UMA DECISÃO: DOIS CAMINHOS
DESCOBRINDO AS DIFERENÇAS INCOMPATÍVEIS ENTRE O REINO DE DEUS E O REINO DO MUNDO
Parte 4
Então, qual é o verdadeiro tesouro?
“Onde estiver o seu tesouro, aí estará também o seu coração”
(Mt 6.21; Lc 12.34)
(Mt 6.21; Lc 12.34)
Onde está o teu coração? Onde está depositada a
sua confiança? O Senhor Jesus, quando citou esse versículo acima, ele
estava se referindo a dois depósitos: um depósito natural – deste mundo
aqui – que é formado pelo acúmulo de riquezas materiais; e outro
depósito espiritual – do reino dos céus – que é formado por outro tipo
de riquezas não-materiais, mas sim espirituais. Vale lembrar que tudo o
que é de natureza material é temporário, passageiro. Mas o que é
espiritual, é eterno, passará de eternidade a eternidade. O Senhor
ordenou assim:
“Não ajunteis para vós tesouros na terra; onde a traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consumem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração.”
(Mt 6.19-21)
(Mt 6.19-21)
Percebe que há uma rivalidade entre esses dois
depósitos? Ou deposito em um, ou em outro. Não há como confiar nos dois
depósitos... Por quê não? Porque nessa verdade dita pelo nosso senhor há
uma sentença: “Porque onde estiver o seu tesouro, aí estará também o
seu coração” (v. 21). O sábio escritor de Provérbios ensinou: “Guarda
com toda a diligência o teu coração, porque dele procedem as fontes da
vida” (Pv. 4.23). Vamos fazer uma analogia aqui: Imaginemos que você
decida depositar 20% de toda a sua renda em uma conta bancária pelos
próximos 20 anos... Mês a mês você deposita naquele banco o seu
dinheiro, diligentemente... Passados os 20 anos, você vê no extrato da
sua conta que você possui um bom dinheiro ali, algo em torno de R$
50.000,00 (cinquenta mil reais)... Então você começa a fazer planos com
esse dinheiro, e quando finalmente você decide o que fazer e vai até o
banco para resgatar o seu dinheiro, você descobre que alguém clonou o
seu cartão e sacou todo o seu dinheiro... Como você irá se sentir? Será
que nesse momento você conseguirá manter a plena serenidade e agir com a
maior tranquilidade? Acho que não! Nessa hora, não será o teu intelecto
que estará no comando da sua vida, mas os teus sentimentos – o teu
coração! Posso imaginar de que maneira muitos de nós iremos tratar com o
gerente do banco...! Expus essa analogia para chamar a nossa atenção
sobre o que é a fé. Pense nos seus cinquenta mil reais novamente, você
tinha alguma dúvida que esse dinheiro em algum momento não estaria lá?
Imagino que não... Por quê? Porque nós confiamos no banco, porque quando
depositamos nosso dinheiro lá, eles nos entregam um comprovante
garantindo a guarda daquele valor... É muito mais fácil para nós
confiarmos no banco, ou no dinheiro, ou nos bens de valor que possuímos
do que em Deus. Por isso devemos de tal modo guardar o nosso coração...
Por isso que o Senhor falou que onde estiver tesouro, ali estará também o
nosso coração.
A palavra fé é derivada do original grego pistis
e significa “confiança”, “fidelidade”, “credencial”. Mas, para
tratarmos do que é fé, antes precisamos remover alguns mal-entendidos
sobre a fé. Se perguntarmos a qualquer pessoa se ela acredita que um
equilibrista pode passar de um lado a outro da corda, a 100 metros de
altura, qualquer um responderia que sim. Mas se perguntarmos então quem
confiaria no equilibrista de tal modo que aceitaria passar com ele
carregando-o em seus braços, a 100 metros de altura? Ah! Aí fica
difícil!... Por isso, é necessário corrigirmos o entendimento sobre o
que é fé. Saber que Jesus Cristo é o Filho de Deus é uma coisa...
Confiar toda a minha vida a Ele, crendo que Ele passará comigo em Seus
braços para o outro lado da corda, é outra coisa bem diferente! Isso é
fé!
