sexta-feira, 24 de agosto de 2012

O MOTIVO MAIS IMPORTANTE PARA O ARREPENDIMENTO - Charles Haddon Spurgeon


“Não há arrependimento salvífico sem a contemplação da cruz”.
Olharão para aquele a quem traspassaram. Zacarias 12.10.
O quebrantamento san¬to que faz um homem lamentar o seu peca¬do surge de uma ope¬ração divina. O homem caído não pode renovar seu próprio coração. O diamante pode mudar seu pró¬prio estado para tornar-se maleável, ou o granito amolecer a si mesmo, transformando-se em argila? So¬mente aquele que estendeu os céus e lançou os fundamentos da terra pode formar e reformar o espírito do homem. O poder de fazer que da rocha de nossa natureza fluam rios de arrependimento não está na própria rocha. O poder jaz no oni¬potente Espírito de Deus… Quando Deus lida com a mente do homem, por meio de suas operações secre¬tas e misteriosas, Ele a enche com uma nova vida, percepção e emoção. Deus… me fez desmaiar o coração (Jó 23.16), disse Jó. E, no melhor senti¬do, isso é verdade. O Espírito Santo nos torna maleáveis e nos tornamos receptíveis às suas impressões sagra¬das… Agora, quero abordar o âmago 43 Revista Betel Leg ado

e a essência de nosso assunto.
O enternecimento do coração e o lamento pelo pecado são produzidos por olharmos, pela fé, para o Filho de Deus traspassado. A verdadeira tris¬teza pelo pecado não acontece sem o Espírito de Deus. Mas o Espírito de Deus não realiza essa tristeza sem levar-nos a olhar para Jesus crucifica¬do. Não há verdadeiro lamento pelo pecado enquanto não vemos a Cris¬to… ”Ó alma, quando você chega a contemplar Aquele para quem todos deveriam olhar, Aquele que foi tras¬passado, então seus olhos começam a lamentar aquilo pelo que todos deve¬riam chorar – o pecado que imolou o seu Salvador!”
Não há arrependimento salvífico sem a contemplação da cruz… O arrependimento cristão é o único ar¬rependimento aceitável. E a essência desse arrependimento é olhar para Aquele que foi moído pelos peca-dos… Observe isto: quando o Espí¬rito Santo realmente opera, Ele leva a alma a olhar para Cristo. Nunca uma pessoa recebeu o Espírito de Deus para a salvação, sem que tenha recebido dEle o olhar para Cristo e o lamentar por seus pecados.
A fé e o arrependimento são ge¬rados e prosperam juntos. Ninguém deve separar o que Deus uniu! Nin¬guém pode arrepender-se do pecado sem crer em Jesus, nem crer em Jesus sem arrepender-se do pecado. Olhe, então, com amor para Aquele que derramou seu sangue, na cruz, por você. Por meio desse olhar, você ob¬terá perdão e quebrantamento. Quão admirável é o fato de que todos os nossos males podem ser curados por um único remédio: Olhai para mim e sede salvos, vós, todos os limites da ter¬ra (Isaías 45.22). Contudo, ninguém olhará para Cristo sem que o Espíri¬to de Deus o incline a fazer isso. Ele não conduz uma pessoa à salvação, se ela não se rende às suas influências e não volve seu olhar para Jesus.
O olhar que nos abençoa, produ¬zindo quebrantamento de coração, é o olhar para Jesus como Aquele que foi traspassado. Quero me de¬morar nisso por um momento. Não é somente o olhar para Jesus como Deus que afeta o coração, mas tam¬bém olhar para este mesmo Senhor e Deus como Aquele que foi cru¬cificado por nós. Vemos o Senhor traspassado, e, em seguida, inicia-se o traspassamento de nosso coração. Quando o Espírito Santo nos revela Jesus, os nossos pecados também co¬meçam a ser expostos.
Venham, almas queridas, vamos juntos à cruz, por um pouco, e no-temos quem era Aquele que recebeu a lançada do soldado romano. Olhe para o seu lado e observe aquela ter¬rível ferida que atingiu seu coração e 44 Revista Betel Leg ado

