"... para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória,
vos dê o espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele;
sendo iluminados os olhos do vosso coração,
para que saibais qual seja a esperança da sua vocação,
e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos,
e qual a suprema grandeza do seu poder para conosco,
os que cremos, segundo a operação da força do seu poder,
que operou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos
e fazendo-o sentar-se à sua direita nos céus,
muito acima de todo principado, e autoridade, e poder, e domínio,
e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro;
e sujeitou todas as coisas debaixo dos seus pés,
e para ser cabeça sobre todas as coisas o deu à igreja, que é o seu corpo,
o complemento daquele que cumpre tudo em todas as coisas."
(Ef 1.17-23)
vos dê o espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele;
sendo iluminados os olhos do vosso coração,
para que saibais qual seja a esperança da sua vocação,
e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos,
e qual a suprema grandeza do seu poder para conosco,
os que cremos, segundo a operação da força do seu poder,
que operou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos
e fazendo-o sentar-se à sua direita nos céus,
muito acima de todo principado, e autoridade, e poder, e domínio,
e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro;
e sujeitou todas as coisas debaixo dos seus pés,
e para ser cabeça sobre todas as coisas o deu à igreja, que é o seu corpo,
o complemento daquele que cumpre tudo em todas as coisas."
(Ef 1.17-23)
Este é um estudo - uma reflexão - que o autor tem
feito continuamente ao longo do seu ministério sobre o modo de caminhar
do Corpo de Cristo na terra. Stephen Kaung foi discípulo direto de
Watchman Nee e reside atualmente nos EUA. Se você tem se questionado
ultimamente se "ser igreja" é isso que temos visto neste lado ocidental
do mundo, então você precisa ler esse artigo.
Para fazer o download do artigo completo, clique aqui.
POR QUE NOS REUNIMOS ASSIM?
Já faz
algum tempo que temos considerado a questão: por que nos reunimos assim?
Afinal de contas, por que nos reunimos? O significado de Igreja é "a
reunião dos que foram chamados para fora". Todos recebemos a vida do
nosso Senhor Jesus e partilhamos dessa vida. Deus nos chamou dentre
todas as nações para constituir-nos em um povo para Si. É precisamente
isto o que somos e por causa disso não podemos deixar de nos reunir
juntos.
Nos
primeiros dias, quando o evangelho era pregado e pessoas eram salvas,
estas se reuniam espontaneamente. Reuniam-se para adorar O Senhor;
reuniam-se para servir ao Senhor como um povo, uma Igreja, um corpo. Não
havia problema. Hoje, entretanto, temos problemas porque verificamos
que aqueles que foram salvos pela graça, mesmo que estejam vivendo na
mesma região, não estão se reunindo juntos. Algumas pessoas se reúnem
sob um determinado tipo de denominação, enquanto outras o fazem em
grupos independentes. Verificamos pois, que o povo de Deus está
espalhado; o povo de Deus não se encontra junto. Mesmo que estejam se
encontrando, as pessoas não o fazem como um só povo, uma Igreja e um
único corpo. Devemos congregar-nos com nossos irmãos, mas aonde
haveremos de ir? Com quem estaremos reunidos? Há qualquer justificativa
para o fato de nos reunirmos separadamente de outros grupos de irmãos e
de outras denominações? Podemos justificar o fato de nos reunirmos
assim? Acho que esta é uma pergunta muito importante e é vital que a
respondamos. Caso não pudermos respondê-la de forma afirmativa,
deveríamos nos dispersar e nem sequer estar aqui.
A fim de
responder a esta pergunta, devemos considerar o propósito de Deus
através dos séculos. Não se trata apenas de uma mera questão ocasional,
mas de algo que realmente nos conduz de volta ao cerne do propósito de
Deus por toda a eternidade. Por que nos reunimos aqui? Por que sequer
nos reunimos? Por que nos congregamos assim? Há uma razão: reunimo-nos
para cumprir o propósito de Deus com respeito a Seu Filho. O nosso
congregar não objetiva suprir nossas próprias necessidades. De fato,
temos muitas necessidades e ao nos reunirmos muitas delas são supridas.
