segunda-feira, 13 de agosto de 2012

UMA DECISÃO: DOIS CAMINHOS 4ª PARTE


  Leia também: Parte 1 | Parte 2 | Parte 3 .


 
UMA DECISÃO: DOIS CAMINHOS
DESCOBRINDO AS DIFERENÇAS INCOMPATÍVEIS ENTRE O REINO DE DEUS E O REINO DO MUNDO

Parte 4

Então, qual é o verdadeiro tesouro?
“Onde estiver o seu tesouro, aí estará também o seu coração”
(Mt 6.21; Lc 12.34)
Onde está o teu coração? Onde está depositada a sua confiança? O Senhor Jesus, quando citou esse versículo acima, ele estava se referindo a dois depósitos: um depósito natural – deste mundo aqui – que é formado pelo acúmulo de riquezas materiais; e outro depósito espiritual – do reino dos céus – que é formado por outro tipo de riquezas não-materiais, mas sim espirituais. Vale lembrar que tudo o que é de natureza material é temporário, passageiro. Mas o que é espiritual, é eterno, passará de eternidade a eternidade. O Senhor ordenou assim:
Não ajunteis para vós tesouros na terra; onde a traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consumem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração.”
(Mt 6.19-21)
Percebe que há uma rivalidade entre esses dois depósitos? Ou deposito em um, ou em outro. Não há como confiar nos dois depósitos... Por quê não? Porque nessa verdade dita pelo nosso senhor há uma sentença: “Porque onde estiver o seu tesouro, aí estará também o seu coração” (v. 21). O sábio escritor de Provérbios ensinou: “Guarda com toda a diligência o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Pv. 4.23). Vamos fazer uma analogia aqui: Imaginemos que você decida depositar 20% de toda a sua renda em uma conta bancária pelos próximos 20 anos... Mês a mês você deposita naquele banco o seu dinheiro, diligentemente... Passados os 20 anos, você vê no extrato da sua conta que você possui um bom dinheiro ali, algo em torno de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais)... Então você começa a fazer planos com esse dinheiro, e quando finalmente você decide o que fazer e vai até o banco para resgatar o seu dinheiro, você descobre que alguém clonou o seu cartão e sacou todo o seu dinheiro... Como você irá se sentir? Será que nesse momento você conseguirá manter a plena serenidade e agir com a maior tranquilidade? Acho que não! Nessa hora, não será o teu intelecto que estará no comando da sua vida, mas os teus sentimentos – o teu coração! Posso imaginar de que maneira muitos de nós iremos tratar com o gerente do banco...! Expus essa analogia para chamar a nossa atenção sobre o que é a fé. Pense nos seus cinquenta mil reais novamente, você tinha alguma dúvida que esse dinheiro em algum momento não estaria lá? Imagino que não... Por quê? Porque nós confiamos no banco, porque quando depositamos nosso dinheiro lá, eles nos entregam um comprovante garantindo a guarda daquele valor... É muito mais fácil para nós confiarmos no banco, ou no dinheiro, ou nos bens de valor que possuímos do que em Deus. Por isso devemos de tal modo guardar o nosso coração... Por isso que o Senhor falou que onde estiver tesouro, ali estará também o nosso coração.
A palavra fé é derivada do original grego pistis e significa “confiança”, “fidelidade”, “credencial”. Mas, para tratarmos do que é fé, antes precisamos remover alguns mal-entendidos sobre a fé. Se perguntarmos a qualquer pessoa se ela acredita que um equilibrista pode passar de um lado a outro da corda, a 100 metros de altura, qualquer um responderia que sim. Mas se perguntarmos então quem confiaria no equilibrista de tal modo que aceitaria passar com ele carregando-o em seus braços, a 100 metros de altura? Ah! Aí fica difícil!... Por isso, é necessário corrigirmos o entendimento sobre o que é fé. Saber que Jesus Cristo é o Filho de Deus é uma coisa... Confiar toda a minha vida a Ele, crendo que Ele passará comigo em Seus braços para o outro lado da corda, é outra coisa bem diferente! Isso é fé!
