sábado, 25 de agosto de 2012

QUAL A CAUSA E A BASE DA CEGUEIRA? T. Austin-Sparks

Publicação: 28/05/2010 "E, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, se revestiu de glória, a ponto de os filhos de Israel não poderem fitar a face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, ainda que desvanecente, como não será de maior glória o ministério do Espírito! Porque, se o ministério da condenação foi glória, em muito maior proporção será glorioso o ministério da justiça. Porquanto, na verdade, o que, outrora, foi glorificado, neste respeito, já não resplandece, diante da atual sobre-excelente glória. Porque, se o que se desvanecia teve sua glória, muito mais glória tem o que é permanente. Tendo, pois, tal esperança, servimo-nos de muita ousadia no falar. E não somos como M oisés, que punha véu sobre a face, para que os filhos de Israel não atentassem na terminação do que se desvanecia. Mas os sentidos deles se embotaram. Pois até ao dia de hoje, quando fazem a leitura da antiga aliança, o mesmo véu permanece, não lhes sendo revelado que, em Cristo, é removido. Mas até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles. Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o véu lhe é retirado. Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito" (II Co 3:7-18). "Pelo que, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos; pelo contrário, rejeitamos as coisas que, por vergonhosas, se ocultam, não andando com astúcia, nem adulterando a palavra de Deus; antes, nos recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade. Mas, se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para os que se perdem que está encoberto, nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus. Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor e a nós mesmos como vossos servos, por amor de Jesus. Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz, ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo" (II Co 4:1-6). Temos tratado com a questão da visão espiritual. Na Escritura que lemos temos outra porção relacionada com este mesmo assunto da cegueira e da visão. Primeiro temos o fato da cegueira: "O deus deste século cegou"; depois vem a causa[1]: "O deus deste século"; e por fim o alvo, que é: "Para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qua l é a imagem de Deus". Vamos considerá-los nesta mesma ordem. O FATO DA CEGUEIRA Observe que um paralelo é traçado entre Israel nos dias de Moisés e os não-crentes nos dias de Paulo. Em ambos os casos é dito que existe um véu no coração deles, sobre suas mentes, um véu que fecha, que exclui e cuja natureza é de cegueira total. Além do mais, existe um elemento de juízo e condenação na forma em que o apóstolo fala dele. Mesmo em relação a Israel reunido à porta da tenda da congregação quando Moisés lia a Lei, ele diz na verdade que, enquanto Moisés colocava o véu sobre o rosto, não era porque a glória não podia ser contemplada, mas por causa do estado da mente deles, do coração e de uma condição interior neles. Se a condição interior fosse outra, o véu não teria sido necessário; eles poderiam ter contemplado a glória e habitado na luz. Entretanto, o véu era um símbolo exterior representando uma condição interior, ocultando a glória de Deus. Nunca foi o desejo do Senhor ocultar Sua glória, mas sim manifestá-la e que o homem nela habitasse e desfrutasse dela sem haver necessidade de um véu entre Ele e o homem. Os véus entre Deus e o homem sempre provam que a condição exigida por Ele não foi encontrada. O PODER CEGADOR DA INCREDULIDADE Desse modo, o véu deve representar algo que está sob condenação e juízo: as trevas, a cegueira, o ocultar, o esconder a glória de Deus e aquela condição interior no caso de Israel no tempo de Moisés, e daqueles em igual condição nos dias de Paulo, e de todos os que se acham na mesma situação. Essa condição interior que atua como um véu, como sabemos tão bem por tudo o que é dito sobre Israel, é a incredulidade incorrigível. Foi a incredulidade incorrigível de Israel que cegou a nação, mas dizer isso não ajuda em nada. É a declaração de um fato, um fato opressivo. Conhecemos nossos corações suficientemente bem para saber que existe uma incredulidade incorrigível em todos nós, e queremos entender por que tal incredulidade