Graças a
Deus por isso! Mas isso é apenas uma conseqüência. Não nos congregamos
para suprir necessidades próprias. Reunimo-nos para suprir unicamente a
necessidade de Deus. Nosso Deus tem uma necessidade que está relacionada
ao Seu Filho. Ele tem um propósito bem definido com respeito ao Seu
Filho. Ele tem uma idéia exata acerca de Seu Filho. Deus não é, em
absoluto, vago a respeito disso.
Qual é o
Seu propósito com respeito ao Filho, que é o centro de toda Sua atenção?
Em Ef 1.10 está escrito: "... fazer convergir Nele todas as coisas..." e
em Cl 1.18: " ... para que Ele tenha em todas a coisas a primazia".
Deus criou todas as coisas em Cristo, por Cristo e para Cristo, para que
Cristo tenha a primazia em todas as coisas e para que em Cristo
convirjam todas as coisas. Para que isto se cumpra, Ele precisa realizar
estas coisas primeiramente entre o Seu povo, isto é, em Sua Igreja.
Deus O constituiu por cabeça sobre tudo e O deu à Igreja a qual é o Seu
corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas (Ef
1.22-23).
Portanto,
aqui se encontra uma razão muito definida para que nos reunamos. A
razão pela qual nos congregamos é para que Cristo seja tudo para nós,
para que, na Igreja, todas as coisas convirjam Nele, para que Ele tenha o
primeiro lugar tanto em nossa vida individual quanto em comunidade.
Esta é a razão pela qual nos reunimos assim.
Reunidos em Seu Nome
A
explicação mais simples do que é a Igreja está em Mt 18.20: "Onde dois
ou três estiverem reunidos no meu nome, aí estou no meio deles". Dois ou
três reunidos - pluralidade. Em torno de quem se reúnem? Estão
congregados 'para' o Senhor Jesus. Estão reunidos em Seu Nome, o nome
que está acima de todo nome, e a esse Nome todo joelho se dobrará e toda
língua confessará que Jesus Cristo é Senhor.
Infelizmente,
o povo de Deus hoje não se reúne em torno desse Nome maravilhoso e sem
par. Pelo contrário, muitos entre o Seu povo congregam-se em torno do
nome de algum grande homem de Deus. Sem dúvida, respeitamos tais homens.
Agradecemos a Deus por Martinho Lutero, mas devemos nos reunir sob o
nome de Lutero? Respeitamos John Wesley. Deus o usou poderosamente e
temos recebido boa herança dele, mas nem por isso nos congregamos no
nome de Wesley. Temos também uma boa opinião sobre Menno Simons, mas
será que nos reunimos no nome de Menno - menonitas?
Muitos se
reúnem em torno de uma forma, uma organização. Cremos, de fato, no
presbiterato, mas estamos por acaso nos reunindo no nome dos
presbiterianos? Cremos que devemos nos congregar, mas reunimo-nos no
nome dos congregacionalistas?
Algumas
pessoas se congregam em torno de uma verdade ou doutrina. Cremos nessas
verdades. Não cremos em heresias, mas sim nas verdades. De fato, é
verdade que alguns até se reúnem em torno de heresias, mas muitos se
congregam em torno de alguma verdade. Cremos que aqueles que crêem devem
ser batizados, mas será que nos reunimos no nome dos batistas?
Acreditamos em santidade, mas estamos porventura congregados em torno da
santidade?
Alguns se
reúnem também em torno de uma experiência, uma experiência cristã. De
fato, cremos em todas estas experiências cristãs. Acreditamos no
Pentecostes, mas será que nos reunimos em torno do nome dos
pentecostais? Cremos nos dons do Espírito Santo (carisma), mas será que
estamos reunidos no nome dos carismáticos?
O
problema hoje é que o povo de Deus se reúne em torno de nomes e por isso
está dividido. A Palavra de Deus nos diz que precisamos reunir-nos em
Seu Nome. Há apenas um Nome debaixo do céu pelo qual podemos ser salvos e
é neste Nome apenas que devemos nos reunir. Portanto, se o povo de Deus
se reunir em torno desse Nome e desse Nome apenas, o povo de Deus será
unido, não estará espalhado e não haverá confusão.