Fé significa confiança. Acreditar significa “dar crédito”. Muitos dizem ter fé em Deus, mas a sua confiança está depositada nas riquezas que possuem... Tem coerência isso? Não, é uma contradição. Disse o Senhor: “Acautelai-vos e guardai-vos de toda espécie de cobiça; porque a vida do homem não consiste na abundância dos bens que possui” (Lc 12.15). Ele disse também: “Filhos, quão difícil é para os que confiam nas riquezas entrar no reino de Deus!” (Mc 10.24). Essas pessoas podem até acreditar em Deus, ou seja – dar crédito à informação de que Ele existe – mas a sua confiança não está depositada Nele, e sim nas riquezas, no saldo bancário, nas coisas que os rodeiam. Você crê em Deus? Sua confiança está depositada Nele? Você confia Nele a ponto de Lhe entregar todo o comando da Sua vida, deixar Ele decidir sobre os teus passos, deixar Ele decidir sobre cada detalhe da Sua vida? Você confia que Ele fará o que é melhor para você – não conforme o seu conceito do que é melhor, mas conforme o conceito Dele do que é melhor para você? Provavelmente o que tem valor para você não tenha nenhum valor para Deus, e vice-versa... Você está pronto para entregar o controle da sua vida a Ele, renunciando o direito de tomar o controle da mão Dele caso as coisas fiquem ruins? Isso é ter fé em Deus. Isso é crer em Jesus de todo o coração.
Agora você pode perceber porque o Senhor estabeleceu padrões tão rígidos para quem quer ser discípulo Dele: “vende tudo o que tens... depois vem e me segue” (Mt 19.21)... “todo aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo” (Lc 14.33). Ter fé em Deus requer que toda a nossa confiança seja depositada somente Nele. Ser discípulo de Jesus requer que toda a nossa confiança seja transferida das coisas deste mundo para o céu. Se nós descobrirmos o verdadeiro valor dos tesouros celestiais – espirituais – eternos, os tesouros materiais perderão o valor para nós. “Portanto, deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com perseverança a carreira que nos está proposta, fitando os olhos em Jesus, autor e consumador da nossa fé” (Hb 12.1-2).
Lembra daquele homem que vendeu tudo o que tinha para comprar aquele campo onde havia um “tesouro escondido”? (Mt 13.44)... Lembra também daquele homem que vendeu tudo o que possuía para comprar aquela “pérola de grande valor”? (Mt 13.46)... A questão está em para onde estamos olhando... O que estamos buscando? O que tem valor para nós? Esses dois homens possuíam bens de valor, mas quando eles encontraram aquilo que possuía imensurável valor, todos os bens perderam o valor diante desse tesouro verdadeiro. Mas qual é o verdadeiro tesouro?
Na ocasião da conversão do ap. Paulo, narrada em Atos 9, o texto nos mostra que Paulo, depois de ter visto uma forte luz e de ter ouvido o Senhor, ele ficou cego por três dias até a chegada do irmão Ananias, que orou por ele e a sua vista voltou ao normal. Em 2 Coríntios 12.2-4 o ap. Paulo nos fala a respeito desses três dias em que ele foi arrebatado até o terceiro céu – o paraíso – o lugar onde Deus está, e lá ele ouviu palavras inefáveis, as quais nem é lícito falar...! Provavelmente nunca na história tenha havido alguém que tenha tido uma experiência sobrenatural semelhante à de Paulo, visto o resultado que essa experiência causou em seu ministério. A respeito dessa experiência de Paulo, o ap. Pedro declarou que nas cartas de Paulo “há certas coisas difíceis de entender” até mesmo para ele – Pedro – “segundo a sabedoria que lhe foi dada” (2Pe 3.15-16). Muitas coisas inefáveis que Paulo ouviu lá provavelmente só venhamos a conhecê-las quando lá nós chegarmos no Grande Dia do Senhor... Mas muitas outras coisas de igual modo maravilhosas ele nos falou... Além disso, uma vez lá, o ap. Paulo pôde ver o céu, e o Senhor, os anjos, e também toda a glória da Eternidade. Vale lembrar que dá pra ver muita coisa na Eternidade em três dias! É a respeito dessas maravilhas vistas e ouvidas por Paulo (At 22.15) que encontramos nas suas cartas alguns sinais do verdadeiro tesouro eterno, que Paulo viu com seus próprios olhos...

