Leia também: Parte 1 | Parte 2 | Parte 4.
IGREJA:
"TIRADOS PARA FORA"
"TIRADOS PARA FORA"
"... e sobre esta pedra edificarei a minha igreja,
e as portas do inferno não prevalescerão contra ela."
(Mt 16.18)
e as portas do inferno não prevalescerão contra ela."
(Mt 16.18)
PARTE 3
O MODELO BÍBLICO DE DISCIPULADO
Estudando
os Evangelhos e o livro de Atos, eu encontrei um movimento comum que
ocorreu no ministério do Senhor, dos apóstolos, de Barnabé, de Paulo, e
assim sussessivamente. Existe ali uma clara cadeia de discipulado que
começa com o Senhor Jesus e vai até Priscila e Áquila, Timóteo, etc. Mas
como isso se sucedeu? Vejamos...
O modelo de liderança de Jesus
Primeiro
veio o Senhor Jesus, que saiu de sua “terra” e veio até nós, certo?
Pois logo no início do seu ministério Ele toma uma decisão muito
importante que torna-se o cerne de sua jornada: fazer discípulos. E ele
fez, começando por Pedro e André:
“E Jesus, andando ao longo do mar da Galiléia,
viu dois irmãos - Simão, chamado Pedro, e seu irmão André,
os quais lançavam a rede ao mar, porque eram pescadores.
Disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.
Eles, pois, deixando imediatamente as redes, o seguiram.”
(Mt 4.18-19)
viu dois irmãos - Simão, chamado Pedro, e seu irmão André,
os quais lançavam a rede ao mar, porque eram pescadores.
Disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.
Eles, pois, deixando imediatamente as redes, o seguiram.”
(Mt 4.18-19)
Logo depois Jesus chama a Tiago e João:
“E, passando mais adiante, viu outros dois irmãos - Tiago, filho de Zebedeu,
e seu irmão João, no barco com seu pai Zebedeu, consertando as redes;
e os chamou. Estes, deixando imediatamente o barco e seu pai, seguiram-no.”
(Mt 4.21-22)
e seu irmão João, no barco com seu pai Zebedeu, consertando as redes;
e os chamou. Estes, deixando imediatamente o barco e seu pai, seguiram-no.”
(Mt 4.21-22)
Destes
versículos já podemos tirar grandes lições: a primeira é que o líder
deve chamar seus seguidores. A segunda é que os discípulos devem deixar
tudo para trás, e seguir seu líder. O discipulado de sucesso é aquele
que o líder chama seu liderado e este o segue imediatamente, deixando
tudo para trás. O que isso significa? Significa que o líder adota o
discípulo como um filho, assumindo-o em todas as responsabilidades e
condições. Onde estavam Pedro e André? No barco, trabalhando... e o
barco ficou para trás. E agora, quem paga as contas? O líder! Onde
estavam Tiago e João? No barco do pai, trabalhando... e o barco e o pai
ficaram para trás! E agora, quem é o pai deles? O líder, Jesus. Mas e
nós, estamos chamando nossos seguidores para assumirem um discipulado a
esse nível? Estamos dispostos a pagar as suas contas, a cobri-los como
pais espirituais e torná-los nossos filhos? Jesus tornou-se pai dos seus
discípulos (Jo 21.5). Eu imagino que Pedro, André, Tiago e João tomaram
essa decisão radical porque sentiram firmeza em quem os estavam
chamando. Isso é muito sério!
Quando
eu decidi tornar-me discípulo do meu pastor, ele por sua vez me adotou
como filho, e não somente eu, mas minha esposa e minhas filhas também.
Ele me sustentou, me apoiou e dividiu o prato comigo e com minha
família. Até hoje comemos na mesma mesa e, se necessário, comemos no
mesmo prato. Essa é a confiança que eu tenho no meu pastor. Esse é o
caráter de um líder como Jesus. Ele assume o papel de pai, torna-se pai
mesmo. Mas e nós, estamos transmitindo a mesma confiança a nossos
liderados? Será que eles confiam em nós a tal ponto? Esse é um bom
sinal: “eles, pois, deixando imediatamente as redes, o seguiram”.
O discipulado de sucesso começa com o líder em ser verdadeiramente pai
dos seus discípulos; e termina com os discípulos em confiarem totalmente
em seu líder e o seguirem. Vejam o exemplo de Levi em Lc 5.27-28: “Este, deixando tudo, levantou-se e o seguiu”. Ser seu díscípulo tem que valer a pena, senão ninguém te seguirá.
