segunda-feira, 13 de agosto de 2012

UMA DECISÃO: DOIS CAMINHOS 3ª PARTE


Leia também: Parte 1 | Parte 2 | Parte 4 .




 
UMA DECISÃO: DOIS CAMINHOS
DESCOBRINDO AS DIFERENÇAS INCOMPATÍVEIS ENTRE O REINO DE DEUS E O REINO DO MUNDO

Parte 3

As condições para ser discípulo de Jesus
Quem foi que disse que, para ser discípulo de Jesus, basta apenas querer? Será que Ele, o Senhor, aceita qualquer um para ser testemunha Dele, embaixador Dele nesta terra? Se, talvez, você não saiba disso, o Senhor Jesus estabeleceu sim condições rígidas para que alguém pudesse ser discípulo Dele. Vamos analisar essas condições olhando primeiramente para as palavras do nosso Senhor quando encontrou Pedro, André, Tiago e João:
“E Jesus, andando ao longo do mar da Galiléia, viu dois irmãos - Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, os quais lançavam a rede ao mar, porque eram pescadores. Disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.
Eles, pois, deixando imediatamente as redes, o seguiram.
E, passando mais adiante, viu outros dois irmãos - Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, no barco com seu pai Zebedeu, consertando as redes; e os chamou.
Estes, deixando imediatamente o barco e seu pai, seguiram-no.”
(Mt 4.18-22)
Vejamos também como aconteceu o chamamento de Levi, que o conhecemos como Mateus:
“Depois disso saiu e, vendo um publicano chamado Levi, sentado na coletoria,
disse-lhe: Segue-me.
Este, deixando tudo, levantou-se e o seguiu.”
(Lc 5.27-28)