está ali, qual é sua natureza e desse modo descobrir como o véu pode ser removido. Em outras palavras: como a incredulidade pode ser tratada, a fim de podermos contemplar a glória do Senhor e habitar na luz eterna. A LUZ NA BASE DA RESSURREIÇÃO Consideremos novamente para ver o que o Senhor sempre esteve e sempre está buscando fazer no caso de Israel. Podemos dizer assim: Deus está sempre tentando trazê-los para o coração, para o espírito, para a vida, para ocupar a base da ressurreição. Isso fica claro pela Páscoa no Egito, quando o primogênito em cada lar no Egito foi morto naquela noite terrível. Mas Israel não estava isento, como superficialmente se supõe. A idéia popular e superficial é que os primogênitos em Israel não foram mortos, apenas os do Egito morreram. Mas os primogênitos em todo o Israel foram mortos. A diferença era que os do Egito foram realmente mortos e os de Israel de forma substitutiva. Quando o cordeiro era morto em cada lar de Israel, para cada família, o cordeiro representativamente sofria o mesmo julgamento dos primogênitos no Egito, e Israel, representativamente, passava da morte para a vida. Naquele cordeiro Israel foi levado através da morte para o terreno da ressurreição. Para o Egito não havia terreno da ressurreição; para Israel havia. Essa é a diferença. Assim, todos morreram; uns em realidade e outros representativamente. Desse modo, Deus, bem no início do estabelecimento da vida nacional de Israel, procurou estabelecê-los no terreno da ressurreição, cujo significado é: a morte aconteceu e um fim foi introduzido. Toda uma ordem de coisas foi destruída e outra inteiramente diferente introduzida; e levá-los a tomar sua posição nessa nova base, na nova ordem, foi o esforço e propósito de Deus na Páscoa. A celebração da Páscoa ano após ano, como uma ordenança estabelecida por todas as suas gerações e sua história, foi o método de Deus para lhes mostrar que pertenciam a outra ordem, à ordem da ressurreição. Enquanto as trevas estavam em cada lar e por toda a terra do Egito, os filhos de Israel tinham luz em suas moradas, pois a luz está sempre no terreno da ressurreição e só no terreno da ressurreição. Depois no Mar Vermelho o mesmo grande princípio foi repetido, passando pelo meio das águas e alcançando o terreno da ressurreição; o Egito novamente engolido e Israel salvo. Eles entraram no mesmo mar, mas para Israel existe uma coluna de fogo do outro lado para ser sua luz no terreno da ressurreição - o Espírito da luz e da vida. Eles guardaram a Páscoa, enquanto avançavam, ano após ano sob a ordem de Deus, a fim de preservar o testemunho no tocante ao terreno sobre o qual estavam como nação. Depois veio o Jordão, que em princípio é apenas uma repetição da mesma coisa, agora necessária, não somente por haver essa necessidade da parte deles, mas pelo reconhecimento que tinham dela. Não é certo se Israel no Egito ou no Mar Vermelho tinha um entendimento subjetivo do significado do que Deus estava fazendo na Páscoa e no Mar Vermelho, mas agora eles têm consciência subjetiva de ser uma necessidade. Estiveram descobrindo coisas durante quarenta anos, e finalmente concordam. Concordam com Deus que outro terreno é totalmente necessário se devem permanecer na luz. Deus foi persistente em todo sentido buscando levar Israel a ocupar e permanecer sobre o terreno da ressurreição, do qual havia sido cortado totalmente o terreno da natureza. A incredulidade incorrigível deles tinha como componente básico o apego ao terreno da natureza, ao invés do terreno da ressurreição. O RESULTADO DO VIVER NO TERRENO DA NATUREZA O que é o terreno da natureza? Observe Israel e você verá claramente o que é esse terreno. O terreno da natureza é a constante busca de coisas para si mesmo, a interpretação de tudo à luz de si mesmo e de como elas afetam o ego. Bem no início era isso. Naturalmente que o livramento no início nos afetou bastante, e ficamos muito felizes. O poderoso livramento no Mar Vermelho é algo bom para nós, por isso estamos cheios de alegria hoje. Será sempre assim se as coisas forem boas para nós. Entretanto, se verificarmos que estamos sendo provados e levados amanhã para este e aquele lugar, onde não está claro que será de proveito para nós, e a canção cessa, a alegria se vai e a murmuração se estabelece. "Eles