NO PRINCÍPIO ERA O VERBO Por: Humberto Xavier Rodrigues

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dEle, e, sem Ele, nada do que foi feito se fez. A vida estava nEle e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade. João 1:1, 3, 4, 5 e 14a.

O Evangelho, segundo São João, não nos apresenta o nascimento de Jesus neste mundo, não traça a Sua genealogia a partir de Adão, mas a Sua existência antes do princípio de tudo aquilo que tem um princípio. Através destes versículos iremos considerar sete coisas a respeito do Verbo. Primeiro, no princípio era o Verbo. Aqui nos é revelada a eternidade do Verbo. Ele não teve princípio, quando as coisas tiveram um começo, Ele era. Recuando tanto quanto o espírito do homem puder recuar, tão longe quanto consigamos ir, além de tudo o que teve princípio, Ele é. Segundo, e o Verbo estava com Deus. Aqui vemos a personalidade do Verbo; é atribuída a Ele uma existência pessoal.

Terceiro, e o verbo era Deus. Agora nos é dito que Ele era Deus! Deus na Sua existência eterna, na Sua natureza divina. Aqui temos a divindade do Verbo. Na Sua Pessoa distinta. Ele é divino como o Pai o é.

Quarto, e todas as coisas foram feitas por Ele. Eis o Verbo criando. Há coisas que tiveram um princípio. E foi através dEle que todas elas tiveram a sua origem. Ele foi o agente do Pai em todos os atos da criação. Tudo o que foi feito, foi feito através dEle.

Quinto, e nele estava a vida. Não há vida física em toda a criação a não ser através dEle. Aqui vemos o Verbo trazendo vida. Nele a origem da vida, em todas as suas formas.

Sexto, e a vida era a luz dos homens. Eis aqui a revelação do Verbo. Dando a vida, Ele dá luz também. Porque onde a luz resplandece, as trevas se dissipam. De novo, lhes falava Jesus, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida. João 8:12.

Sétimo, e o Verbo se fez carne. Aqui temos a encarnação do Verbo. A perfeita expressão de Deus, tomando a própria natureza do homem, e tudo o que se encontra no homem, indo ao encontro de todas as necessidades humanas. É a expressão do que Deus é, Deus em graça. O mistério da encarnação é inexplicável. Não podemos explicá-lo, apenas formulá-lo, nas palavras do credo de Atanásio: Nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, é Deus e homem; ...Deus perfeito e homem perfeito... que, embora seja Deus e homem, não são duas pessoas, mas um Cristo. Como expressou Carlos Wesley: Nosso Deus reduzido ao tamanho de um palmo, incompreensivelmente fez-se homem. A verdadeira relação de todas as coisas com Deus foi-nos revelada. E a revelação de Deus ao mundo pelo Verbo, isto é, Jesus-homem, em toda a sua dimensão e expressão, é sustentada pela morte e ressurreição. Tudo o que Deus tinha que falar, falou através do seu Filho. Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas. Hebreus 1: 1 a 3.

A pessoa de Jesus, o Verbo feito carne, vivendo entre nós, estava cheia de graça e de verdade. A graça e a verdade vieram por Jesus Cristo. Não por Moisés. A lei exigia do homem o que ele devia ser diante de Deus. A graça e a verdade, em Cristo, mostram o que o homem é, e o que Deus é, inseparável da graça, que não exige nada, mas traz ao homem tudo aquilo de que ele precisa. Assim como Deus se revelou ao mundo por Jesus Cristo, também quer revelar seu Filho em cada um de nós. Para isto o homem precisa tomar conhecimento de que é possuidor de uma natureza perversa e que esta mesma natureza foi a causa da morte do Senhor Jesus. Jesus, assumindo a forma humana e como homem naquela cruz, atraiu todos os homens no seu corpo no momento da sua crucificação, como está escrito: E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos (os homens) a mim mesmo. João 12:32. Identificados na morte em Cristo, também o fomos na Sua ressurreição. Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição. Romanos 6:5. Mediante o conhecimento destes fatos que, em Cristo morremos e ressuscitamos, que a nossa velha natureza foi destruída, devemos levar em conta o que está escrito: Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus. Romanos 6:11. A proposta de Deus para a salvação do homem não é o simples conhecimento do Jesus histórico (Jesus entre nós) e sim, Cristo em nós. O verdadeiro cristão não é aquele que apenas tem conhecimento que Jesus o salvou, mas que o Salvador e Senhor vive nele. O mistério que estivera oculto dos séculos e das gerações; agora, todavia, se manifestou aos seus santos; aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória. Colossenses, 1:26-27.

Como vimos, Cristo é o nosso Salvador. Todavia, também é Senhor, e como Senhor, Ele tem em suas mãos a direção de nossas vidas. E assim, podemos descansar diante de quaisquer circunstâncias, pois Ele sabe perfeitamente de todas as nossas necessidades. Foi precisamente para esse fim que Cristo morreu e ressurgiu: para ser Senhor tanto de mortos como de vivos. Romanos 14:9. Amém.