Este é um apelo difícil, e ele
simplesmente significa: “Não vão muito longe, mas fiquem perto do Egito para
que eu possa, sem muita dificuldade, trazê-los de volta e assim destruir o
testemunho de vocês como um povo separado”. O cristianismo superficial é uma grande
arma para satanás; se adapta bem ao seu propósito. Um homem que não é
totalmente consagrado a Deus, nem totalmente do mundo, é uma pedra de tropeço
para todos. O mundo sorri com ironia para um homem que participa de um culto ao
Senhor numa noite, e que canta com ele na outra. As pessoas honestas podem
facilmente avaliar a profundidade de tal profissão de fé, e logo o descartam
como um hipócrita. Infelizmente muitos vivem assim, um cristianismo se
aparência. Mateus 23:27 Ai de vós,
escribas e fariseus, hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros caiados,
que, por fora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de
mortos e de toda imundícia!
A pessoa que vive este tipo de vida, ela
não tem poder algum para qualquer coisa, a não ser para fazer dano a ela mesma
e aos outros. Não é respeitado por ninguém, nem por cristãos, nem pelo mundo. A
sua própria consciência é pervertida e sua aparência é infeliz. Ló foi um da
classe que “não vai longe”. Ele tentou misturar política com piedade enquanto
vivia em Sodoma, e o povo zombava dele. Sua vida mundana paralisou por completo
a sua pregação. Gênesis 19:14 Então, saiu Ló e falou a seus genros, aos que
estavam para casar com suas filhas e disse: Levantai-vos, saí deste lugar,
porque o SENHOR há de destruir a cidade. Acharam, porém, que ele gracejava com
eles.
Suas filhas estavam para se casar com
sodomitas e no final Ló foi arrastado para fora da cidade, salvo como pelo
fogo, para terminar seus dias numa caverna solitária com um testemunho
arruinado. Tudo isto por quê? Porque Ló deixou guiar pelas aparências, e nem
tudo que é bom aos olhos, é de fato bom para a alma. Ló não se importou com as
consequências, queria satisfazer a carne e com isso, ele cada vez mais ia se
afastando da presença de Deus e se avizinhando com o mundo. Ló ia pouco a
pouco, ele ia armando sua tenda. Um
abismo chama outro abismo. Salmos 42:7a.
Queridos irmãos e irmãs, satanás sempre
tentará esta estratégia com vocês. Ele dirá baixinho em seus ouvidos: “Não vá
muito longe, não há necessidade de se conter. Você pode ser um cristão e cantar
uma inocente canção mundana, dançar um pouco, ou desfrutar de um pouco de
prazer. Há muitos que não veem mal nenhum nestas coisas. Não devemos nos fazer
de excêntricos. Você não pode ser tão fanático assim. Devemos ser como as
outras pessoas”. Todo este tipo de raciocínio é diabólico. Por meio disso, satanás
deseja enfraquecer o testemunho dos cristãos para Deus, usando a aparência
deste mundo com as suas mais variadas cores, para arrastá-los ao nível de
homens religiosos carnais. A Bíblia diz claramente que quando cremos em nossa
morte e ressurreição com Cristo, somos propriedade exclusiva de Deus. O que o
mundo tem a ver conosco? Ou ainda tem em sua vida? Leiamos o texto de 1 Pedro 2:9 Vós, porém, sois raça eleita,
sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de
proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz.
Se nós não formos longe com o Senhor em
caminho de três dias, certamente nunca ganharemos a real experiência de
crucificação com Cristo, então retornaremos novamente ao Egito. E a
consequência natural disto, será o efeito moral da verdade sobre as
consciências dos incrédulos, onde será tristemente embaraçado pelo exemplo dos
“professos” que regressam às coisas que aparentemente haviam deixado. Aqui a
coisa é séria, porque o efeito produzido será, como em tudo mais, muito mau. Portanto, se, depois de terem escapado das
contaminações do mundo mediante o conhecimento do Senhor e Salvador Jesus
Cristo, se deixam enredar de novo e são vencidos, tornou-se o seu último estado
pior que o primeiro. Pois melhor lhes
fora nunca tivessem conhecido o caminho da justiça do que, após conhecê-lo,
volverem para trás, apartando-se do santo mandamento que lhes fora dado. 2
Pedro 2:20-21.