Primeiro o líder chama os seus seguidores e os adota, mas depois disso ele deve treinar e capacitar os seus liderados. Vejamos o exemplo do Senhor Jesus:
“Jesus, pois, vendo as multidões, subiu ao monte; e, tendo se assentado,
aproximaram-se os seus discípulos, e ele se pôs a ensiná-los...”
(Mt 5.1-2)
aproximaram-se os seus discípulos, e ele se pôs a ensiná-los...”
(Mt 5.1-2)
E
ali o Senhor ditou o sermão do monte, e também deu várias advertências e
ensinos aos discípulos. Ou seja, Ele ensinou, treinou e capacitou os
discípulos. Os seus liderados devem receber de você o ensino, eles tem
que conhecer a sua voz, sentir o seu ritmo, eles têm que conhecer até
mesmo a batida do teu coração! (Jo 21.20). Você sabe como é que as
ovelhas passam a conhecer a voz do pastor, ao ponto de sentirem a batida
do seu coração? Quando ele as carrega no colo, encostadas em seu peito.
Será que nossas ovelhas têm sentido o nosso calor? Ai irmãos! Os teus
discípulos têm que se sentir preparados e confiantes para a missão que
virá a seguir. Eles têm que sentir que o seu ensino é verdade, senão
eles não acreditarão em você. Eles têm que se sentir sustentados em teus
braços, senão não valerá a pena obedecer quando você os chamar para a
missão.
Após tê-los dado o treinamento necessário, Jesus os envia para um teste prático no campo:
“E, chamando a si os seus doze discípulos, deu-lhes autoridade...”
(Mt 10.1)
(Mt 10.1)
“A estes doze enviou Jesus, dando-lhes as seguintes instruções...”
(Mt 10.5)
(Mt 10.5)
“Eis que vos envio...”
(Mt 10.16)
(Mt 10.16)
Vejam
que está muito clara a cobertura que o Senhor deu aos seus liderados:
Ele os enviou dando-lhes autoridade, respaldo, Ele confiou em seus
discípulos. E eles foram com a certeza de que o Senhor está os cobrindo.
Vejam que Jesus os istruiu perfeitamente sobre a missão. Ele não os
lançou num “buraco negro” ou numa fogueira. Eles sabiam exatamente o que
tinham que fazer, porque o Mestre foi muito claro em transmitir-lhes a
ordem. Discipulado é isso: os liderados conhecem o teu coração, eles
entendem a tua mensagem e seguem a sua ordem porque a tua liderança está
muito clara e transparente, a tua mensagem está nítida e eles estão
reconhecendo em você um líder que vale a pena seguir. Se a sua liderança
não estiver acontecendo dessa forma, é hora de reavaliar a sua forma de
liderar seus discípulos.
E, depois de tudo isso, no retorno da missão, o Senhor os recepciona para um momento a sós, em comunhão:
“Reuniram-se os apóstolos com Jesus e contaram-lhe tudo
o que tinham feito e ensinado. Ao que ele lhes disse: Vinde vós, à parte,
para um lugar deserto, e descansai um pouco. Porque eram muitos os que vinham e iam, e não tinham tempo nem para comer.
Retiraram-se, pois, no barco para um lugar deserto, à parte.”
(Mc 6.30-32)
o que tinham feito e ensinado. Ao que ele lhes disse: Vinde vós, à parte,
para um lugar deserto, e descansai um pouco. Porque eram muitos os que vinham e iam, e não tinham tempo nem para comer.
Retiraram-se, pois, no barco para um lugar deserto, à parte.”
(Mc 6.30-32)
Outro
segredo na liderança de Jesus: nós líderes devemos ser um porto de
refúgio para os nossos liderados. Eles devem encontrar em nós um coração
preocupado com eles, um refúgio mesmo. Se eles estão cansados, eles têm
que encontrar em nós o descanso. Lembra do Salmo 23? “Deitar-me faz em pastos verdejantes; guia-me mansamente a águas tranqüilas”
(v. 2). Você tem guiado seus discípulos a pastos verdejantes e a águas
tranquilas? Pois o Senhor Jesus fez isso com os seus discípulos, e nós
devemos fazer o mesmo também.