Fé significa confiança. Acreditar significa “dar
crédito”. Muitos dizem ter fé em Deus, mas a sua confiança está
depositada nas riquezas que possuem... Tem coerência isso? Não, é uma
contradição. Disse o Senhor: “Acautelai-vos e guardai-vos de toda
espécie de cobiça; porque a vida do homem não consiste na abundância dos
bens que possui” (Lc 12.15). Ele disse também: “Filhos, quão difícil é
para os que confiam nas riquezas entrar no reino de Deus!” (Mc 10.24).
Essas pessoas podem até acreditar em Deus, ou seja – dar crédito à
informação de que Ele existe – mas a sua confiança não está depositada
Nele, e sim nas riquezas, no saldo bancário, nas coisas que os rodeiam.
Você crê em Deus? Sua confiança está depositada Nele? Você confia Nele a
ponto de Lhe entregar todo o comando da Sua vida, deixar Ele decidir
sobre os teus passos, deixar Ele decidir sobre cada detalhe da Sua vida?
Você confia que Ele fará o que é melhor para você – não conforme o seu
conceito do que é melhor, mas conforme o conceito Dele do que é melhor
para você? Provavelmente o que tem valor para você não tenha nenhum
valor para Deus, e vice-versa... Você está pronto para entregar o
controle da sua vida a Ele, renunciando o direito de tomar o controle da
mão Dele caso as coisas fiquem ruins? Isso é ter fé em Deus. Isso é
crer em Jesus de todo o coração.
Agora você pode perceber porque o Senhor
estabeleceu padrões tão rígidos para quem quer ser discípulo Dele:
“vende tudo o que tens... depois vem e me segue” (Mt 19.21)... “todo
aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser
meu discípulo” (Lc 14.33). Ter fé em Deus requer que toda a nossa
confiança seja depositada somente Nele. Ser discípulo de Jesus requer
que toda a nossa confiança seja transferida das coisas deste mundo para o
céu. Se nós descobrirmos o verdadeiro valor dos tesouros celestiais –
espirituais – eternos, os tesouros materiais perderão o valor para nós.
“Portanto, deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos
rodeia, e corramos com perseverança a carreira que nos está proposta, fitando os olhos em Jesus, autor e consumador da nossa fé” (Hb 12.1-2).
Lembra daquele homem que vendeu tudo o que tinha
para comprar aquele campo onde havia um “tesouro escondido”? (Mt
13.44)... Lembra também daquele homem que vendeu tudo o que possuía para
comprar aquela “pérola de grande valor”? (Mt 13.46)... A questão está
em para onde estamos olhando... O que estamos buscando? O que tem valor
para nós? Esses dois homens possuíam bens de valor, mas quando eles
encontraram aquilo que possuía imensurável valor, todos os bens perderam
o valor diante desse tesouro verdadeiro. Mas qual é o verdadeiro
tesouro?
Na ocasião da conversão do ap. Paulo, narrada em
Atos 9, o texto nos mostra que Paulo, depois de ter visto uma forte luz e
de ter ouvido o Senhor, ele ficou cego por três dias até a chegada do
irmão Ananias, que orou por ele e a sua vista voltou ao normal. Em 2
Coríntios 12.2-4 o ap. Paulo nos fala a respeito desses três dias em que
ele foi arrebatado até o terceiro céu – o paraíso – o lugar onde Deus
está, e lá ele ouviu palavras inefáveis, as quais nem é lícito falar...!
Provavelmente nunca na história tenha havido alguém que tenha tido uma
experiência sobrenatural semelhante à de Paulo, visto o resultado que
essa experiência causou em seu ministério. A respeito dessa experiência
de Paulo, o ap. Pedro declarou que nas cartas de Paulo “há certas coisas
difíceis de entender” até mesmo para ele – Pedro – “segundo a sabedoria
que lhe foi dada” (2Pe 3.15-16). Muitas coisas inefáveis que Paulo
ouviu lá provavelmente só venhamos a conhecê-las quando lá nós chegarmos
no Grande Dia do Senhor... Mas muitas outras coisas de igual modo
maravilhosas ele nos falou... Além disso, uma vez lá, o ap. Paulo pôde
ver o céu, e o Senhor, os anjos, e também toda a glória da Eternidade.
Vale lembrar que dá pra ver muita coisa na Eternidade em três dias! É a
respeito dessas maravilhas vistas e ouvidas por Paulo (At 22.15) que
encontramos nas suas cartas alguns sinais do verdadeiro tesouro eterno,
que Paulo viu com seus próprios olhos...