Quero deixar um alerta para você neste
dia: Se você não está disposto a ir longe com o Senhor, caminho de três dias é
melhor não partir. Que grande benção seria se todos os que fazem profissão de
sair do Egito se separassem dele pelo espírito do seu entendimento e pela
revelação do seu caráter; se conhecessem a cruz e a sepultura de Cristo como os
limites estabelecidos entre eles e o mundo! Ninguém pode colocar-se nesse
terreno na energia da carne. O Salmista pôde dizer: Não entres em juízo com o teu servo, porque à tua vista não há justo
nenhum vivente. Salmos 143:2.
É por isso que cada dúvida no coração de
um cristão é uma desonra para a Palavra de Deus e o sacrifício de Cristo. Todos
nós somos inclinados a considerar como essencial tudo que se relaciona conosco;
enquanto que aquilo que diz respeito à glória de Cristo em nós e por nosso
intermédio é considerado como não essencial. Precisamos ver e nos apropriarmos
do Evangelho de uma forma real e relacional. Eis o Evangelho, numa declaração
rápida e compreensível. O fundamento da salvação é um Cristo morto e
ressuscitado e a nossa participação em Sua morte e ressurreição. Romanos 4:25 O qual foi entregue por causa
das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação.
Ver Jesus, com olhos da fé, pregado na
cruz e assentado no trono, é uma visão que deve dar paz sólida à consciência e
perfeita liberdade ao coração. Nós podemos olhar para o sepulcro e vê-lo vazio;
podemos olhar para cima e ver o trono ocupado, e, assim, continuar o nosso
caminho cheio de gozo. O Senhor Jesus liquidou todas as coisas na cruz a favor
de Seu povo; e a prova desta liquidação é que Ele está à destra de Deus. Um
Cristo ressuscitado é a prova eterna de uma redenção efetuada; e se a redenção
é um fato consumado, então a paz do cristão é uma realidade estabelecida. Nós
não fizemos a paz, nem nunca a poderíamos ter feito. De fato, todos os nossos
esforços nesse sentido só serviriam para manifestar com maior evidência que
éramos transgressores da paz. Porém, Cristo, “havendo feito a paz pelo sangue
da Sua cruz”, tomou o Seu lugar nas alturas, triunfando sobre todos os Seus
inimigos. Por Cristo se anuncia a paz. A palavra do Evangelho transmite esta
paz; e a alma que crê no Evangelho tem a paz estabelecida diante de Deus,
porque Cristo é a sua paz. Efésios
2:14 Porque ele é a nossa paz, o qual de
ambos fez um; e, tendo derribado a parede da separação que estava no meio, a
inimizade.
Somente um morto em Cristo poderá viver
uma vida separada do mundo. É nesse sentido o que podemos chamar “ir muito
longe”. É por isso que o regenerado não deve mais andar como andam os gentios.
Amados irmãos, resisti ao diabo e, firmes na fé, lutai pela jornada de “três
dias” em todos os vossos caminhos. Que a cruz e a ressurreição de Cristo sejam
a medida da vossa separação do mundo. Então a sua lâmpada dará uma luz
constante, a sua trombeta dará um sonido inteligível e a sua conduta será
elevada; a sua experiência será rica e profunda; a sua paz correrá como um rio;
os seus afetos serão celestiais e as vossas vestes imaculadas. Regozijar-me-ei muito no SENHOR, a minha
alma se alegra no meu Deus, porque me vestiu de vestes de salvação, me cobriu
com o manto de justiça, como um noivo que se adorna com atavios e como noiva
que se enfeita com as suas jóias. Isaías 61:10. Amém!
LIBERTOS DOS EMBUTES DO DIABO
Vem,
agora, e eu te enviarei a Faraó, para que tires o meu povo, os filhos de
Israel, do Egito. Êxodo 3:10.