E
agora, no final, quando os discípulos já estão prontos, o Senhor Jesus
definivamente os envia para serem líderes como Ele foi e a fazerem o
mesmo que Ele fez. Primeiro Ele chamou, depois ensinou, treinou e os
capacitou, depois levou-os para o teste prático dando-lhes autoridade e,
finalmente, os ordenou para a missão da Igreja:
“E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo:
Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra.
Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações,
batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado;
e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.”
(Mt 28-18-20)
Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra.
Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações,
batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado;
e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.”
(Mt 28-18-20)
“Mas
recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis
testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samária, e até
os confins da terra.Tendo ele dito estas coisas, foi levado para cima, enquanto eles olhavam, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos.”
(At 1.8-9)
(At 1.8-9)
Pastores,
tentem me compreender com espírito manso e humilde. É aqui que nós
estamos cometendo os piores erros com os nossos liderados, não
depositando sobre eles a confiança que eles merecem após eles mesmos
terem depositado toda a confiança em nós como pastores, como líderes que
vale a pena seguir. Nós não estamos formando apostolos, profetas,
evangelistas, pastores e mestres, mas estamos formando gerentes de
filial, suplentes, substitutos de ocasião. Não foi isso que o Senhor
Jesus fez! Ele subiu aos céus, Ele voltou para casa! E Ele confiou
totalmente nos seus discípulos, tornando-os apóstolos e entregando-lhes
as chaves do Reino aqui na Terra. Agora era com eles; o Senhor dependia
da fidelidade deles, mas Ele chamou, ensinou, treinou, e agora enviou
mesmo! Se deu certo com os apóstolos, por que não daria com os nossos
melhores líderes? “Dar-te-ei as chaves do Reino dos céus...” (Mt
16.19) Ele disse para Pedro. Ele deu para Pedro essas chaves, e continua
dando essas chaves a nós até hoje, mesmo não merecendo. Ele acredita em
nós assim como acreditou em Pedro. Por que não faríamos o mesmo com
nossos discípulos? Não faríamos o mesmo somente se não acreditássemos em
nossa própria liderança. Eu e você precisamos ser humildes para
reconhecer e mudar.
O modelo de liderança dos apóstolos na vida de Paulo
A
história de Deus na vida de Paulo começa com o martírio de Estêvão. Ele
estava ali e vendo tudo aquilo, e consentiu com a morte daquele homem
(At 7.56-60). A história segue narrando a fúria que Saulo nutria contra
os cristãos (At 9.1-2) quando Ele se pôs no caminho de Saulo, e a
história mudou (At 9.3-4). Mais uma vez Jesus atua dentro do seu chamado
missionário para mudar a história, antes na vida dos apóstolos, e agora
na vida deste que foi o maior homem de Deus narrado no Novo Testamento.
O bastão foi passado (At 9.15-16). Saulo se converteu.
Então
Paulo torna-se discípulo de Ananias, seu primeiro pastor (At 9.18-19).
Depois de muitos dias, Paulo vai até Jerusalém para aprender com os
apóstolos (At 9.26-27). Agora seu discipulado foi com aqueles que foram
testemunhas oculares da história de Jesus na Terra; aqueles que
aprenderam diretamente com o Mestre. Provavelmente foi aqui que Barnabé
conheceu a Paulo, e este passou a ser discipulado diretamente por
Barnabé, seu principal discipulador como vimos anteriormente.
Agora
Saulo torna-se discípulo de Barnabé, e este o leva para Cesaréia e
também para Tarso, cidade natal de Saulo. Desde Damasco, quando Paulo
ainda era discípulo de Ananias, ele prega e exerce o seu chamado – ou
seja, já foi logo praticando tudo o que aprendeu. Lembra quando o Senhor
comissionou os discípulos para “treinarem”? (Mt 10). Saulo está
treinando...
Quando
Barnabé retorna de Antioquia para Tarso à procura de Saulo, este é
levado por Barnabé para Antioquia, e ali o discipulado de Barnabé na
vida de Saulo tornou-se ainda mais intenso, aprendendo e praticando
também em Antioquia (At 11.26).
Um
ano depois, estando Barnabé e Saulo servindo e jejuando na Igreja de
Antioquia, o Espírito os chama para, enfim, cumprirem o chamado
apostólico (At 13.1-2). É o Espírito Santo quem os envia. Observe que
ocorreu na vida de Saulo o mesmo crescimento que houve na vida dos
apóstolos: chamado – aprendizado – treinamento – ordenação.
