Esta é a segunda parte das ministrações entregues
pelo irmão Stephen em Pennington, New Jersey - EUA, nos dias 29 e 30 de
maio de 1993. O tema é o crescimento espiritual rumo à perfeição
segundo o padrão do Senhor Jesus.
Leia também: Parte 1 | Parte 3 .
SEDE VÓS POIS PERFEITOS
PARTE 2
MATURIDADE CRISTÃ
A
perfeição não significa perfeita impecabilidade. Significa maduro,
preparado. Quando a princípio cremos no Senhor Jesus, nascemos de novo,
nascemos do alto. Quando você nasce fisicamente, você é um bebê. Você
não é como Adão que, quando foi criado, era um homem adulto. Ele não
atravessou a infância, a meninice e a adolescência. Mas diferentemente
dele, somos todos nascidos como um pequeno bebê. Mesmo o nosso Senhor
Jesus nasceu como um pequeno bebê. Graças a Deus, Ele atravessou a
infância e a meninice. Espiritualmente, quando nascemos de novo, não se
esqueça, somos bebês em Cristo. Temos uma nova vida. Temos a vida de
Deus. Temos a vida de Cristo em nós. Há tal potencial ali. Mas, quando
nascemos, somos apenas bebês.
Agora
os bebês são lindos. Todo o mundo ama os bebês. Não há um bebê que não
seja lindo; mas, um bebê não é o propósito da vida. O propósito da vida é
o estado adulto, de homem e de mulher. Se alguém permanecer um bebê
depois de trinta anos, todo mundo balançará a cabeça – feio.
Espiritualmente, ele é o mesmo. Quando recém nascidos, somos bebês em
Cristo, mas essa não é a vontade de Deus. A vontade do nosso Pai
celestial é que possamos crescer ao estado adulto de homem e de mulher,
para que possamos ser conformados a imagem de Seu Filho amado. Essa
imagem se refere ao caráter. Esta é a vontade de Deus.
Infelizmente,
muitos crentes estão tão felizes por serem bebês, porque enquanto são
bebês, as pessoas têm de cuidar deles. Eles não têm nenhuma
responsabilidade em absoluto. Mas essa não é a vontade de Deus. Ele quer
que cresçamos. E se não crescemos, Ele ainda nos ama e toma conta de
nós, mas como isso machuca o Seu coração. Isso não cumpre o Seu
propósito. Temos de crescer.
Olhe
para os crentes Coríntios. Paulo esteve com eles durante um ano e meio.
Eles foram tão privilegiados. Mas não muito depois que Paulo partiu,
escreveu a primeira carta aos Coríntios. No capítulo 3, ele disse: “E
eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais,
como a meninos em Cristo”. Essa palavra carnais é na verdade sarkikos.
Ela significa que essa é a sua composição. Eu gostaria de usar outra
palavra: você é da carne. Um bebê é muito da carne. Por que? Quando, à
meia-noite, ele está com fome, não se lembra de que você está dormindo.
Ele grita. Ele não pára até que você o alimente. Ele se expõe. Ele
mostra a você o que ele é. Não há nenhuma simulação. Quanto mais velho
você se torna, mais fachada você coloca, mas um bebê é da carne, todo
carne.
Quando
você é bebê em Cristo, se parece com isso. Não há nenhuma ocultação. Se
não estiver feliz com seus irmãos e irmãs, você diz o que tem em mente.
Se você não gostar do que estou falando, você se levanta e sai. Da
carne. E por certo período lhe é permitido ser da carne. Não se pode
pular a infância. Você não pode esperar que um crente recém nascido seja
completamente crescido. Você tem que dar certo período de tempo para
ele crescer. Mas depois de alguns anos, Paulo disse: Você é ainda carnal
(a palavra novamente é sarkikos). Você é ainda da carne. Essa não é a
substância, o material de que você é feito, mas tem uma aparência moral.
Depois de alguns anos, você deveria superar em crescimento a sua
carnalidade. Você deveria saber pôr a sua carne na cruz; mas, você ainda
vive na carne como as pessoas do mundo. Você ainda tem de ser
alimentado. Você não é exercitado espiritualmente para discernir as
coisas mais excelentes, e isso é muito errado.
