Leia também: Parte 1 | Parte 2 | Parte 3.
IGREJA:
"TIRADOS PARA FORA"
"TIRADOS PARA FORA"
"... e sobre esta pedra edificarei a minha igreja,
e as portas do inferno não prevalescerão contra ela."
(Mt 16.18)
e as portas do inferno não prevalescerão contra ela."
(Mt 16.18)
PARTE 4
A IGREJA QUE ESTÁ EM SUA CASA
Agora
iremos tratar do assunto que mais tem gerado polêmica entre os
pastores, que é a forma visível do Corpo de Cristo na Terra – a Igreja.
Muito se tem discutido a esse respeito, e muitos homens de Deus, de
profunda revelação e conhecimento da palavra, têm participado dessa
discussão, mas muito pouco se avançou nesse ponto pelos mais variados
motivos. Creio eu que o principal motivo é a dificuldade em nos desligar
das fortes correntes de tradição que nos prendem.
Depois
de lermos sobre o modo de caminhar de Cristo e seus discípulos, e
também de Paulo e seus discípulos, depois de vermos o modo como a Igreja
Primitiva obteve sucesso em sua missão, não seria razoável uma reflexão
profunda e um exame criterioso para sabermos se estamos realmente
fazendo a vontade de Deus?
As denominações e os templos
A
forma tradicional da igreja visível, desde o Concílio de Nicéia em
325dC, tem sido a igreja movimentar-se e desenvolver todo o seu
ministério em torno de estruturas físicas, o que normalmente chamamos de
templo. A Igreja Católica desenvolveu-se assim, e a igreja denominada
evangélica também tem se desenvolvido da mesma forma desde a Reforma
Protestante em 1517 até os dias de hoje.
Cada
vez mais é necessário construir estruturas maiores, cada vez mais caras
e equipadas... Entre os motivos para isso, um deles seria acomodar
confortavelmente os membros da Igreja. Aparentemente não haveria
problema com isso, mas eu te pergunto: por quê a Igreja Primitiva, em
300 anos de história, não edificou nenhum templo, nem mesmo um só? Será
que realmente é necessário? E nas ocasiões que Pedro pregou e 3 mil
pessoas creram, e depois mais 2 mil (At 2.41; 4.4), com 5 mil membros,
seria absolutamente normal que pensássemos logo em construir um grande
templo... Mas por quê Pedro, Tiago e João não fizeram o que normalmente
nós teríamos feito? Por um motivo simples: eles viveram com Jesus,
aquele que deixou as sandálias lá no rio Jordão... nós não vivemos. Nós o
conhecemos apenas de ouvir falar... Se nós tivéssemos andado 3 anos e
meio com o Dono dessa obra, não cometeríamos os erros que tão
frequentemente temos cometido, porque conheceríamos o Seu coração.
Saberíamos que não somos nós quem decidimos o que fazer com o dinheiro,
mas sim Ele. E quando eu leio sobre Ele nas Escrituras, eu conheço um
líder que não é apegado a nenhum conforto, a nenhum bem material, mas
que constantemente se compadece dos pobres, chora por eles, faz milagres
por eles. E quando eu vejo aquilo que se identifica como Igreja de
Jesus nos dias de hoje, eu não consigo reconhecer nessa estrutura o
caráter desse homem que hoje não é apenas o Salvador, mas o Rei e Senhor
Jesus.
A única coisa que eu notoriamente reconheço na chamada Igreja de Jesus é isso:
“Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo tope
chegue até aos céus e tornemos célebre o nosso nome,
para que não sejamos espalhados por toda a terra.”
chegue até aos céus e tornemos célebre o nosso nome,
para que não sejamos espalhados por toda a terra.”
(Gn 11.4)
A
única coisa que eu consigo ver na chamada Igreja de Jesus é homens
erguendo torres, cada vez maiores, com o único propósito de tornar seus
nomes célebres... Sobre isso escreveu o Ap. Paulo:
“...que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo; ou, Eu de Apolo;
ou Eu sou de Cefas; ou, Eu de Cristo.
Será que Cristo está dividido? foi Paulo crucificado por amor de vós?