Por que
nos reunimos assim? É porque não nos identificaremos com nenhum outro
nome além do Nome incomparável do nosso Senhor Jesus. Cremos que Seu
Nome é suficiente para nós e que é tudo de que precisamos. Não queremos
ser chamados por nenhum outro nome além do Nome do nosso Senhor Jesus. E
em assim fazendo, cremos que somos um com nossos irmãos e irmãs. Não
estamos divididos, não somos causa de confusão.
Mas o que
significa estar reunidos em Seu Nome? Seu Nome não é apenas um título.
Podemos denominar-nos a Igreja de Cristo. Bem, estamos sob Seu Nome, mas
Seu Nome não é apenas um título. Podemos também chamar-nos a Assembléia
de Deus. Estamos sob Seu Nome mas este não é um título apenas. Seu Nome
fala de Sua presença pois a Bíblia diz que onde dois ou três estão
reunidos em Seu Nome, ali Ele está no meio deles. Em outras palavras,
onde Seu Nome é honrado, ali está Sua presença. Quando nos reunimos em
Seu Nome, significa que nos colocamos debaixo de Sua autoridade.
Permitimos que Ele seja o Cabeça sobre todas as coisas e para a igreja.
Em outras
palavras, consideramos Cristo como nosso Cabeça, e pelo fato de
retermos firmemente O Cabeça, todo o corpo é servido e mantido unido.
Esse é o significado de reunir "em Seu Nome". Podemos clamar pelo Seu
Nome, usar Seu Nome e entretanto seguir nosso próprio caminho.
Lembremo-nos
que em Mateus está escrito que pessoas virão a Ele no último dia e
dirão: "Senhor, Senhor, não expulsamos demônios em Teu Nome, não fizemos
porventura isto e aquilo em Teu Nome?" E O Senhor dirá: "Iníquos, não
vos conheço." Por quê? Porque não fizeram a vontade de Deus, Mt. 7.21-23
.
O propósito de Deus com respeito a Seu Filho
Será que
nos reunimos no Nome sem igual de nosso Senhor Jesus? Será que é apenas
um título, uma formalidade, uma tecnicalidade? Ou é uma realidade?
Colocamo-nos de fato sob sua autoridade e O deixamos ser o Cabeça da
Igreja? Deixamos que Ele exerça autoridade sobre nós em todas as coisas -
não em certas coisas - mas em todas as coisas? Não é que certas coisas
são decididas pelo Senhor e a maioria das questões decididas por um
comitê, mas tudo deve estar debaixo de Sua autoridade. Será que isto é
uma realidade? Se Cristo não é o Cabeça na Igreja, como pode encabeçar
todas as coisas? Se Cristo não tem o primeiro lugar em todas as coisas
na Igreja, como pode Ele ter o primeiro lugar no universo? Se aqueles
que confiam Nele, aqueles que Nele crêem, não O honram nem se sujeitam à
Sua autoridade, quem o fará?
A única
justificativa, se é que há alguma, para nos reunirmos assim é para
colocar-nos completa, absoluta e inteiramente sob o Nome do nosso Senhor
Jesus. Deixar que seja o nosso Cabeça, que Sua autoridade seja
conhecida, que Sua vontade seja feita e que Ele seja honrado e
respeitado. Não nos reunimos para satisfazer nossas necessidades.
Reunimo-nos para suprir a necessidade de Deus, Não nos congregamos para
cumprir nosso propósito, ainda que este seja espiritual, mas nos
ajuntamos para cumprir o propósito de Deus referente ao Seu Filho.
Reunimo-nos não para nos ver, mas para vê-Lo. Não nos congregamos para
buscar qualquer coisa a não ser o próprio Senhor Jesus. Ele é a nossa
pedra de alicerce, Ele é a nossa pedra angular e a nossa pedra
principal. Ele é Aquele sobre quem estamos firmados. Ele é Aquele pelo
qual estamos unidos e quem completa todas as coisas. É Cristo e somente
Cristo. Por isso é que nos, reunimos assim.