O
livro de Hebreus diz a mesma coisa no capítulo 5: “Porque, devendo já
ser mestres pelo tempo... vos haveis feito tais que necessitais de leite
e não de sólido alimento”. O alimento sólido é para as pessoas adultas,
mas o leite é para os bebês. O que é o leite? O leite é uma comida
pré-digerida. Sua mãe digere a comida e ela se transforma em leite para
você. Você é tão fraco, não é capaz de absorver, portanto você precisa
de leite para alimentá-lo. Você não pode comer o alimento sólido; você
não é exercitado em seus sentidos espirituais. Isso é muito errado. Por
isso o escritor disse que você deve prosseguir; edifique sobre o
fundamento e cresça para a plenitude, para a perfeição.
Não
é esse o chamamento de Deus para cada um de nós? Somos chamados para a
perfeição cristã. Somos chamados para crescer para a maturidade. Somos
chamados para sermos preparados para o serviço. Isso é para todo crente.
Essa é a vontade de Deus.
O PADRÃO PARA A PERFEIÇÃO CRISTÃ
Há
um padrão da perfeição cristã? Como você sabe que chegou ou não? Em 1
Coríntios 2, Paulo disse: “Entre os perfeitos..” (verso 6), assim deve
haver pessoas que são perfeitas. Como sabemos que podemos ser
considerados como perfeitos? Há um padrão?
Bem,
meditei sobre esta pergunta e esperei no Senhor e proponho apenas isso a
você. Espero que você pense nisso e, se for do Senhor, o aceite e se
não for, o rejeite. É justamente como me sinto diante do Senhor. Sinto
que a perfeição cristã é tanto absoluta como relativa. A perfeição
cristã tem um padrão absoluto porque Deus é o padrão. A Bíblia diz:
“Sede vós perfeitos como o vosso Pai celestial é perfeito”. Você pode
pensar em Deus como não sendo absolutamente perfeito? Ele é perfeito em
amor, perfeito na misericórdia, perfeito na beleza, perfeito na pureza,
perfeito na santidade, perfeito na justiça, perfeito em tudo. Ele é
perfeito. E porque Ele é o padrão, acredito que há um padrão para a
perfeição. Mas o apóstolo Paulo disse em Filipenses 3: “Não julgo que
haja alcançado. Oh, como desejo ser achado. Para que possa compreendê-lo
como fui achado Nele. Deus tem um propósito em minha vida. Deus quer
que eu seja perfeito, como Cristo. E como desejo muito me parecer com
Cristo, mas ainda não sou perfeito. Eu prossigo. Esqueço daquilo que
ficou para trás e prossigo em direção do alvo, em direção daquele
elevado chamamento, para o prêmio que está no alto”.
Paulo
já estava na prisão em Roma quando escreveu essa carta. Ele era um
cristão maduro, tão maduro que ajudou muitas pessoas. E ainda assim
disse: Não, ainda estou prosseguindo. Quando você vê a perfeição com
Deus como o alvo, você está no caminho. Você nunca chega. Você não
apenas não chegará em sua vida, mas mesmo até na eternidade, você nunca
chegará.
Oh,
a emoção da eternidade! – nunca enfadonha. Na eternidade, a revelação é
tão vasta, não é como hoje. A nossa revelação vem talvez uma vez na
vida, tão devagar. E é sempre obscura. Mas, na eternidade, a luz virá
com pleno brilho e grande rapidez. Contudo demora uma eternidade para se
conhecer a Deus, e mesmo assim, você ainda O está conhecendo. Você
ainda está a caminho da perfeição – nunca chega.
Essa
é a emoção de ser um cristão – sempre aspirando, sempre há algo à
frente de você. Você pensa que chegou, e levanta os olhos, e então está
fora do caminho, e precisa correr novamente. Quando você vê que há uma
inteireza de perfeição, então questione sobre ela, sempre estamos
perseguindo. Isso não é bom?