AS INSONDÁVEIS RIQUEZAS DE CRISTO
Para podermos compreender o que Paulo chama de
“riquezas insondáveis de Cristo” (Ef 3.8), vamos ler com bastante
cuidado o testamento dele quanto a esse tesouro:
“Mas o que para mim era lucro passei a
considerá-lo como perda por amor de Cristo; sim, na verdade, tenho
também como perda todas as coisas pela excelência do conhecimento de
Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas,
e as considero como refugo, para que possa ganhar a Cristo, e seja
achado nele, não tendo como minha justiça a que vem da lei, mas a que
vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé; para
conhecê-lo, e o poder da sua ressurreição e a e a participação dos seus
sofrimentos, conformando-me a ele na sua morte, para ver se de algum
modo posso chegar à ressurreição dentre os mortos.”
(Fp 3.7-11)
(Fp 3.7-11)
O que era lucro para Paulo antes de conhecer o
Senhor? Vale lembrar que a palvra “lucro”, citado nesse texto, tem o
mesmo sentido de riqueza e tesouro. Paulo, antes de conhecer o Senhor,
também tinha algo que considerava ser uma “riqueza”, mas esse não era um
tesouro material. A Bíblia nos mostra que Paulo detinha uma reputação
incontestável como judeu (“quanto à justiça que há na lei, fui
irrepreensível” - Fp 3.6). É provável que não houvesse no sinédrio outro
fariseu mais respeitado do que ele. Além de sua reputação, Paulo tinha
também “poder” (“Saulo porém, assolava a igreja, entrando pelas casas e,
arrastando homens e mulheres, os entregava à prisão” - At 8.3).
Poderíamos fazer uma analogia assim: o que seria para nós hoje um
oficial de justiça, Paulo era naquela época com relação à lei dos
judeus. Poderíamos concluir que Paulo, mesmo sendo jovem (At 7.58), já
havia alcançado o topo de prestígio e respeito em sua profissão, e ainda
teria uma longa e brilhante carreira a trilhar ao longo de sua vida.
Imagine você, sendo ainda jovem, gozando de tanto prestígio, respeito,
reputação e poder na sua profissão, abriria mão fácil de tudo isso? Isso
não seria valioso para você? Como ele mesmo disse: “o que para mim era
lucro...” (v. 7). Cada um de nós temos um “tesouro”, uma riqueza que
talvez não seja somente algo tangível – material, mas pode ser algo
intangível – como o prestígio de uma carreira profissional bem-sucedida.
Independente da natureza de nosso tesouro, isso tem que perder
totalmente o valor diante da suprema riqueza de Cristo (“e as considero
como refugo” - v. 8).
O que fez Paulo considerar todo o seu “tesouro”
como perda, como refugo? O que o fez mudar tão convictamente de
pensamento? Já vimos que, logo no seu encontro com Cristo no caminho de
Damasco, ele ficou cego por três dias, e que algo maravilhoso aconteceu
com ele nesses dias... O que ele viu lá? Vamos discernir o texto para
termos alguns sinais dessa tão poderosa riqueza:
1. “...pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus” (v. 8):
Paulo era um homem estudioso, formado desde moço entre os melhores
eruditos de sua época. Paulo diz em Atos 22.3 que ele era judeu, nascido
em Tarso e criado em Jerusalém... Primeiro, como um judeu legítimo, ele
foi criado e ensinado por seus pais desde muito cedo a temer a Deus e
amar a lei (Dt 6.5-7). Saulo nasceu e cresceu em Tarso, uma das maiores e
mais importantes cidades do Império Romano. A cidade de Tarso superava
as cidades de Atenas e Alexandria em faculdades de filosofia e
literatura. Essa característica tornou Paulo profundo conhecedor das
escolas gregas de filosofia epicúrea e estóica (At 17.18; v. 28: “pois
dele também somos geração”... citação de um poeta grego conhecido dos
filósofos atenienses). Além de sua formação erudita, ele também ensinado
aos pés de Gamaliel, provavelmente o maior erudito judeu em Jerusalém.