AS INSONDÁVEIS RIQUEZAS DE CRISTO
Para podermos compreender o que Paulo chama de “riquezas insondáveis de Cristo” (Ef 3.8), vamos ler com bastante cuidado o testamento dele quanto a esse tesouro:
“Mas o que para mim era lucro passei a considerá-lo como perda por amor de Cristo; sim, na verdade, tenho também como perda todas as coisas pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como refugo, para que possa ganhar a Cristo, e seja achado nele, não tendo como minha justiça a que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé; para conhecê-lo, e o poder da sua ressurreição e a e a participação dos seus sofrimentos, conformando-me a ele na sua morte, para ver se de algum modo posso chegar à ressurreição dentre os mortos.”
(Fp 3.7-11)
O que era lucro para Paulo antes de conhecer o Senhor? Vale lembrar que a palvra “lucro”, citado nesse texto, tem o mesmo sentido de riqueza e tesouro. Paulo, antes de conhecer o Senhor, também tinha algo que considerava ser uma “riqueza”, mas esse não era um tesouro material. A Bíblia nos mostra que Paulo detinha uma reputação incontestável como judeu (“quanto à justiça que há na lei, fui irrepreensível” - Fp 3.6). É provável que não houvesse no sinédrio outro fariseu mais respeitado do que ele. Além de sua reputação, Paulo tinha também “poder” (“Saulo porém, assolava a igreja, entrando pelas casas e, arrastando homens e mulheres, os entregava à prisão” - At 8.3). Poderíamos fazer uma analogia assim: o que seria para nós hoje um oficial de justiça, Paulo era naquela época com relação à lei dos judeus. Poderíamos concluir que Paulo, mesmo sendo jovem (At 7.58), já havia alcançado o topo de prestígio e respeito em sua profissão, e ainda teria uma longa e brilhante carreira a trilhar ao longo de sua vida. Imagine você, sendo ainda jovem, gozando de tanto prestígio, respeito, reputação e poder na sua profissão, abriria mão fácil de tudo isso? Isso não seria valioso para você? Como ele mesmo disse: “o que para mim era lucro...” (v. 7). Cada um de nós temos um “tesouro”, uma riqueza que talvez não seja somente algo tangível – material, mas pode ser algo intangível – como o prestígio de uma carreira profissional bem-sucedida. Independente da natureza de nosso tesouro, isso tem que perder totalmente o valor diante da suprema riqueza de Cristo (“e as considero como refugo” - v. 8).
