terça-feira, 4 de setembro de 2012

T. AUSTIN - A Igreja que é o seu Corpo




T. Austin-Sparks
Publicação: 01/05/2012

Se o Senhor nos permitir, vamos meditar sobre o corpo de Cristo.

        Quando desejamos ter uma maior revelação deste ‘mistério’, instintivamente retornamos à epístola aos Efésios. Nesta carta observamos primeiro, o fato preliminar de que a igreja é chamada «o corpo de Cristo», é «a igreja que é o seu corpo». Isso distingue, nesta carta, a igreja de outras designações que encontramos em outros lugares, como o templo, a casa de Deus e outras, mas nesta carta é particularmente o corpo de Cristo.

Agora, a palavra que parece predominar nesta carta com respeito a essa designação é a palavra «juntos». É impressionante observar quão frequentemente aparece essa palavra. Aqui nos diz: «sois juntamente» nele. Isso não significa apenas que a nossa reunião foi individualmente com o Senhor Jesus em sua ressurreição, mas também fomos postos corporativamente nele; não só com ele, mas também postos nele corporativamente.

A eterna unidade do Corpo

Na ressurreição do Senhor Jesus toda a igreja foi incluída juntamente. E então no mesmo verso, 2:6, fomos «ressuscitados juntamente» com ele. Além disso, no mesmo lugar, diz-se que nós fomos «assentados juntamente» com ele. Voltando um pouco, em 1.10, fomos «reunidos em um» e então outra vez em 2.21, «coordenados juntos». No verso 22 somos «juntamente edificados». Esta palavra «juntos» nos traz para a visão, de uma maneira muito simples, o fato da natureza corporativa da igreja, o corpo de Cristo.

Desejamos captar a força completa disso tanto quanto for possível, porque esta carta acentua o fato de que a igreja é um Corpo corporativo; não que o será um dia quando o trabalho da graça terminar; nem que esteja meramente na vontade e intenção de Deus; mas que é; isso, apesar do que vemos hoje na terra; apesar do número cada vez maior de divisões e divergências na comunhão do povo de Deus na terra; apesar de tudo isso, a igreja segue sendo ainda um todo corporativo.

É assim, não quanto às pessoas na terra, mas quanto à natureza essencial da igreja, o corpo de Cristo. Nenhuma divergência que é fortuito nas relações do povo cristão na terra – pode alterar esse fato. As diferenças que existem em relação a diversas mentalidades, opções e preferências, gostos e aversões, aceitações ou rejeições intelectuais – todas essas diferenças não tocam o último fato de que há um âmbito no qual existe uma totalidade, uma unicidade, uma corporatividade que não se vê afetada por coisa alguma do homem em si mesmo, religiosa ou teologicamente.

É obvio, existe um âmbito no qual pode haver uma brecha na comunhão, que entra no reino do espírito e onde se afeta o espírito. Ali podemos definitivamente desferir um golpe no corpo de Cristo, mas este corpo é em última instância um; o qual, é obvio, indica claramente que este é algo mais que uma coisa terrestre e que é um corpo divino, que não pode ser afetado e tocado pela terra.

Nós estamos inclinados a aceitar o que vemos, a ser afetados pelas divisões que estão presentes, e quase nos desesperamos por causa do que vemos. Quanto antes pusermos tudo isso de lado, tanto melhor, e ainda que haja cinquenta mil facções terrestres do povo cristão, o corpo de Cristo continua sendo um. É um corpo que não pode ser dividido; segue sendo um. Esse é o fato básico ao qual devemos nos voltar, pois é onde começamos.

Esta carta, na qual há a revelação do mistério de Cristo e dos seus membros, a igreja, declara enfaticamente o fato da natureza corporativa do Corpo. Não argumenta sobre isso nem o discute; dá-o por assentado. É obvio, há graus de desfrute e de frutificação disso, mas não há graus no próprio fato. O fato permanece sólido e estável. Nosso assunto é entrar no fato de estar assentado e em seu significado; mas o fato de não entrar no significado completo dele não significa que não existe.

