GEORGE MÜLLER E A BÍBLIA
Houve uma época na vida de George Muller, de Bristol, cerca de quatro
anos após a sua conversão, para a qual ele sempre olhou e sobre a qual,
por repetidas vezes, referiu-se como sendo a época em que ele
verdadeiramente entrou na vida cristã.
Certa vez, ao compartilhar com os ministros e obreiros, por ocasião do
seu aniversário de noventa anos, George Muller falou da seguinte forma a
respeito de si mesmo:
Eu lembro da minha entrega absoluta ao Senhor. Fui convertido em
novembro de 1825, mas somente quatro anos mais tarde, em julho de 1829,
entreguei meu coração ao Senhor de forma absoluta. Somente então
abandonei o amor ao dinheiro, à paz, à posição, aos prazeres e aos
compromissos mundanos. Deus, Deus somente tornou-se a minha porção.
Encontrei nele o meu tudo. Não desejava nada mais e, pela graça de Deus,
assim permaneço até hoje. Isso me fez um homem feliz, um homem
profundamente feliz e levou-me a ocupar-me somente com as coisas de
Deus.
Amado irmão, eu lhe pergunto com muito amor: Você já entregou seu
coração a Deus de forma absoluta? Ou há algo que você está retendo e não
quer entregar a Deus? Anteriormente eu lia um pouco as Escrituras, mas
preferia outros livros; todavia, desde o dia em que entreguei-me
totalmente ao Senhor, a revelação que Ele fez de Si mesmo tornou-se uma
bênção incomparavelmente mais preciosa para mim. Posso afirmar de
coração que, “Deus é um Ser infinitamente amoroso.” Oh, não fiquemos
satisfeitos até que, do mais profundo de nossa alma, possamos dizer:,
“Deus é um Ser infinitamente amoroso.” LEIA MAIS
George Muller fala em sua revista acerca dessa mudança ocorrida em sua
vida. Há muitos anos atrás, ele fora para uma cidade chamada Teignmouth a
fim de tratar sua saúde física.
Lá ele ouviu um pregador cuja mensagem ele jamais esqueceu. Ele relata o
significado dessa mensagem nas seguintes palavras: “Embora eu não tenha
gostado do que ele falou, eu vi nele uma seriedade e solenidade
diferente dos demais. Através do ministrar desse irmão, o Senhor
concedeu-me uma grande bênção,e a Ele serei grato ao longo de toda a
eternidade.
Deus começou a mostrar-me que unicamente a Sua Palavra deve ser nosso
padrão para o julgamento em coisas espirituais, que a Palavra de Deus
somente pode ser explicada pelo Espírito Santo e que, em nossos dias,
assim como nos tempos passados, Ele é o Mestre de Seu povo.
Antes dessa ocasião em minha vida, eu não havia, em minha experiência,
entendido a função do Espírito Santo. Anteriormente, eu não havia
enxergado que somente o Espírito Santo pode ensinar-nos acerca de nossa
condição natural, mostrar-nos nossa necessidade de um Salvador,
capacitar-nos a crer em Cristo, explicar-nos as Escrituras, ajudar-nos a
pregar, etc...”
“Foi a compreensão dessa verdade em especial que exerceu uma grande
influência em minha vida, pois o Senhor capacitou-me a experimentar sua
validade quando eu coloquei de lado comentários e quase todos os outros
livros e comecei simplesmente a ler e estudar a Palavra de Deus.
Como resultado, na primeira noite em que entrei em meu quarto, fechei a
porta a fim de orar e meditar nas Escrituras, eu aprendi mais em algumas
poucas horas do que havia aprendido durante um período de vários meses.
A maior diferença, no entanto, foi o poder real que experimentei em
minha alma através disso.”