desencadeou um duplo fluxo de san¬gue. O centurião disse: Verdadeira¬mente este era Filho de Deus (Mateus 27.54). Aquele que, por natureza, é Deus e governa sobre tudo, sem o Qual nada do que foi feito se fez (João 1.3), tomou sobre Si mesmo nossa natureza e se tornou homem, como nós, mas não tinha qualquer mácu¬la de pecado. E, vivendo em forma humana, foi obediente até à morte, morte de cruz. Foi Ele quem morreu! Ele, o único que possui a imortalida¬de, condescendeu em morrer! Ele, que era toda a glória e poder, sim, Ele morreu! Ele, que era toda a ternura e graça, sim, Ele morreu! Infinita bondade esteve pendurada na cruz! Beleza indescritível foi traspassada com uma lança! Essa tragédia ex¬cede todas as outras! Por mais per-versa que tenha sido a ingratidão do homem em outros casos, a sua mais perversa ingratidão se expressou no caso de Jesus! Por mais horrível que tenha sido o ódio do homem contra a virtude, o seu ódio mais cruel foi manifestado contra Jesus! No caso de Jesus, o inferno superou todas as suas vilezas anteriores, clamando: Este é o herdeiro; ora, vamos, matemo¬-lo (Mateus 21.38).
Deus habitou entre nós, e os ho¬mens não O aceitaram. Visto que o homem foi capaz de traspassar e matar o seu Deus, ele cometeu um pecado horrível. O homem matou o Senhor Jesus Cristo e O traspassou com uma lança! Nesse ato, o homem mostrou o que fariam com o próprio Eterno, se pudesse chegar até Ele. O homem é, no coração, assassino de Deus. Ele se alegria se Deus não existisse. Ele diz em seu coração: Não há Deus (Salmos 14.1). Se a sua mão pudesse ir tão longe quanto o seu coração, Deus não existiria nem mesmo por mais uma hora. Isto dá ao traspassamento de nosso Senhor uma forte intensidade de pecado: foi o traspassamento de Deus.
Por quê? Por que razão o bom Deus foi assim perseguido? Oh! pelo amor de nosso Senhor Jesus Cristo, pela glória de sua Pessoa, pela perfei¬ção de seu caráter, eu lhe peço – ad¬mire-se e envergonhe-se de que Ele foi traspassado! Não foi uma morte comum. Aquele assassinato não foi um crime comum. Ó homem, Aque¬le que foi traspassado com a lança era o seu Deus! Na cruz, contemple o seu Criador, o seu Benfeitor, o seu melhor Amigo!
Olhe firmemente para Aquele que foi traspassado e observe o Sofredor que é descrito na palavra “traspassa¬do”. Nosso Senhor sofreu severa e terrivelmente. Não posso, em uma mensagem, descrever a história de seus sofrimentos – as tristezas de sua vida de pobreza e perseguição; as 45 Revista Betel Leg ado

angústias do Getsêmani e do suor de sangue; as tristezas de seu abandono, traição e negação; as tristezas no pa¬lácio de Pilatos; os golpes de chico¬tes, o cuspe e o escárnio; as tristezas da cruz, com sua desonra e agonia… Nosso Senhor foi feito maldição por nós. A penalidade do pecado ou o que lhe era equivalente, Ele a supor¬tou, carregando ele mesmo em seu cor¬po, sobre o madeiro, os nossos pecados (1 Pedro 2.24). O castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisa¬duras fomos sarados (Isaías 53.5).
Irmãos, os sofrimentos de Jesus devem amolecer nosso coração! Nes¬ta manhã, lamento o fato de que não me entristeço como deveria. Acuso a mim mesmo daquele endurecimen¬to de coração que eu condeno, visto que posso contar-lhes essa história sem enternecimento de coração. Os sofrimentos de meu Senhor são in¬descritíveis. Examinem e verifiquem se já houve tristeza semelhante à de Jesus! A sua tristeza foi abismal e in¬sondável… Se você considerar firme¬mente a Jesus traspassado por nossos pecados e tudo que isso significa, seu coração se dilatará! Mais cedo ou mais tarde, a cruz desenvolverá todo sentimento que você será capaz de produzir e lhe dará capacidade para mais. Quando o Espírito Santo põe a cruz no coração, o coração se dissolve em ternura… A dureza de coração desaparece quando, com profundo temor, contemplamos a Jesus sendo morto.
Devemos também observar quem foram os que traspassaram a Jesus. Olharão para aquele a quem traspas¬saram. Ambos os verbos se referem às mesmas pessoas. Nós matamos o Salvador, nós que olhamos para Ele e vivemos… No caso do Salvador, o pecado foi a causa de sua morte. O pecado O traspassou. O pecado de quem? Não foi o pecado dEle mesmo, pois Ele não tinha pecado, e nenhum engano se achou em seus lábios. Pi¬latos disse: Não vejo neste homem crime algum (Lucas 23.4). Irmãos, o Messias foi morto, mas não por cau¬sa dEle mesmo. Nossos pecados ma¬taram o Salvador. Ele sofreu porque não havia outra maneira de vindicar a justiça de Deus e de prover-nos um escape da condenação. A espada, que deveria cair sobre nós, foi despertada contra o Pastor do Senhor, contra o Homem que era o Companheiro de Jeová (Zacarias 13.7) Se isso não quebranta nem amolece nosso cora¬ção, observemos por que Ele foi leva¬do a uma posição em que poderia ser traspassado por nossos pecados. Foi o amor, poderoso amor, nada mais do que o amor, que O levou até a cruz. Nenhuma outra acusação Lhe pode ser atribuída, exceto esta: Ele era culpado de amor excessivo. Ele 46 Revista Betel Leg ado