Isso nos mostra quão privilegiado Paulo foi com relação à sua formação
acadêmica. Porém, todo esse conhecimento se tornou em nada diante da
excelência do conhecimento de Cristo. Paulo orava pela igreja de Éfeso
para que eles fossem fortalecidos pelo Espírito Santo segundo as
riquezas da sua graça (Ef 3.16). Paulo também orava para que os irmãos
pudessem compreender “a largura, o comprimento, a altura, a profundidade
e o conhecer do amor de Cristo, que excede todo o entendimento, até
estarem cheios da plenitude de Deus” (Ef 3.18,19). Paulo rogava pelos
irmãos colossenses para que eles fossem “enriquecidos da plenitude do
entendimento para o pleno conhecimento do mistério de Deus - Cristo, no
qual estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência” (Cl
2.2,3). Será que toda a cultura erudita grega ou judaica poderia ser
comparada à tão poderosa riqueza que está escondida em Cristo? Todos os tesouros da sabedoria e da ciência estão na pessoa do nosso Senhor Jesus! Essa foi uma das coisas que Paulo viu naqueles três dias de arrebatamento...
2. “...para que possa ganhar a Cristo e seja achado nele” (v. 9):
Como cidadão romano, Paulo conhecia muito bem duas realidades distintas
nas culturas grega e romana: os jogos olímpicos – que surgiram em
Atenas, na Grécia; e as lutas entre homens e animais que aconteciam no
Coliseu em Roma. E Paulo, para encontrar um modo de nos instruir sobre
essas insondáveis riquezas de Cristo, fez uso dessas duas analogias
bastante comuns para nos fazer compreender. Assim ele escreveu para os
coríntios: “Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na
verdade, correm, mas um só é que recebe o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis”
(1Co 9.24, comparando com os jogos gregos), e também: “E todo aquele
que luta, exerce domínio próprio em todas as coisas; ora, eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível, nós, porém, uma incorruptível”
(1Co 9.25, comparando com as lutas romanas). O que Paulo quis dizer com
essas palavras? Entendo que sua intenção era nos mostrar que, para ser
salvo e ser achado “em Cristo”, não basta esperar pela ressurreição. É
necessário correr e vencer uma maratona, como também lutar e vencer para alcançar essa coroa incorruptível (“Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada,
a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim,
mas também a todos os que amarem a sua vinda” - 2Tm 4.7,8). Paulo
entendeu que, para alcançar essa coroa, valia a pena abrir mão de tudo o
que antes era lucro para que pudesse ganhar a Cristo (“Pois eu assim corro, não sem meta; assim combato, não como batendo no ar. Antes subjugo o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, depois de pregar a outros, não venha eu mesmo a ser reprovado” - 1Co 9.26,27).
3. “...para conhecê-lo... conformando-me com ele” (v. 10):
certa vez o Senhor Jesus fez a seguinte declaração: “Vós adorais o que
não conheceis” (Jo 4.22)... Paulo era perseguidor de Cristo (At 22.4),
porém ele perseguia a quem não conhecia. Tudo o que ele tinha a respeito
de Cristo eram informações. Então Cristo veio a ele naquele dia (At
9.5), e naqueles três dias de arrebatamento ele viu e ouviu coisas
indizíveis (2Co 12.2), e ele então passou a conhecer pessoalmente o
Senhor Jesus. Agora Paulo não era mais alguém que detinha informações a
respeito de Cristo; ele O viu com os próprios olhos, ouviu a Sua voz, e
ainda permaneceu na presença Dele por três dias no paraíso. Podemos
dizer que Paulo tornou-se obcecado pela pessoa do Seu Senhor, querendo a
todo custo ser semelhante a Ele, imitando-O, sendo seu amigo íntimo.
Isso é muito diferente da religião, que nos faz servir e adorar a Deus
através de ritos e costumes, sem um relacionamento íntimo e pessoal com
Deus. Só esse relacionamento íntimo e pessoal levará um discípulo de
Cristo a amá-lo de tal modo que o fará desejar tomar a forma de Cristo
na sua morte, na comunhão dos seus sofrimentos... Por quê? Porque assim
como o Pai ressuscitou a Jesus Cristo dentre os mortos (1Co 15.3-8),
transformando seu corpo corruptível em um novo corpo incorruptível (1Co
15.42,53), assim também é a promessa àqueles que o amam. Paulo entendeu
que valia a pena ser amigo íntimo de Cristo, tomando a comunhão dos seus
sofrimentos e conformando-se na Cruz de Cristo, de modo que a morte
seria apenas o ingresso para desfrutar das riquezas insondáveis de
Cristo nas regiões celestiais... “Segundo a minha ardente expectativa e
esperança, de que em nada serei confundido; antes, com toda a ousadia, Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte. Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Fp 1.20,21).
