segunda-feira, 13 de agosto de 2012

IGREJA: TIRADOS PARA FORA 4ª PARTE



Leia também: Parte 1 | Parte 2 | Parte 3.
 


IGREJA:
"TIRADOS PARA FORA"


"... e sobre esta pedra edificarei a minha igreja,
e as portas do inferno não prevalescerão contra ela."

(Mt 16.18)
 
 
PARTE 4
 
   
 
A IGREJA QUE ESTÁ EM SUA CASA
 
 
Agora iremos tratar do assunto que mais tem gerado polêmica entre os pastores, que é a forma visível do Corpo de Cristo na Terra – a Igreja. Muito se tem discutido a esse respeito, e muitos homens de Deus, de profunda revelação e conhecimento da palavra, têm participado dessa discussão, mas muito pouco se avançou nesse ponto pelos mais variados motivos. Creio eu que o principal motivo é a dificuldade em nos desligar das fortes correntes de tradição que nos prendem.
 
Depois de lermos sobre o modo de caminhar de Cristo e seus discípulos, e também de Paulo e seus discípulos, depois de vermos o modo como a Igreja Primitiva obteve sucesso em sua missão, não seria razoável uma reflexão profunda e um exame criterioso para sabermos se estamos realmente fazendo a vontade de Deus?
 
 
As denominações e os templos
 
A forma tradicional da igreja visível, desde o Concílio de Nicéia em 325dC, tem sido a igreja movimentar-se e desenvolver todo o seu ministério em torno de estruturas físicas, o que normalmente chamamos de templo. A Igreja Católica desenvolveu-se assim, e a igreja denominada evangélica também tem se desenvolvido da mesma forma desde a Reforma Protestante em 1517 até os dias de hoje.
 
Cada vez mais é necessário construir estruturas maiores, cada vez mais caras e equipadas... Entre os motivos para isso, um deles seria acomodar confortavelmente os membros da Igreja. Aparentemente não haveria problema com isso, mas eu te pergunto: por quê a Igreja Primitiva, em 300 anos de história, não edificou nenhum templo, nem mesmo um só? Será que realmente é necessário? E nas ocasiões que Pedro pregou e 3 mil pessoas creram, e depois mais 2 mil (At 2.41; 4.4), com 5 mil membros, seria absolutamente normal que pensássemos logo em construir um grande templo... Mas por quê Pedro, Tiago e João não fizeram o que normalmente nós teríamos feito? Por um motivo simples: eles viveram com Jesus, aquele que deixou as sandálias lá no rio Jordão... nós não vivemos. Nós o conhecemos apenas de ouvir falar... Se nós tivéssemos andado 3 anos e meio com o Dono dessa obra, não cometeríamos os erros que tão frequentemente temos cometido, porque conheceríamos o Seu coração. Saberíamos que não somos nós quem decidimos o que fazer com o dinheiro, mas sim Ele. E quando eu leio sobre Ele nas Escrituras, eu conheço um líder que não é apegado a nenhum conforto, a nenhum bem material, mas que constantemente se compadece dos pobres, chora por eles, faz milagres por eles. E quando eu vejo aquilo que se identifica como Igreja de Jesus nos dias de hoje, eu não consigo reconhecer nessa estrutura o caráter desse homem que hoje não é apenas o Salvador, mas o Rei e Senhor Jesus.
 
A única coisa que eu notoriamente reconheço na chamada Igreja de Jesus é isso:
 
Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo tope
chegue até aos céus e tornemos célebre o nosso nome,
para que não sejamos espalhados por toda a terra.”
(Gn 11.4)
 
A única coisa que eu consigo ver na chamada Igreja de Jesus é homens erguendo torres, cada vez maiores, com o único propósito de tornar seus nomes célebres... Sobre isso escreveu o Ap. Paulo:
 
“...que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo; ou, Eu de Apolo;
ou Eu sou de Cefas; ou, Eu de Cristo.
Será que Cristo está dividido? foi Paulo crucificado por amor de vós?
Ou fostes vós batizados em nome de Paulo?”

(1Co 1.12-13)

“Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas,
não é assim que sois carnais e andais segundo o homem?
Quando, pois, alguém diz: eu sou de Paulo, e outro: Eu, de Apolo,
não é evidente que andais segundo os homens?