O PRIMEIRO CHAMAMENTO
Amados irmãos, nós precisamos compreender algo muito importante sobre o chamamento do Senhor para os seus discípulos: Existem dois tipos de chamado, mas ambos possuem as mesmas condições para que sejamos de fato discípulos de Jesus. O primeiro chamamento feito pelo Senhor é para seguirmos Ele, para sermos seus discípulos, caminhando com Ele pelo mesmo caminho, seguindo as suas pegadas... Isso fala de viver como Ele viveu em todos os aspectos! Isso inclui comer o que Ele come... (“Uma comida tenho para comer que vós não conheceis” - Jo 4.32,34). Sabe o que isso significa? Significa que não mais você escolherá o que comer quando tiver fome, mas outro escolherá por você. Seguir as pegadas Dele inclui também dormir onde Ele dorme... Certa vez um homem disse para Ele: “Seguir-te-ei para onde quer que fores”. Vejam, esse homem viu algo no Senhor que chamou a sua atenção. Alguma coisa despertou nele a vontade de ser discípulo do Senhor Jesus e seguir com Ele por suas pegadas, mas o Senhor o repreendeu dizendo: “As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça” (Lc 9.58). Isso nos diz que não mais escolheremos onde morar, mas outro escolherá onde e como dormiremos aquela noite. Receber esse primeiro chamamento do Senhor exigirá de cada um de nós que deixemos tudo para trás para seguir o Senhor em suas pegadas. Vejam que, só nesses dois exemplos, o Senhor nos adverte que, para sermos discípulos Dele, antes de tudo teremos que largar o controle de nossas decisões e nos deixar ser levados pela vontade Dele, seguindo suas pegadas, vivendo com Ele.
Observem que, quando o Senhor chamou Pedro, André, Tiago, João e Mateus, eles todos entenderam a mesma coisa: que para seguir o Senhor era necessário deixar tudo para trás. Pedro provavelmente era o dono do seu próprio barco, e seu irmão André trabalhava com ele. Eles estavam se preparando para mais um dia de trabalho quando o Senhor os chamou. E eles entenderam... Tiveram que tomar uma decisão: ou Jesus ou as redes... E eles decidiram por Jesus! Largaram imediatamente as redes e seguiram o Mestre, deixando tudo para trás. Parece-nos que Zebedeu, pai de Tiago e João, também era pescador e dono do seu próprio barco de pesca. E o Senhor então vem até eles e chama os filhos de Zebedeu para serem discípulos Dele... O que aconteceu então? Tiago e João entenderam que deveriam fazer uma decisão: ou Jesus ou o pai (e o barco dele também)... Eles decidiram por Jesus! Deixaram o barco e seu pai e seguiram o Mestre (Zebedeu deve ter ficado muito zangado com eles!). Com Levi foi um pouco diferente. Ele não era um pescador, ele era cobrador de impostos, funcionário público do Império Romano. E quando o Senhor o chamou, ele entendeu o mesmo que Pedro, André, Tiago e João: ele, “deixando tudo, levantou-se e o seguiu” (Lc 5.28).
Todos nós temos algo em nossas vidas que é o “tudo” para nós... Talvez seja uma empresa que garanta o nosso sustento, como foi com Pedro e André... Talvez seja uma herança que tenhamos por direito, como foi com Tiago e João... Talvez seja ainda um bom emprego, como foi com Mateus... Todos nós temos algo que é “tudo” para nós. E todos nós teremos que tomar uma decisão: ou seguir a Cristo, que será então tudo para mim; ou ficar com o que tenho: meu emprego, meus bens, minha empresa... O primeiro chamamento feito pelo Senhor é para sermos Seus discípulos, e só o seguiremos se verdadeiramente Ele for o nosso “tudo”; se não, escolheremos as coisas deste mundo que cercam nossas vidas. Ou Ele é tudo para mim (e o brilho deste mundo perde o valor) ou a minha vida neste mundo será tudo para mim (e a glória de Cristo se perderá... passará de nossas vidas – 1Sm 4.19-22). Aproveu ao Senhor deixar registrado em sua Palavra o mau exemplo de alguém que também desejou ser discípulo do Senhor Jesus, mas que infelizmente escolheu pela sua riqueza, deixando Cristo para trás. Vejamos:
“Ora, ao sair para se pôr a caminho, correu para ele um homem, o qual se ajoelhou diante dele e lhe perguntou: Bom Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna?
Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é bom, senão um que é Deus. Sabes os mandamentos: Não matarás; não adulterarás; não furtarás; não dirás falso testemunho; a ninguém defraudarás; honra a teu pai e a tua mãe.
Ele, porém, lhe replicou: Mestre, tudo isso tenho guardado desde a minha juventude.
E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Uma coisa te falta; vai, vende tudo quanto tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; então, vem e segue-me.
Ele, porém, contrariado com esta palavra, retirou-se triste,
porque possuía muitos bens.”