4. “...para ver se de algum modo posso chegar à ressurreição dentre os mortos” (v. 11): No
livro de Apocalipse, o livro da revelação do Senhor Jesus Cristo para o
apóstolo João, há um aviso que diz: “Bem-aventurado e santo é aquele
que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a
segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com
ele durante os mil anos” (Ap 20.6). Jesus afirmou em João 5.28,29: “Não
vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que se acham
nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para
a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a
ressurreição do juízo”. Parece-nos que o ap. Paulo sabia que, mesmo
sendo cristão, discípulo de Jesus, membro da igreja de Cristo, e até
mesmo apóstolo de Cristo, ele poderia estar correndo o risco de não
ressuscitar na primeira ressurreição. A primeira ressurreição é a
ressurreição dos santos que ocorre na inauguração do Reino Milenar de
Cristo na terra... E estes santos que ressuscitam aqui serão sacerdotes
de Deus durante os mil anos... E mais: quem ressuscita nesta
ressurreição já está justificado, e não passará pelo Juízo Final (Ap
20.11-15); mas quem não ressuscita nesta primeira ressurreição,
infalivelmente passará pelo Juízo Final, correndo sério risco de ter sua
vida reprovada e morrer na “segunda morte” (v. 14). Tanto Paulo tinha
essa consciência em mente que afirmou: “Antes subjugo o meu corpo e o
reduzo à escravidão, para que, depois de pregar a outros, não venha eu
mesmo a ser reprovado” (1Co 9.27). O que Paulo quis dizer com essa
expressão “reprovado”? Assim o ap. João escreveu a respeito desse
assunto: “E agora, filhinhos, permanecei nele; para que, quando ele se
manifestar, tenhamos confiança, e não fiquemos envergonhados diante dele
na sua vinda” (1Jo 2.28). Envergonhados diante dele no dia da Segunda
Vinda do Senhor? Por acaso isso não seria o mesmo que “reprovado”, como
Paulo disse? “...para ver se de algum modo posso chegar à ressurreição
dentre os mortos” (Fp 3.11)... Nós não sabemos, mas talvez Paulo tenha
visto naquele arrebatamento de três dias alguma coisa a respeito do
Juízo e a condenação eterna... Porém, uma coisa é certa: Paulo temia ser
reprovado pelo Senhor, e condicionou toda a sua vida a viver de modo
fiel a Cristo, para que de algum modo fosse achado santo, irrepreensível
e justificado para a primeira ressurreição. Como disse o Senhor Jesus:
“Para que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?
Ou o que daria o homem em troca da sua alma?” (Mc 8.36-37). Leia o
texto de Marcos 8.34-38 e veja você mesmo que todas as riquezas do mundo
não se comparam à glória da ressurreição na vinda de Cristo.
O MISTÉRIO OCULTO DOS SÉCULOS
Além da pessoa de Cristo, em quem todos os
tesouros da sabedoria e da ciência estão ocultos e que é a imagem
visível e a expressão exata de Deus Pai, há ainda mais uma pessoa a quem
Deus reservou suas insondáveis riquezas: a Igreja. O ap. Paulo,
tratando da união entre marido e esposa na carta aos Efésios, por um
momento ele exclama: “Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e
à igreja” (Ef 5.32). Se, da mesma forma como o homem e a mulher se unem
em casamento, tornando-se os dois uma só carne, quem é esta que se
unirá a Cristo em casamento? Seria um sistema religioso? Seria um
ajuntamento de denominações? Não! A Igreja é muito diferente daquilo que
nós pensamos ser igreja.