(1Co 3.3-4)
 
Eu te pergunto: qual justificativa daremos ao Senhor quanto a nos reunirmos em torno de outro nome, que não o nome do Senhor? “Pois onde se acham dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”... Não foi o que Ele disse em Mt 18.20?“ “...Para que não sejamos espalhados por toda a terra”... Mas isso não é exatamente o contrário à ordem dada pelo Senhor, de irmos e fazermos discípulos de todas as nações, desde Jerusalém até os confins da Terra?
...Tornou a interrogá-lo o sumo sacerdote e lhe disse:
És tu o Cristo, o Filho do Deus Bendito?

Jesus respondeu: Eu sou...”

(Mc 14.61-62) 
Irmãos pastores e líderes de ministério, chegou a hora de nós fazermos aquela mesma pergunta que Pilatos fez: “O que farei, então, de Jesus, chamado Cristo?” (Mt 27.22). O que faremos de Jesus, irmãos? Lembra das palavras Dele?
 
“Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras jamais passarão.”
(Mt 24.35)
 
Lembra de quando Ele disse que no Juízo separaria as ovelhas dos cabritos? “Tive fome e me destes de comer... Mas quando te fizemos essas coisas, Senhor? Quando fizeres a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”. Lembra disso? Pois, caso você não tenha conhecimento, saiba que agora mesmo há milhares e milhares de irmãos, pastores, ministros do altar assim como eu e você, que fazem apenas uma refeição por dia, e isso quando tem algo para comer, porque muitas vezes o alimento é tão escasso que nunca é suficiente para ele, a esposa e os filhos... saiba também que esses milhares e milhares de ministros do Senhor precisam caminhar até 20km no deserto, ou nas montanhas geladas ou em tantos outros lugares inóspitos dessa Terra, para pregar o Evangelho às vezes para 1 pessoa só... Pois saiba que as tuas patentes de ministro são as mesmas desses nobres irmãos! E saiba também que um dia seremos julgados por isso, porque a Igreja Primitiva fez a sua parte quando os irmãos da Judéia precisaram ser amparados financeiramente, e nós seremos julgados nada mais nada menos que pela palavra de Deus:
 
“Quem me rejeita e não recebe as minhas palavras tem quem o julgue;
a própria palavra que tenho proferido, essa o julgará no último dia.”

(Jo 12.48)
Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.”
(Jo 15.14)
 
 
A igreja nos lares
 
Numa cidade há casas, empresas, escolas e praças suficiente para toda a população daquela cidade, certo? Quando a estatística diz que moram 200 mil habitantes em determinada cidade, isso nos informa que há casas suficientes para essas 200 mil pessoas... de alguma forma elas moram lá.
 
Quando Jesus comissionou seus doze discípulos, Ele deu uma ordem a eles, e há ali um detalhe que trata diretamente sobre a igreja nos lares:
 
“Em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, procurai saber quem nela é digno, e hospedai-vos aí até que vos retireis. E, ao entrardes na casa, saudai-a; se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz;
mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz.”

(Mt 10.11-13)
 
Você notou que a ordem de Jesus para os discípulos na evangelização foi “de cidade em cidade e de casa em casa”? Lembra quando o Senhor foi à casa de Levi e evangelizou os publicanos e pecadores? E quando o Senhor foi à casa de Simão, o leproso? Pois ele também foi à casa de Jairo, de Marta, de Zaqueu e de muitos outros pecadores (Mt 9.10; Mt 26.6-7; Lc 8.41; Lc 10.38; Lc 19.5). Alguém pode perguntar: “mas seria eficaz esse modo de ser igreja?” Eis a resposta que encontro na Palavra de Deus:
 
Reuniram-se os apóstolos com Jesus e contaram-lhe tudo o que tinham feito e ensinado. Ao que ele lhes disse: Vinde vós, à parte, para um lugar deserto, e descansai um pouco. Porque eram muitos os que vinham e iam, e não tinham tempo nem para comer. Retiraram-se, pois, no barco para um lugar deserto, à parte. Muitos, porém, os viram partir, e os reconheceram; e para lá correram a pé de todas as cidades, e ali chegaram primeiro do que eles. E Jesus, ao desembarcar, viu uma grande multidão e compadeceu-se deles, porque eram como ovelhas que não têm pastor...”
(Mc 6.30-34)
 