Ou fostes vós batizados em nome de Paulo?”
(1Co 1.12-13)
“Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas,
não é assim que sois carnais e andais segundo o homem?
Quando, pois, alguém diz: eu sou de Paulo, e outro: Eu, de Apolo,
não é evidente que andais segundo os homens?
(1Co 3.3-4)
ou Eu sou de Cefas; ou, Eu de Cristo.
Será que Cristo está dividido? foi Paulo crucificado por amor de vós?
Ou fostes vós batizados em nome de Paulo?”
(1Co 1.12-13)
“Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas,
não é assim que sois carnais e andais segundo o homem?
Quando, pois, alguém diz: eu sou de Paulo, e outro: Eu, de Apolo,
não é evidente que andais segundo os homens?
(1Co 3.3-4)
Eu te pergunto: qual justificativa daremos ao Senhor quanto a nos reunirmos em torno de outro nome, que não o nome do Senhor? “Pois onde se acham dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”... Não foi o que Ele disse em Mt 18.20?“ “...Para que não sejamos espalhados por toda a terra”...
Mas isso não é exatamente o contrário à ordem dada pelo Senhor, de
irmos e fazermos discípulos de todas as nações, desde Jerusalém até os
confins da Terra?
“...Tornou a interrogá-lo o sumo sacerdote e lhe disse:
És tu o Cristo, o Filho do Deus Bendito?
Jesus respondeu: Eu sou...”
(Mc 14.61-62)
És tu o Cristo, o Filho do Deus Bendito?
Jesus respondeu: Eu sou...”
(Mc 14.61-62)
Irmãos pastores e líderes de ministério, chegou a hora de nós fazermos aquela mesma pergunta que Pilatos fez: “O que farei, então, de Jesus, chamado Cristo?” (Mt 27.22). O que faremos de Jesus, irmãos? Lembra das palavras Dele?
“Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras jamais passarão.”
(Mt 24.35)
(Mt 24.35)
Lembra de quando Ele disse que no Juízo separaria as ovelhas dos cabritos? “Tive
fome e me destes de comer... Mas quando te fizemos essas coisas,
Senhor? Quando fizeres a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o
fizestes”. Lembra disso? Pois, caso você não tenha conhecimento,
saiba que agora mesmo há milhares e milhares de irmãos, pastores,
ministros do altar assim como eu e você, que fazem apenas uma refeição
por dia, e isso quando tem algo para comer, porque muitas vezes o
alimento é tão escasso que nunca é suficiente para ele, a esposa e os
filhos... saiba também que esses milhares e milhares de ministros do
Senhor precisam caminhar até 20km no deserto, ou nas montanhas geladas
ou em tantos outros lugares inóspitos dessa Terra, para pregar o
Evangelho às vezes para 1 pessoa só... Pois saiba que as tuas patentes
de ministro são as mesmas desses nobres irmãos! E saiba também que um
dia seremos julgados por isso, porque a Igreja Primitiva fez a sua parte
quando os irmãos da Judéia precisaram ser amparados financeiramente, e
nós seremos julgados nada mais nada menos que pela palavra de Deus:
“Quem me rejeita e não recebe as minhas palavras tem quem o julgue;
a própria palavra que tenho proferido, essa o julgará no último dia.”
(Jo 12.48)
a própria palavra que tenho proferido, essa o julgará no último dia.”
(Jo 12.48)
“Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.”
(Jo 15.14)
(Jo 15.14)
A igreja nos lares
Numa
cidade há casas, empresas, escolas e praças suficiente para toda a
população daquela cidade, certo? Quando a estatística diz que moram 200
mil habitantes em determinada cidade, isso nos informa que há casas
suficientes para essas 200 mil pessoas... de alguma forma elas moram lá.
Quando
Jesus comissionou seus doze discípulos, Ele deu uma ordem a eles, e há
ali um detalhe que trata diretamente sobre a igreja nos lares:
“Em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, procurai saber quem nela é digno, e hospedai-vos aí até que vos retireis. E, ao entrardes na casa, saudai-a; se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz;
mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz.”
(Mt 10.11-13)
mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz.”