É possível que o ap. Paulo tenha sido o discípulo
que melhor compreendeu esse mistério oculto dos séculos, visto a
profundidade das revelações que o Senhor decidiu entregar a ele (2Pe
3.15,16). E grande parte dessa revelação está concentrada nas cartas aos
Efésios e aos Colossences. Vamos ler o que Paulo nos diz sobre esse
mistério:
“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor
Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas
regiões celestes em Cristo; como também nos escolheu nele antes da
fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele em
amor; e nos predestinou para sermos filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo,
segundo o beneplácito de sua vontade, para o louvor da glória da sua
graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado; em quem temos a redenção
pelo seu sangue, a redenção dos nossos delitos, segundo as riquezas da
sua graça, que ele fez abundar para conosco em toda a sabedoria e
prudência, fazendo-nos conhecer o mistério da sua vontade, segundo o
seu beneplácito, que nele propôs para a dispensação da plenitude dos
tempos, de fazer convergir em Cristo todas as coisas, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra, nele, digo, no
qual também fomos feitos herança, havendo sido predestinados conforme o
propósito daquele que faz todas as coisas segundo o conselho da sua
vontade, com o fim de sermos para o louvor da sua glória, nós, os que antes havíamos esperado em Cristo; no
qual também vós, tendo ouvido a palavra da verdade, o evangelho da
vossa salvação, e tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito
Santo da promessa, o qual é o penhor da nossa herança, até ao resgate
da sua propriedade, para o louvor da sua glória.”
(Ef 1.3-14)
(Ef 1.3-14)
Todos sabemos que há dois mil anos atrás nasceu um
homem chamado Jesus, que pelo seu ministério foi chamado de Ungido (em
grego “Cristo” - At 4.26; e em hebraico “Messias” - Sl 2.2), e que o
Espírito Santo testifica que ele é Deus – Filho de Deus (Jo
1.1,2,3,12,13,14,18; 1Jo 1.1-3). Agora, por que Ele fez isso? Sendo ele
Deus, Filho de Deus, por que veio ao mundo? Alguém responderia assim:
“Para nos salvar”. É verdade, mas isso ainda é muito pouco se comparado à
profundidade do que é o eterno propósito de Deus com a Igreja, mistério
oculto dos séculos que aprouve a Deus revelar através da morte de
Cristo na cruz. O que aconteceu na cruz do Calvário? Na cruz o Senhor
Jesus resgatou para Si mesmo uma herança, um tesouro. Que tesouro é
esse? É a vida de homens e mulheres que amaram a Deus de todo coração,
que se entregaram em oferta a Deus, que consagraram suas vidas para
serem propriedade exclusiva de Deus. Essa “herança” está registrada na
visão do Ap. João em Apocalipse:
“E cantavam um cântico novo, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo e nação; e para o nosso Deus os fizeste reino, e sacerdotes;
e eles reinarão sobre a terra.”
(Ap 5.9,10)
e eles reinarão sobre a terra.”
(Ap 5.9,10)
O que aconteceu na Cruz? Na cruz o Senhor Jesus
comprou para Deus um povo vindo de cada tribo e nação da terra, para que
eles sejam reis e sacerdotes de Deus em seu Reino. Teria morrido Jesus
apenas para me salvar? Claro que a salvação já nos é uma graça
maravilhosa se comparada à condenação que merecemos pelos nossos
pecados. Mas não foi apenas para nos salvar que Cristo morreu e
ressuscitou, e sim para, além disso, resgatar para Deus um povo de
propriedade Dele, um reino de sacerdotes que ministrarão a Ele e
reinarão com Ele em seu Reino.
Aqui cabe uma pergunta: como você está se
preparando para o reino milenar de Cristo na terra? Você está vivendo
agora, na era da Igreja, de modo digno do Senhor, para o inteiro agrado
Dele, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de
Deus, com vistas ao Reino Milenar de Cristo que virá antes de nossa
entrada definitiva na Eternidade? Se você não compreende sobre isso,
estude o capítulo 20 de Apocalipse. Ali está revelado os últimos mil
anos de existência desta terra que habitamos hoje. Cristo reinará aqui
por mil anos, e com ele reinarão todos os que “venceram pelo sangue do
Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e mesmo em face da morte não
amaram a sua própria vida” (Ap 12.11).
Vamos voltar à carta aos Efésios... Ali Paulo nos
fala que Deus nos predestinou para sermos filhos de adoção por Jesus
Cristo, e fez isso para si mesmo (Ef 1.5)... o que o apóstolo quer nos
dizer com isso? A resposta está na carta aos Romanos:
“E sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porque aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.”