murmuraram." Quanta s vezes se diz que eles murmuraram! Por quê? Porque ocuparam o terreno carnal, o terreno natural, cujo significado é: "Como isso me afeta!". Esse é o terreno natural e nele sempre haverá o surgimento da incredulidade. A força da incredulidade são simplesmente os interesses e consideração naturais e pessoais, vendo as coisas à luz das nossas vantagens ou desvantagens. Permita que essas coisas entrem por um momento e não vai demorar muito para que você comece a questionar e duvidar e ser encontrado em incredulidade, pois a essência da fé é o oposto disso. Quando as coisas estão indo de encontro a você e aos seus interesses, e você está perdendo sua vida e tudo o que tem, e você crê em Deus, confia em Deus, isso é realmente fé; isso é a essência da fé. A fé, todavia, não é real quando cremos em Deus apenas quando o sol brilha e tudo vai bem. Israel ocupou o terreno natural tão fortemente que foram achados mais na incredulidade do que na fé. Foi isso que os cegou. Quando chegamos a analisar a incredulidade cega, vemos que é simplesmente a ocupação de um terreno que não é o terreno da ressurreição. Isso quer dizer que estamos ocupando um terreno que Deus colocou sob maldição, que Deus proibiu, sobre o qual Deus escreveu a seguinte advertência aos que crêem: afaste-se! Se apenas pudéssemos ver em nossos corações esses avisos de Deus espalhados por todo o território do interesse próprio, considerações mundanas, etc, seríamos livrados de muita miséria que invade nossa vida. A vida total da natureza é uma coisa cega e a medida com que somos governados pela natureza é a medida da nossa cegueira. "O homem natural", diz o Espírito de Deus, "não aceita as coisas do Espírito de Deus... não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente" ou "são discernidas pelos espirituais" (I Co 2:14). A vida total da natureza é uma coisa cega. A medida com que ocupamos esse terreno. é a medida da nossa cegueira. Deus estava procurando tirar Israel desse terreno para o terreno da ressurreição, para ser governado não pela natureza, mas pelo Espírito; e ser governado pelo Espírito significa andar na luz, ter luz e ver. A VIDA NO ESPÍRITO "Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade" (II Co 3:17). Liberdade de quê? Ora, liberdade do véu! "Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o véu lhe é retirado" (3.16); a escravidão e a limitação desaparecem. E "o Senhor é o Espírito". Estar no terreno do Espírito, que é o terreno da ressurreição, com a vida da natureza posta de lado, é ser livrado da cegueira e estar na luz. A vida no Espírito! Israel permanece para sempre para anunciar com toda a certeza que a religião não é necessariamente iluminação e até mesmo ter as Escrituras não é necessariamente iluminação. ".. .quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles." ".. .quando é lido Moisés..."! Paulo disse algo muito forte sobre as Escrituras e os profetas que eles liam todos os dias, a saber: que eles não conheciam o seu significado, não percebiam, pois estavam cegos e nas trevas. Não, simplesmente ter as Escrituras não significa necessariamente que haja iluminação. Essa mensagem de II Coríntios sobre o véu, sobre a cegueira, sobre o ver serve mais para os cristãos do que para os não-cristãos. Onde está o cristão que é plena e totalmente livrado da vida da natureza? A iluminação é, afinal de contas, apenas algo comparativo, isto é, é uma questão "mais ou menos"[2]. Daí todas aquelas fortes exortações aos crentes para andarem na luz e viverem no Espírito, pois só assim esse assunto da visão e entendimento espiritual se desenvolve e progride. A vida no Espírito é apenas outra forma de dizer: a vida no terreno da ressurreição. O que temos dito até aqui é que a cegueira espalhada sobre toda a vida da natureza opera e tem sua força na escolha e aceitação dela por parte daqueles que estão envolvidos. Não é necessária; não é a vontade de Deus. O desejo de Deus é que habitemos na luz, que possamos ver Sua glória e não haja qualquer véu. Esse é o desejo dEle: que o véu seja retirado. Mas uma coisa grande é necessária, a saber: devemos chegar à Páscoa, àquela morte que é a morte para a vida da natureza e introduz uma vida totalmente nova, a vida no Espírito, na qual uma nova faculdade, um novo