quarta-feira, 8 de agosto de 2012

A CRUZ, NA CRUZ Por: Glenio Fonseca Paranaguá


 A cruz de Cristo é a matéria mais subversiva que campeia nos limites do pensamento humano. Não há tema que perturbe mais a coerência da lógica e cause tantos desacordos, incon-formidades, polêmicas e perseguições como a mensagem oriunda da cruz. Por mais agudeza, que o homem seja dotado, e por mais penetração, que tenha no terreno do entendimento, a pregação de Cristo crucificado, sempre se constituirá numa aberração no âmbito de sua compreensão natural. Há uma insuficiência na descrição do assunto, e há uma grande inconsistência na argumentação, ao nível da inteligência humana. Então, nada mais justo do que considerar a pregação da cruz, uma demência desvairada. Para o homem natural a proclamação de Cristo crucificado é uma alienação mental, fruto de um desatino insano, insustentável e extravagante. Só os dementes são capa-zes de elaborar uma teoria tão incon-siderada e absurda, como esta que anun-cia a vitória plena, por meio da morte. Como pode uma rendição se constituir num triunfo? Quando foi que a renúncia redundou em glória? Não há qualquer sinal de normalidade neste tipo de argu-mentação, é o que supõe o ser humano.

Entretanto, a mensagem da cruz é um projeto que precede a fundação do mundo. É um plano elaborado pelo raciocínio de Deus, que visa anular a elevação dos sentimentos de grandeza, produto da altivez do pecado. Como um perfeito arquiteto, Deus já previu o escape, antes que houvesse o acidente. Ele idealizou a saída de emergência, antes que surgisse a possibilidade do incêndio. Foi dentro de um enfoque abrangente, que o apóstolo Pedro disse: Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo, conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós. 1Pedro 1:18-20. A cruz não é incidente de percurso, nem um acidente na história. A graça de Deus já havia providenciado uma alternativa ante a realidade possível do pecado. João, na revelação que teve na ilha de Patmos, fala do Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo. Apocalipse 13:8b. Não resta dúvida que a cruz fazia parte dos propósitos de Deus, e que, o plano de Deus para a salvação não é uma decisão para remediar uma situação; ele antecede a obra da criação. Deus não foi surpre-endido pela presença do pecado, nem teve que improvisar uma alternativa ines-perada, para o sobressalto de última hora.

O recado da cruz já estava preparado, pois, o pecado mal havia se instalado e Deus se apresenta com a notícia evan-gélica daquele que seria ferido no seu calcanhar. Quando Deus interpelou a serpente, deixou bem claro que haveriam ferimentos dos dois lados, uma vez que a morte do representante da humanidade atingiria em cheio a cabeça daquele que tinha o poder da morte. Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. Gênesis 3:15. Ficou ainda mais patente a objetividade da morte como resultado do pecado e a veri-dicidade da cruz como seu executivo, quando fez o Senhor Deus vestimenta de peles para Adão e sua mulher e os vestiu. Gênesis 3:21. A morte dos animais apela para a existência do sacrifício e nos leva a concluir que, posteriormente, Abel foi aceito em razão de sua oferta está determinada nos limites do Cordeiro que havia sido imo-lado antes da fundação do mundo.

Toda a história do povo de Israel se realiza sob o emolduramento saliente do Cordeiro substituto. A demonstração mais clara deste ponto foi o episódio em que Abraão ofereceu o seu filho Isaque, em holocausto, e no momento crucial, aparece o cordeiro. O sacrifício do cordeiro passou por todas as épocas da história de Israel, apontando sempre para o evento da cruz de Cristo. E sob a luz desta visão, os profetas traçaram um perfil nítido daquele que era desprezado e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso algum. Isaías 53:3. A cruz é uma senda que, aos olhos do mundo, torna-se desonrosa e cheia de afrontas. Mas a cruz é o único caminho para a coroa. Ela reflete uma verdade sin-gular, capaz de atingir profundamente o núcleo do egoísmo humano.

A grande mensagem do cristianismo deriva substancialmente dos efeitos eternos da cruz. Sua abordagem é o tema mais relevante de toda a Bíblia. Podemos nos pronunciar sobre todas as matérias da Bíblia, mas se descuidarmos da prédica que destaca Cristo crucificado, omitimos a mensagem que engloba o poder de Deus e manifesta a sua sabedoria eterna e soberana. A ênfase na pregação de Cristo crucificado é o assunto de mais urgência e que requer insistência e persistência. O apóstolo Paulo radicaliza sua posição com estas palavras: Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós. A minha palavra e a minha pregação não consistiram em lin-guagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus. 1Coríntios 2:2-5.

O inferno coloca todo o seu arsenal contra a pregação que enfoca e ressalta a sublimidade da cruz de Cristo, porque esta mensagem ataca frontalmente todos os interesses escusos e perversos, que se misturam na fachada da religiosidade hipócrita. Os inimigos da cruz de Cristo tentam por todos os motivos crucificar a cruz, com a sua pregação. E a tática mais requintada desta estratégia é desfazer o escândalo da cruz ou pretender anular o seu valor. A Bíblia mostra que tanto os judeus pedem sinais, como os gregos buscam sabedoria, mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios; mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus. 1Coríntios 1:22-24. Os judeus representam a religiosidade legalista e o formalismo comportamental que pretende incutir vida espiritual a partir da prática exterior de regras e preceitos. Em Gálatas 5:11, o apóstolo mostra que o exercício da circuncisão desmancha o escândalo da cruz. Eu, porém, irmãos, se ainda prego a circuncisão, por que continuo sendo perseguido? Logo, está desfeito o escândalo da cruz. Tudo aquilo que eu exerço, que faz minguar a totalidade da obra da cruz, constitui-se num instrumento de diluição da radicalidade escandalosa do poder de Deus, revelado pela cruz. Por outro lado, quando usamos da excelência das palavras e do esplendor da filosofia, podemos cair no risco de invalidar o significado da cruz. Porque não me enviou Cristo para batizar, mas para pregar o evangelho; não com sabedoria de palavra, para que se não anule a cruz de Cristo. 1Coríntios 1:17. Esta posição é a característica dos gentios ou pagãos que se encontram no seio da igreja, usando de uma linguagem requintada e hermética, que acaba inutilizando o valor singular da cruz. Desfazer o escândalo da cruz por meio de procedimentos formais de religiosidade, ou tentar anular a cruz com o idioma legendário da especulação vazia são os expedientes cruéis da cultura tumultuosa do inferno.

A religião se interessa com as evidências dos sinais. O perfil do religioso é percebido pelo fascínio que nutre em face do miraculoso. Se há prodígio, aí prolifera o espírito da religiosidade. Na outra ponta, o mundo busca a eloquência da sabedoria. As explicações e os signifi-cados assumem o comando da existência, de tal modo, que ter orgulho do que se sabe é demonstração da maior ignorância. Entretanto, os que crêem no Evangelho pregam a Cristo crucificado, escândalo para o religioso milagrento, loucura para o secularizado especu-lador; contudo, poder de Deus e sabedoria de Deus, para os que crêem.

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