Moisés e Arão, comissionados por Deus,
são enviados ao Egito. Vão diretamente ao palácio apresentando-se na corte de
Faraó. No meio da grandeza e a pompa do Egito, eles apresentam a exigência de
Deus: Assim diz o SENHOR, Deus de
Israel: Deixa ir o meu povo, para que me celebre uma festa no deserto. Êxodo
5:1b.
O resultado dessa exigência do Senhor,
fez com que Faraó manifestasse imediatamente, um claro desafio e ordena que a
escravidão seja intensificada. Faraó demonstra o seu desprezo e o seu ódio para
com Deus, com estas palavras: Quem é o
SENHOR para que lhe ouça eu a voz e deixe ir a Israel? Não conheço o SENHOR,
nem tampouco deixarei ir a Israel. Êxodo 5:2.
É assim que satanás age; este é o
primeiro de seus planos para impedir o livramento do pobre pecador. Aqui, não
há camuflagem alguma. É o rugido do leão do inferno, a hostilidade frontal a
Deus e à Sua verdade. Enquanto pode manter os seus escravos em paz, servindo-o
sossegadamente, ele o faz. Porém, assim que Deus começa a lidar com o pecador,
para a sua libertação, o inferno imediatamente entra em ação para prendê-lo.
Satanás jamais abandona a sua presa com facilidade. O pensamento de perder os
israelitas levou Faraó a tratá-los com maior crueldade e a sujeitá-los a
redobrada vigilância. Sempre que o poder de satanás é restringido a um ponto o
seu furor aumenta. Assim aconteceu neste caso. A fornalha ia ser apagada pela
mão do amor libertador; porém, antes de o ser, ela arde com mais intensidade e
ferocidade. O diabo não gosta de soltar nenhum daqueles que tem tido debaixo da
sua garra terrível. Satanás é “o valente”, que mantém os seus bens em
segurança. Lucas 11:21 Quando o valente,
bem armado, guarda a sua própria casa, ficam em segurança todos os seus bens.
Vamos verificar o primeiro embuste do
diabo no que concerne a exigência que Deus impôs a Faraó. Vemos os julgamentos
que estão recaindo sobre Faraó e sobre a sua terra por causa da sua recusa.
Suas táticas mudam. Faraó percebe que em luta aberta ele não pode ter sucesso,
pois “Deus é mais forte que seus inimigos”. Mas, o que acontecerá se, por sua
astúcia secreta, ele conseguir seus objetivos? Ele chama Moisés e faz
concessão: Ide, oferecei sacrifícios ao
vosso Deus nesta terra. Êxodo 8:25b.
Isto parece um gesto muito benevolente,
e é uma considerável concessão da parte de Faraó. Dissimula levemente a astúcia
do diabo. O objetivo desta estratégia é destruir o próprio propósito da
redenção do povo, e seu testemunho ao Deus verdadeiro. Moisés, porém, percebeu
a trama satânica e de imediato a resistiu com a clara palavra de Deus: Temos de ir caminho de três dias ao deserto e
ofereceremos sacrifícios ao SENHOR, nosso Deus, como ele nos disser. Êxodo 8:27.
Irmãos como podemos ver, a Palavra de
Deus era exata, e, portanto, não podia ser transigida. A distância fora do
Egito, onde o altar de Deus deveria ser erguido, fora medida pelo próprio Deus,
e Moisés não poderia interferir e ficar aquém dos padrões. Ele apresenta as
exigências de Deus integralmente, na presença do inimigo. Aqui está, então, um
dos embustes do diabo. Se ele não pode, como um leão que ruge, impedir o
livramento de um pecador por meio de oposição franca, ele procura, como a
ardilosa serpente, mantê-lo sacrificando na terra do Egito. E não tem ele
obtido sucesso? Satanás não faz nenhuma objeção, quando um homem adota uma religião
que o mantém como um mundano respeitável “sacrificando nesta terra”. O diabo
até incentiva e o aplaudirá. O mundo falará bem dele; será elogiado e admirado
por todos. A religião mundana adota tudo e nada condena a não ser dedicação a
Cristo. Se você creu em sua morte e ressurreição com Cristo, você será odiado
pelo mundo, por causa de Cristo que habita em você. Marcos 13:13 Sereis odiados de todos por causa do meu nome; aquele,
porém, que perseverar até ao fim, esse será salvo.