(Mt 10.11-13)
Você notou que a ordem de Jesus para os discípulos na evangelização foi “de cidade em cidade e de casa em casa”?
Lembra quando o Senhor foi à casa de Levi e evangelizou os publicanos e
pecadores? E quando o Senhor foi à casa de Simão, o leproso? Pois ele
também foi à casa de Jairo, de Marta, de Zaqueu e de muitos outros
pecadores (Mt 9.10; Mt 26.6-7; Lc 8.41; Lc 10.38; Lc 19.5). Alguém pode
perguntar: “mas seria eficaz esse modo de ser igreja?” Eis a resposta
que encontro na Palavra de Deus:
“Reuniram-se os apóstolos com Jesus e contaram-lhe tudo o que tinham feito e ensinado. Ao que ele lhes disse: Vinde vós, à parte, para um lugar deserto, e descansai um pouco. Porque eram muitos os que vinham e iam, e não tinham tempo nem para comer. Retiraram-se, pois, no barco para um lugar deserto, à parte. Muitos, porém, os viram partir, e os reconheceram; e para lá correram a pé de todas as cidades, e ali chegaram primeiro do que eles. E Jesus, ao desembarcar, viu uma grande multidão e compadeceu-se deles, porque eram como ovelhas que não têm pastor...”
(Mc 6.30-34)
Reparem nesse texto: uma multidão tamanha que os discípulos não tinham tempo nem para comer! “Muitos os reconheceram e para lá correram de todas as cidades...” Já
pensou nisso? Por favor, me respondam: quando eles chegavam em uma
cidade, lá eles inauguravam um templo? Onde essas coisas aconteciam?
Perdoem-me os irmãos, mas era de casa em casa, nas ruas e nas praças, e
uma grande multidão correu a pé de todas as cidades para seguir os
discípulos de Jesus... Isso é bem diferente do que temos visto hoje, não
é mesmo? Hoje vemos pastores implorando para que as pessoas venham ao
templo, através do rádio e da televisão... Campanhas de evangelismo
convidando as pessoas a visitarem o templo, e não convidando as pessoas a
virem a Cristo... O que a multidão desesperadamente anseia é pelo Sal
da Terra e pela Luz do Mundo que cada filho de Deus deveria ser... Não
mais um templo; não mais uma denominação. Mas que a Luz do Mundo entre
em suas casas e os salvem da escuridão! Foi isso o que o Senhor nos
mandou fazer.
“Vós bem sabeis de que modo me tenho portado entre vós sempre...
servindo ao Senhor com toda a humildade, e com lágrimas e provações...
como não me esquivei de vos anunciar coisa alguma que útil seja,
ensinando-vos publicamente e de casa em casa,
ensinando-vos publicamente e de casa em casa,
testificando, tanto a judeus como a gregos,
o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus.”
o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus.”
(At 20.18-21)
Da
mesma forma os apóstolos, sem rádio, sem televisão, sem templos,
somente através do simples testemunho de suas vidas encheram Jerusalém
com o Evangelho de Jesus e também viraram o mundo de cabeça para baixo
(At 5.28; At 17.6; At 13.44). Como conseguiram isso? Qual a diferença
entre nós e eles? É que eles confiavam somente no poder do Espírito
Santo, nada mais. Eles não tinham jornais, nem revistas, nem Internet,
nem rádio nem TV, nem o apoio de políticos ou de empresários, muito
menos tinham templos, catedrais, sede ou filiais... Somente o Espírito
Santo! Eu te pergunto: quem tem o Espírito Santo, precisa de mais alguma
coisa? Não... Quem tem o Espírito Santo precisa de boas idéias,
técnicas de marketing ou de psicologia? Não, não... sinceramente não!