Os três "R": Revelação, Resolução, Revolução
Primeiramente,
para retermos O Cabeça, e permitirmos que Ele seja O Cabeça sobre todas
as coisas é necessário revelação. Precisamos que Deus abra nossos olhos
para que vejamos a Cristo como Deus o vê. Caso contrário, nunca seremos
capazes de honrá-Lo como deveríamos. A única forma pela qual podemos
manter-nos firmados no Cabeça é vê-Lo como Cabeça, como Deus deseja:
esta é a revelação.
Após
revelação, tem-se o segundo 'r': resolução. Tendo recebido revelação,
não é possível simplesmente deixá-la de lado. Se realmente recebemos
revelação, isso implicará em uma resolução. Em outras palavras,
decidiremos em nosso coração permitir que Ele seja O Cabeça.
O
terceiro 'r' é de revolução pois isso revolucionará a nossa vida.
Perceberemos que não poderemos torná-Lo nosso Cabeça se ainda estivermos
vivendo na carne. A carne precisa ser abandonada. Descobriremos que a
nossa vida terá que passar por uma revolução; deverá ser Cristo e não
mais nós. Esta é a única forma de manter-nos firmes ao Cabeça, e desta
maneira, o propósito de Deus com respeito ao Seu Filho poderá ser
alcançado plenamente.
O propósito de Deus com respeito ao Seu povo
A segunda
razão pela qual nos reunimos assim é que nos congregamos juntos para
satisfazer o propósito de Deus com respeito ao seu povo, a Igreja. Não é
apenas para cumprirmos o propósito de Deus com respeito ao Seu Filho,
mas também para satisfazer o propósito de Deus com relação ao seu povo.
Deus tem
um propósito bem definido, não somente com respeito ao Seu Filho mas
também em relação àqueles que crêem no Seu Filho. Deus tem uma idéia
clara e definida sobre o que fará por Seu Filho. Mas Ele também tem uma
idéia clara e definida sobre aqueles que são Seu povo e o que Ele quer
que Seu povo seja.
Em
Romanos 8 lemos: "Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a
Deus ". Não, ainda não terminei a citação: "Todas as coisas cooperam
para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo
seu propósito". Somos chamados segundo um propósito. Mas que propósito é
esse? Qual é nosso chamamento? Somos chamados para ser o corpo de
Cristo. O propósito de Deus é que sejamos um corpo para o único Cabeça,
que é Cristo.
Sabemos
que todos somos salvos individualmente. Em outras palavras, não posso
ser salvo por você, nem tão pouco você pode ser salvo por mim. Da mesma
maneira, não posso ser batizado por você, nem você por mim. No início,
na igreja de Corinto, seguia-se uma prática que não era baseada nas
Escrituras. Batizavam vivos pelos mortos. Se uma pessoa já estivesse
morta mas não tivesse sido batizada, uma pessoa viva era batizada por
ela. Isto ocorria porque eles criam que se alguém não fosse batizado
iria para o inferno. Regeneração batismal é um erro muito antigo.
Ninguém pode ser batizado por você, ninguém pode crer por você, ninguém
pode ser salvo por você. Você mesmo deve ser salvo. Em outras palavras,
Deus salva a cada um individualmente. De fato, é verdade, se Deus salva
uma pessoa em uma família, Ele tem uma promessa de que salvará essa
família. Se você se firmar na Sua promessa e der um bom testemunho, você
verificará que toda sua família será salva; mas mesmo assim, cada
membro da família deverá vir ao Senhor individual e pessoalmente.
Somos
salvos individualmente, mas somos chamados coletivamente. Conhecer a
salvação do Senhor individualmente é conhecer a graça de Deus, mas
conhecer o chamamento de Deus de forma coletiva é conhecer o Seu
propósito. Muitos são salvos, mas poucos conhecem o propósito de Deus.