O Limiar
Por
outro lado, a perfeição cristã é relativa. Por relativo, quero dizer,
que há um ponto no qual você chega. Eu o chamo de um limiar. Depois que
você é salvo, e tenta seguir o Senhor, e começa a crescer, quando você
cresce até certo ponto, parece que você cruza um limiar. Quando você
cruza aquele limiar, você é considerado como entre os perfeitos. Entre
os perfeitos não são aqueles que são absolutamente perfeitos. Nunca.
Mesmo Paulo disse que há pessoas que estão entre os perfeitos porque
eles cruzaram o limiar.
O
que é o limiar? Deixe-me usar uma ilustração. Vocês se lembram dos
filhos de Israel? Eles estiveram no Egito como escravos, mas Deus os
libertou do Egito. Qual era o propósito de Deus? O Seu propósito era de
levá-los a Canaã, não apenas tirar do Egito. Certamente, se você estiver
no Egito, nunca estará em Canaã. Mas ao sair do Egito deve entrar em
Canaã. Esse é o propósito de Deus. Ele nunca quer apenas nos livrar do
pecado, do mundo, mas Ele quer nos levar a plenitude de Cristo. Mas,
quando os filhos de Israel saíram do Egito, não se conheciam. Por isso,
Deus lhes deu os dez mandamentos, a lei, para testá-los, para provar a
eles mesmos, não a Deus, que por eles mesmos era impossível. Do zelo
deles disseram: “Tudo o que Deus ordenar, faremos”. Eles foram honestos,
mas foram enganados. Durante quarenta anos vagaram no deserto. Esses
quarenta anos foram para revelar a eles quem eles eram. Eles eram carne.
Muito embora tivessem sido libertos do Egito, ainda, neles mesmos, eram
ainda carnais.
Mas
então na misericórdia de Deus, Ele os trouxe a Canaã – uma nova
geração. Eles cruzaram o rio Jordão. E depois que cruzaram o rio Jordão,
estavam em Canaã. Enquanto estavam no deserto, Deus fez chover o maná
dia após dia para sustentar as suas vidas durante quarenta anos. Mas
depois que eles cruzaram o Jordão, se estabeleceram ali e o maná parou
porque começaram a comer o habitual grão da terra. Você vê a diferença?
Depois que cruzaram o rio Jordão, foram considerados como os perfeitos,
mas tiveram que aprender a possuir a sua possessão. A possibilidade
estava ali. Eles não poderiam possuí-la enquanto estivessem no deserto,
mas agora podiam possuir a terra porque já estavam na terra.
Usando
isso como uma ilustração, há um limiar em nossa vida espiritual que
devemos atravessar para estar no caminho dos perfeitos? Creio que há. É
Romanos 6:6. O que é o rio Jordão? O rio Jordão é a co-morte com Cristo.
O Mar Vermelho é morte. Há a vara. A vara de Deus dividiu o mar e eles o
atravessaram. Pelo poder de Deus, foram libertos da morte para a vida.
Mas o rio Jordão é diferente. A arca passou com eles, e a arca fala de
Cristo. Em outras palavras, no batismo, há o Mar Vermelho simbolizando
que somos batizados em Cristo e o rio Jordão que simboliza que somos
batizados em Sua morte. Há uma co-morte ali. Muito embora sejamos
salvos, há ainda o nosso velho homem ali. Dentro está o novo homem, mas
fora está o velho homem. No interior é Cristo, mas há o nós mesmos. Por
causa disso, somos impedidos da perfeição. Por isso, temos de chegar a
um ponto onde percebemos que não há bem em mim, isto é, na minha carne.
Não estamos nem mesmo tentando ser bom, guardar os mandamentos porque
tentamos, e não pudemos.
Começamos
a perceber o que Cristo fez por nós. Ele sabia que não havia bem em nós
muito antes que o soubéssemos. Por isso, quando Ele morreu, tomou o
nosso velho homem e o crucificou na cruz com Ele. Mas não cremos nisso.