poder, uma nova capacidade para ver é criada. Isso é algo muito importante para nós como povo de Deus. Quando o povo de Deus que tem as Escrituras, e as conhece tão bem na letra, chegar a entender e ter conhecimento disso, se realmente estiver crucificado com Cristo, se tiver morrido em Sua morte e tiver ressuscitado com Ele e recebido Seu Espírito, terá luz em suas habitações? "A unção que dele recebestes permanece em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine... sua unção vos ensina a respeito de todas as coisas..." (I Jo 2:27). Quando os crentes, os cristãos, chegarão a entender isso? Por que os cristãos que conhecem as Escrituras na letra correm daqui para acolá em busca de conselho dos outros sobre questões que afetam vitalmente seu próprio conhecimento espiritual? Não digo que buscar conselho seja errado; que seja errado saber o que outros filhos de Deus conhecem na experiência ou sentem sobre certos assuntos. Entretanto, se vamos edificar nossa posição sobre as conclusões deles, estamos em grande perigo. A autoridade final e o juiz em todas as questões é o Espírito de Deus, o Espírito da Unção. Podemos receber ajuda uns dos outros, mas espero que você não edifique sua posição sobre o que eu digo, simplesmente porque digo. Não faça isso. Não quero que você faça isso. Não peço que você faça isso. O que eu digo é: ouça, anote e depois vá à sua autoridade final, que está em você, se você é um filho de Deus, e peça a Ele para confirmar a verdade ou mostrar-lhe de outra forma. Esse é o seu direito, direito de primogenitura de cada filho de Deus, estar na luz do Espírito de luz que habita em nós, o Espírito de Deus. Imagino onde Paulo estaria se tivesse tomado a direção oposta daquela que tomou. "Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer... aprouve revelar seu Filho em mim... sem detença, não consultei carne e sangue, nem subi a Jerusalém para os que já eram apóstolos antes de mim, mas parti para as regiões da Arábia..." (Gl 1:15-17). Imagino o que teria acontecido se ele tivesse ido para Jerusalém e colocado cada questão diante daqueles que eram apóstolos antes dele. Sabemos pelos acontecimentos subseqüentes que eles teriam dito isto a ele: "Olhe, tenha cuidado, Paulo! Você nos diz que no caminho de Damasco Jesus lhe disse algo sobre ir aos gentios. Cuidado!". Eles o teriam persuadido a não ir aos gentios. Sabemos o que aconteceu depois, como Pedro mesmo foi apanhado em dissimulação anos depois e como esses apóstolos que estavam antes dele em Jerusalém tiveram receio todo o tempo a respeito dos gentios e o teriam levado a se render a eles. Se Paulo tivesse cedido, nunca teríamos o grande apóstolo dos gentios, o grande apóstolo do Corpo de Cristo, com sua revelação do mistério, da unidade de todos os crentes em Cristo, sejam judeus ou gregos. Ele não submeteu isso nem mesmo aos que foram apóstolos antes dele, para lhes perguntar se era certo ou não, se era razoável ou não. Não! Ele recebeu a unção em Damasco; Ananias colocou suas mãos sobre ele, e Paulo recebeu o Espírito, e daquele dia em diante, embora estivesse preparado e feliz em ter comunhão com seus irmãos e nunca tivesse assumido uma posição superior ou independente, e sempre aberto para qualquer consulta, ele era um homem governado pelo Espírito. Sei que você deve ter cuidado para receber o que estou dizendo. Só será seguro se você for alguém que não se posiciona como um partido independente com o Espírito Santo, mas mantém comunhão perfeita, humildade, submissão, abertura de coração, prontidão para ouvir e obedecer ao que vier através de outros, conforme o Espírito der testemunho da verdade. Mas tudo isso depende da sua condição interior, se você está no terreno natural ou no terreno espiritual, no terreno da velha criação ou no terreno da ressurreição. Mas estando no terreno da ressurreição, onde a vida da natureza não governa e sim o Espírito, amado, você tem o direito, o privilégio e a bênção de conhecer o testemunho do Espírito em seu coração e a unção ensinando todas as coisas, no tocante a qualquer questão, se ela é certa ou errada. Quando o povo de Deus conhecerá e experimentará isso? Esta é outra coisa que está todo o tempo roubando de tantos a luz que o Senhor quer dar a eles. O Senhor quer conduzi-los a uma maior plenitude de