Graças a Deus, muitos conhecem a Sua graça, mas se conhecermos apenas a
graça de Deus e não Seu propósito, quanto Deus irá receber de nós? Temos
recebido muito de Deus, esse é um bom negócio, é verdade. Mas o, que
Deus ganha? Isso fará de nós cristãos egoístas e egocêntricos. Tudo é
para nós, até mesmo Deus é para nós. E se por um acaso Deus se demorar
um pouquinho em responder a nossa oração, murmuramos. Esse não é o tipo
de cristão que Deus quer. Somos gratos por conhecer a graça de Deus, mas
precisamos conhecer o Seu propósito. Somente quando conhecemos o
propósito de Deus é que somos libertos do egocentrismo e passamos a
viver centrados em Cristo.
O Corpo de Cristo
O
propósito de Deus é nos chamar para que sejamos o corpo de Cristo. Somos
chamados como um corpo. Por que um corpo? Porque nosso Cristo é tão
rico que é necessário o corpo todo para conter as Suas insondáveis
riquezas. Por que o corpo? Porque nosso Cristo é tão glorioso que faz-se
necessário todo o corpo para manifestar Sua glória. Não somos chamados
para compor uma organização ou instituição humana, somos chamados para
compor um organismo vivo. Não nos associamos a uma organização e nos
tornamos um membro. Neste corpo de Cristo, não há membros no sentido
terreno, isto é, você não se associa. Você não pode se associar. Não há
maneira de se associar, mesmo que se queira, pois é necessário nascer no
corpo. O rol é composto por todos os membros do corpo de Cristo. Se
você nascer no corpo de Cristo, então você é um membro. Todos aqueles
que nasceram do alto são membros deste único corpo.
No século
dezenove, em Dublin na Irlanda, havia um dentista, Dr. Cronin, que
amava muito o Senhor. E não somente amava o Senhor mas realmente amava o
povo de Deus. De forma que quando se mudou para Dublin na Irlanda,
começou a visitar seus irmãos em Cristo. Num domingo, foi a uma igreja e
procurou encontrar-se com alguns irmãos e irmãs. Após ter-se reunido
com eles por algumas semanas (ou alguns meses), o pastor disse: "Dr.
Cronin, é tão bom que o Senhor esteja se reunindo conosco. Gostaríamos
que fosse um membro da igreja". "Bem," respondeu o Dr. Cronin, “gosto
muito de congregar-me com vocês, mas não sinto que deva tornar-me um
membro de sua igreja". "Se você não for um membro, não é bem vindo".
Portanto, o Dr. Cronin teve que encontrar outra igreja. Começou a
congregar-se com irmãos e irmãs em outra igreja e estava satisfeito no
meio deles. Após alguns domingos, o pastor também veio até ele e disse:
"Dr. Cronin, você é muito bem vindo no nosso meio, mas gostaríamos que
fosse membro de nossa igreja". O Dr. Cronin disse: Sinto muito, mas não
posso associar-me à organização. Realmente quero ser um com os irmãos e
irmãs". "Bem, sendo assim, não é bem vindo". Então, depois de haver
estado em vários lugares, finalmente não tinha onde ir. Queria ser um
com todos seus irmãos e irmãs, mas nenhum deles o queria se ele
insistisse em ser um com todos. Todos queriam que ele fosse um com
alguns poucos, mas não com todos. Logo, o Dr. Cronin não tinha onde ir.
Finalmente, Deus levantou outro casal com o mesmo pensamento que ele
tinha e começaram a reunir-se em suas casas. Este foi o começo do
Movimento dos Irmãos (Brethren Movement).
Por que
nos reunimos assim? Há tantas assembléias. Por que precisamos compor
mais uma? Qual é a justificativa? Por que não nos reunir em alguma
igreja denominacional e sermos membros ali? Ou por que não nos
congregamos com algum grupo independente? Por que nos reunimos assim?