O problema é que nós não entramos no que Deus estabeleceu desde o começo; quer dizer, temos que saber o que é que faz o corpo ser um, e esse é o nosso assunto. A unidade existe; a nossa tarefa é captá-la, não fazê-la. Notemos que a carta aos Efésios ainda está vigente, ainda é aplicável, segue sendo verdade hoje. Depois de todos estes séculos, quando vemos as facções e as divisões do povo cristão, a carta de Efésios segue sendo o que foi no princípio, e representa o corpo como um todo sólido, uma unidade corporativa.

É só quando nos elevamos nos lugares celestiais, longe dos terrestres, que começamos a entrar nesse fato e a compreender o que este significa para Deus, para os lugares celestiais, para o inferno, e para este mundo. Portanto, para que entremos no fato com tudo o que implica quanto à vocação e à vida eficaz, temos que valorizar completamente o assunto por causa da nossa posição em Cristo nos lugares celestiais, e ver exatamente onde fomos postos espiritualmente; porque, enquanto não chegarmos a reconhecer isso e entrar em nossa posição divina em Cristo, não poderemos ver, apreciar ou entrar no significado desta realidade divina da igreja, que é o seu Corpo. Não podemos ver a igreja do plano terrestre; só podemos vê-la dos lugares celestiais.

Não desejo passar por isso como simplesmente declarando algo. Desejo que obtenhamos o benefício disso. Você e eu podemos ter um desacordo, mas isso não faz diferença em nossa relação no Senhor Jesus. O fato de que possamos discrepar não nos separa como membros do corpo de Cristo. Não, essa é a nossa perda, é a nossa vergonha, é algo incidental em nossa vida cristã, é uma interrupção em alguma parte da graça em nós, mas nos recuperaremos disso se nos rendermos ao mover do Espírito em nós, e nos voltamos para encontrar que não temos sido meramente reincorporados em Cristo em seu Corpo, mas esse fato permanece.

Vocês vêem que o princípio de ação é este: há muita divisão entre os crentes nesta terra, mas não devemos aceitar isso como a última palavra. Não temos que tomar isso como significado de que alguns estão em Cristo e outros estão fora de Cristo, de que nós estamos em Cristo e outros não estão, e de que todo o corpo paralisou e se desintegrou. A única esperança de gozar do fato é que repudiemos o que parece ser outra coisa, e busquemos do alto o que, sendo terreno, provoca estas coisas, e descubramos que estamos nos lugares celestiais, e vivamos em comunhão. Esse é um princípio de ação e deveríamos reconhecer que é o significado do fato. Temos que aceitar o fato, e temos que tentar vencer ou negar as outras coisas que se opõem a esse fato definitivo.

A natureza do corpo de Cristo

Agora passemos a considerar a natureza da vida corporativa da igreja. Desejamos observar primeiro um ou dois fatos absolutamente elementares que, no entanto, levam sempre um novo significado a aqueles que estão espiritualmente vivos para o Senhor. A primeira verdade simples é esta: que o termo «o corpo de Cristo» é peculiar ao apóstolo Paulo. Outras designações da igreja se encontram antes dos dias de Paulo e em outras partes das Escrituras fora dos escritos de Paulo, mas o título, «o corpo de Cristo,» «o corpo», «a igreja, que é o seu corpo,» é peculiar a Paulo.

A idéia de igreja não era uma nova idéia em sua totalidade. O povo do Senhor estava familiarizado com esse título. Jesus tinha falado de sua igreja aos apóstolos. Mas quando se fala dessa igreja como o corpo de Cristo, é um novo conceito que traz consigo uma nova apresentação da sua natureza. Fala em forma muito enfática e clara que a igreja, segundo Deus vê, não é apenas uma comunidade nem uma congregação, não é algo denominacional, interdenominacional, ou até adenominacional.