(Mc 10.17-22)
Quem era o jovem rico? Era alguém que possuía muitos bens e propriedades (v. 22; “...era riquíssimo” - Lc 18.23), mas que, de algum modo, também temia a Deus. O texto em Marcos nos mostra que ele ajoelhou-se perante o Senhor; isso nos indica que ele reconheceu a autoridade do Senhor Jesus. O jovem rico estava preocupado com a vida eterna, e para isso ele procurava seguir os mandamentos de Deus (v. 17,20). Foi quando o Senhor impôs para ele as condições para ser discípulo: “vai e vende tudo quanto tens e dá aos pobres... depois vem e me segue” (v. 21; Mt 19.21; Lc 18.22). Compreendem, irmãos? É impossível! Não tem como ser discípulo de Jesus querendo carregar consigo a vida natural, bens, parentes, empresa, emprego, seja o que for! As condições para ser discípulo de Jesus nunca mudam! Com relação a riquezas nesta terra, certa vez o Senhor declarou:
“Não temais, ó pequenino rebanho! Porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino. Vendei os vossos bens e dai esmolas. Fazei para vós bolsas que não envelheçam; tesouro nos céus que jamais acaba, aonde não chega ladrão nem a traça consome. Porque, onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.”
(Lc 12.32-34)
Irmãos, a condição imposta pelo Senhor aqui é a mesma dada ao jovem rico: “Vendei os vossos bens”... (v. 33; Lc 18.22) Vejam também que a recompensa por deixarmos tudo para trás e seguirmos ao Senhor também é a mesma: “e terás um tesouro nos céus” (v. 33; Lc 18.22). A grande questão é: onde está o tesouro de quem é discípulo de Jesus? Nesta terra o no céu? De onde o verdadeiro discípulo de Jesus espera receber sua recompensa? Desta vida ou da Eternidade?
Infelizmente nós, quando lemos a Bíblia, nunca nos deixamos ser ensinados pelo Espírito Santo quanto ao intento de Deus em revelar-nos a Sua vontade nas Escrituras... Não somos como Moisés que, quando foi à presença do Senhor, não tinha hora marcada para voltar... (Êx 33.11-23). Sempre que começamos a ler, já temos hora marcada para deixarmos a Palavra e cumprirmos nossos “outros compromissos” (compare com Sl 1.2 e Sl 119.97!). Leiamos então, com o coração rendido ao Espírito Santo para iluminar o nosso entendimento, a Palavra do Senhor em Lucas 14:
“Ora, iam com ele grandes multidões; e, voltando-se, disse-lhes:
Se alguém vier a mim, e não aborrecer a pai e mãe, a mulher e filhos, a irmãos e irmãs, e ainda também à própria vida, não pode ser meu discípulo.
Quem não leva a sua cruz e não me segue, não pode ser meu discípulo.
Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se senta primeiro a calcular as despesas, para ver se tem com que a acabar? Para não acontecer que, depois de haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a zombar dele, dizendo: Este homem começou a edificar e não pode acabar.
Ou qual é o rei que, indo entrar em guerra contra outro rei, não se senta primeiro a consultar se com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil? No caso contrário, enquanto o outro ainda está longe, manda embaixadores, e pede condições de paz.
Assim, pois, todo aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui,
não pode ser meu discípulo.
Bom é o sal; mas se o sal se tornar insípido, com que se há de restaurar-lhe o sabor? Não presta nem para terra, nem para adubo; lançam-no fora.
Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.”

(Lc 14.25-35)
Ah irmãos! Nossos argumentos são inúteis diante da Palavra do Senhor! Em primeiro lugar, o Senhor Jesus não está preocupado com multidões... Ele quer discípulos Dele, que o ame de todo coração (“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama...” - Jo 14.21). A questão para ser discípulo de Jesus será sempre esta: Quem você ama mais? Pai e mãe?... Esposa e filhos?... Irmãos e irmãs?... Ou ainda a própria vida e todos os bens que possui?... A resposta é: Se você ama todas essas coisas mais do que o Senhor, então você não poderá ser discípulo de Jesus!
Observe que, entre essas condições dadas pelo Senhor, Ele faz uma analogia: “Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se senta primeiro a calcular as despesas, para ver se tem com que a acabar?... Ou qual é o rei que, indo entrar em guerra contra outro rei, não se senta primeiro a consultar se com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil?” (v. 28,31). Foi exatamente o que fez o jovem rico... Ele concluiu que não tinha condições de ser discípulo de Jesus; ele concluiu que não conseguiria deixar toda a sua riqueza para trás e seguir nas pegadas de Cristo. Faça o mesmo agora! Calcule se você tem condições de segui-Lo até o fim. Veja bem se você tem a disposição de deixar tudo para trás para ser discípulo de Jesus. E no final do texto, o Senhor conclui as condições com outra analogia e uma advertência: “Bom é o sal; mas se o sal se tornar insípido, como restaurar-lhe o sabor? Não presta nem para terra, nem para adubo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça” (v. 34,35). O que é o “sal que perde o sabor”, senão o discípulo de Jesus que abriu mão de sua vocação? Seu destino é certo. Entenda bem que essas condições não foram impostas por nenhum homem, senão pelo próprio Senhor Jesus. Esse é o primeiro chamamento: deixar tudo para trás e seguirmos Seus passos. Senão, inevitavelmente, colheremos no futuro as consequências irreversíveis de nossas decisões feitas agora, hoje mesmo.