Agora ele é chamado e guiado pelo Espírito Santo para a obra, mas
continua tendo um pastor sobre a vida dele. Mas observe também que
Barnabé é o primeiro nome entre os profetas e mestres de Antioquia, e
Saulo é o último. Saulo agora é apóstolo, mas o discipulado não termina
aqui. O que eu aprendo com isso? Que não existe nenhum relato bíblico
que nos mostre que Barnabé ou outro líder da igreja exercia governo
sobre o ministério de Paulo – é o Espírito Santo quem edifica a Igreja –
mas Paulo continua tendo um pastor que cuida dele, para que ele cumpra o
seu chamado: “Separai-me agora, para a obra que os tenho chamado”. Da mesma forma que o Senhor Jesus formou os apóstolos, Paulo também foi formado: 1. chamado – 2. ensino– 3. treinamento – 4. ordenação.
O modelo de liderança de Paulo na vida de Áquila e Priscila
Neste
“seminário do Espírito Santo”, qual foi a única coisa que Paulo
aprendeu a fazer? Foi o que ele aprendeu com os apóstolos, que por sua
vez aprenderam com o Senhor Jesus: Ir e fazer discípulos de todas as
nações, pregar o Evangelho a toda criatura, desde Jerusalém, Samaria e
toda a
Judéia, até os confins da Terra. Foi isso o que ele aprendeu, e foi somente isso o que ele fez. Em todo o seu ministério, desde At 13.1 até 2Tm 4.6, Paulo apenas cumpriu a ordem dada pelo Senhor Jesus em Mt 28.19-20, Mc 16.15, Lc 24.47 e At 1.8 . Podemos notar o mesmo modelo de formação de discípulos também na vida de Áquila e Priscila.
Judéia, até os confins da Terra. Foi isso o que ele aprendeu, e foi somente isso o que ele fez. Em todo o seu ministério, desde At 13.1 até 2Tm 4.6, Paulo apenas cumpriu a ordem dada pelo Senhor Jesus em Mt 28.19-20, Mc 16.15, Lc 24.47 e At 1.8 . Podemos notar o mesmo modelo de formação de discípulos também na vida de Áquila e Priscila.
Em
At 16.1-5, depois do episódio de separação entre Paulo e Barnabé, um
discípulo se sobressai: Timóteo, e Paulo o adota como filho em seu
ministério (lembram de Jesus, que adotou os apóstolos? E de Barnabé, que
adotou a Saulo?). E em todas as viagens, em todas as cidades e igrejas
que Paulo estabelece, Timóteo o segue como fiel discípulo. É o
discipulado de Jesus se repetindo também no ministério de Timóteo...
Mas
em At 18.1-4, quando Paulo chega a Corinto, ele conhece o casal Áquila e
Priscila. Como Paulo e Áquila são do mesmo ofício, os dois passam a
trabalhar juntos. Paulo permaneceu em Corinto por um ano e seis meses,
ensinando entre eles a palavra de Deus (At 18.11). O livro de Atos não
relata com detalhes, mas podemos entender que um discipulado direto de
pai para filho se iniciou ali entre Paulo e o casal Áquila e Priscila.
Quando Paulo posteriormente escreve para a igreja de Corinto, ele saúda a
Áquila e Priscila, e a igreja que está em sua casa (1Co 16.19). Aqui
Paulo escolheu os discípulos e os ensinou.
Depois
de um ano e meio, quando Paulo viaja para Éfeso, ele leva consigo
Priscila e Áquila, para juntos estabelecerem naquela cidade uma igreja
(At 18.18-19). Uma igreja foi estabelecida em Corinto através de Paulo,
onde eles foram evangelizados e ensinados. Agora, em Éfeso, Paulo
estabelece uma igreja com a assistência de seus dois “filhos” Áquila e
Priscila. Observem o detalhe do versículo 19: “chegados a Éfeso, deixou-os ali...”.
Paulo confiou totalmente em Áquila e Priscila para estabelecerem aquela
igreja! Paulo estava sempre por perto, ajudando e observando, mas
aquele era o “teste prático” de seus discípulos, e a Igreja de Éfeso foi
estabelecida. Notem o mesmo movimento: primeiro Paulo os escolheu;
depois ele os ensinou; depois os levou para o treinamento prático em
Éfeso; e agora chegou a hora dar-lhes autoridade...