Você pode utilizar o termo «igreja» e ter uma mentalidade a respeito desse termo que conceba a igreja como uma comunidade de pessoas cristãs, uma sociedade cristã, uma companhia de pessoas na terra com um interesse mútuo nas coisas de Cristo. Mas esta designação, «corpo», leva as coisas para um âmbito totalmente diferente. É um corpo. Não um corpo de pessoas, mas aquele que é representado e ilustrado pelo corpo físico de um homem. Não significa que a igreja é o corpo físico de Cristo, não me interpretem mal, mas o corpo físico de um homem é tomado como ilustração do que é a igreja.

Não há tal coisa como um «Corpo» local

Agora, outro fator na verdade do corpo de Cristo é que não há coisa tal como um corpo local. Há igrejas locais, ou assembléias locais, mas não há coisa tal como um corpo local. Isso se torna claro em uma passagem, ao menos quando está traduzido corretamente –1ª Coríntios 12.27– onde a desafortunada tradução de algumas das nossas versões é: «Nós somos o corpo de Cristo». No grego não há o artigo; ali não diz: «Vós sois o corpo de Cristo», mas: «Vós sois corpo de Cristo». Isto dá uma aparência inteiramente distinta à assembléia local. Esta palavra dita a uma companhia local de crentes em Corinto implica muito claramente que a parte é o todo em sua repercussão, que o corpo local é o todo em representação, o corpo inteiro é representado por essa companhia local.

Você não pode cortar muitos membros de uma estrutura física e pô-los em uma esquina e chamar a isso de corpo. Em qualquer lugar que os membros de Cristo estejam, na implicação e na representação, ali está todo o corpo de Cristo, e o pensamento do Senhor é que cada companhia local seja uma representação viva do corpo inteiro, um microcosmos de todo o corpo de Cristo. O que é verdade do corpo inteiro tem que ser verdade ali, porque não há uma companhia isolada, uma assembléia separada; ali está implicitamente o corpo inteiro. Isso envolve percebendo-se ou não todos os grandes elementos e fatores do corpo de Cristo.

Isto nos mostra em forma absolutamente clara que nada no pensamento de Deus é departamental, separado ou independente. No pensamento de Deus tudo o que tem que ver com a sua igreja é universal, relacionado e interdependente; a igreja é uma. Significa que vocês estão tão vitalmente relacionados com outros crentes, que vocês são o corpo de Cristo em implicação, em efeito, e em natureza. Isto declara o mais enfaticamente possível que a parte é o todo no pensamento de Deus, e que deve ser considerada como o todo.

Ponhamos desta maneira. Aqui estamos nós, neste lugar, nesta parte desta cidade, uma companhia do povo do Senhor, e vitalmente relacionada a esta companhia aqui está o corpo inteiro de Cristo. Não somos uma companhia separada, uma assembléia independente, estamos em uma união espiritual viva e funcional com qualquer outro membro do corpo de Cristo inteiro neste mundo em qualquer lugar que ele possa estar, seja na França, Suíça, Alemanha, Polônia, América, África, China, a Índia, etc., todos estão aqui na relação do corpo de Cristo, e todos implicados juntos em nossa reunião.

Temos que ver isto logo e mais plenamente, mas uma vez que esse princípio espiritual é apreendido, temos os nossos pés no caminho do nosso ministério universal. Sempre que nos reunimos juntos, mesmo sendo só dois ou três, o corpo inteiro se reúne conosco nos lugares celestiais e é afetado juntos por nossa reunião. É tremendo pensar que dois ou três dos filhos de Deus reunidos em um lugar, qualquer que seja, em contato vivo com a Cabeça, estão afetando e podem afetar a todo o corpo de Cristo; cada membro, mesmo que sejam aos milhares, pode afetar o corpo de Cristo.

Fonte - http://www.vida.emcristo.nom.br/seucorpo.htm
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