Reparem nesse texto: uma multidão tamanha que os discípulos não tinham tempo nem para comer! “Muitos os reconheceram e para lá correram de todas as cidades...” Já pensou nisso? Por favor, me respondam: quando eles chegavam em uma cidade, lá eles inauguravam um templo? Onde essas coisas aconteciam? Perdoem-me os irmãos, mas era de casa em casa, nas ruas e nas praças, e uma grande multidão correu a pé de todas as cidades para seguir os discípulos de Jesus... Isso é bem diferente do que temos visto hoje, não é mesmo? Hoje vemos pastores implorando para que as pessoas venham ao templo, através do rádio e da televisão... Campanhas de evangelismo convidando as pessoas a visitarem o templo, e não convidando as pessoas a virem a Cristo... O que a multidão desesperadamente anseia é pelo Sal da Terra e pela Luz do Mundo que cada filho de Deus deveria ser... Não mais um templo; não mais uma denominação. Mas que a Luz do Mundo entre em suas casas e os salvem da escuridão! Foi isso o que o Senhor nos mandou fazer.
 
Vós bem sabeis de que modo me tenho portado entre vós sempre...
servindo ao Senhor com toda a humildade, e com lágrimas e provações...
como não me esquivei de vos anunciar coisa alguma que útil seja,
ensinando-vos publicamente e de casa em casa,
testificando, tanto a judeus como a gregos,
o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus.”
(At 20.18-21)
 
Da mesma forma os apóstolos, sem rádio, sem televisão, sem templos, somente através do simples testemunho de suas vidas encheram Jerusalém com o Evangelho de Jesus e também viraram o mundo de cabeça para baixo (At 5.28; At 17.6; At 13.44). Como conseguiram isso? Qual a diferença entre nós e eles? É que eles confiavam somente no poder do Espírito Santo, nada mais. Eles não tinham jornais, nem revistas, nem Internet, nem rádio nem TV, nem o apoio de políticos ou de empresários, muito menos tinham templos, catedrais, sede ou filiais... Somente o Espírito Santo! Eu te pergunto: quem tem o Espírito Santo, precisa de mais alguma coisa? Não... Quem tem o Espírito Santo precisa de boas idéias, técnicas de marketing ou de psicologia? Não, não... sinceramente não!
 
A respeito dos templos, muitos irmãos me questionam: “Mas em Atos 2.42, os irmãos não perseveravam unânimes no templo?” Sim, e isso durou por 40 anos assim, e nem os apóstolos nem os judeus convertidos anunciaram o Evangelho aos gentios. Mas Jesus não ordenou que fossem testemunhas dele desde Jerusalém até os confins da Terra? O que aconteceu então? No ano 64dC iniciou-se a perseguição aos cristãos, e no ano 70dC o imperador Tito destruiu Jerusalém, inclusive o templo. Vimos isso estudando sobre a Igreja de Antioquia. Depois disso, os cristãos foram dispersos e tiveram que se misturar. Eu creio que o próprio Deus permitiu a perseguição e a destruição do templo para que os cristãos cumprissem a ordem dada por Jesus. Por quê durante 40 anos eles não foram aos gentios? Porque ficar em Jerusalém era mais confortável... Ter o templo ali era confortável... Lembra da torre de Babel? “Para que não sejamos espalhados por toda a terra...” Nós não queremos nos espalhar; queremos sim é nos ajuntar. Queremos formar um sistema religioso confortável e conveniente para a nossa alma, onde a consciência não nos culpa por um serviço meramente religioso onde uma maioria passiva contempla o trabalho de uma minoria ativa. Isso não é o Reino de Deus, é religião.
 
Quando estudamos a Igreja na Bíblia, nós encontramos 3 aspectos dela:
 
Primeiro: a Igreja Universal – a Noiva – que está descrita em Ap 5.9-10, e que Jesus declarou que a edificará (Mt 16.18). Este é o Corpo de Cristo em todo lugar (Jo 1.12-13; 1Co 12.12-14). Como declarou o Ap. Tiago, “as doze tribos que se encontram na dispersão” (Tg 1.1; ver Ap 14.1-5);
 