O que fez Paulo considerar todo o seu “tesouro” como perda, como refugo? O que o fez mudar tão convictamente de pensamento? Já vimos que, logo no seu encontro com Cristo no caminho de Damasco, ele ficou cego por três dias, e que algo maravilhoso aconteceu com ele nesses dias... O que ele viu lá? Vamos discernir o texto para termos alguns sinais dessa tão poderosa riqueza:
1. “...pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus” (v. 8): Paulo era um homem estudioso, formado desde moço entre os melhores eruditos de sua época. Paulo diz em Atos 22.3 que ele era judeu, nascido em Tarso e criado em Jerusalém... Primeiro, como um judeu legítimo, ele foi criado e ensinado por seus pais desde muito cedo a temer a Deus e amar a lei (Dt 6.5-7). Saulo nasceu e cresceu em Tarso, uma das maiores e mais importantes cidades do Império Romano. A cidade de Tarso superava as cidades de Atenas e Alexandria em faculdades de filosofia e literatura. Essa característica tornou Paulo profundo conhecedor das escolas gregas de filosofia epicúrea e estóica (At 17.18; v. 28: “pois dele também somos geração”... citação de um poeta grego conhecido dos filósofos atenienses). Além de sua formação erudita, ele também ensinado aos pés de Gamaliel, provavelmente o maior erudito judeu em Jerusalém. Isso nos mostra quão privilegiado Paulo foi com relação à sua formação acadêmica. Porém, todo esse conhecimento se tornou em nada diante da excelência do conhecimento de Cristo. Paulo orava pela igreja de Éfeso para que eles fossem fortalecidos pelo Espírito Santo segundo as riquezas da sua graça (Ef 3.16). Paulo também orava para que os irmãos pudessem compreender “a largura, o comprimento, a altura, a profundidade e o conhecer do amor de Cristo, que excede todo o entendimento, até estarem cheios da plenitude de Deus” (Ef 3.18,19). Paulo rogava pelos irmãos colossenses para que eles fossem “enriquecidos da plenitude do entendimento para o pleno conhecimento do mistério de Deus - Cristo, no qual estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência” (Cl 2.2,3). Será que toda a cultura erudita grega ou judaica poderia ser comparada à tão poderosa riqueza que está escondida em Cristo? Todos os tesouros da sabedoria e da ciência estão na pessoa do nosso Senhor Jesus! Essa foi uma das coisas que Paulo viu naqueles três dias de arrebatamento...
2. “...para que possa ganhar a Cristo e seja achado nele” (v. 9): Como cidadão romano, Paulo conhecia muito bem duas realidades distintas nas culturas grega e romana: os jogos olímpicos – que surgiram em Atenas, na Grécia; e as lutas entre homens e animais que aconteciam no Coliseu em Roma. E Paulo, para encontrar um modo de nos instruir sobre essas insondáveis riquezas de Cristo, fez uso dessas duas analogias bastante comuns para nos fazer compreender. Assim ele escreveu para os coríntios: “Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só é que recebe o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis” (1Co 9.24, comparando com os jogos gregos), e também: “E todo aquele que luta, exerce domínio próprio em todas as coisas; ora, eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível, nós, porém, uma incorruptível” (1Co 9.25, comparando com as lutas romanas). O que Paulo quis dizer com essas palavras? Entendo que sua intenção era nos mostrar que, para ser salvo e ser achado “em Cristo”, não basta esperar pela ressurreição. É necessário correr e vencer uma maratona, como também lutar e vencer para alcançar essa coroa incorruptível (“Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda” - 2Tm 4.7,8). Paulo entendeu que, para alcançar essa coroa, valia a pena abrir mão de tudo o que antes era lucro para que pudesse ganhar a Cristo (“Pois eu assim corro, não sem meta; assim combato, não como batendo no ar. Antes subjugo o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, depois de pregar a outros, não venha eu mesmo a ser reprovado” - 1Co 9.26,27).
3. “...para conhecê-lo... conformando-me com ele” (v. 10): certa vez o Senhor Jesus fez a seguinte declaração: “Vós adorais o que não conheceis” (Jo 4.22)... Paulo era perseguidor de Cristo (At 22.4), porém ele perseguia a quem não conhecia. Tudo o que ele tinha a respeito de Cristo eram informações. Então Cristo veio a ele naquele dia (At 9.5), e naqueles três dias de arrebatamento ele viu e ouviu coisas indizíveis (2Co 12.2), e ele então passou a conhecer pessoalmente o Senhor Jesus. Agora Paulo não era mais alguém que detinha informações a respeito de Cristo; ele O viu com os próprios olhos, ouviu a Sua voz, e ainda permaneceu na presença Dele por três dias no paraíso. Podemos dizer que Paulo tornou-se obcecado pela pessoa do Seu Senhor, querendo a todo custo ser semelhante a Ele, imitando-O, sendo seu amigo íntimo. Isso é muito diferente da religião, que nos faz servir e adorar a Deus através de ritos e costumes, sem um relacionamento íntimo e pessoal com Deus. Só esse relacionamento íntimo e pessoal levará um discípulo de Cristo a amá-lo de tal modo que o fará desejar tomar a forma de Cristo na sua morte, na comunhão dos seus sofrimentos... Por quê? Porque assim como o Pai ressuscitou a Jesus Cristo dentre os mortos (1Co 15.3-8), transformando seu corpo corruptível em um novo corpo incorruptível (1Co 15.42,53), assim também é a promessa àqueles que o amam. Paulo entendeu que valia a pena ser amigo íntimo de Cristo, tomando a comunhão dos seus sofrimentos e conformando-se na Cruz de Cristo, de modo que a morte seria apenas o ingresso para desfrutar das riquezas insondáveis de Cristo nas regiões celestiais... “Segundo a minha ardente expectativa e esperança, de que em nada serei confundido; antes, com toda a ousadia, Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte. Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Fp 1.20,21).