Pensamos que somos muito bons para ser crucificado. Assim, depois que
somos salvos, tentamos usar o nosso velho homem, a nossa velha energia
para servir a Deus; tentamos guardar os mandamentos de Deus, até que
cheguemos a um ponto e vejamos que não há bem em nós. Deus já nos
crucificou com Cristo há dois mil anos, mas este homem morto ainda está
tentando. Um dia, percebemos que fomos crucificados com Cristo. Não mais
eu, mas é Cristo que vive em mim. Desisti de mim mesmo – de me parecer
com Deus, de servir a Deus – estou morto, sepultado, fora da vista. É
Cristo que vive em mim. Olho para Ele. Ele vive em mim. Quando você
chega a isso, você cruzou o limiar. Você está entre os perfeitos porque o
caminho da perfeição está agora amplamente aberto para você.
Você
sabe que muitos crentes não crescem. Por quê? Porque estão emperrados
ali. Eles estão fora do Egito, mas nunca cruzam Jordão. Eles se parecem
com as duas tribos e meia que ficaram no lado oriental do Jordão. Eles
nunca estão na terra. Como precisamos pedir ao Senhor para realmente nos
mostrar que Cristo não apenas levou os nossos pecados na cruz para que
os nossos pecados fossem perdoados, mas Ele levou a você e a mim na
cruz. Não sou mais eu, não é mais você, agora é Cristo em você. Você crê
nisso? Se você crê nisso, se você permanece nisso, você cruza o limiar.
O caminho da perfeição está amplamente aberto para você. Agora, você
está no caminho do crescimento.
O
que é vida cristã? O que é serviço cristão? A vida cristã é nada mais
que a perfeição cristã. A vida cristã deve ser conformada com a imagem
de Cristo. A vida cristã é o crescimento em Cristo. A vida cristã é
tomar do caráter de Cristo. Isso é a vida cristã, ser perfeito em
Cristo.
O
mistério que esteve oculto desde todos os séculos, e em todas as
gerações, e que agora foi manifesto aos seus santos; aos quais Deus quis
fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os
gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória (Colossenses 1:26-27).
Ora,
esse é o mistério: Cristo em você, a esperança da glória. Está Cristo
em você? Ele está em você, por isso há essa esperança ali. Agora a
esperança é algo no futuro. Você ainda não a tem. Mas há esperança da
glória. O que é glória? Deus é glória. Ser conformado à imagem de
Cristo, isso é glória – Cristo em você, a esperança da glória. E agora,
ouça cuidadosamente:
A
quem anunciamos, admoestando a todo o homem, e ensinando a todo o homem
em toda a sabedoria; para que apresentemos todo o homem perfeito em
Jesus Cristo (Colossenses 1:28).
Agora, esse é o propósito de Deus: Cristo em você, a esperança da glória, perfeito em Cristo. Isso é vida cristã.
Porque
quero que saibais quão grande combate [conflito] tenho por vós, e pelos
que estão em Laodicéia, e por quantos não viram o meu rosto em carne;
para que os seus corações sejam consolados, e estejam unidos em amor, e
enriquecidos da plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério
de Deus e Pai, e de Cristo, em quem estão escondidos todos os tesouros
da sabedoria e da ciência (Colossenses 2:1-3).
Mais uma vez, aqui você encontra todo o trabalho que Paulo teve para conduzir os santos àquela perfeição em Cristo Jesus.
Vocês
se lembram em Efésios 4:12, Deus deu dons à igreja para aperfeiçoar os
santos, amadurecê-los, equipá-los para que eles possam funcionar e
cumprir ao ministério do corpo para a edificação do corpo em amor. Assim
se você pensa em maturidade cristã em vida ou preparação cristã para o
serviço, você encontra a mesma coisa. O nosso alvo, o propósito de Deus
consiste em que sejamos perfeitos. Esse é o nosso chamamento.
Temos
um maravilhoso chamamento. Cada um de nós é chamado à perfeição cristã,
à maturidade em vida, e ser equipado com dons para o serviço a Deus.
Oramos para que o Senhor realmente nos mostre como podemos entrar nesse
assunto da perfeição cristã, porque creio que é a vontade de Deus.