Segundo: a igreja local – a igreja de Cristo na cidade – a Igreja de Corinto, a Igreja de Éfeso, a igreja de Cristo que está em uma cidade. A Igreja de Cristo na cidade é uma só igreja (Rm 1.7; 1Co 1.2; 2Co 1.1; Gl 1.2; Ef 1.1; Fp 1.1; Cl 1.2; 1Ts 1.1; 2Ts 1.1; 1Pe 1.1);
 
Terceiro: a igreja nos lares – a igreja que está na casa – o local onde os irmãos congregavam. Como a igreja de Jerusalém, que se reunia na casa de Maria, mãe de João Marcos (At 2.1-2; 12.5; 12.12); a igreja na casa de Priscila e Áquila, tanto em Corinto, como também em Éfeso e em Roma (At 18.1-4; At 18.18-19; Rm 16.3-5; 1Co 16.19); a igreja na casa de Lídia em Tiatira (At 16.14-15; 16.40); a igreja na casa de Ninfas, em Colossos (Cl 4.15); a igreja na casa de Arquipo, em Laodicéia (Fm 1-2; Cl 4.16-17); e a casa de Paulo em Roma, onde pregava e ensinava (At 28.30-31).
 
 
O que faremos, irmãos?” (At 2.37)
 
“Mas temo que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia,
assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos entendimentos
e se apartem da simplicidade e da pureza que há em Cristo.”

(2Co 11.3)
 
Irmãos, me respondam: devemos permanecer como estamos? Ou retornar à simplicidade do Evangelho? Eu não quero convencê-lo, pois somente o Espírito Santo é quem convence, mas quando Paulo diz:
 
“Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei o fundamento como prudente construtor; e outro edifica sobre ele. Porém cada um veja como edifica. Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo. Contudo, se o que alguém edifica sobre o fundamento é ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, manifesta se tornará a obra de cada um; pois o Dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo, e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará.”
(1Co 3.10-13)
 
O fundamento é Jesus Cristo, isso é imutável. Mas o que nós estamos edificando sobre esse fundamento? Qual obra estamos levantando sobre o fundamento que é Cristo? Não se engane achando que nunca haverá uma prestação de contas, pois “manifesta se tornará a obra de cada um, e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará” (v.13). Se o que estamos edificando é ouro, prata e pedras preciosas, aí sim eu posso pensar que está tudo bem... Mas eu te pergunto: no conceito de Jesus, o que é realmente a verdadeira riqueza? O que realmente vale como ouro, prata e pedras preciosas para Jesus? Lembra do jovem rico? (Mc 10.17-22) O que era para Jesus um tesouro no céu? Resposta: vender todos os bens e dar aos pobres... Lembra? “Tive fome... tive sede... estive nú... enfermo... encarcerado...” O conceito de Jesus quanto ao que é ouro, prata e pedras preciosas é muito diferente do conceito carnal e mundano que temos. E o que seria então, no conceito do Senhor, madeira, feno e palha? Olha o que o Senhor Jesus disse à igreja de Sardes:
 
“...Conheço as tuas obras; tens nome de que vives, e estás morto.
Sê vigilante, e confirma o restante, que estava para morrer;
porque não tenho achado as tuas obras perfeitas diante do meu Deus.”

(Ap 3.1-2)
 
Estas coisas, irmãos, apliquei-as figuradamente a mim mesmo e a Apolo, por vossa causa, para que por nosso exemplo aprendais isto: não ultrapasseis o que está escrito; a fim de que ninguém se ensorbebeça a favor de um em detrimento de outro.”
(1Co 3.10-13)
 
Irmãos, ou retornamos à pureza e simplicidade do Evangelho de Cristo, ou haverá uma grande fogueira no Dia do Juízo, e nossas obras não passarão de cinzas. Quer arriscar? Eu não! Ai de nós, irmãos! Ai de nós que somos chamados para pastorear o rebanho Dele. Ai de nós se ultrapassarmos uma vírgula só, pois essa obra não é nossa; a Igreja não é nossa. É a Noiva de Cristo. Um dia haverá um casamento, e este dia está breve.
 