4. “...para ver se de algum modo posso chegar à ressurreição dentre os mortos” (v. 11): No livro de Apocalipse, o livro da revelação do Senhor Jesus Cristo para o apóstolo João, há um aviso que diz: “Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele durante os mil anos” (Ap 20.6). Jesus afirmou em João 5.28,29: “Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo”. Parece-nos que o ap. Paulo sabia que, mesmo sendo cristão, discípulo de Jesus, membro da igreja de Cristo, e até mesmo apóstolo de Cristo, ele poderia estar correndo o risco de não ressuscitar na primeira ressurreição. A primeira ressurreição é a ressurreição dos santos que ocorre na inauguração do Reino Milenar de Cristo na terra... E estes santos que ressuscitam aqui serão sacerdotes de Deus durante os mil anos... E mais: quem ressuscita nesta ressurreição já está justificado, e não passará pelo Juízo Final (Ap 20.11-15); mas quem não ressuscita nesta primeira ressurreição, infalivelmente passará pelo Juízo Final, correndo sério risco de ter sua vida reprovada e morrer na “segunda morte” (v. 14). Tanto Paulo tinha essa consciência em mente que afirmou: “Antes subjugo o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, depois de pregar a outros, não venha eu mesmo a ser reprovado” (1Co 9.27). O que Paulo quis dizer com essa expressão “reprovado”? Assim o ap. João escreveu a respeito desse assunto: “E agora, filhinhos, permanecei nele; para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança, e não fiquemos envergonhados diante dele na sua vinda” (1Jo 2.28). Envergonhados diante dele no dia da Segunda Vinda do Senhor? Por acaso isso não seria o mesmo que “reprovado”, como Paulo disse? “...para ver se de algum modo posso chegar à ressurreição dentre os mortos” (Fp 3.11)... Nós não sabemos, mas talvez Paulo tenha visto naquele arrebatamento de três dias alguma coisa a respeito do Juízo e a condenação eterna... Porém, uma coisa é certa: Paulo temia ser reprovado pelo Senhor, e condicionou toda a sua vida a viver de modo fiel a Cristo, para que de algum modo fosse achado santo, irrepreensível e justificado para a primeira ressurreição. Como disse o Senhor Jesus: “Para que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou o que daria o homem em troca da sua alma?” (Mc 8.36-37). Leia o texto de Marcos 8.34-38 e veja você mesmo que todas as riquezas do mundo não se comparam à glória da ressurreição na vinda de Cristo.

O MISTÉRIO OCULTO DOS SÉCULOS
Além da pessoa de Cristo, em quem todos os tesouros da sabedoria e da ciência estão ocultos e que é a imagem visível e a expressão exata de Deus Pai, há ainda mais uma pessoa a quem Deus reservou suas insondáveis riquezas: a Igreja. O ap. Paulo, tratando da união entre marido e esposa na carta aos Efésios, por um momento ele exclama: “Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja” (Ef 5.32). Se, da mesma forma como o homem e a mulher se unem em casamento, tornando-se os dois uma só carne, quem é esta que se unirá a Cristo em casamento? Seria um sistema religioso? Seria um ajuntamento de denominações? Não! A Igreja é muito diferente daquilo que nós pensamos ser igreja.
