.12-13; Hb
12.28-29; 1Pe 1.15-19). Qual foi o pecado de Ananias e Safira? (At
5.1-11) Foi que eles, irreverentemente, mentiram para Deus, porque
estavam de olho no lucro. Vejam, o que nos tira o temor de Deus e a
reverência à santidade Dele é a cobiça pelo dinheiro, pelos bens, pelas
riquezas e pelo lucro.
E qual foi o testemunho dado pela Igreja
Primitiva, para o cumprimento do eterno propósito de Deus em revelar o
Seu Filho ao mundo através da Igreja? É que eles viviam exatamente como o
cabeça de Igreja – o Filho de Deus vivia: em primeiro lugar eles
entenderam o que significava ser discípulo de Jesus e as consequências
dessa decisão, deixando o mundo para trás; e em segundo lugar eles
temeram ao Senhor de modo que a Sua Palavra era o caminho por onde eles
deviam seguir, e o Espírito Santo era o combustível que os mantinha
nesse caminho (Jo 14.16,17,21,23,26; 16.13). O livro de Atos nos revela
que todos os habitantes da Ásia ouviram a palavra do Senhor (19.10)...
Atos nos revela também que, enquanto Paulo estava em Éfeso, veio o temor
do Senhor sobre todos os habitantes da cidade, de modo que eles vinham
confessar publicamente seus pecados (19.17-20). Paulo disse outra vez
que esta fé chegou em Colossos como também está frutificando e crescendo
“em todo o mundo” (Cl 1.6). A Igreja Primitiva conseguiu de fato ser a
expressão do Filho de Deus na terra – o Corpo de Cristo. Os poucos
grupos de irmãos em Cristo que também alcançaram esse nível de vida de
Igreja (como os irmãos morávios, por exemplo), o alcançaram porque
entenderam o que é ser discípulo do Senhor e porque temeram a Deus com
santa reverência, de todo o coração. Se esse padrão de vida de Igreja
não estiver queimando em nossos corações, nós nunca saberemos o que é
ser o Corpo de Cristo na terra – nós nunca conseguiremos expressar a
glória de Cristo através do Seu Corpo – a Igreja.
Leia agora a Parte 4 desse estudo.
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