 
 
 
O AMOR É O COMBUSTÍVEL
QUE MOVE A IGREJA
 
 
Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos,
se tiverdes amor uns aos outros.”
(Jo 13.35)
 
A melhor apresentação do evangelho que já ouvi veio da boca de um ateu. Isso talvez surpreenda a muitos, como, à ocasião, aconteceu comigo. Há cinco anos, tomei um avião em Los Angeles com destino a Pittsburg. Sentei-me perto de um homem que trazia uma revista secular cuja capa anunciava a história sobre o conflito entre cristãos e a política nos Estados Unidos. Na primeira oportunidade, perguntei se poderia ler assim que ele tivesse terminado. Depois de certificar-se do meu interesse pelo artigo, disparou: “Eu odeio vocês, cristãos”. Eu nem havia dito a ele que era cristão, e ele já me odiava. “Por quê?”, eu quis saber. Ele demonstrou ressentimento pelo fato de, em sua opinião, os cristãos quererem forçar as outras pessoas a viverem de acordo com as crenças deles.
 
Travamos uma conversa de conhecimento: atividades profissionais, famíla, origens, destino da viagem. Na minha vez, disse que fazia todo o tipo de coisas. Nos aviões, por exemplo, tinha o costume de me apresentar como alguém que vagueia pelo planeta ajudando pessoas a entender o que realmente Jesus ensinou. Ele olhou para mim um tanto assustado e perguntou se eu gostaria de saber o que ele, um ateu que odeia cristãos, pensava sobre o que realmente Jesus ensinou. Disse-lhe que sim e ouvi a melhor apresentação do evangelho com que já tomara contato em toda a minha vida: “Eu acho que Jesus nos ensinou que temos um Pai que nos ama mais do que sabemos e que se pudéssemos entender isso, saberíamos como nos tratar uns aos outros”.
 
Eu fiquei boquiaberto, chocado. Ele quis saber o motivo do meu espanto. “Tenho ido a todas as partes do mundo. Já ouvi todo o tipo de pessoas compartilharem o evangelho, mas nunca ouvi ninguém dizer melhor o que Jesus queria dizer”. Desconfiado, ele perguntou por que eu diria uma coisa daquelas. Respondi-lhe que ele havia dito exatamente o que Jesus diria. Contei-lhe que em sua última noite com os discípulos, Jesus pronunciou as seguintes palavras: “Eu vou dar a vocês um novo mandamento: amem uns aos outros como eu os tenho amado. Assim todo o mundo saberá que vocês são meus discípulos”. Na sequência da conversa, minha pergunta não poderia ser outra: “Por que você não acredita?” A resposta dele foi: “Eu nunca vi alguém viver isso”. Ele pensava que aquilo que Jesus nos ensinou não poderia ser real porque seus seguidores não conseguiram colocar em prática.
 
A experiência narrada acima por um pastor americano durante uma conferência no Brasil expressa muito bem a realidade da Igreja: nós, cristãos, não somos reconhecidos pelo mundo como discípulos de Jesus. E não podemos culpá-los por isso porque a falha não está neles, mas em nós. Eu aprendi na Física que a comunicação só é bem sucedida quando o transmissor envia o sinal com qualidade e o receptor é capaz de recebê-lo. E quando o receptor não recebe o sinal com clareza, é porque o transmissor falhou em transmitir o sinal. E Jesus, que é o criador do universo todo e certamente entende muito de Física, Ele me ensinou que, se o vizinho ou o colega de trabalho não percebem que eu sou um discípulo de Jesus, é porque eu estou falhando na transmissão dessa mensagem. Essa é a regra de comunicação: a falha está no transmissor! Eu não posso culpar meu vizinho por ele estar sintonizado “no canal errado”; nós é que temos que transmitir o sinal no canal certo que eles irão compreender... que canal é esse? É o amor ágape, aquele amor que vem do Alto.
 
Tudo o que Jesus fez neste mundo tinha a marca do amor. Até mesmo quando Jesus se irou (é possível se irar sem pecar – Sl 4.4; Ef 4.26) Ele fez isso por amor, para que o povo e os sacerdotes se voltassem para o Pai com sinceridade de coração. Mas em tudo Nele era reconhecido o amor, porque Deus é amor. Se o Pai é amor, o Filho também é amor, e se nós somos filhos de Deus pelo novo nascimento, então recebemos Dele o DNA do Pai, que é Amor:
 
“Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus;
e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.
Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor.”

(1Jo 4.7-8)
 
 “Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos outros. Ninguém jamais viu a Deus; se nos amamos uns aos outros,
Deus permanece em nós, e o seu amor é em nós aperfeiçoado.”