se colocou no caminho do traspassa¬mento, porque resolvera salvar-nos. Ouviremos isso, pensaremos nisso, consideraremos isso e permanece¬remos apáticos? Somos piores do que os brutos? Tudo que é humano abandonou a nossa humanidade? Se Deus, o Espírito Santo, está agindo agora, uma contemplação de Cristo derreterá o nosso coração de pedra.
Quero dizer-lhes ainda, ó ama¬dos: quanto mais olharmos para Jesus crucificado, tanto mais lamen¬taremos o nosso pecado. A reflexão crescente produzirá sensibilidade crescente. Desejo que olhem mui¬to para Aquele que foi traspassado, para que odeiem cada vez mais o pecado. Livros que expõem a paixão de nosso Senhor e hinos que cantam a sua cruz sempre foram bastan¬te queridos pelos crentes piedosos, por causa de sua influência sobre o coração e a consciência deles. Vivam no Calvário, amados, até que viver e amar se tornem a mesma coisa. Diria também: olhem para Aquele que foi traspassado, até que o coração de vo¬cês seja traspassado.
Um antigo teólogo dizia: “Olhe para a cruz, até que tudo que está na cruz esteja em seu coração”. E acres¬centou: “Olhe para Jesus, até que Ele olhe para você”. Olhem com firmeza para sua Pessoa sofredora, até que Ele pareça estar volvendo sua cabe¬ça e olhando para você, assim como o fez com Pedro, que saiu e chorou amargamente. Olhe para Jesus, até que você veja a si mesmo. Lamente por Ele, até que lamente por seu pró¬prio pecado… Ele sofreu em lugar, em favor e em benefício de homens culpados. Isso é o evangelho. Não importa o que os outros preguem, nós pregamos a Cristo crucificado (1 Coríntios 1.23). Sempre levaremos a cruz na vanguarda. A essência do evangelho é Cristo como substituto do pecador. Não evitamos falar so¬bre a doutrina do Segundo Advento, mas, antes e acima de tudo, prega¬mos Aquele que foi traspassado. Isso levará ao arrependimento, quando o Espírito de graça for derramado.
Extraído do sermão matinal de domingo 18 de setembro de 1887, no Tabernáculo Metropolitano de Londres.
A vontade de Deus e a minha felicidade são sinônimos.
-- Evan Hopkins

Nenhum comentário:

Postar um comentário

COMUNIDADE MENSAGEM DA CRUZ

Minha foto
Aracati - Ceará, Nordeste, Brazil
IRMÃOS, GRAÇA E PAZ! BEM-VINDOS AO NOSSO BLOG. A COMUNIDADE MENSAGEM DA CRUZ EM ARACATI CEARÁ, É FRUTO DA OBRA REDENTORA DE CRISTO NO CALVÁRIO. QUE DEUS O ABENÇOE E EDIFIQUE RICAMENTE NA PESSOA DE SEU AMADO FILHO JESUS CRISTO. NOSSO COMPROMISSO É COM A VERDADE DA PALAVRA DE DEUS. Endereço: Rua Coronel Pompeu, Nº 1644 (próximo ao Ginásio Polivalente), Vila Olímpica (Cacimba do Povo). E-mail: comunidademdacruz@gmail.com - Pr. OSVALDO MAIA