O SEGUNDO CHAMAMENTO
O segundo chamamento feito pelo Senhor é para sermos testemunhas Dele, fazendo na terra o mesmo que Ele fez e ensinou. Assim como Ele, fazendo discípulos, chamando-os para caminharem com Ele no seu caminho, nós também somos chamados para sermos como Ele, fazendo discípulos, caminhando com eles pelo mesmo caminho que o Senhor nos ensinou. Este segundo chamamento está explícito em quatro passagens muito conhecidas da Bíblia:
“Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem irá por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim.”
(Is 6.8)
“E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias,
até a consumação dos séculos.”

(Mt 28.18-20)
“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.”
(Mc 16.15-16)
“Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria,
e até os confins da terra.”

(At 1.8)
Em todo tempo na história, sempre houve uma carência por homens e mulheres que expressassem o caráter e a vontade de Deus na terra. E o Senhor resolveu isso levantando os profetas no Antigo Testamento, para serem o padrão de uma vida de relacionamento e obediência a Deus, pessoas que deram suas vidas para o Senhor. Abraão, Moisés, Josué, Samuel, Elias, Eliseu, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel... estes são apenas alguns. Do tempo do Antigo Testamento, o último homem que o Senhor levantou foi João Batista, que veio preparar o caminho do Senhor. Mas o propósito de Deus com esses homens é bastante diferente do que Ele planejou para a Igreja. Até João Batista, Deus chamava homens escolhidos para que fossem suas testemunhas, cada um ao seu tempo. Mas depois de João veio o Senhor Jesus – o Filho unigênito de Deus – para iniciar um novo tempo: o tempo de Cristo e a sua Igreja. Então qual é o plano de Deus para a Igreja? É que ela seja o testemunho de Deus na terra. Não mais alguns homens apenas como no Antigo Testamento. O propósito é que a Igreja seja o Corpo de Cristo na terra, enquanto Cristo é o cabeça da Igreja no céu. Vejamos o que o ap. Paulo escreve a esse respeito:
“Por isso também eu, tendo ouvido falar da fé que entre vós há no Senhor Jesus e do vosso amor para com todos os santos, não cesso de dar graças por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações, para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê o espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele; sendo iluminados os olhos do vosso coração, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos, e qual a suprema grandeza do seu poder para conosco, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder, que operou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar-se à sua direita nos céus, muito acima de todo principado, e autoridade, e poder, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro; e sujeitou todas as coisas debaixo dos seus pés, e para ser cabeça sobre todas as coisas o deu à igreja, que é o seu corpo, o complemento daquele que cumpre tudo em todas as coisas.”
(Ef 1.15-23)
“A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar aos gentios as riquezas insondáveis de Cristo, e demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou, para que agora seja manifestada, por meio da igreja, aos principados e potestades nas regiões celestes, segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus nosso Senhor
(Ef 3.8-11)
“Por esta razão, nós também, desde o dia em que ouvimos, não cessamos de orar por vós, e de pedir que transbordeis do pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual; para que possais andar de maneira digna do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda boa obra, e crescendo no pleno conhecimento de Deus, sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória, em toda a perseverança e longanimidade com alegria; dando graças ao Pai que vos fez idôneos para participar da herança dos santos na luz.