A
respeito dos templos, muitos irmãos me questionam: “Mas em Atos 2.42,
os irmãos não perseveravam unânimes no templo?” Sim, e isso durou por 40
anos assim, e nem os apóstolos nem os judeus convertidos anunciaram o
Evangelho aos gentios. Mas Jesus não ordenou que fossem testemunhas dele
desde Jerusalém até os confins da Terra? O que aconteceu então? No ano
64dC iniciou-se a perseguição aos cristãos, e no ano 70dC o imperador
Tito destruiu Jerusalém, inclusive o templo. Vimos isso estudando sobre a
Igreja de Antioquia. Depois disso, os cristãos foram dispersos e
tiveram que se misturar. Eu creio que o próprio Deus permitiu a
perseguição e a destruição do templo para que os cristãos cumprissem a
ordem dada por Jesus. Por quê durante 40 anos eles não foram aos
gentios? Porque ficar em Jerusalém era mais confortável... Ter o templo
ali era confortável... Lembra da torre de Babel? “Para que não sejamos espalhados por toda a terra...”
Nós não queremos nos espalhar; queremos sim é nos ajuntar. Queremos
formar um sistema religioso confortável e conveniente para a nossa alma,
onde a consciência não nos culpa por um serviço meramente religioso
onde uma maioria passiva contempla o trabalho de uma minoria ativa. Isso
não é o Reino de Deus, é religião.
Quando estudamos a Igreja na Bíblia, nós encontramos 3 aspectos dela:
Primeiro: a Igreja Universal
– a Noiva – que está descrita em Ap 5.9-10, e que Jesus declarou que a
edificará (Mt 16.18). Este é o Corpo de Cristo em todo lugar (Jo
1.12-13; 1Co 12.12-14). Como declarou o Ap. Tiago, “as doze tribos que
se encontram na dispersão” (Tg 1.1; ver Ap 14.1-5);
Segundo: a igreja local
– a igreja de Cristo na cidade – a Igreja de Corinto, a Igreja de
Éfeso, a igreja de Cristo que está em uma cidade. A Igreja de Cristo na
cidade é uma só igreja (Rm 1.7; 1Co 1.2; 2Co 1.1; Gl 1.2; Ef 1.1; Fp
1.1; Cl 1.2; 1Ts 1.1; 2Ts 1.1; 1Pe 1.1);
Terceiro: a igreja nos lares
– a igreja que está na casa – o local onde os irmãos congregavam. Como a
igreja de Jerusalém, que se reunia na casa de Maria, mãe de João Marcos
(At 2.1-2; 12.5; 12.12); a igreja na casa de Priscila e Áquila, tanto
em Corinto, como também em Éfeso e em Roma (At 18.1-4; At 18.18-19; Rm
16.3-5; 1Co 16.19); a igreja na casa de Lídia em Tiatira (At 16.14-15;
16.40); a igreja na casa de Ninfas, em Colossos (Cl 4.15); a igreja na
casa de Arquipo, em Laodicéia (Fm 1-2; Cl 4.16-17); e a casa de Paulo
em Roma, onde pregava e ensinava (At 28.30-31).
“O que faremos, irmãos?” (At 2.37)
“Mas temo que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia,
assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos entendimentos
e se apartem da simplicidade e da pureza que há em Cristo.”
(2Co 11.3)
assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos entendimentos
e se apartem da simplicidade e da pureza que há em Cristo.”
(2Co 11.3)
Irmãos,
me respondam: devemos permanecer como estamos? Ou retornar à
simplicidade do Evangelho? Eu não quero convencê-lo, pois somente o
Espírito Santo é quem convence, mas quando Paulo diz:
“Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei o fundamento como prudente construtor; e outro edifica sobre ele. Porém cada um veja como edifica. Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo. Contudo, se
o que alguém edifica sobre o fundamento é ouro, prata, pedras
preciosas, madeira, feno, palha, manifesta se tornará a obra de cada um; pois o Dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo, e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará.”
(1Co 3.10-13)
(1Co 3.10-13)
O
fundamento é Jesus Cristo, isso é imutável. Mas o que nós estamos
edificando sobre esse fundamento? Qual obra estamos levantando sobre o
fundamento que é Cristo? Não se engane achando que nunca haverá uma
prestação de contas, pois “manifesta se tornará a obra de cada um, e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará”
(v.13). Se o que estamos edificando é ouro, prata e pedras preciosas,
aí sim eu posso pensar que está tudo bem... Mas eu te pergunto: no
conceito de Jesus, o que é realmente a verdadeira riqueza? O que
realmente vale como ouro, prata e pedras preciosas para Jesus? Lembra do
jovem rico? (Mc 10.17-22) O que era para Jesus um tesouro no céu?