conhecimento do Seu Filho, à expansão do entendimento espiritual deles, mas negligenciam o dom que neles existe. Negligenciam o Espírito Santo como o iluminador, mestre, instrutor, guia e juiz, mas buscam esse e aquele, essa autoridade e aquela outra dizendo: "O que você pensa disso? Se você achar que é errado, não tocarei nela". Fazer isso é fatal para o conhecimento espiritual. Isso é passar para o terreno natural. Deus quer que abandonemos tal terreno. Essa questão de ocupar o terreno da ressurreição, de viver uma vida no Espírito, é essencial para chegarmos ao pleno conhecimento do Filho de Deus. Quanto mais poderíamos dizer sobre isso! Tenhamos cuidado com respeito a quem são nossas autoridades. Quantos filhos queridos de Deus, individual e coletivamente, se colocaram debaixo de terrível escravidão, limitação e confusão por consultarem o tempo todo as autoridades humanas, a esse grande líder e aquele outro, a esse homem grandemente usado pelo Senhor, e outro que teve muita luz espiritual. "O Senhor ainda tem mais luz e verdade para brotar da Sua Palavra" do que esse ou aquele servo dEle jamais possuiu. Sabe o que estou dizendo? Recebemos todo o benefício da luz concedida a pessoas piedosas e buscamos tirar proveito da verdadeira luz, mas nunca devemos entrar em escravidão e dizer: "Isso é o fim da questão!". Isso nunca deve acontecer. Devemos manter nosso terreno da ressurreição. E quem pode esgotá-lo? Em outras palavras, quem pode esgotar o significado de Cristo ressurreto? Ele é um depósito inesgotável, uma terra cujas divisas se estendem ao longe. Homem algum fez mais do que apenas iniciar no conhecimento de Cristo ressurreto. Se existe alguém que tenha mais do que os outros homens, este é Paulo. Mas até o final, de onde ele estava preso, sua palavra é: "Que eu possa conhecê-Lo!" "...considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo..." (Fp 3:8). Bem no final de uma vida como a sua, a vida de um homem que podia dizer: "Conheço um homem em Cristo que, há quatorze anos, foi arrebatado até ao terceiro céu (se no corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o sabe) e sei que tal homem (se no corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o sabe) foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, as quais não é lícito ao homem referir" (II Co 12:2, 3), ele ainda está dizendo: "Que eu possa conhecê-Lo!". Digo que homem nenhum, até mesmo Paulo, fez mais do que apenas começar a conhecer o Cristo ressurreto. "Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam. Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito..." (I Co 2:9, 10). O Espírito possui as riquezas inescrutáveis para nos revelar. Creio que é o suficiente sobre a cegueira, que vem pela ocupação do terreno natural, não importa a forma em que aparece. A CAUSA DA CEGUEIRA Vamos falar mais uma ou duas palavras sobre a causa da cegueira espiritual. Lemos em II Coríntios 4:4: ".. .o Deus deste século cegou...". Há dois fatos importantes nessa frase. Esta cegueira não é apenas natural, ela é sobrenatural. Afirmar que a natureza[3] é uma esfera cega não é dizer tudo sobre a cegueira. Não, existe algo muito mais sinistro do que isso sobre essa cegueira. E cegueira sobrenatural, mas é uma cegueira maleficamente sobrenatural. E a obra do diabo. É por isso que a visão espiritual concedida sempre vem carregada de tal conflito terrível. Ninguém jamais chega a ver pelo Espírito e a entender sem luta, sem ter que pagar um preço, sem uma enorme quantidade de sofrimento. Cada pequena porção de iluminação e esclarecimento espiritual é cara. Por isso Paulo precisava estar muito de joelhos em favor dos santos. "Dobro meus joelhos"; oro ".. .para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele..." (Ef 1:17). E algo que carece de oração e não é sem razão que a oração na Carta aos Efésios aparece muito associada com o que é revelado no capítulo seis: "...nossa luta... {é} contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestiais. Portanto, tomai toda a armadura de Deus..." — todos os itens - "...com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito..." (Ef 6:12-18). "Deste mundo tenebroso" - "orando em todo tempo": "...para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo... vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele...". Você