Vamos orar:
Querido
Pai celestial, realmente reconhecemos que as palavras humanas apenas
podem esconder o Seu pensamento. Oramos para que Tu, pelo Teu Espírito,
ponhas a Tua palavra no coração de todos os irmãos e irmãs. Cria em nós
um desejo pela perfeição cristã. Oh, Senhor, Tu és o único que pode
fazê-lo, e nós apenas oramos para que agrade o Teu coração fazer isso em
cada um de nós. Em nome de nosso Senhor Jesus. Amém.
O CAMINHO PARA A PERFEIÇÃO CRISTÃ
Filipenses
3:15 – Por isso todos quantos já somos perfeitos, sintamos [pensemos]
isto mesmo; e, se sentis [pensais] alguma coisa de outra maneira, também
Deus vo-lo revelará.
Colossenses 2:9-10A – Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade; e estais perfeitos nele.
2
Coríntios 3:18 – Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um
espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na
mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.
Tessalonicenses
5:23-24 – E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso
espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis
para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o
qual também o fará.
Vamos orar:
Querido
Senhor, queremos realmente Ti agradecer por nos reunir novamente aqui
no Teu nome precioso, maravilhoso. Sabemos que onde está o Teu nome, há a
Tua presença. E Senhor, desejamos apenas a Tua presença mais do que
qualquer outra coisa. Com a Tua presença, estamos satisfeitos. Realmente
Ti agradecemos por nos favorecer com a Tua presença; mas, Senhor, ao
mesmo tempo, trememos diante de Ti. Tememos, para que não escureçamos o
Teu conselho com palavras sem conhecimento. Portanto livra-nos. Oramos
para que Tu fales pelo Teu Espírito, pela Tua palavra, diretamente ao
nosso coração para que possamos ser conduzidos à Tua verdade, porque Tu
és a verdade. Oramos para que Tu abras os nossos olhos para que possamos
ver a Ti, os nossos ouvidos para que possamos Ti ouvir, o nosso coração
para que possamos ser cheios de Ti mesmo. Entregamos esse tempo em Tuas
mãos. A nossa confiança está em Ti. A Ti seja a glória. Em nome do
nosso Senhor Jesus. Amém.
Agradecemos
ao Senhor por nos reunir aqui. O nosso encargo neste tempo é a questão
da perfeição cristã. Não fique assustado por esse termo, perfeição
cristã. Acreditamos que é a vontade de Deus que sejamos perfeitos. O
nosso Deus é o Deus da perfeição. Lembro-me de ler algo escrito por
Fenelon: “Deus é o Deus da perfeição e está muito preocupado com a
perfeição cristã. Ele usará todos os meio para nos conduzir a ela”.
Realmente concordo com ele. O nosso Deus é o Deus da perfeição, e por
causa do que Ele é, o Seu amor zeloso terá muita preocupação para com os
Seus, para que possamos ser conduzidos para a perfeição cristã.
A
perfeição cristã não é a perfeição sem pecado. Ninguém é sem pecado e
perfeito exceto o nosso Senhor Jesus Cristo. A perfeição cristã não é a
erradicação do pecado. Devido à queda do nosso antepassado Adão herdamos
essa natureza pecadora que está em nossa carne. Enquanto estamos neste
corpo mortal, essa natureza pecadora reside em nós. Mas graças a Deus,
embora essa natureza pecadora resida em nós, contudo ela foi isolada.
Não foi exterminada, foi isolada porque quando Cristo foi crucificado, o
nosso velho homem foi crucificado com Ele. Este corpo do pecado foi
desempregado e agora está reempregado sob uma nova direção para servir à
justiça para a santidade.
A
perfeição cristã não está limitada apenas a alguns assim chamados
santos porque somos todos chamados santos. A chamada para a perfeição
cristã é para todos. Agradecemos a Deus porque a perfeição cristã não é a
obra do homem; é a obra de Deus. Deus é capaz de nos aperfeiçoar, se
apenas O permitimos. Deste modo, aqui encontramos que Deus nos está
chamando para a perfeição. “Sejais perfeitos, como vosso Pai celestial é
perfeito”. Novamente gostaria de acentuar que não significa que somos
tão perfeitos que nos tornamos deuses – de modo nenhum. Não somos
deificados. Mas a perfeição cristã simplesmente significa que começamos a
assumir o caráter de Cristo, para que sejamos transformados e nos
conformemos à imagem de Cristo. Isso significa que não somos mais bebês
em Cristo, mas crescemos como deveríamos, para sermos filhos e filhas de
Deus. Aquele que é o unigênito Filho deve trazer a muitos filhos para a
glória. Ele deve ser o primogênito entre muitos filhos. Isso é a
perfeição cristã.