Resposta: vender todos os bens e dar aos pobres... Lembra? “Tive fome... tive sede... estive nú... enfermo... encarcerado...”
O conceito de Jesus quanto ao que é ouro, prata e pedras preciosas é
muito diferente do conceito carnal e mundano que temos. E o que seria
então, no conceito do Senhor, madeira, feno e palha? Olha o que o Senhor
Jesus disse à igreja de Sardes:
“...Conheço as tuas obras; tens nome de que vives, e estás morto.
Sê vigilante, e confirma o restante, que estava para morrer;
porque não tenho achado as tuas obras perfeitas diante do meu Deus.”
(Ap 3.1-2)
Sê vigilante, e confirma o restante, que estava para morrer;
porque não tenho achado as tuas obras perfeitas diante do meu Deus.”
(Ap 3.1-2)
“Estas
coisas, irmãos, apliquei-as figuradamente a mim mesmo e a Apolo, por
vossa causa, para que por nosso exemplo aprendais isto: não ultrapasseis
o que está escrito; a fim de que ninguém se ensorbebeça a favor de um
em detrimento de outro.”
(1Co 3.10-13)
Irmãos,
ou retornamos à pureza e simplicidade do Evangelho de Cristo, ou haverá
uma grande fogueira no Dia do Juízo, e nossas obras não passarão de
cinzas. Quer arriscar? Eu não! Ai de nós, irmãos! Ai de nós que somos
chamados para pastorear o rebanho Dele. Ai de nós se ultrapassarmos uma
vírgula só, pois essa obra não é nossa; a Igreja não é nossa. É a Noiva
de Cristo. Um dia haverá um casamento, e este dia está breve.
O AMOR É O COMBUSTÍVEL
QUE MOVE A IGREJA
QUE MOVE A IGREJA
“Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos,
se tiverdes amor uns aos outros.”
se tiverdes amor uns aos outros.”
(Jo 13.35)
A
melhor apresentação do evangelho que já ouvi veio da boca de um ateu.
Isso talvez surpreenda a muitos, como, à ocasião, aconteceu comigo. Há
cinco anos, tomei um avião em Los Angeles com destino a Pittsburg.
Sentei-me perto de um homem que trazia uma revista secular cuja capa
anunciava a história sobre o conflito entre cristãos e a política nos
Estados Unidos. Na primeira oportunidade, perguntei se poderia ler assim
que ele tivesse terminado. Depois de certificar-se do meu interesse
pelo artigo, disparou: “Eu odeio vocês, cristãos”. Eu nem havia dito a
ele que era cristão, e ele já me odiava. “Por quê?”, eu quis saber. Ele
demonstrou ressentimento pelo fato de, em sua opinião, os cristãos
quererem forçar as outras pessoas a viverem de acordo com as crenças
deles.
Travamos
uma conversa de conhecimento: atividades profissionais, famíla,
origens, destino da viagem. Na minha vez, disse que fazia todo o tipo de
coisas. Nos aviões, por exemplo, tinha o costume de me apresentar como
alguém que vagueia pelo planeta ajudando pessoas a entender o que
realmente Jesus ensinou. Ele olhou para mim um tanto assustado e
perguntou se eu gostaria de saber o que ele, um ateu que odeia cristãos,
pensava sobre o que realmente Jesus ensinou. Disse-lhe que sim e ouvi a
melhor apresentação do evangelho com que já tomara contato em toda a
minha vida: “Eu acho que Jesus nos ensinou que temos um Pai que nos ama
mais do que sabemos e que se pudéssemos entender isso, saberíamos como
nos tratar uns aos outros”.
Eu
fiquei boquiaberto, chocado. Ele quis saber o motivo do meu espanto.
“Tenho ido a todas as partes do mundo. Já ouvi todo o tipo de pessoas
compartilharem o evangelho, mas nunca ouvi ninguém dizer melhor o que
Jesus queria dizer”. Desconfiado, ele perguntou por que eu diria uma
coisa daquelas. Respondi-lhe que ele havia dito exatamente o que Jesus
diria. Contei-lhe que em sua última noite com os discípulos, Jesus
pronunciou as seguintes palavras: “Eu vou dar a vocês um novo
mandamento: amem uns aos outros como eu os tenho amado. Assim todo o
mundo saberá que vocês são meus discípulos”. Na sequência da conversa,
minha pergunta não poderia ser outra: “Por que você não acredita?” A
resposta dele foi: “Eu nunca vi alguém viver isso”. Ele pensava que
aquilo que Jesus nos ensinou não poderia ser real porque seus seguidores
não conseguiram colocar em prática.
A
experiência narrada acima por um pastor americano durante uma
conferência no Brasil expressa muito bem a realidade da Igreja: nós,
cristãos, não somos reconhecidos pelo mundo como discípulos de Jesus. E
não podemos culpá-los por isso porque a falha não está neles, mas em
nós. Eu aprendi na Física que a comunicação só é bem sucedida quando o
transmissor envia o sinal com qualidade e o receptor é capaz de
recebê-lo. E quando o receptor não recebe o sinal com clareza, é porque o
transmissor falhou em transmitir o sinal. E Jesus, que é o criador do
universo todo e certamente entende muito de Física, Ele me ensinou que,
se o vizinho ou o colega de trabalho não percebem que eu sou um
discípulo de Jesus, é porque eu estou falhando na transmissão dessa
mensagem. Essa é a regra de comunicação: a falha está no transmissor! Eu
não posso culpar meu vizinho por ele estar sintonizado “no canal
errado”; nós é que temos que transmitir o sinal no canal certo que eles
irão compreender... que canal é esse? É o amor ágape, aquele amor que
vem do Alto.
Tudo
o que Jesus fez neste mundo tinha a marca do amor. Até mesmo quando
Jesus se irou (é possível se irar sem pecar – Sl 4.4; Ef 4.26) Ele fez
isso por amor, para que o povo e os sacerdotes se voltassem para o Pai
com sinceridade de coração. Mas em tudo Nele era reconhecido o amor,
porque Deus é amor. Se o Pai é amor, o Filho também é amor, e se nós
somos filhos de Deus pelo novo nascimento, então recebemos Dele o DNA do
Pai, que é Amor:
“Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus;
e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.
Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor.”
(1Jo 4.7-8)
e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.
Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor.”
(1Jo 4.7-8)
“Amados,
se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos
outros. Ninguém jamais viu a Deus; se nos amamos uns aos outros,
Deus permanece em nós, e o seu amor é em nós aperfeiçoado.”
(1Jo 4.11-12)
Deus permanece em nós, e o seu amor é em nós aperfeiçoado.”
(1Jo 4.11-12)
Como
eu disse anteriormente, o amor que Jesus disse que esfriaria de quase
todos, lá em Mt 24.12, é justamente o amor ágape, que vem do Pai, que
está no Filho, e que nos é dado pelo Espírito Santo. Quando na Igreja
Primitiva os irmãos vendiam seus bens e propriedades e depositavam aos
pés dos apóstolos, isso era feito por amor (At 4.34-37). Não havia outra
motivação, só o amor. Quando Ananias e Safira tentaram mascarar a
verdade, dando a entender que eles estavam dando tudo, o que aconteceu
foi que Deus tirou-lhes a vida, como exemplo do castigo pela falsidade
de um amor aparente, uma mentira (At 5.1-11). “E por se multiplicar a iniquidade, o amor de quase todos esfriará”... Já começou a esfriar desde Ananias e Safira, e nos dias atuais está a quase zero. Mas como mudar isso?
O retorno ao Primeiro Amor
Examinemos a mensagem do Senhor à Igreja de Éfeso, no livro de Apocalipse:
“Ao anjo da igreja em Éfeso escreve: Isto diz aquele que tem na sua destra
as sete estrelas, que anda no meio dos sete candeeiros de ouro:
Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua perseverança;
sei que não podes suportar os maus, e que puseste à prova
os que se dizem apóstolos e não o são, e os achaste mentirosos;
e tens perseverança e por amor do meu nome sofreste, e não desfaleceste.
Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor.
Lembra-te, pois, donde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; e se não, brevemente virei a ti, e removerei do seu lugar o teu candeeiro, se não te arrependeres.”
(Ap 2.1-5)
as sete estrelas, que anda no meio dos sete candeeiros de ouro:
Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua perseverança;
sei que não podes suportar os maus, e que puseste à prova
os que se dizem apóstolos e não o são, e os achaste mentirosos;
e tens perseverança e por amor do meu nome sofreste, e não desfaleceste.
Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor.
Lembra-te, pois, donde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; e se não, brevemente virei a ti, e removerei do seu lugar o teu candeeiro, se não te arrependeres.”
(Ap 2.1-5)
Vejam que igreja era a Igreja de Éfeso. Imagine Jesus dizendo assim para nossa igreja: “Assim
diz o Senhor: conheço as tuas obras e o esforço que fazem para
realizá-las; conheço a tua fidelidade com a verdade, e que resiste aos
soberbos e mentirosos; vejo que até sofres por mim sem hesitar...” Uau! que testemunho, hein?! Poderíamos parar por aqui, mas o Senhor continua: “mas reprovo você nisso: que não me amas mais como antes...” Ai ai! E o perigo que corremos se não nos arrependermos é grande: “E eis que te digo, peça perdão e volta às primeiras obras; e se não se arrepender, tirarei o meu Espírito do meio de vocês”.
Candeeiro é o mesmo que candelabro ou lâmpada. É a expressão figurada
do Espírito Santo, que ali no Santo Lugar tem a função de iluminar a
mesa dos pães e o altar do incenso, mostrando o caminho para o Santo dos
Santos... É sério ou não é? Abandonar o primeiro amor seria pecado
contra o Espírito Santo? “Removerei do teu lugar a tua lâmpada...” Ai ai, eu considero isso muito sério.
Lembra
quando pela primeira vez conhecemos o Senhor, quando Ele se apresentou a
nós e abrimos o nosso coração para Ele entrar? Que lindo! Tudo era
maravilhoso! Nós estávamos todos sujos, cheios de pecado, e Ele nos
perdoou todos os pecados e nos lavou no Seu sangue. Que tremendo! Eu te
pergunto: o que você fez para merecer amor Dele? Ele nos amou mesmo
quando nós não merecíamos... aliás, merecíamos morrer, mas Ele nos
resgatou para vivermos o Seu amor... Lembra disso? Faz tempo, né? Pois
é, o que aconteceu então que nos afastou do primeiro amor? Aconteceu que
Deus nos chamou para amarmos uns aos outros e sermos amados por Ele, e
nós deixamos de fazer isso para fazer um monte de outras coisas que em
resumo chama-se cristianismo, o que não reflete o amor Dele. Jesus nos
chamou para participarmos do amor do Pai, e nós então transformamos isso
numa religião – mais uma em meio a tantas outras. E o pior: nós
premiamos aqueles que, mesmo distantes do primeiro amor ou até mesmo sem
nunca terem nascido de novo, se distinguem dos outros por entrarem em
conformidade com o método de equivalência desse sistema, e reprovamos
com um selo de não-conformidade aqueles que não se enquadram em nossa
religião. Isso é amor? Eu creio que não.
Eu
costumo dizer que há duas coisas impossíveis para Deus (eu chamo isso
de “minha heresia pessoal” pois se não há impossíveis para Deus...).
Primeiro: é impossível para Deus nos amar menos – por piores que
sejamos; e segundo: é impossível para Deus nos amar mais – por melhores
que sejamos. Sendo assim, não há nada que possamos fazer para que Ele
nos ame mais ou menos... Esse é o erro da religião. O cristianismo passa
a idéia que, se eu fizer tudo direitinho, Deus irá gostar de mim e não
irá me castigar... mas se eu errar, se eu não cumprir a maneira certa de
viver o cristianismo, então Deus ficará irado comigo, e irá me
castigar. Onde está escrito isso? O que eu aprendo na Bíblia é que o
salário do pecado é a morte (Rm 6.23). Ou seja, se eu caminhar em
direção ao inferno, é lá que eu vou chegar. Mas isso não diz que Deus
deixou de me amar! O inferno foi projetado especialmente para o diabo e
seus demônios, não para o homem. Para o homem Deus projetou o Céu, e o
desejo do Senhor é que todos sejam salvos. Mas infelizmente muitos não
irão, não porque Deus deixou de os amar, mas porque escolheram esse
caminho.