E,
provavelmente, se nos reunirmos assim, seremos rejeitados por todos. Por
quê? Há uma razão: cremos que Deus nos chamou para sermos um corpo. Em
Colossensses 3 é dito: "Pelo que somos chamados num só corpo." Em
Efésios 2, lemos que Deus colocou os gentios e os judeus juntos, num
mesmo corpo, e mediante a cruz os reconciliou Consigo. Cremos na unidade
do corpo de Cristo; cremos que o povo de Deus não deve estar dividido;
cremos que não devemos estar separados em seitas. Firmamo-nos na unidade
do corpo de Cristo. Queremos abrir nossos corações para todo o povo de
Deus. A quem quer que Cristo receba, queremos também receber, porque são
nossos irmãos e irmãs. Sentimos que esta é a única base na qual podemos
nos reunir. Não somos pretensiosos ou presunçosos ao ponto de dizer que
somos o corpo de Cristo ou a Igreja. Não o somos por que o corpo de
Cristo inclui todo o povo de Deus; a Igreja inclui todos os salvos de
Deus. Somos apenas alguns, entretanto testificamos que o corpo é apenas
um. Portanto, reunimo-nos baseados na unidade do corpo de Cristo. Não
nos congregamos alicerçados em qualquer doutrina especial, nenhuma forma
específica, sob nenhum nome especial, mas nos reunimos no Nome do nosso
Senhor Jesus, firmados na realidade da unidade do corpo de Cristo. Não
há rol de membros aqui. Se alguém pertence ao Senhor, esse é membro do
corpo de Cristo. Não é necessário associar-se e tornar-se um membro.
Estamos dentro porque estamos no corpo de Cristo. Não é isto
maravilhoso?
A fim de
atender ao chamado de sermos um só corpo, precisamos manter a unidade do
Espírito no vínculo da paz! Agradecemos a Deus por ter nos dado a
unidade do Espírito. É dado a todo o povo de Deus - um corpo, um
Espírito, uma esperança do nosso chamamento, um Senhor, um batismo, uma
fé, um Deus que é Pai de todos nós, que é sobre todos, está em todos e
opera através de todos nós. Todos aqueles que realmente crêem no Senhor
Jesus têm a unidade do Espírito implantada dentro deles. Devemos, pois,
guardá-la diligentemente. Fundamentados apenas nesta unidade é que
devemos nos congregar com nossos irmãos e irmãs. Não devemos nos reunir
com nossos irmãos e irmãs baseados em qualquer outra coisa além de
Cristo. Devemos guardar diligentemente a unidade do Espírito no vínculo
da paz e estar prontos para termos comunhão com todos nossos irmãos e
irmãs e ser capazes de tolerar diferenças. Graças a Deus por todas as
diferenças, pois diferenças e variedades trazem plenitude se estivermos
abertos uns aos outros ao invés de fechados, e prontos a considerar os
demais sem insistir no nosso próprio ponto de vista. Se esta for nossa
atitude, cremos que Deus, então, poderá agir em nós de tal maneira a nos
conduzir à unidade da fé e ao pleno conhecimento do Filho de Deus, à
maturidade, à estatura de varão perfeito, à medida da plenitude de
Cristo. Então não seremos como bebês, agitados e conduzidos de um lado
para o outro. Cremos nisto. Pelo fato de crermos nisto, reunimo-nos
assim.
Manifestar Cristo juntos
Não
somente nos congregamos como o corpo de Cristo, baseados na unidade do
corpo de Cristo, mas também cremos que é a vontade de Deus que nós,
assim reunidos, manifestemos a Cristo juntos. O que é a Igreja? A Igreja
é a manifestação corpórea de Cristo. Em 1 Coríntios 12.12, lemos que
apesar de sermos muitos, somos apenas um. Apesar de haver muitos
membros, há apenas um corpo: "... o corpo é um, e tem muitos membros...
assim também com respeito a Cristo." Em outras palavras, Cristo quer
manifestar-se de forma corporativa através do corpo, e é por isso que
nos reunimos assim. Queremos manifestar Cristo juntos. É verdade que
cada um de nós manifesta Cristo de alguma forma, cada um de nós deve
manifestar Cristo de alguma maneira. Mas para manifestar Cristo
plenamente, é necessário todo o povo de Deus pelo Espírito Santo, para
que Cristo possa habitar em nossos corações pela fé, para que, estando
arraigados e alicerçados em amor, possamos compreender com todos os
santos qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade
do amor de Deus em Cristo Jesus.