É possível que o ap. Paulo tenha sido o discípulo que melhor compreendeu esse mistério oculto dos séculos, visto a profundidade das revelações que o Senhor decidiu entregar a ele (2Pe 3.15,16). E grande parte dessa revelação está concentrada nas cartas aos Efésios e aos Colossences. Vamos ler o que Paulo nos diz sobre esse mistério:
“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestes em Cristo; como também nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; e nos predestinou para sermos filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, para o louvor da glória da sua graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado; em quem temos a redenção pelo seu sangue, a redenção dos nossos delitos, segundo as riquezas da sua graça, que ele fez abundar para conosco em toda a sabedoria e prudência, fazendo-nos conhecer o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que nele propôs para a dispensação da plenitude dos tempos, de fazer convergir em Cristo todas as coisas, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra, nele, digo, no qual também fomos feitos herança, havendo sido predestinados conforme o propósito daquele que faz todas as coisas segundo o conselho da sua vontade, com o fim de sermos para o louvor da sua glória, nós, os que antes havíamos esperado em Cristo; no qual também vós, tendo ouvido a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, e tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa, o qual é o penhor da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, para o louvor da sua glória.”
(Ef 1.3-14)
Todos sabemos que há dois mil anos atrás nasceu um homem chamado Jesus, que pelo seu ministério foi chamado de Ungido (em grego “Cristo” - At 4.26; e em hebraico “Messias” - Sl 2.2), e que o Espírito Santo testifica que ele é Deus – Filho de Deus (Jo 1.1,2,3,12,13,14,18; 1Jo 1.1-3). Agora, por que Ele fez isso? Sendo ele Deus, Filho de Deus, por que veio ao mundo? Alguém responderia assim: “Para nos salvar”. É verdade, mas isso ainda é muito pouco se comparado à profundidade do que é o eterno propósito de Deus com a Igreja, mistério oculto dos séculos que aprouve a Deus revelar através da morte de Cristo na cruz. O que aconteceu na cruz do Calvário? Na cruz o Senhor Jesus resgatou para Si mesmo uma herança, um tesouro. Que tesouro é esse? É a vida de homens e mulheres que amaram a Deus de todo coração, que se entregaram em oferta a Deus, que consagraram suas vidas para serem propriedade exclusiva de Deus. Essa “herança” está registrada na visão do Ap. João em Apocalipse:
“E cantavam um cântico novo, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo e nação; e para o nosso Deus os fizeste reino, e sacerdotes;
e eles reinarão sobre a terra.”

(Ap 5.9,10)
O que aconteceu na Cruz? Na cruz o Senhor Jesus comprou para Deus um povo vindo de cada tribo e nação da terra, para que eles sejam reis e sacerdotes de Deus em seu Reino. Teria morrido Jesus apenas para me salvar? Claro que a salvação já nos é uma graça maravilhosa se comparada à condenação que merecemos pelos nossos pecados. Mas não foi apenas para nos salvar que Cristo morreu e ressuscitou, e sim para, além disso, resgatar para Deus um povo de propriedade Dele, um reino de sacerdotes que ministrarão a Ele e reinarão com Ele em seu Reino.
Aqui cabe uma pergunta: como você está se preparando para o reino milenar de Cristo na terra? Você está vivendo agora, na era da Igreja, de modo digno do Senhor, para o inteiro agrado Dele, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus, com vistas ao Reino Milenar de Cristo que virá antes de nossa entrada definitiva na Eternidade? Se você não compreende sobre isso, estude o capítulo 20 de Apocalipse. Ali está revelado os últimos mil anos de existência desta terra que habitamos hoje. Cristo reinará aqui por mil anos, e com ele reinarão todos os que “venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e mesmo em face da morte não amaram a sua própria vida” (Ap 12.11).