O mundo tem a sua religião “na terra”, e
ela é praticada sobre os princípios da caridade, e, sendo do mundo, o mundo ama
muito os seus. Mas, deixe que o chamado do Senhor para marchar “três dias no
deserto” seja enfatizado, ou, para usar a linguagem do Novo Testamento, deixe
que o poder separador da cruz e da ressurreição ao terceiro dia, separe você do
mundo, e satanás moverá o inferno para tentar impedir. O diabo odeia uma
separação completa para Deus, pois sabe muito bem que aquele que reconhece que
está morto e ressuscitado com Cristo, diz adeus a ele, ao seu próprio império,
ao seu serviço, e à sua terra para sempre. E você já fez a “jornada de três
dias para fora do Egito”? Você está separado do mundo? Não podemos ser
testemunhas de Cristo, ou adorá-Lo em verdade e ter, ao mesmo tempo, comunhão
com o mundo, sejam em seus prazeres pecaminosos ou em sua religiosidade, pois
não podemos servir a dois senhores. O apelo de Deus é claro em 2 Coríntios 6:17 Por isso, retirai-vos do
meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em coisas impuras; e eu vos
receberei.
Escravo do pecado é a condição do homem
separado de Cristo. E podemos dizer que não há nada mais oposto à verdade
fundamental do Evangelho que a teoria do melhoramento gradual da condição do
pecador. O pecador é nascido numa má condição, e enquanto não nascer de novo
não pode estar em qualquer outra. Poderá procurar melhorar-se. Pode tomar a
resolução de ser melhor no futuro, de voltar uma nova página da sua existência,
de alterar o seu modo de vida; porém, com tudo isto não consegue sair de sua
condição de pecador. Poderá fazer-se religioso, como se ousa dizer, poderá
tentar orar, poderá observar diligentemente as ordenações, e revestir as
aparências de uma reforma moral; contudo nenhuma destas coisas poderá, no
mínimo, alterar a sua posição perante Deus. Jeremias 13:23 Pode, acaso, o etíope mudar a sua pele ou o leopardo, as
suas manchas? Então, poderíeis fazer o bem, estando acostumados a fazer o mal.
Jesus disse que “aquele que é nascido da
carne é carne”, por isso é necessário que haja uma nova natureza, assim como
uma nova disposição. Será que nós podemos fazer algo no âmbito espiritual? Nós
nada podemos fazer no campo espiritual, mas nós cremos que o nosso Senhor fará
para a sua própria glória. Hoje estamos vendo tantas interpretações das
Escrituras, e as interpretações nos divide, mas a visão nos une. Precisamos da
visão espiritual da Sua graça para crermos no testemunho que Deus deu de Seu
Filho. 1 João 5:11 E o testemunho é
este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está no seu Filho. Também
podemos ler no Evangelho de João
1:12 Mas, a todos quantos o receberam,
deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu
nome.
Irmãos, escravo não celebra nada,
escravo somente geme. Que palavras doces a do nosso Senhor: “Deixa ir meu
povo”, mas, por favor, note uma coisa: “Para que me celebre uma festa”. Se
deviam deixar de servir a Faraó, era para entrar no serviço de Deus. Era uma
grande mudança. Em vez de trabalho penoso sob direção dos oficiais de Faraó,
eles iam fazer festa na companhia do Senhor; e, embora tivessem de deixar o
Egito e entrar no deserto, contudo a presença divina acompanhá-los-ia; e se o
deserto era escabroso e fatigante, era o caminho que conduzia a Canaã. Essa é
também a nossa peregrinação até que cheguemos lá. Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do
Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de
Cristo. Efésios 4:13. Amém.
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