(1Jo 4.11-12)
 
Como eu disse anteriormente, o amor que Jesus disse que esfriaria de quase todos, lá em Mt 24.12, é justamente o amor ágape, que vem do Pai, que está no Filho, e que nos é dado pelo Espírito Santo. Quando na Igreja Primitiva os irmãos vendiam seus bens e propriedades e depositavam aos pés dos apóstolos, isso era feito por amor (At 4.34-37). Não havia outra motivação, só o amor. Quando Ananias e Safira tentaram mascarar a verdade, dando a entender que eles estavam dando tudo, o que aconteceu foi que Deus tirou-lhes a vida, como exemplo do castigo pela falsidade de um amor aparente, uma mentira (At 5.1-11). “E por se multiplicar a iniquidade, o amor de quase todos esfriará”... Já começou a esfriar desde Ananias e Safira, e nos dias atuais está a quase zero. Mas como mudar isso?
 
 
O retorno ao Primeiro Amor
 
Examinemos a mensagem do Senhor à Igreja de Éfeso, no livro de Apocalipse:
 
“Ao anjo da igreja em Éfeso escreve: Isto diz aquele que tem na sua destra
as sete estrelas, que anda no meio dos sete candeeiros de ouro:
Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua perseverança;
sei que não podes suportar os maus, e que puseste à prova
os que se dizem apóstolos e não o são, e os achaste mentirosos;
e tens perseverança e por amor do meu nome sofreste, e não desfaleceste.
Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor.
Lembra-te, pois, donde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; e se não, brevemente virei a ti, e removerei do seu lugar o teu candeeiro, se não te arrependeres.”

(Ap 2.1-5)
 
Vejam que igreja era a Igreja de Éfeso. Imagine Jesus dizendo assim para nossa igreja: “Assim diz o Senhor: conheço as tuas obras e o esforço que fazem para realizá-las; conheço a tua fidelidade com a verdade, e que resiste aos soberbos e mentirosos; vejo que até sofres por mim sem hesitar...” Uau! que testemunho, hein?! Poderíamos parar por aqui, mas o Senhor continua: “mas reprovo você nisso: que não me amas mais como antes...” Ai ai! E o perigo que corremos se não nos arrependermos é grande: “E eis que te digo, peça perdão e volta às primeiras obras; e se não se arrepender, tirarei o meu Espírito do meio de vocês”. Candeeiro é o mesmo que candelabro ou lâmpada. É a expressão figurada do Espírito Santo, que ali no Santo Lugar tem a função de iluminar a mesa dos pães e o altar do incenso, mostrando o caminho para o Santo dos Santos... É sério ou não é? Abandonar o primeiro amor seria pecado contra o Espírito Santo? “Removerei do teu lugar a tua lâmpada...” Ai ai, eu considero isso muito sério.
 
Lembra quando pela primeira vez conhecemos o Senhor, quando Ele se apresentou a nós e abrimos o nosso coração para Ele entrar? Que lindo! Tudo era maravilhoso! Nós estávamos todos sujos, cheios de pecado, e Ele nos perdoou todos os pecados e nos lavou no Seu sangue. Que tremendo! Eu te pergunto: o que você fez para merecer amor Dele? Ele nos amou mesmo quando nós não merecíamos... aliás, merecíamos morrer, mas Ele nos resgatou para vivermos o Seu amor... Lembra disso? Faz tempo, né? Pois é, o que aconteceu então que nos afastou do primeiro amor? Aconteceu que Deus nos chamou para amarmos uns aos outros e sermos amados por Ele, e nós deixamos de fazer isso para fazer um monte de outras coisas que em resumo chama-se cristianismo, o que não reflete o amor Dele. Jesus nos chamou para participarmos do amor do Pai, e nós então transformamos isso numa religião – mais uma em meio a tantas outras. E o pior: nós premiamos aqueles que, mesmo distantes do primeiro amor ou até mesmo sem nunca terem nascido de novo, se distinguem dos outros por entrarem em conformidade com o método de equivalência desse sistema, e reprovamos com um selo de não-conformidade aqueles que não se enquadram em nossa religião. Isso é amor? Eu creio que não.
 