A
Bíblia novamente não nos conta os detalhes, mas podemos entender que a
Igreja de Roma não foi estabelecida por Paulo (Rm 1.11 e 15) e a
saudação final na carta aos Romanos revela que a igreja reunia-se na
casa de Áquila e Priscila (Rm 16.3-5). Eu te pergunto: quem mais poderia
ter estabelecido a igreja de Roma? Com o fato dessa igreja reunir-se na
casa de Áquila e Priscila, e isso só poderia ter ocorrido após o
treinamento deles em Éfeso, eu entendo que somente eles poderiam ter
estabelecido a igreja de Roma (no contexto do ministério de Paulo), mas
sem o Ap. Paulo. Em algum momento não revelado na Bíblia, Áquila e
Priscila foram ordenados para o ministério, e foram para Roma. Por quê
Roma? Primeiro porque eles já haviam morado lá (At 18.2). Eles conheciam
a cidade, os costumes, as pessoas de lá. Segundo: Roma era na época a
capital do mundo, e estabelecer uma igreja lá seria fundamental para
prosseguir a ordem do Senhor: “...até os confins da Terra”. Roma
seria a cidade de onde a igreja iria alcançar definitivamente os confins
da Terra. Por que Paulo não foi para Roma com Áquila e Priscila? Porque
após a terceira viagem Paulo vai a Jerusalém para a festa de
Pentecostes (At 20.16; Rm 15.25), onde foi preso conforme a revelação de
Ágabo (At 21.10-13; 21.17...). Então os seus melhores discípulos, que
aprenderam, foram treinados e aprovados, e que já conheciam os costumes
locais, sem dúvida foram os mais indicados para essa obra. Paulo tinha
toda a confiança que eles fariam um excelente trabalho. Completou-se o
discipulado de Paulo na vida de Priscila e Áquila: de discípulos a
apóstolos. Assim como Paulo, Barnabé e os apóstolos.
Lembram
de Timóteo, que Paulo o havia chamado para seguir com ele? Pois Timóteo
serviu no ministério de Paulo na segunda e na terceira viagem
missionária, sendo posteriormente enviado juntamente com Silas (que
também tornou-se discípulo de Paulo) para a Macedônia, depois do
treinamento, tornou-se o pastor da igreja em Listra (ver At 16.1-2; 1Tm
1.1-2; 2Tm 3.11). E assim foi durante séculos: homens fiéis ao chamado
original, têm entregado suas vidas para que o Evangelho chegasse até
nós.
Uma advertência:
E nossas igrejas, com 200, 500, mil membros ou mais... Temos formado
nossos “membros de igreja” em discípulos de Jesus? Temos ensinado nossos
líderes a ouvirem a voz do Espírito Santo, chamando-os para a Sua obra?
Ou temos fabricado gerentes de filiais, robôs programados para fazerem a
nossa vontade, e não a ordem do Senhor Jesus?
Você,
que é um pastor, líder como eu, saiba que um dia iremos prestar contas
de cada um que veio e ingressou em nossas vidas. O rigor com que os
pastores serão julgados será muitíssimo severo; não haverá misericórdia
que nos livre de nossa negligência naquele Dia. Não se dê por excusado,
isso te será inútil diante do Supremo Juiz. Ou nos dedicamos a formar
discípulos parecidos com Jesus ou é melhor escolhermos outra coisa para
fazer. Ainda dá tempo.
“Por isso mesmo vos enviei Timóteo, que é meu filho amado, e fiel no Senhor; o qual vos lembrará os meus caminhos em Cristo,
como por toda parte eu ensino em cada igreja.”
(1Co 4.17)
como por toda parte eu ensino em cada igreja.”
(1Co 4.17)
“Tem cuidado de ti mesmo e do teu ensino; persevera nestas coisas;
porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.”
(1Tm 4.16)
porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.”
(1Tm 4.16)
UMA GRANDE AMEAÇA:
A TRADIÇÃO DOS HOMENS
“...Acautelai-vos do fermento dos fariseus...”
(Mt 16.6)
Agora
irmãos, temos que falar de algo que realmente causa muita oposição em
torno do assunto “igreja”. É o que historicamente é chamado de tradição.