Ser edificados juntos
Por que
nos reunimos? Reunimo-nos para expressar Cristo juntos de tal maneira
que Ele seja manifesto de forma mais plena. Para manifestarmos Cristo
juntos, precisamos ser edificados juntos. Somos pedras que vivem, mas se
tais pedras estiverem espalhadas por toda parte isso indica ruína.
Pedras que vivem mas que estão amontoadas numa pilha ainda transmitem
uma visão de ruína. Tais pedras precisam ser edificadas de forma
orgânica e ordenada a fim de se tomarem a habitação santa de Deus. Deus
não pode viver em apenas uma pedra. Tal pedra pode até ser um monumento,
mas jamais será uma casa. Deus não pode viver sob uma pilha de pedras,
pois isso seria um túmulo. Deus só pode viver numa casa. Portanto, as
pedras que vivem devem ser edificadas em conjunto. Ah, irmãos e irmãs,
vejo pilhas e pilhas e pilhas de pedras. Vejo a igreja dos mortos, não a
Igreja dos viventes.
Lembro-me
de que há alguns anos, quando estive na Inglaterra, fui ver a famosa
Abadia de Westminster. À medida que andava por aquele lugar, uma enorme
catedral, minha impressão foi de que aquilo era a igreja dos mortos, não
a igreja dos vivos. Por quê? Porque a cada passo que dava, pisava num
homem morto. Eles enterram as pessoas no piso, nas salas - em todo
lugar, até mesmo nas paredes podem ser encontrados nomes. É a igreja dos
mortos, não a igreja dos viventes. É uma pilha, não uma casa.
Por que
Deus nos congrega? Será que é para que sejamos empilhados e permaneçamos
como estamos? Podemos, de fato, ser empilhados e permanecer como
estamos. Se eu tenho uma aresta bem aqui e simplesmente estou empilhado
sobre você é possível que tal aresta nunca seja cortada. E é dessa forma
que acontece. Pode-se encontrar muitos ajuntamentos do povo de Deus,
mas todas as arestas permanecem intactas. E quando você se sente
desconfortável, muda-se, muda para outro lugar e assim jamais será
tocado. Que não seja assim conosco, mas que possamos ser edificados
juntos de forma a manifestarmos Cristo.
Os três "C": Compromisso, Crise, Cruz
A fim de
sermos edificados juntos, vou sugerir três "c" - compromisso, crise e
cruz. Se realmente quisermos ser edificados juntos, é necessário termos
compromisso. Creio que isto é evidente. Ainda que ninguém o queira,
sabemos que é algo indispensável. Precisamos estar comprometidos, não
apenas com O Senhor, mas ter compromisso com nossos irmãos e irmãs. Os
"espertos" nunca se comprometem; nunca chegam demasiadamente perto. Se
você se aproximar muito, poderá se queimar, mas graças a Deus pelo fogo.
Estamos comprometidos? Se realmente estivermos, a crise virá. Não
gozaremos de tempos de paz e sossego. Se você quiser ter um tempo de
descanso, vá ao teatro (veja bem, não o estou encorajando a ir ao
teatro). Se você estiver na igreja, a igreja verdadeira, lembre-se que
crises sobrevirão à sua vida. Logo, logo, você percebe que foi atingido
por uma crise. Você começa a sentir "Este irmão... ah, terrível; aquela
irmã, puxa!.... impossível." Quando a crise chega à sua vida, tem-se o
terceiro 'c', a cruz. Você está disposto a negar-se, tomar sua cruz e
seguir ao Senhor? Esta é a única forma em que realmente podemos ser
edificados juntos.
Por que
não há mais edificação entre o povo de Deus? Encontramos muitas reuniões
e assembléias mas pouca edificação. É porque não estamos comprometidos,
porque tentamos evitar as crises, porque escapamos da cruz. Oh, que
realmente possamos perceber que a razão pela qual nos reunimos assim é
para expressar Cristo de forma coletiva. Queremos que Ele habite e tenha
Sua satisfação e descanso em nós. Queremos ser edificados de forma
conjunta, mas para que isto aconteça os três "c" são necessários. Você
os tem?