Ele nos libertou do poder das trevas e nos transportou para o reino do seu Filho amado; em quem temos a redenção, a saber, a remissão dos pecados; o qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; porque nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele.
Ele é antes de todas as coisas, e nele subsistem todas as coisas; também ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio, o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência, porque aprouve a Deus que nele habitasse toda a plenitude, e que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão nos céus.”
(Cl 1.9-20)
Todos nós sabemos que, desde a queda de Adão e Eva, a criação de Deus foi subvertida pelo pecado. Desde então, a humanidade teve a opção de escolher entre servir a Deus ou não (a árvore do conhecimento do bem e do mal - Gn 2.16,17; 3.6,7,22,23). Por isso Deus, durante o Antigo Testamento, levantou os profetas para serem testemunhas do Senhor. Mas Ele sempre teve o plano de expressar o Seu Filho ao mundo, a fim de convergir toda a criação em Seu Filho. Por toda a eternidade já estava determinado que o Filho de Deus haveria de sofrer o castigo pelo pecado do homem para que este pudesse ser resgatado para Deus... Satanás, o adversário, o anjo caído que rebelou-se contra Deus, ele conhecia o plano até aqui. Ele sabia que só haveria uma maneira de restituir a humanidade para Deus: a morte de um justo por um pecador (Jo 3.16; Rm 5.8; 8.3; 2Co 5.21; Hb 9.26-28; 1Pe 3.18). Mas ele não conhecia o que viria depois... Certamente ele pensou que, na morte do Filho de Deus, todo o plano de Deus estaria arruinado... Foi quando, pela ressurreição do Filho de Deus, Ele manifestou o propósito eterno de estabelecer na terra a expressão do Seu Filho. Quando o Pai revelou o Filho, Ele quis revelar também a Igreja – o Corpo de Cristo – a Noiva – aqueles que são chamados para viver segundo a Sua vontade (Jo 17.20-26; Rm 8.28-30).
Então, qual o eterno propósito de Deus? Foi revelar a Igreja através da revelação do Seu Filho. Mas isso nos cria problemas... Se Cristo veio ao mundo para o cumprimento de um propósito, então do mesmo modo a Igreja possui uma vocação: expressar Cristo ao mundo. Se Cristo é a expressão exata de Deus, então a vocação da Igreja é que ela seja a expressão exata de Cristo! Se a Igreja é o Corpo de Cristo, então ela deve submeter-se totalmente ao comando de Cristo – o cabeça da Igreja – a fim de revelar ao mundo quem é o Filho e quem é o Pai. Será que todos os cristãos sabem disso?
No primeiro chamamento, o Senhor nos chama para caminharmos com Ele, aprendermos com Ele, seguirmos as suas pegadas pelo Caminho... Agora, no segundo chamamento, Ele nos envia por todo o mundo como testemunhas Dele (At 1.8), como embaixadores Dele na terra (2Co 5.20), para sermos a expressão Dele em toda a terra. Quando o Senhor chamou a Isaías, a pergunta foi: “A quem enviarei? E quem há de ir por nós?” (Is 6.8). Em nosso contexto atual, esse chamamento seria assim: “Quem nos representará? Quem irá em nosso nome?” Assim como Cristo não era deste mundo mas foi enviado ao mundo, a Igreja também não é deste mundo: ela é enviada por Cristo ao mundo com um propósito, uma missão. Agora você pode compreender porque o Senhor Jesus impõe condições tão severas de rompimento com este mundo para poder ser discípulo Dele: porque Ele não é deste mundo; e para ser testemunha Dele (o segundo chamamento), nós precisamos ser repatriados para o céu (Jo 17.16; Fp 3.20), não tendo vínculo algum com este mundo aqui. Precisamos ser também à imagem e semelhança Dele, assim como Ele é a expressão exata do Pai. A Igreja é celestial, e não terrena.