Se
soubermos o que é a perfeição cristã, com certeza isso é algo que
iremos desejar. Na verdade, a vida que recebemos é uma vida de
perfeição. Nós que cremos no Senhor Jesus recebemos uma nova vida. Esta
própria vida que agora temos, esta nova vida não é nenhuma outra senão a
vida do nosso Senhor Jesus. É a vida de Deus. É uma vida de perfeição.
Como sabemos, toda vida leva consigo a sua própria natureza, assim a
própria natureza da vida do Senhor é de perfeição. Essa vida dentro de
nós procura, anseia, deseja a perfeição. Se você for do Senhor, e você
tiver a vida de Cristo em você, essa própria vida dentro de você clamará
por perfeição. Essa vida dentro de você não estará contente em ser bebê
em Cristo. Essa vida clamará para crescer até o pleno crescimento, à
maturidade, parecer-se com Cristo, ser conformado ao caráter de Cristo.
Esse é o clamor dentro de nós.
Lembre-se,
o chamamento para a perfeição cristã não é apenas um chamamento do
alto, mas é um clamor interior. Há um chamamento do alto – Deus está nos
chamando à perfeição – e a própria vida dentro de nós responde e diz:
“Isso é o que queremos. Se isso for o que Tu queres, isso é o que
queremos. Se essa for a Tua vontade, essa é também a nossa vontade”. Não
é apenas uma chamada exterior, é um desejo interior. Esses dois se
fundem juntos. É muito natural; deve ser espontâneo. Não é algo que deve
ser manufaturado ou trabalhado. Na verdade, é algo que deve vir de
dentro em resposta àquele chamamento do alto. É sobre isso que estamos
falando: a perfeição cristã.
Algumas
pessoas dizem que para chegar a perfeição cristã você tem de ter alguma
experiência especial. Se você quiser, você pode chamá-la de segunda
bênção. Olhe para o que Deus restaurou através de Martin Luther e John
Wesley. Sabemos que Deus usou Martin Luther e outros reformadores para
restaurar para a igreja a justificação pela fé. Como nós que somos
injustos podemos ser justificado diante de um Deus justo? Não é por
obras, não é por méritos acumulados, mas pela fé na obra consumada de
Cristo. Graças a Deus por essa restauração da verdade da justificação
pela fé.
Na
história, John Wesley foi muito usado por Deus para restaurar a verdade
da santificação pela fé. Como podemos ser santificados? Como podemos
ser santos? Deus é santo. Ele não é apenas justo, para que tenhamos de
ser justos, Ele é santo, por isso, temos de ser santos. Agora, como você
pode ser santo? É pela fé – santificação pela fé. John Wesley cria que
podemos alcançar o amor perfeito. Ele falou sobre o amor perfeito, mas
ele mesmo confessou que não tinha chegado a isso. Mas cria que existam
certas pessoas que chegam ao amor perfeito.
Nos
escritos dos assim chamados místicos, todos apontam para a união com
Deus. Eles criam que podemos passar por um estágio de purgação,
purificação, e logo entramos em outro estágio de iluminação. Depois
desse estágio de iluminação, podemos entrar em um estágio de união com
Deus. Ou colocando de outro modo, eles criam que a nossa vontade pode
ser tanto uma com a vontade de Deus que somos unidos com Deus em Sua
vontade. O que Deus deseja, desejamos, e desejaremos somente fazer a
vontade de Deus. Essa é a crença de alguns dos assim chamados místicos. E
alguns reivindicam que chegaram a esse estágio. Não estamos
questionando o que eles reivindicam ou não. Essa não é a nossa tarefa.
Mas o nosso desejo é de conhecer o caminho para a perfeição cristã.
Leia agora a Parte 3 desse artigo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário