sexta-feira, 17 de maio de 2013

NÃO TEMAS O QUE TENS DE SOFRER

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Ao mensageiro da igreja em Esmirna escreve: Estas coisas diz o primeiro e o último, que esteve morto e tornou a viver: Apocalipse 2:8.
É bem provável que essa igreja fale do segundo período da história eclesiástica. Se a igreja de Éfeso for a era apostólica, Esmirna será o tempo das vis torturas do Império Romano. E o seu nome está vinculado à mirra, uma planta amarga que aponta para as experiências de seus seus sofrimentos amargosos, que vão, mais ou menos, até o IV séc.
Os cristãos legítimos foram sempre sacos de pancada no cenário das perseguições e tudo indica que não há alternativa na vida cristã autêntica: Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos. 2 Timóteo 3:12. Por quê? Talvez porque a graça ofenda frontalmente ao mérito, a santidade agrida à hipocrisia e o amor incondicional à troca de favores. O real é que a perseguição persegue os santos.
Essa carta começa com a identificação de Cristo como a causa primeira e o fim de tudo, bem como, Aquele que tendo passado pelo vale da sombra da morte, se apresenta no momento como O que vive para sempre. Isto também é hostil aos “donos” do mundo.
O vexame em Esmirna vem daqueles que se declaram povo de Deus, mas fazem parte da vetusta conspiração da Babilônia. O Senhor explica o caso: Conheço a tua tribulação, a tua pobreza (mas tu és rico) e a blasfêmia dos que a si mesmos se declaram judeus e não são, sendo, antes, sinagoga de Satanás. Apocalipse 2:9.
Essas tribulações decorrem do estilo de Sua Alteza, o mendigo. Dessa gente pobre, mas nobre e rica de valores espirituais; vem da inveja de Caim contra Abel; surge da soberba que jamais pode concordar com a aceitação imerecida, além das calúnias tramadas pelos ardilosos membros das academias religiosas, que visam a aprovação dos altos executivos formados nas “sinagogas” implantadas por esse modelo sufocante.
Tais “sinagogas” foram as escolas projetadas pela religião humanista após o cativeiro do povo judeu na Babilônia. Antes deste período não se conhecia nenhum sistema de ensino judaico tão legalista, cruel e controlador. Quanta gente tem sofrido com o peso pesado da conduta externa extraída pelas tradições, ritos, regras, usos e costumes?
Por outro lado, é bom lembrar ainda que foi Jesus quem declarou ser Satanás o técnico do time que joga em favor dos homens e nunca se envolveu com as coisas de Deus. Se o iluminismo humanista estiver no comando, então o cristianismo verdadeiro estará na peia.
Os maiores perseguidores da autêntica igreja de Cristo sempre foram os falsos irmãos que se infiltram no seio da igreja como se cristãos fossem, e alguns dos maiores crimes contra a humanidade foram executados pela falsa igreja. Acredito que um cristão genuíno possa até se defender em certas circunstâncias, nunca caçar ou perseguir alguém.
O cristianismo não é humanista. O humanismo se baseia no homem como a medida de todas as coisas. Propala a centralidade do ser humano e a sua glorificação na base rígida da meritocracia. O cristianismo, embora seja essencialmente humano e nunca aja com desumanidade, o seu eixo é o amor incondicional de Abba em favor dos indignos.
Isto é uma afronta ao valor do desempenho do sujeito, por isso, essa raiva louca da religião humanista contra a aceitação imerecida do indigente miserável no banquete Real. A turma que quer ter o controle não suporta os mendigos transitando no palácio do Rei.
Durante o período da igreja de Esmirna, os cristãos foram açoitados com as mais cruéis perseguições. Foi a essa igreja que o Senhor sussurrou criteriosamente: Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida. Apocalipse 2:10.
Está claro no texto que o diabo é o mentor das tribulações, mas os executores foram os Césares, (Kaiser – no grego é Senhor). Este título para os cristãos era exclusivo de Deus e o único ser humano que poderia recebê-lo seria Jesus Cristo, pois, tendo passado pela morte na cruz, encontrava-se, agora, ressuscitado numa dimensão além da terceira.
O cultura humanista ou o plano da serpente propõe divinizar o ser humano em geral, e em especial, o governante mundial. César, neste caso, é visto como deus e digno de toda adoração dos seus súditos. Quem não o adorasse seria perseguido e executado.
Por entender que o único Kaiser é Jesus, a igreja, nessa época, foi punida com castigos severos e encurralada nas catacumbas, vivendo escondida, enquanto se fortalecia na graça do Pai. Nesse endereço do submundo ela teve o seu apogeu de identidade cristã. Nunca o seu odre foi tão adequado como neste contexto de torturas e tormentos.
Jesus, aqui, estava animando a Sua igreja diante das atrocidades que haveria de passar, bem como, mostrando as etapas de sofrimento que ela enfrentaria durante dez estágios de aflições. A história eclesiástica registra, de fato, que estes fatos assim aconteceram.
“As dez grandes perseguições podem ser relacionadas desta forma: (a) Sob Nero: 64-68 d. C. (b) Sob Dominiciano: 68-96 d. C. (c) Sob Trajano: 104-117 d. C. (d) Sob Aurélio: 161-180 d. C. (e) Sob Severo: 200-211 d. C. (f) Sob Máximo: 235-237 d. C. (g) Sob Décio: 250-253 d. C. (h) Sob Valeriano: 257-260 d. C. (i) Sob Aureliano: 270-275 d. C. (j) Sob Diocleciano: 303-312 d. C. Durante esse tempo, a matança de cristãos foi tremenda”.
Foi um tempo de prova. Surgiu uma enxurrada de literatura apócrifa gerando confusão, e, portanto, essa foi uma época importante para a confirmação do Cânon bíblico e para que se lançassem os fundamentos doutrinários da suficiência de Cristo na experiência de todo aquele que viesse a crer por meio das Sagradas Escrituras. Nunca houve um período em que a igreja tenha sido tão atacada pelo humanismo como este. (Veja o gnosticismo).
Mas foi nessa época que o Senhor prometeu a coroa da vida a todos aqueles que fossem fieis até a morte; ou seja, quem já morreu com Cristo na cruz não vende a sua alforria por nada deste mundo. Não é possível alguém ser liberto de verdade e voltar para a prisão. A morte não mata quem já morreu em Cristo. Ela é apenas o passaporte para a vida eterna.
Deparamos no texto, fiel até a morte, com a prova dos nove que seleciona os escolhidos. Quem for do Senhor fica firme até o fim. Quem não for, desiste diante das soveladas. Esta prova aprova apenas os escolhidos que suportaram a dor até o final.
A prova da fidelidade significa, verdadeiramente, que aquele que recebeu a fé que lhe foi doada por Jesus, permanece firme somente pela graça do Senhor que lhe sustenta. Não se trata de um predicado do velho homem, mas de um atributo da graça concedido aos filhos de Deus. Não é um talento de Adão, mas um dom Divino aos Seus santos.
A fidelidade cristã não é em si mesma um mérito humano, mas a manifestação da graça do Pai na vida de Seus filhos, uma vez que: Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade. Filipenses 2:13.
Há dois vetores inexplicáveis na construção da verdadeira experiência cristã. De um lado, a soberania de Deus, do outro lado, a responsabilidade humana. Talvez a Confissão de Westminster dê uma pista para aquietar um pouco a nossa ânsia por respostas prontas.
Veja a proposta: “Desde toda a eternidade, Deus, pelo muito sábio e santo conselho da sua própria vontade, ordenou livre e inalteravelmente tudo quanto acontece, porém de modo que nem Deus é o autor do pecado, nem violentada é a vontade da criatura, nem é tirada a liberdade ou contingência das causas secundárias, antes estabelecidas”.
Desde que Deus seja a causa primaria e a criatura contigente em sua volição esteja sob os efeitos das causas secundárias, então, nem Deus em si mesmo é o autor do pecado, nem a criatura é um boneco marinete nas mãos do Soberano.
Por isso, podemos mostrar com equilíbrio o exemplo de Policarpo, um dos discípulos do apóstolo João, escolhido pela graça, quando passou por essa prova de fidelidade como o pastor da igreja de Esmirna, no inicio do II séc. Ele foi queimado vivo, em praça pública, depois de ser exortado a negar a sua fé. Mas tanto o imperativo para ser fiel, como a sua obediência estavam atreladas ao governo Divino, em sua vida.
Como não fora possível desfazer o chamado eficaz, não foi factível fazê-lo retroceder de sua convicção, mesmo sob as ameaças sádicas que culminaram com as chamas cruéis da fogueira ardente, uma vez que Policarpo havia livremente se submetido aos desígnios supremos do conselho da vontade soberana da Trindade.
A carta termina: Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte. Apocalipse 2:11. Isto significa que, para ouvir, é preciso ter ouvidos dados pelo Senhor, capazes de ouvir. Sem a vivificação do espírito, promovida pela Palavra de Deus, não há vida espiritual e, consequentemente, não há a menor capacidade para o exercício da fé e do arrependimento.
Esmirna fala da Causa não causada; da Origem de tudo e da Finalidade para tudo. Estas coisas diz o primeiro e o último. Também trata da responsabilidade dos escolhidos pela maravilhosa graça. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida. Tanto a soberania de Deus com a responsabilidade humana se conjugam de modo eficaz na pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo, em quem os crentes foram incluídos desde a eternidade. Amém.

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