Funcionar juntos
A fim de
expressar a Cristo, não basta que sejamos edificados juntos, precisamos
também funcionar juntos. Em 1 Pedro 2.4-5 lemos que quando nos chegamos a
Cristo, somos como pedras que vivem e que somos edificados casa
espiritual, sacerdócio santo. Quando você vai a uma casa, essa casa
representa seu dono, expressa seu gosto. Não somos apenas casa
espiritual para manifestar a Cristo, mas somos também o sacerdócio santo
na casa. Portanto, reunimo-nos de maneira a funcionar juntos. Cada
membro, cada parte no corpo tem seu dom e graça que Deus tem dado
maravilhosamente, e é nossa responsabilidade que todos trabalhemos -
cada parte. Não nos reunimos para ouvirmos alguém, nem tão pouco para
sermos servidos por alguns poucos. Congregamo-nos para que todos
possamos funcionar como membros do corpo de Cristo. Este é o motivo pelo
qual nos reunimos assim.
Não se
considere um estrangeiro. Em Efésios 2 está escrito que não somos mais
estrangeiros nem peregrinos mas somos da casa de Deus, sendo edificados
conjuntamente sobre o alicerce dos apóstolos e profetas, sendo o próprio
Jesus Cristo a pedra angular, para sermos habitação santa para Deus. É
isso que somos. Logo, é de se esperar que todos os que estão reunidos
trabalhem. Não são apenas alguns poucos funcionando, mas todos os
membros funcionando segundo o dom e a graça que Deus tem dado a cada um;
e cada membro funciona coordenadamente, não independentemente. O quadro
maravilhoso do sacerdócio é que quando os sacerdotes serviam, não era
apenas um ou dois. Sabemos que milhares, milhares de sacerdotes serviam
no templo. Eles serviam em turnos e o faziam juntos como um só homem sob
o sumo sacerdote. Não havia confusão, nem desordem; tudo era ordeiro,
direcionado pelo sumo sacerdote. Nosso Senhor Jesus é nosso sumo
sacerdote. O Espírito Santo representa o sumo sacerdote hoje na terra, e
todos nós somos sacerdotes. Precisamos servir na casa de Deus como
sacerdotes sob a direção do Espírito Santo. Oh, quão belo isso será! É
por isso que nos reunimos assim.
O Instrumento de Deus
Por que
nos reunimos como o corpo de Cristo? Congregamo-nos para servir a Deus.
Não somos apenas um vaso, somos também um instrumento na mão de Deus.
Como um vaso, devemos ser cheios da plenitude de Cristo. Como um
instrumento, devemos ser usados por Deus para trazer o Seu reino e
trazer a Sua vontade sobre a terra como ela é no céu, a fim de trazer de
volta o Rei.
Em
Efésios 3, lemos que a multiforme sabedoria de Deus é manifesta aos
principados e potestades através da Igreja. Em Efésios 6, lemos que
devemos nos posicionar e resistir. Devemos posicionar-nos de forma tal
que a vontade de Deus seja realizada. É por isso que estamos reunidos
aqui. Estamos aqui para trabalhar juntamente com Deus. Estamos aqui para
adorarmos a Deus juntos, para ministrar ao Senhor juntos. Estamos aqui
para ministrar ao povo de Deus juntos. Estamos aqui até mesmo para
ministrar para o mundo. Não estamos aqui simplesmente para termos
instantes de lazer. Você espera subir ao céu carregado numa poltrona? Ou
espera lutar até chegar lá? Há algum ferimento no seu corpo? Será que
você está tão confortável que se encontra intacto?
Oh,
irmãos e irmãs, por que nos reunimos assim? São estas as razões. Se isto
agradar ao Senhor, que assim seja. Se falharmos, que Deus não o
permita, seremos removidos e Deus suscitará outros para manter Seu
testemunho pois pelos séculos e gerações. Mesmo a Igreja de Deus tendo
falhado, Deus jamais deixou de ter Seu testemunho sobre a terra. Sempre
haverão aqueles que são fiéis à Ele. Oh, queira Deus que sejamos
arrolados entre esses.
Oh Senhor, tem misericórdia de nós. Em Teu precioso Nome. Amém.
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