(Rm 8.28,29)
(Rm 8.28,29)
Deus Pai deu a vida do Seu Filho unigênito para
fazer de você filho de Deus. Jesus era até a Cruz o filho único de
Deus... Mas agora Ele não é mais unigênito, e sim o primogênito – o
primeiro – entre muitos irmãos e irmãs. Quando o Espírito Santo selou
você (Ef 1.13), a sua natureza carnal morreu e você nasceu de novo como
uma nova criatura, não nascida da vontade da carne nem da vontade do
homem, mas nascida da vontade de Deus (Jo 1.12,13; 3.3-8). Como a sua
natureza agora é espiritual, a sua nova carga genética te transformará à
semelhança do filho de Deus, porque a sua natureza agora é a mesma que a
de Deus. Se você teve um novo nascimento genuíno, você está
predestinado a ser transformado conforme a semelhança de Jesus. Ele é o
primogênito entre muitos irmãos, e todos esses irmãos devem ser conforme
Ele é. Antes nós eramos órfãos, não tínhamos Pai. Mas por meio da morte
de Jesus Cristo na cruz agora nós somos filhos e filhas de Deus.
Somente filhos e filhas recebem herança. É para eles que os novos céus e
nova terra foram criados (Ap 21.7).
Ainda na carta aos Efésios, o ap. Paulo faz uma
analogia do casamento entre homem e mulher com o relacionamento entre
Cristo e a Igreja... Mais uma vez, o que Paulo quer nos dizer?
Encontramos a resposta na primeira carta aos Coríntios:
“Ou não sabeis que o homem que se une à
prostituta forma um só corpo com ela? Porque, como foi dito, serão os
dois uma só carne. Mas aquele que se une ao Senhor é um só espírito com ele.”
(1Co 6.16,17)
(1Co 6.16,17)
De onde Paulo extraiu esse termo: “como foi dito,
serão os dois uma só carne”? A fonte está em Gênesis 2.24. Sabemos pela
Bíblia que, quando um homem e uma mulher se relacionam sexualmente, a
alma deles se torna uma só alma. Espiritualmente eles são agora uma só
pessoa. Sabemos também pela Bíblia que, quando Jesus tratou do assunto
do divórcio, o padrão estabelecido por Ele para o casamento foi o mesmo
de Gênesis 2.24: “de modo que já não são mais dois, porém uma só carne”
(Mt 19.4-6). Se através do casamento o homem e a mulher se tornam uma só
carne, por que Paulo faz essa analogia do casamento com Cristo e a
Igreja? Porque “aquele que se une ao Senhor é um só espírito com ele”
(1Co 6.17). O livro de Apocalipse nos revela que haverá um casamento na
Eternidade entre um noivo e sua noiva. Vamos ler alguns versículos que
indicam Cristo como Noivo e a Igreja como Sua Noiva, como uma esposa
para o Noivo:
“Aquele que tem a noiva é o noivo...”
(Jo 3.29)
(Jo 3.29)
“Regozijemo-nos, e exultemos, e demos-lhe a glória; porque são chegadas as bodas do Cordeiro, e já a sua noiva se preparou”
(Ap 19.7)
(Ap 19.7)
“E vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que descia do céu da parte de Deus, adereçada como uma noiva ataviada para o seu noivo”
(Ap 21.2)
(Ap 21.2)
“E veio um dos sete anjos que tinham as sete
taças cheias das sete últimas pragas, e falou comigo, dizendo: Vem,
mostrar-te-ei a noiva, a esposa do Cordeiro”
(Ap 21.9)
(Ap 21.9)
Foi a respeito desse tão esperado acontecimento
celestial – o casamento de Cristo com a Sua Igreja – que Paulo exclamou
em Efésios: “Grande é esse mistério, mas eu me refiro a Cristo e a
igreja” (Ef 5.32). Precisamos nesse momento fazer uma reflexão: por
acaso alguém vai a um casamento sem trajar as vestes adequadas para tal?