“Além disso, aprouve ao Senhor fazer-me ver um padrão mais elevado de
dedicação do que o que eu havia visto anteriormente. Ele levou-me, numa
medida, a ver o que é minha glória neste mundo: ser desprezado, ser
pobre e pequeno com Cristo. Ao retornar para Londres, minha saúde física
estava muito melhor e, no que diz respeito a minha alma, a mudança fora
tão grande que parecia uma segunda conversão.”
Estudar a Bíblia é Mais Importante do que Ler Livros “Eu caíra na
armadilha que muitos cristãos caem: preferir ler livros religiosos ao
invés da Bíblia. Na verdade, de acordo com as Escrituras, nós deveríamos
pensar da seguinte maneira: ‘O próprio Deus dignou-se a tornar-se autor
de um livro, e eu sou ignorante acerca deste precioso livro que o Seu
Espírito inspirou; por causa disso, eu devo ler novamente este
Livro dos livros mais cuidadosamente, com mais oração, com muito mais
meditação’. Mas essa não foi minha atitude. É verdade que minha
ignorância sobre a Palavra levou-me a desejar estudá-la, todavia, por
causa da minha difi culdade em entendê-la, nos primeiros quatro anos de
minha vida cristã, eu negligenciei na sua leitura. Assim como muitos
cristãos fazem, eu praticamente preferia ler as obras de homens não
inspirados ao invés de ler os oráculos do Deus vivo. Como conseqüência
disso, eu permaneci um bebê tanto no conhecimento quanto na graça. No
conhecimento, porque todo verdadeiro conhecimento deve ser obtido da
Palavra de Deus por meio de Seu Espírito. Como triste conseqüência, esta
falta de conhecimento me impediu de caminhar nos caminhos de Deus com
fi rmeza e constância. Pois é a verdade que nos liberta, livrando-nos do
cativeiro dos desejos da carne, da concupiscência dos olhos e da
soberba da vida. A Palavra prova isto. Também a experiência dos santos e
minha própria experiência provam, de modo incontestável, a veracidade
deste princípio, pois quando aprouve ao Senhor, em agosto de 1829,
ensinar-me a confiar nas Escrituras, minha vida e meu caminhar
tornaram-se muito diferentes”.
Se alguém me perguntasse como é possível ler as Escrituras de modo mais
proveitoso, eu responderia da seguinte maneira: Acima de tudo, devemos
ter a Palavra armazenada em nossa mente, de modo que Deus apenas por
meio do Espírito Santo possa ensinar-nos.
Desta forma, é de Deus que vamos esperar todas as bênçãos e vamos buscar
a bênção de Deus tanto antes quanto durante a leitura da Palavra.
Deveríamos compreender claramente que o Espírito Santo não é apenas o
melhor Mestre, mas também é suficiente. Nem sempre Ele nos ensina
imediatamente aquilo que desejamos saber. É possível, portanto, que
algumas vezes necessitemos suplicar-lhe várias vezes a fim de receber
explicação para algumas passagens; mas no final Ele certamente irá nos
ensinar se nós buscarmos luz com oração, com paciência e para a glória
de Deus.
O Segredo da Bênção e da Alegria
Apenas mais uma palavra proferida por ocasião do seu aniversário de
noventa anos: Por sessenta e nove anos e dez meses, George Muller fora
um homem muito feliz. Isso ele atribuía a duas coisas: ele havia mantido
uma boa consciência, não seguindo deliberadamente um caminho que ele
soubesse ser contrário à vontade de Deus; isso não quer dizer que ele
era perfeito; ele era pobre, fraco e pecador. Em segundo lugar, ele
atribuía sua felicidade ao seu amor pelas Escrituras. Nos seus últimos
anos, ele costumava ler toda a Bíblia quatro vezes por ano, aplicando-a
ao seu próprio coração e sobre ela meditando.
Ele amava a Palavra de Deus muito mais agora do que há sessenta e seis
anos atrás.
Foi seu amor à Palavra, bem como o manter de uma boa consciência que lhe
proporcionaram todos aqueles anos de paz e alegria no Espírito Santo.
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