vê como tudo isso é uma peça só? Mas por que tudo isso? A explicação é esta: "O deus deste século". Levantamo-nos contra algo sobrenatural nesta cegueira espiritual. Estamos diretamente contra toda a força cósmica do mal, contra todas essas inteligências que operam para manter as pessoas na cegueira. Não é pouca coisa ter visão espiritual. Ela representa uma vitória poderosa. Ela não virá a você pelo simples assentar-se passivamente e esperar que ela chegue. E preciso haver um exercício sobre essa questão. Você está se colocando contra toda a força plena do deus deste século quando se propõe a buscar entendimento espiritual. E uma batalha espiritual. Portanto, cada pequena parte de ministério que há de ser um ministério de verdadeira revelação será cercada de conflito. Haverá conflito antes do tempo do ministério, durante o tempo do ministério e poderá continuar depois. É dessa forma. Eis, portanto, a necessidade de você ser exercitado em relação à luz, isto é, que depois de ouvir não chegue à conclusão de que já a possui simplesmente porque você ouviu. Depois de ouvir é necessário que haja tratos definidos com o Senhor, para que você possa penetrar realmente naquilo que Ele tem para você e você não se engane pensando que agora sabe simplesmente por ter ouvido. Você pode não conhecê-la. Pode ser que ainda não seja a luz que liberta. Pode haver necessidade de uma batalha nessa questão. Uma grande parte do conflito que surge em nossas vidas é porque Deus está buscando nos levar adiante no caminho e abrir nossos olhos para Ele mesmo e nos fazer entrar na luz do Seu Filho. Ele está procurando ampliar nosso horizonte espiritual, e o inimigo se levanta contra isso. Se puder, ele não vai permitir isso. O conflito surge. Você pode não compreendê-lo, mas muito freqüentemente, mais do que imaginamos, é apenas o Senhor que está buscando algo, e Satanás diz: "Eles não verão isso, se eu puder impedir!". Desse modo, uma batalha feroz se levanta. Essa cegueira é espiritual, assim como a iluminação é espiritual. "O deus deste século"! Esta designação pode significar mais do que apenas um período de tempo. Pode significar todo o tempo, já que Satanás alcançou o senhorio sobre o homem desde o início. Era isto que ele buscava: tomar o lugar de Deus e receber a adoração da vida do homem; ser deus, ser adorado; isso simplesmente significa receber o que o homem tem de mais valor para si mesmo. Deus fez o homem para que este viesse a ser um veículo para trazer algo a Deus, para Seu prazer e glória, algo digno de Deus, para que Ele pudesse receber a adoração do homem, mas Satanás disse: "Eu vou conseguir essa adoração. Deus investiu algo nessa criação, algo que Ele deseja para Si mesmo. Eu vou ter isso!". Por essa razão, tudo o que acontec eu no Jardim do Éden foi a forma de Satanás suplantar a Deus no coração do homem, na mente do homem e de receber do homem aquilo que era direito de Deus: a adoração. E, pelo consentimento e queda do homem, Satanás ganhou o governo deste mundo e o tem mantido desde então. "Deste século" significa simplesmente o curso deste mundo. "O deus deste século"! Por isso, o maior perigo para Satanás como deus deste século é a iluminação espiritual. Ele não tem como manter esse terreno uma vez que nossos olhos são abertos. Uma vez que o coração é iluminado, o poder de Satanás é imediatamente quebrado. Este é o motivo pelo qual o Senhor, de acordo com esse fato, disse a Paulo na estrada de Damasco: "...para os quais [os gentios] eu te envio, para lhes abrires os olhos e os converteres das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus..." (At 26:17, 18). As duas coisas andam juntas: "das trevas para a luz" e "da potestade de Satanás para Deus". Repito que a maior ameaça e perigo para Satanás e sua posição é a iluminação espiritual. Por isso ele precisa encontrar terreno para perpetuar e manter sua posição como deus deste século. E que terreno há de satisfazê-lo nessa questão? A resposta é: o terreno do natural. Se nos colocamos no terreno do natural, damos direito de possessão a Satanás. Toda vez que fazemos isso, o domínio de Satanás é fortalecido. FONTE – extraido do Livro VISÃO ESPIRITUL, T. Austin-Sparks, Editora dos Classicos

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