Vamos voltar à carta aos Efésios... Ali Paulo nos fala que Deus nos predestinou para sermos filhos de adoção por Jesus Cristo, e fez isso para si mesmo (Ef 1.5)... o que o apóstolo quer nos dizer com isso? A resposta está na carta aos Romanos:
“E sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porque aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.”
(Rm 8.28,29)
Deus Pai deu a vida do Seu Filho unigênito para fazer de você filho de Deus. Jesus era até a Cruz o filho único de Deus... Mas agora Ele não é mais unigênito, e sim o primogênito – o primeiro – entre muitos irmãos e irmãs. Quando o Espírito Santo selou você (Ef 1.13), a sua natureza carnal morreu e você nasceu de novo como uma nova criatura, não nascida da vontade da carne nem da vontade do homem, mas nascida da vontade de Deus (Jo 1.12,13; 3.3-8). Como a sua natureza agora é espiritual, a sua nova carga genética te transformará à semelhança do filho de Deus, porque a sua natureza agora é a mesma que a de Deus. Se você teve um novo nascimento genuíno, você está predestinado a ser transformado conforme a semelhança de Jesus. Ele é o primogênito entre muitos irmãos, e todos esses irmãos devem ser conforme Ele é. Antes nós eramos órfãos, não tínhamos Pai. Mas por meio da morte de Jesus Cristo na cruz agora nós somos filhos e filhas de Deus. Somente filhos e filhas recebem herança. É para eles que os novos céus e nova terra foram criados (Ap 21.7).
Ainda na carta aos Efésios, o ap. Paulo faz uma analogia do casamento entre homem e mulher com o relacionamento entre Cristo e a Igreja... Mais uma vez, o que Paulo quer nos dizer? Encontramos a resposta na primeira carta aos Coríntios:
“Ou não sabeis que o homem que se une à prostituta forma um só corpo com ela? Porque, como foi dito, serão os dois uma só carne. Mas aquele que se une ao Senhor é um só espírito com ele.”
(1Co 6.16,17)
De onde Paulo extraiu esse termo: “como foi dito, serão os dois uma só carne”? A fonte está em Gênesis 2.24. Sabemos pela Bíblia que, quando um homem e uma mulher se relacionam sexualmente, a alma deles se torna uma só alma. Espiritualmente eles são agora uma só pessoa. Sabemos também pela Bíblia que, quando Jesus tratou do assunto do divórcio, o padrão estabelecido por Ele para o casamento foi o mesmo de Gênesis 2.24: “de modo que já não são mais dois, porém uma só carne” (Mt 19.4-6). Se através do casamento o homem e a mulher se tornam uma só carne, por que Paulo faz essa analogia do casamento com Cristo e a Igreja? Porque “aquele que se une ao Senhor é um só espírito com ele” (1Co 6.17). O livro de Apocalipse nos revela que haverá um casamento na Eternidade entre um noivo e sua noiva. Vamos ler alguns versículos que indicam Cristo como Noivo e a Igreja como Sua Noiva, como uma esposa para o Noivo:
“Aquele que tem a noiva é o noivo...”