Vocês
vêem como a nossa “transmissão” do Evangelho está distorcida? Nós
estamos mentindo para o mundo, dizendo que o cristianismo salvará as
pessoas... Tudo o que o cristianismo fará é tornar as pessoas
frustradas. Os adeptos dessa religião lêem a Bíblia, oram, tentam ser
justas, lutam... mas continuam vazias por dentro. E, com medo de Deus
ficar irado, eles acabam se esforçando mais e mais, e o resultado disso
tudo é o esgotamento, e acabam lançando a culpa em um Deus distante e
vingativo – um Deus que não ama.
Amar
a Deus não é esforçar-se ao máximo com o intuito de agradá-lo – isso é
impossível! Mas amar a Deus é reconhecê-lo como Pai e lançar-se em seus
braços, aceitando e recebendo o seu amor. Retornar ao primeiro amor é
voltar ao caminho do filho pródigo, é sentir-se amado quando Ele perdoou
os nossos pecados, Ele está perdoando os pecados do mundo, é isso que
temos que anunciar ao mundo. Se eu receber em mim o amor do Pai, então
eu irei reconhecer esse mesmo amor na vida dos meus irmãos, e só assim
poderemos viver em comunidade, compartilhando mutuamente desse amor.
Esse foi o combustível da Igreja Primitiva. Eles amavam uns aos outros e
o coração deles ardia de compaixão pelos perdidos.
Se
amarmos uns aos outros como Ele nos ama, o mundo todo saberá que somos
discípulos Dele. Essa é a nossa missão. Podemos deixar o amor de lado e
fazermos um milhão de coisas... não passará de um ruído estridente
machucando os ouvidos do Pai.
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor,
seria como o metal que soa ou como o címbalo que retine.
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres,
e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado,
e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.”
(1Co 13.1-3)
seria como o metal que soa ou como o címbalo que retine.
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres,
e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado,
e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.”
(1Co 13.1-3)
UM CHAMADO PARA A IGREJA DE HOJE
Irmãos,
não foi a nossa motivação afrontar aquilo que chamamos de Igreja
Visível de hoje. Nosso propósito é expor à luz da Bíblia aquilo que
sonhamos e acreditamos ser a vontade de Deus para a Igreja de Jesus.
Esse não é um sonho somente nosso, mas de muitos irmãos “escondidos em
covas” (1Rs 18.13), remanescentes que estão buscando a promessa de
Apocalipse 14.1-5.
Cremos
que o fim dessa dispensação está mais breve do que nunca. A volta de
Jesus nunca esteve tão iminente, e cabe a nós cumprir o último versículo
antes do fim da era da Igreja:
“E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo,
para testemunho de todas as nações. Então, virá o fim.”
para testemunho de todas as nações. Então, virá o fim.”
(Mt 24.14)
A hora é agora! Esteja onde você estiver, responda a Ele:
“Eis-me aqui (no rol do livro está escrito de mim)
para fazer, ó Deus, a tua vontade.”
para fazer, ó Deus, a tua vontade.”
(Hb 10.7)
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“Quem me rejeita e não recebe as minhas palavras tem quem o julgue;
a própria palavra que tenho proferido, essa o julgará no último dia.”
(Jo 12.48)
a própria palavra que tenho proferido, essa o julgará no último dia.”
(Jo 12.48)
“Se eu não viera e não lhes falara, não teriam pecado;
agora, porém, não têm desculpa do seu pecado.”
(Jo 15.22)
agora, porém, não têm desculpa do seu pecado.”
(Jo 15.22)
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O autor reservou-se o direito de manter seu nome no anonimato, a exemplo das citações bíblicas em Lc 9.49-50 e Nm 11.27-29.
Todos os direitos autorais pertencem ao autor. Publicado com permissão.
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