(leia Mateus 22.1-14 e pense a respeito)... Ou pior: acaso a noiva não
se prepara de tal maneira para que ela mesma seja, no dia do casamento, a
mulher mais bonita da festa? A Bíblia nos mostra que Ester foi
preparada por um ano inteiro para ser escolhida por Assuero como sua
esposa e rainha! (Et 2.12). O livro de Apocalipse nos mostra também que
as vestes dessa Noiva que se casa com Cristo eram de linho finíssimo,
resplandecente e puro (Ap 19.8). Essas duas passagens não estariam aí
para chamar a nossa atenção para a santidade da Igreja? Não tenho dúvida
nenhuma que a Noiva que se casará com Cristo será sim absolutamente
santa, pura, irrepreensível e estará perfeita, à estatura de seu Noivo. A
pergunta é: estaríamos cada um de nós, os cristãos, preparando suas
vidas com a santidade requerida para ser achado como Noiva, pronto para
unir-se a Cristo? O livro de Apocalipse nos dá a recomendação: “...Quem é
santo, que se santifique ainda mais” (Ap 22.11).
“Porque melhor é a sabedoria do que as jóias;
e de tudo o que se deseja nada se pode comparar com ela”
(Pv 8.11)
e de tudo o que se deseja nada se pode comparar com ela”
(Pv 8.11)
Existe glória maior do que se tornar esposa de
Cristo? Existe glória maior do que tornar-se um só espírito com Ele?
Existe neste mundo (que muito em breve deixará de existir) algum
tesouro, riqueza ou bem material que possa ser comparado à glória que
temos em Cristo? Por isso o reino dos céus é comparado a um tesouro
escondido ou a uma pérola de grande valor. Vale a pena abrir mão de tudo
para conquistar esse tesouro! Nada nesse mundo se compara ao
imensurável valor daquilo que podemos conquistar com Cristo por toda a
Eternidade.
Palavras finais
“Entrai pela porta estreita; porque larga é a
porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que
entram por ela; porque estreita é a porta, e apertado o caminho que
conduz à vida, e poucos são os que a encontram.”
(Mt 7.13,14)
(Mt 7.13,14)
Irmãos, o desejo do nosso coração é que a verdade
do Evangelho de Cristo ilumine o caminho para o Pai em meio às densas
trevas que temos vivenciado nesses últimos tempos. Para entrarmos na
comunhão eterna do Pai, temos que entrar por uma porta (“Eu sou a
porta...” - Jo 10.7,9). E não apenas isso: devemos também seguir por um
caminho (“Eu sou o caminho...” - Jo 14.6). Mas o próprio Senhor Jesus
nos advertiu que essa porta é estreita e esse caminho é apertado... E,
infelizmente, não serão muitos que seguirão por esse caminho rumo ao
Pai.
Nosso propósito é convidar a Igreja de Cristo a
uma reflexão... Estaríamos vivendo a vida da Igreja como Cristo ensinou
em Sua Palavra? Estaríamos de fato e de verdade “no Caminho”, à luz das
Escrituras, a exemplo da Igreja de Atos? Será que o fermento do mundo
não corrompeu nosso modo de viver a vida da Igreja, fazendo-nos perder a
visão daquilo que realmente é a verdadeira riqueza, o verdadeiro
tesouro, que é Cristo e a Sua Igreja? Paulo já se preocupava com isso e
alertou a igreja: “Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva
com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se
apartem da simplicidade e da pureza que há em Cristo” (2Co 11.4).
Talvez os cristãos não saibam disso, mas toda a
riqueza deste mundo será destruída em apenas uma hora! Leia você mesmo o
capítulo 18 de Apocalipse, em especial os versos 10, 16, 17 e 19, e
descubra qual será o fim de toda a riqueza deste mundo. Nada sobrará! O
Senhor Jesus prometeu: “Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras
jamais passarão” (Lc 21.33).
“Exorta aos ricos deste mundo que não sejam
orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade das riquezas,
mas em Deus, que nos concede abundantemente todas as coisas para delas
gozarmos; que pratiquem o bem, que se enriqueçam de boas obras,
generosos em dar e prontos a repartir, entesourando para si mesmos um
bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar a verdadeira
vida.”
(1Tm 6.17-19)
(1Tm 6.17-19)
Que possamos, ao fim da jornada, repetir as palavras do Ap. Paulo:
“Combati o bom combate, completei a carreira,
guardei a fé. Desde agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o
Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também
a todos quantos amam a sua vinda.”
(2Tm 4.7,8)
(2Tm 4.7,8)
Que a graça e a paz do Senhor Jesus esteja com todos os irmãos. Amém!
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