Quando Martinho Lutero foi levantado por Deus no séc. XVI para trazer a
Reforma e as suas 95 teses, ele renasceu a Igreja Cristã que havia sido
esquecida lá no final do séc. IV. Mas Lutero não conseguiu estabelecer a
Reforma Protestante sem trazer consigo algumas tradições do Romanismo.
Eu não vou abordar aqui uma ou outra tradição especificamente, mas
trazer para a nossa discussão a questão: “Devo seguir uma tradição
reconhecidamente humana?” Essa resposta é fácil de responder. Mas e se
algum líder declara assim: “Deus falou comigo para fazer isso desse
modo”. Como reagir? E se esse “modo” que supostamente Deus falou não
está declarado explicitamente ou “nas entrelinhas” do Novo Testamento, o
que fazer? Aí fica mais difícil respondermos a essa declaração. Mas,
agora mesmo, olhe ao seu redor e examine o seu ministério e tudo o que
temos feito “em nome de Jesus”... quanto tem de biblicamente legítimo em
nossos ministérios e quanto tem de tradição humana? “Ah, mas não há
problema com a tradição!”, alguém pode exclamar... Eu sinceramente creio
que há sim. A tradição é justamente o que o Senhor Jesus chama de
fermento. O fermento é uma levedura, ou seja, um composto feito de
bactérias, cuja função é aumentar o volume de uma massa de trigo,
normalmente. No contexto bíblico, o fermento sempre foi um item
proibitivo no aspecto cerimonial. A razão disso é que o processo de
aumento no volume da massa é chamado de “corrupção” – o entendimento
dessa corrupção é mais facilmente compreendida com a afirmação do Ap.
Paulo: “um pouco de fermento leveda a massa toda” (1Co 5.6; Gl 5.9).
Agora
eu pergunto: quantas boas idéias temos para incrementar nossos
encontros, estudos e eventos ao longo de nossa liturgia... seria isso a
vontade de Deus mesmo ou seria tudo fermento? Teria eu humildade de
reconhecer que estou levedando o ministério que o Senhor tem me
confiado? A respeito das tradições, vejamos o que o Senhor Jesus
declarou a esse respeito:
“Respondeu-lhes: Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim; mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens. Vós deixais o mandamento de Deus, e vos apegais à tradição dos homens. Disse-lhes ainda: Bem sabeis rejeitar o mandamento de Deus,
para guardardes a vossa tradição.”
(Mc 7.6-9)
para guardardes a vossa tradição.”
(Mc 7.6-9)
Viram
a conotação das tradições humanas no conceito do Senhor Jesus? Ele está
falando com líderes religiosos, que incluem em sua devoção diversos
preceitos que são meramente humanos, incompatíveis com a vida devocional
que Deus realmente espera de nós. A respeito de tradições humanas, o
Ap. Paulo disse o seguinte:
“Se
morrestes com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos
sujeitais ainda a ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: não
toques, não proves, não manuseies (as quais coisas todas hão de perecer
pelo uso), segundo os preceitos e doutrinas dos homens?
As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria em culto voluntário, humildade fingida, e severidade para com o corpo,
mas não têm valor algum no combate contra a satisfação da carne.”
(Cl 2.20-23)
As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria em culto voluntário, humildade fingida, e severidade para com o corpo,
mas não têm valor algum no combate contra a satisfação da carne.”
(Cl 2.20-23)
Por
isso a tradição não passa de fermento, ou seja – corrupção da forma
original. A única ocasião em que se permitia o uso de fermento era nas
ofertas de ação de graças (Lv 7.13). A adoração pode sim ser
extravagante, espontânea e livre. Nosso louvor ao Senhor pode ser
“aumentado”, o caráter de Deus expresso em Sua palavra demonstra isso,
mas é a única exceção. O caráter restritivo do reino de Deus me impede
de fermentar seu propósito, sua ordem, a forma de edificação da Igreja
Dele, a igreja que Ele mesmo edifica – não nós.
Não
sejamos hipócritas, mas sejamos sim humildes para reconhecer que
estamos misturando fermento à simplicidade do Evangelho de Jesus: “Mas
temo que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim
também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos entendimentos e se
apartem da simplicidade e da pureza que há em Cristo” (2Co 11.3); e “acautelai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia” (Lc 12.1).
Leia agora a Parte 4 desse est

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