Eu costumo dizer que há duas coisas impossíveis para Deus (eu chamo isso de “minha heresia pessoal” pois se não há impossíveis para Deus...). Primeiro: é impossível para Deus nos amar menos – por piores que sejamos; e segundo: é impossível para Deus nos amar mais – por melhores que sejamos. Sendo assim, não há nada que possamos fazer para que Ele nos ame mais ou menos... Esse é o erro da religião. O cristianismo passa a idéia que, se eu fizer tudo direitinho, Deus irá gostar de mim e não irá me castigar... mas se eu errar, se eu não cumprir a maneira certa de viver o cristianismo, então Deus ficará irado comigo, e irá me castigar. Onde está escrito isso? O que eu aprendo na Bíblia é que o salário do pecado é a morte (Rm 6.23). Ou seja, se eu caminhar em direção ao inferno, é lá que eu vou chegar. Mas isso não diz que Deus deixou de me amar! O inferno foi projetado especialmente para o diabo e seus demônios, não para o homem. Para o homem Deus projetou o Céu, e o desejo do Senhor é que todos sejam salvos. Mas infelizmente muitos não irão, não porque Deus deixou de os amar, mas porque escolheram esse caminho.
 
Vocês vêem como a nossa “transmissão” do Evangelho está distorcida? Nós estamos mentindo para o mundo, dizendo que o cristianismo salvará as pessoas... Tudo o que o cristianismo fará é tornar as pessoas frustradas. Os adeptos dessa religião lêem a Bíblia, oram, tentam ser justas, lutam... mas continuam vazias por dentro. E, com medo de Deus ficar irado, eles acabam se esforçando mais e mais, e o resultado disso tudo é o esgotamento, e acabam lançando a culpa em um Deus distante e vingativo – um Deus que não ama.
 
Amar a Deus não é esforçar-se ao máximo com o intuito de agradá-lo – isso é impossível! Mas amar a Deus é reconhecê-lo como Pai e lançar-se em seus braços, aceitando e recebendo o seu amor. Retornar ao primeiro amor é voltar ao caminho do filho pródigo, é sentir-se amado quando Ele perdoou os nossos pecados, Ele está perdoando os pecados do mundo, é isso que temos que anunciar ao mundo. Se eu receber em mim o amor do Pai, então eu irei reconhecer esse mesmo amor na vida dos meus irmãos, e só assim poderemos viver em comunidade, compartilhando mutuamente desse amor. Esse foi o combustível da Igreja Primitiva. Eles amavam uns aos outros e o coração deles ardia de compaixão pelos perdidos.
 
Se amarmos uns aos outros como Ele nos ama, o mundo todo saberá que somos discípulos Dele. Essa é a nossa missão. Podemos deixar o amor de lado e fazermos um milhão de coisas... não passará de um ruído estridente machucando os ouvidos do Pai.
 
 
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor,
seria como o metal que soa ou como o címbalo que retine.
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres,
e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado,
e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.”

(1Co 13.1-3)
 
 
 
 
UM CHAMADO PARA A IGREJA DE HOJE
 
 
Irmãos, não foi a nossa motivação afrontar aquilo que chamamos de Igreja Visível de hoje. Nosso propósito é expor à luz da Bíblia aquilo que sonhamos e acreditamos ser a vontade de Deus para a Igreja de Jesus. Esse não é um sonho somente nosso, mas de muitos irmãos “escondidos em covas” (1Rs 18.13), remanescentes que estão buscando a promessa de Apocalipse 14.1-5.
 
Cremos que o fim dessa dispensação está mais breve do que nunca. A volta de Jesus nunca esteve tão iminente, e cabe a nós cumprir o último versículo antes do fim da era da Igreja:
 
E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo,
para testemunho de todas as nações. Então, virá o fim.”
(Mt 24.14)
 
A hora é agora! Esteja onde você estiver, responda a Ele:
 
Eis-me aqui (no rol do livro está escrito de mim)
para fazer, ó Deus, a tua vontade.”
(Hb 10.7)
 
 
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“Quem me rejeita e não recebe as minhas palavras tem quem o julgue;
a própria palavra que tenho proferido, essa o julgará no último dia.”

(Jo 12.48)
“Se eu não viera e não lhes falara, não teriam pecado;
agora, porém, não têm desculpa do seu pecado.”

(Jo 15.22)
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O autor reservou-se o direito de manter seu nome no anonimato, a exemplo das citações bíblicas em Lc 9.49-50 e Nm 11.27-29.
Todos os direitos autorais pertencem ao autor. Publicado com permissão.
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