(Jo 3.29)
“Regozijemo-nos, e exultemos, e demos-lhe a glória; porque são chegadas as bodas do Cordeiro, e já a sua noiva se preparou”
(Ap 19.7)
“E vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que descia do céu da parte de Deus, adereçada como uma noiva ataviada para o seu noivo”
(Ap 21.2)
“E veio um dos sete anjos que tinham as sete taças cheias das sete últimas pragas, e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a noiva, a esposa do Cordeiro”
(Ap 21.9)
Foi a respeito desse tão esperado acontecimento celestial – o casamento de Cristo com a Sua Igreja – que Paulo exclamou em Efésios: “Grande é esse mistério, mas eu me refiro a Cristo e a igreja” (Ef 5.32). Precisamos nesse momento fazer uma reflexão: por acaso alguém vai a um casamento sem trajar as vestes adequadas para tal? (leia Mateus 22.1-14 e pense a respeito)... Ou pior: acaso a noiva não se prepara de tal maneira para que ela mesma seja, no dia do casamento, a mulher mais bonita da festa? A Bíblia nos mostra que Ester foi preparada por um ano inteiro para ser escolhida por Assuero como sua esposa e rainha! (Et 2.12). O livro de Apocalipse nos mostra também que as vestes dessa Noiva que se casa com Cristo eram de linho finíssimo, resplandecente e puro (Ap 19.8). Essas duas passagens não estariam aí para chamar a nossa atenção para a santidade da Igreja? Não tenho dúvida nenhuma que a Noiva que se casará com Cristo será sim absolutamente santa, pura, irrepreensível e estará perfeita, à estatura de seu Noivo. A pergunta é: estaríamos cada um de nós, os cristãos, preparando suas vidas com a santidade requerida para ser achado como Noiva, pronto para unir-se a Cristo? O livro de Apocalipse nos dá a recomendação: “...Quem é santo, que se santifique ainda mais” (Ap 22.11).
“Porque melhor é a sabedoria do que as jóias;
e de tudo o que se deseja nada se pode comparar com ela”

(Pv 8.11)
Existe glória maior do que se tornar esposa de Cristo? Existe glória maior do que tornar-se um só espírito com Ele? Existe neste mundo (que muito em breve deixará de existir) algum tesouro, riqueza ou bem material que possa ser comparado à glória que temos em Cristo? Por isso o reino dos céus é comparado a um tesouro escondido ou a uma pérola de grande valor. Vale a pena abrir mão de tudo para conquistar esse tesouro! Nada nesse mundo se compara ao imensurável valor daquilo que podemos conquistar com Cristo por toda a Eternidade.

Palavras finais
“Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; porque estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz à vida, e poucos são os que a encontram.”
(Mt 7.13,14)
Irmãos, o desejo do nosso coração é que a verdade do Evangelho de Cristo ilumine o caminho para o Pai em meio às densas trevas que temos vivenciado nesses últimos tempos. Para entrarmos na comunhão eterna do Pai, temos que entrar por uma porta (“Eu sou a porta...” - Jo 10.7,9). E não apenas isso: devemos também seguir por um caminho (“Eu sou o caminho...” - Jo 14.6). Mas o próprio Senhor Jesus nos advertiu que essa porta é estreita e esse caminho é apertado... E, infelizmente, não serão muitos que seguirão por esse caminho rumo ao Pai.
Nosso propósito é convidar a Igreja de Cristo a uma reflexão... Estaríamos vivendo a vida da Igreja como Cristo ensinou em Sua Palavra? Estaríamos de fato e de verdade “no Caminho”, à luz das Escrituras, a exemplo da Igreja de Atos? Será que o fermento do mundo não corrompeu nosso modo de viver a vida da Igreja, fazendo-nos perder a visão daquilo que realmente é a verdadeira riqueza, o verdadeiro tesouro, que é Cristo e a Sua Igreja? Paulo já se preocupava com isso e alertou a igreja: “Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se apartem da simplicidade e da pureza que há em Cristo” (2Co 11.4).
Talvez os cristãos não saibam disso, mas toda a riqueza deste mundo será destruída em apenas uma hora! Leia você mesmo o capítulo 18 de Apocalipse, em especial os versos 10, 16, 17 e 19, e descubra qual será o fim de toda a riqueza deste mundo. Nada sobrará! O Senhor Jesus prometeu: “Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras jamais passarão” (Lc 21.33).
“Exorta aos ricos deste mundo que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade das riquezas, mas em Deus, que nos concede abundantemente todas as coisas para delas gozarmos; que pratiquem o bem, que se enriqueçam de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir, entesourando para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar a verdadeira vida.”
(1Tm 6.17-19)
Que possamos, ao fim da jornada, repetir as palavras do Ap. Paulo:
“Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Desde agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda.”
(2Tm 4.7,8)
Que a graça e a paz do Senhor Jesus esteja com todos os irmãos. Amém!

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