O testemunho da Igreja Primitiva
Sabemos que a Igreja de Jesus nasceu naquela ocasião em que os discípulos estavam reunidos no mesmo lugar, no dia de Pentecostes – cinquenta dias depois da Páscoa – ou seja, cinquenta dias depois da morte do Senhor Jesus, e o Espírito Santo desceu sobre eles e todos foram cheios de poder (At 2.1-4). Eles obedeceram à ordem dada pelo Senhor em Lucas 24.49: “E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai porém, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder”. Em seguida, com o povo todo vendo os discípulos falando em outras línguas, Pedro dá o seu primeiro discurso no pátio do templo de Jerusalém onde os ouvintes, arrependidos de suas vidas sem Cristo, aceitaram a palavra dada por Pedro e foram batizados, só naquele dia, quase três mil pessoas (At 2.37-41).
E como essas três mil pessoas passaram a viver como igreja? A resposta vem a seguir:
“E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor, e muitos prodígios e sinais eram feitos pelos apóstolos. Todos os que criam estavam unidos e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens e os repartiam por todos, segundo a necessidade de cada um. E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor dia a dia os que iam sendo salvos.”
(At 2.42-47)
“Da multidão dos que criam, era um só o coração e uma só a alma, e ninguém dizia que coisa alguma das que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns. Com grande poder os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça. Pois não havia entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que vendiam e o depositavam aos pés dos apóstolos. E se repartia a qualquer um que tivesse necessidade.”
(At 4.32-35)
Como viviam nossos primeiros irmãos da Igreja de Jerusalém? A palavra nos diz que eles perseveravam em torno de uma liturgia básica: a doutrina dos apóstolos, a comunhão, o partir do pão e as orações (2.42). Era o que eles faziam: se aprofundavam cada vez mais em conhecer a palavra do Senhor ensinada aos apóstolos conforme Ele ordenou (Mt 28.20); perseveravam em viver em perfeita unidade como igreja (2.44; 4.32), mantendo comunhão permanente uns com os outros, fazendo refeições e tomando a ceia do Senhor juntos (2.46), orando uns pelos outros (1.14; 4.31; 12.5), e compartilhando voluntariamente seus bens e recursos com a comunidade de modo que não houvesse entre eles nenhum necessitado (2.45; 4.32,34-37). Isso não é comunismo, é verdadeira unidade: cada um se importando com o seu próximo mais do que consigo mesmo (Fp 2.1-3; 1Jo 3.16-18), não considerando nada de sua exclusiva propriedade (1Co 7.29-31; 2Co 6.10). Não havia nenhum constragimento entre os irmãos nem havia também controle centralizado na distribuição desses recursos. Quem administrava o suprimento aos irmãos eram os diáconos (6.3), enquanto os apóstolos perseveravam na oração e no ministério da palavra (6.4).
Mas por que a Igreja Primitiva viveu assim de modo tão intenso, conforme a vontade do Senhor? Por causa de um pequeno detalhe registrado nas Escrituras, mas que infelizmente não é percebido pela maioria dos cristãos: “Em cada alma havia temor” (At 2.43). Não apenas nos apóstolos, não apenas nos profetas e mestres... mas em cada alma havia temor. É o temor do Senhor que nos torna obedientes à Sua palavra; é o temor do Senhor que aperfeiçoa o nosso caráter, transformando-nos à imagem e semelhança Dele (2Co 7.1; Fp 2.12-13; Hb 12.28-29; 1Pe 1.15-19). Qual foi o pecado de Ananias e Safira? (At 5.1-11) Foi que eles, irreverentemente, mentiram para Deus, porque estavam de olho no lucro. Vejam, o que nos tira o temor de Deus e a reverência à santidade Dele é a cobiça pelo dinheiro, pelos bens, pelas riquezas e pelo lucro.
E qual foi o testemunho dado pela Igreja Primitiva, para o cumprimento do eterno propósito de Deus em revelar o Seu Filho ao mundo através da Igreja? É que eles viviam exatamente como o cabeça de Igreja – o Filho de Deus vivia: em primeiro lugar eles entenderam o que significava ser discípulo de Jesus e as consequências dessa decisão, deixando o mundo para trás; e em segundo lugar eles temeram ao Senhor de modo que a Sua Palavra era o caminho por onde eles deviam seguir, e o Espírito Santo era o combustível que os mantinha nesse caminho (Jo 14.16,17,21,23,26; 16.13). O livro de Atos nos revela que todos os habitantes da Ásia ouviram a palavra do Senhor (19.10)... Atos nos revela também que, enquanto Paulo estava em Éfeso, veio o temor do Senhor sobre todos os habitantes da cidade, de modo que eles vinham confessar publicamente seus pecados (19.17-20). Paulo disse outra vez que esta fé chegou em Colossos como também está frutificando e crescendo “em todo o mundo” (Cl 1.6). A Igreja Primitiva conseguiu de fato ser a expressão do Filho de Deus na terra – o Corpo de Cristo. Os poucos grupos de irmãos em Cristo que também alcançaram esse nível de vida de Igreja (como os irmãos morávios, por exemplo), o alcançaram porque entenderam o que é ser discípulo do Senhor e porque temeram a Deus com santa reverência, de todo o coração. Se esse padrão de vida de Igreja não estiver queimando em nossos corações, nós nunca saberemos o que é ser o Corpo de Cristo na terra – nós nunca conseguiremos expressar a glória de Cristo através do Seu Corpo – a Igreja.


Leia agora a Parte 4 desse estudo.

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